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July 06, 2024

Um grande artigo a mostrar aquilo que João Costa, ex-ME é: demagogo, populista e ganancioso de protagonismo



João Costa, desde que deixou o ME escreve artigos com uma linguagem baixa e ordinária a incendiar a sociedade, numa mimesis de Ventura, só que no outro extremo ideológico. (e foi este homem vulgar e mal intencionado que esteve à frente do ME mais de 8 anos)


João Costa, ou porque a dita extrema-direita não cresce do vácuo


Quando a esquerda não tem pudor em fazer do agressor a vítima há terreno fértil para o crescimento do populismo. Pois há sempre quem, na irracionalidade, tome a defesa de quem não está a ser defendido


José Luís Tavares

“Ninguém fez mal a Cláudia Simões. Cláudia Simões é que não quis pagar o bilhete à filha, deliberadamente atemorizou o motorista, recusou identificar-se, agrediu e empurrou. Serviu-se de impossíveis simulações e agressões. O choro da filha é à mãe que se deve”, disse, observando ainda que os vídeos gravados e depois partilhados nas redes sociais “são bem reveladores da atitude violenta e falsa” da mulher.

Isto foi o apurado em sede de primeira instância no Tribunal de Sintra. Haverá lugar para recurso, e só em sede de decisão final é que o processo terá desfecho. Portanto, não posso compreender como é que nestas circunstâncias um ex-governante, acrescido do facto de ter tutelado o Ministério da Educação, tenha escrito um artigo de opinião como se decisão final se tratasse. Apenas uma razão justifica esta irresponsabilidade de João Costa: aproveitamento político do caso, usando a pseudo onda de contestação contra o crescimento da dita extrema-direita para marcar posição política. Mas tem tudo para correr mal.

Senão, vejamos:

É de uma irresponsabilidade atroz porque, para além de tornar agressor em vítima, coloca em causa todo o estado de direito democrático, e em momento algum acaba por defender quem realmente foi a verdadeira vítima em todo o processo.

João Costa esteve durante nove anos no Ministério da Educação. Sete como Secretário de Estado, e dois como Ministro. As suas palavras têm peso. O seu artigo de opinião é um perfeito exemplo do quanto a demagogia, mas acima a falta de responsabilidade institucional de governantes, e ex-governantes, tem contribuído para o crescimento da dita extrema-direita um pouco por todo o mundo.

Em momento João Costa considera sequer que a única e verdadeira responsável de todo este processo é a arguida pela forma desproporcional com que reagiu quer perante o motorista, e numa segunda fase, perante um agente da autoridade, usando e abusando da sua condição social de mulher e negra para se vitimizar em todo o processo. Isto, apurado em Tribunal.

Mas João Costa vai mais longe, sem o mínimo pudor: “A juíza do Tribunal de Sintra que condenou Cláudia Simões, de acordo com os relatos disponíveis sobre a forma como a tratou durante as audiências, está, através do seu lugar, a legitimar todo o ódio e toda a perseguição que os negros sofrem e a ser agente das campanhas cheganas”.

Mas João Costa terá noção do que afirma? Isto é gravíssimo!!!

Realçar que uma Magistrada se encontra a legitimar o ódio de um partido político?

Não é a Juíza quem está a legitimar o ódio, mas sim um ex-ministro da Educação que na ânsia de fazer boa figura, no politicamente correto, remete para o contentor do lixo todo o bom senso e defesa de um Estado de Direito Democrático.

Por outro lado, não vi em momento algum João Costa defender o motorista que foi espancado, vítima de represálias, e hospitalizado. Que viveu dias de horror e perseguição após a sua identidade ter sido divulgada. Foi a maior vítima em todo este processo. Alguém que acabou por ser a verdadeira vítima apenas porque exigiu, e bem, a uma senhora que pagasse o bilhete.

Não vi, em momento algum, Costa a defender o agente da PSP, que no âmbito das suas funções limitou-se a fazer o que tinha de ser feito perante a reação extemporânea da arguida. Não vi João Costa a condenar a atitude irrefletida da mãe perante a filha. Que exemplo está a dar a uma menor? Que não se deve pagar bilhetes? Que se reagir de todas as formas e feitios perante um agente da autoridade?

Estes tipos de declarações apenas vêm deitar mais achas para a fogueira, legitimando outras reações, de violência, desta feita, legitimadas por um ex-ministro da Educação. É gravíssimo.

Para ser politicamente correto numa declaração absolutamente paternalista e desprovida de bom senso, Costa sacrifica o Estado de Direito Democrático insultando a decisão e atitude da juíza, coloca em causa o comportamento de um agente de autoridade e, pasme-se, é incapaz de proferir uma palavra de conforto para o motorista agredido.

Para a esquerda, as pessoas oriundas das minorias são inimputáveis perante as más decisões que tomam, e nunca podem responsabilizadas pelas suas más atitudes, porque vivem num estado estruturalmente racista. Este é princípio do caos que apenas encontra travão na mudança de políticas. E políticos.

O estruturalmente racista é esta mentalidade paternalista de políticos que passam a mão na cabeça de quem prevarica apenas por ser preto ou cigano.

Apelidar Portugal de estruturalmente racista é um erro gravíssimo. É dizer que instituições do Estado estão formatadas para oprimir e segregar determinadas minorias, quando verificamos justamente o contrário. Se houve segmento populacional mais beneficiado durante a pandemia – teste maior à capacidade do Estado em proteger os mais fracos – foi justamente para com estas minorias com que o Estado não falhou. O PER, maior programa de promoção da habitação pública – levado a cabo justamente por um governo do PSD – permitiu e permite que centenas de milhar destas minorias ainda consigam viver concelhos da grande Lisboa, e grande Porto, pagando rendas irrisórias quando sabemos da realidade do acesso à habitação para quem não possa ser contemplado por ser pobre. Em Portugal, a nenhum cidadão é negado o serviço nacional de saúde, ou acesso à educação em função da sua cor da pele ou etnia. Que cumpra os requisitos como qualquer outro.

Portugal não é estruturalmente racista. É estruturalmente pobre. Quer no seu crescimento económico, que não logra dar resposta ao Estado Social para o qual não há dinheiro, quer, acima de tudo, na sua classe política, que usa e abusa da condição das minorias para fazer o pior da política, fazendo tábua rasa de todos em função da sua cor da pele ou etnia.

Como se todo o negro tivesse a mesma opinião da posição do Sr. Costa. Evitem usar minorias para fazer politiquice de quinta categoria. Esse sim, é o pior racismo estrutural que o país padece. Usar minorias como arma de arremesso político, fazendo destes inimputáveis quando são tão responsáveis quanto os demais cidadãos.

Quando a esquerda não tem o menor pudor em fazer do agressor vítima é terreno fértil para o crescimento dos ditos populismos. Pois há de sempre existir quem no meio da irracionalidade, e do politicamente correcto, tome o lugar de defesa de quem realmente não está a ser defendido. E isto, em política, paga-se caro.

E neste caso João Costa deu três boas razões para o Chega crescer com o seu artigo inusitado: um motorista que foi perseguido e agredido, um agente de autoridade que se limitou a cumprir as suas funções, e uma magistrada a quem insinuou estar ao serviço do Chega.

João Costa, com esta atitude paternalista e irresponsável, como outros “ativistas”, são os principais responsáveis pelo crescimento da dita extrema-direita em Portugal e no mundo.

São estes o combustível para o crescimento destes partidos mais radicais.

Como é que este país não há de se tornar numa rebaldaria?