Hoje comemora-se o dia do Armistício, uma data simbólica do fim da Primeira Grande Guerra. A data comemora o Armistício, assinado entre os Aliados e o Império Alemão em Compiègne, na França, pelo fim das hostilidades na Frente Ocidental, o qual teve efeito às 11 horas da manhã — a "undécima hora do undécimo dia do undécimo mês".
Os ingleses comemoram também o soldado desconhecido, o dia da evocação de todos os que morreram na guerra e o dia da união de todos os ingleses.
Os americanos juntam a este dia a lembrança dos mortos da Segunda Guerra Mundial e chamam-lhe o Dia dos Veteranos.
A ideia de homenagear um soldado anónimo que representasse todos os combatentes é originalmente do princípe de Joinville em 1870, após a guerra que ditou a queda do Império. Portanto, desde então que essa ideia circulava, por assim dizer, nesses meios. Porém, a ideia propriamente de enterrar um soldado desconhecido num local habitualmente reservado à realeza e aos notáveis partiu de um capelão do exército inglês, o Reverendo David Railton. Em 1916, o reverendo Railton reparou numa sepultura num jardim de Armentières, marcada com as palavras "Um soldado britânico desconhecido". Em agosto de 1920, escreveu ao Deão de Westminster, Herbert Ryle, para perguntar se seria possível enterrar um soldado desconhecido na Abadia, para representar aqueles que não puderam ser enterrados pelas suas famílias. A sua intenção era que todos os familiares dos 517 773 combatentes cujos corpos não tinham sido identificados pudessem acreditar que o Soldado Desconhecido poderia muito bem ser o seu marido, pai, irmão ou filho perdido...
"Todos eles compreenderam algo do verdadeiro significado. Aqueles cujos entes queridos estavam entre os 'desconhecidos' sabem que neste túmulo pode estar - está - a repousar o corpo do seu amado."
Excerto de: A origem do túmulo do Guerreiro Desconhecido por Revd. David Railton.
Em 1920, a França e depois em 1921 a Itália, Portugal, a Bélgica e os Estados Unidos da América tomaram a decisão de honrar o seu "soldado desconhecido" - outros se seguiram em 1922, como a Grécia, a Checoslováquia, Jugoslávia e a Polónia.
Em Portugal, celebramos o Dia Nacional do Combatente a 9 de Abril, no aniversário da Batalha de La Lys onde os portugueses sofreram milhares de baixas.
No dia 9 de Abril de 1921 foram conduzidos para o Mosteiro da Batalha, Templo da Pátria, os dois Soldados Desconhecidos vindos da Flandres e da África Portuguesa, simbolizando o sacrifício heróico do Povo Português nos referidos teatros de operações. Sepultado sob a arrojada abóbada da Casa do Capítulo e alumiado pela “Chama da Pátria” do Lampadário Monumental, da autoria de Lourenço Chaves de Almeida, o seu túmulo tem Guarda de Honra e a protecção do mutilado “Cristo das Trincheiras” que no território de Neuve-Chapelle, na Flandres, foi companheiro constante das tropas portuguesas. Cabe atualmente ao Regimento de Artilharia N.º 4 assegurar a referida guarda de honra.
Túmulo do Soldado Desconhecido, na Batalha
Em Portugal, é nesse dia, 9 de Abril, que se comemora também o dia da União de Todos os Portugueses. Data que a maioria dos portugueses nem sabe, pois estas cerimónias são todas comemoradas no universo das Forças Armadas e não envolvem o povo como acontece nos outros países. Neste país somos pouco atreitos a comemorações conjuntas e desprezamos as datas da nossa História, como se a identidade de um povo não estivesse ligada à memória dos acontecimentos que a fizeram.
Os ingleses e outros fazem deste dia do Armistício, 11 de Novembro, um dia de grande união pública. Os ingleses usam uma papoula (ideia original dos americanos) em referência ao poema do tenente-coronel canadiano John McCrae, em 1915, que evoca os campos de papoulas da Flandres onde morreram tantos combatentes.
In Flanders Fields
In Flanders Fields, the poppies blow
Between the crosses, row on row,
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.
We are the dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie,
In Flanders fields
Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders fields.
- John McCrae
Também se podem ver imagens neste documento em filme (de preferência sem som porque a música é encanitante):
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Em Inglaterra, de onde esta ideia partiu, o dia é um grande dia de feriado nacional e de comemorações públicas. O túmulo do Soldado Desconhecido está na Abadia de Westminster.
@MozPerkins
A 7 de novembro de 1920, no mais rigoroso segredo, quatro corpos britânicos não identificados foram exumados dos cemitérios temporários dos campos de batalha de Ypres, Arras, Asine e Somme. Nenhum dos soldados que fizeram a escavação foi informado do motivo.
Os corpos foram levados numa ambulância de campanha para o quartel-general em St-Pol-Sur-Ter Noise. Uma vez lá, foram cobertos com a bandeira da União. Foram colocadas sentinelas e o Brigadeiro-General Wyatt e o Coronel Gell seleccionaram um corpo ao acaso. Os outros três foram enterrados de novo.
Foi selecionada uma Guarda de Honra francesa que permaneceu junto ao caixão do soldado escolhido durante a noite.
Na manhã de 8 de novembro, chegou um caixão especialmente concebido, feito de carvalho, proveniente dos terrenos de Hampton Court, e o Soldado Desconhecido foi colocado no seu interior. No cimo foi colocada uma espada de cruzado e um escudo com a inscrição:
"Um Soldado Britânico que caiu na GRANDE GUERRA 1914-1918 pelo Rei e pelo País".
No dia 9 de novembro, o Guerreiro Desconhecido foi conduzido numa carruagem puxada por cavalos, através da Guarda de Honra e ao som de sinos e cornetas, até ao cais.
Aí, foi saudado pelo Marechal Foche e embarcado no HMS Vernon com destino a Dover. O caixão foi colocado no convés coberto de coroas de flores, rodeado pela Guarda de Honra francesa.
À chegada a Dover, o Soldado Desconhecido foi recebido com uma saudação de dezanove canhões - algo que normalmente só era reservado aos Marechais de Campo. Foi organizado um comboio especial e foi então transportado para a Estação Victoria, em Londres.
Permaneceu lá durante a noite e, na manhã do dia 11 de novembro, foi finalmente levado para a Abadia de Westminster.
Não glorificamos a guerra. Recordamos - com humildade - os grandes e derradeiros sacrifícios que foram feitos, não apenas nesta guerra, mas em todas as guerras e conflitos em que o nosso pessoal militar lutou - para garantir a liberdade e as liberdades que agora tomamos como garantidas.
Todos os anos, no dia 11 de novembro, recordamos o Soldado Desconhecido. Ao pôr do sol e de manhã, recordá-los-emos.
Todos os anos, no dia 11 de novembro, recordamos o Soldado Desconhecido. Ao pôr do sol e de manhã, recordá-los-emos.
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