Estive em Malaca há quase 2 anos e fui ao "Portuguese settlement". Sente-se uma espécie de enternecimento por ver o gosto de uma comunidade, cada vez mais reduzida, pela portugalidade: os nomes dos restaurantes, as fotografias com brasões da nobreza que por lá passou, a imagética religiosa, a semelhança do vocabulário. Lembrei-me da frase do rei D. Luís que encima a Porta do Cerco, em Macau: "a pátria honrai que a pátria vos contempla." Acontece que o tempo das pátrias e das honras acabou, e Portugal já contempla pouco, menos ainda os que, lá longe, ainda teimam numa certa portugalidade (quase) ingénua.
Não liguei este assunto a questões de Pátria. Isto fez-me pensar que a influência da cultura é similar à influência genética que se mantém mais ou menos latente durante séculos ou milénios, às vezes e há pressinto que há qualquer coisa nisso de muito importante mas que me escapa.
Talvez haja uma diferença (haverá?): a genética é incontrolável, isto é, eu herdo o que herdo e que se mantém ou não durante séculos ou milénios. Mas esta "portugalidade" é resultado de um desejo: estes malaios querem continuar a falar português, a manter tradições que desapareceram há séculos. Há uma vontade, um orgulho.
Talvez a diferença não seja tão determinante como parece porque uma parte da genética, a epigenética, mantém e transmite caracteres pela simples manutenção de comportamentos (bio-socio-culturais) que derivam de desejos. Portanto, há um enterlaçamento entre os factores bio-físicos e os culturais que serve de motor à permanência destas influências dos antepassados. Se esses efeitos não fossem forças invisíveis, talvez muita acção maligna fosse evitada.
Estive em Malaca há quase 2 anos e fui ao "Portuguese settlement". Sente-se uma espécie de enternecimento por ver o gosto de uma comunidade, cada vez mais reduzida, pela portugalidade: os nomes dos restaurantes, as fotografias com brasões da nobreza que por lá passou, a imagética religiosa, a semelhança do vocabulário. Lembrei-me da frase do rei D. Luís que encima a Porta do Cerco, em Macau: "a pátria honrai que a pátria vos contempla." Acontece que o tempo das pátrias e das honras acabou, e Portugal já contempla pouco, menos ainda os que, lá longe, ainda teimam numa certa portugalidade (quase) ingénua.
ReplyDeleteNão liguei este assunto a questões de Pátria. Isto fez-me pensar que a influência da cultura é similar à influência genética que se mantém mais ou menos latente durante séculos ou milénios, às vezes e há pressinto que há qualquer coisa nisso de muito importante mas que me escapa.
Delete* às vezes, e pressinto...
DeleteTalvez haja uma diferença (haverá?): a genética é incontrolável, isto é, eu herdo o que herdo e que se mantém ou não durante séculos ou milénios. Mas esta "portugalidade" é resultado de um desejo: estes malaios querem continuar a falar português, a manter tradições que desapareceram há séculos. Há uma vontade, um orgulho.
DeleteTalvez a diferença não seja tão determinante como parece porque uma parte da genética, a epigenética, mantém e transmite caracteres pela simples manutenção de comportamentos (bio-socio-culturais) que derivam de desejos. Portanto, há um enterlaçamento entre os factores bio-físicos e os culturais que serve de motor à permanência destas influências dos antepassados.
DeleteSe esses efeitos não fossem forças invisíveis, talvez muita acção maligna fosse evitada.