Atentados à bomba em aviões.
Oleksiy Sorokin - Chefe de redação adjuntokyivindependent
A Casa Branca teve de pedir ao Presidente russo Vladimir Putin que deixasse de colocar explosivos em aviões de carga internacionais. Acham que ele ouviu.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, acusou a Rússia de planear uma campanha terrorista contra aviões civis, a 14 de janeiro. “Só posso confirmar que a Rússia planeou actos de terror aéreo, não apenas contra a Polónia, mas contra companhias aéreas de todo o mundo”, disse Tusk durante uma reunião com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.Um dia antes, o New York Times publicou um relato pormenorizado de como a administração do Presidente Joe Biden soube que a Rússia estava por detrás de incêndios em aeroportos e armazéns na Alemanha, Polónia e Reino Unido e de como tentou fazer com que a Rússia parasse com esses ataques.
De acordo com o New York Times, que falou com pessoas envolvidas na administração cessante, durante o verão, os EUA obtiveram informações credíveis de que os serviços secretos militares russos (GRU) estavam a testar uma nova forma de terror - o envio de encomendas que se incendiam.
De acordo com o relatório, os pacotes explodiriam depois de o avião aterrar, com o resultado pretendido de incêndios em armazéns e instalações de armazenamento, e não em aviões de carga. No entanto, após um incêndio deste género em Leipzig, os serviços secretos alemães afirmaram que uma explosão em pleno ar foi evitada por acaso.
Em breve, os EUA obtiveram comunicações de oficiais dos serviços secretos russos que indicavam que tais explosões iriam em breve atingir solo americano.
O artigo descreve em pormenor a forma como os EUA tentaram evitar esse desfecho e os canais de retorno utilizados para transmitir a Putin a mensagem de que esses ataques iriam degradar ainda mais as já manchadas relações entre os EUA e a Rússia.
De acordo com o relatório, os ataques cessaram pouco tempo depois. O New York Times escreve que os funcionários americanos não sabem se Putin foi informado dos ataques e se estes pararam porque a Rússia estava sob algum tipo de pressão ou porque o Kremlin percebeu que tinha sido apanhado e foi forçado a mudar de táctica.
O artigo termina com uma citação perfeita, com Richard Haass, antigo presidente do Conselho de Relações Externas, a dizer que “a Rússia transformou-se num país que procura minar a ordem internacional”.
A principal conclusão deste artigo não é, no entanto, o facto de a Casa Branca ter conseguido travar a atividade maliciosa russa, mas sim o contrário - a Rússia consegue safar-se com praticamente tudo.
É por isso que vai continuar a tentar causar mais danos.
Na nossa newsletter da semana passada, mencionámos a investigação do The Insider e do Der Spiegel, em que os jornalistas descobriram a unidade específica dos serviços secretos russos que estava a pagar recompensas aos Talibãs por soldados americanos mortos.
O que é que a Rússia recebeu depois de ser apanhada? Um pedido para não o voltar a fazer.
A razão pela qual estas actividades maliciosas continuam é porque os dirigentes russos sabem que não haverá repercussões graves.
A psique russa está centrada no facto de que as regras foram feitas para serem quebradas e que a intimidação funciona.
Em qualquer cenário, descobrir que uma potência estrangeira paga a organizações terroristas para matarem os seus soldados, mata pessoas no seu solo e envia explosivos para perturbar a sua logística e infligir medo, deveria ser suficiente para a designar como “Estado patrocinador do terrorismo” e impor todas as sanções possíveis para sufocar esse regime.
No entanto, Putin tem sorte. À medida que o seu regime se torna mais ousado, o Ocidente vacila.