E há muito para dizer mas não me apetece dizer isso tudo que há para dizer. Abri o jornal e leio logo um título estúpido acerca de uma escola ter os alunos a fazer matemática com uma perna às costas porque tem uma professora apaixonada pelo ensino... depois fui ler o artigo e os professores da dita escola que falam ao jornal não dizem estas bacoradas que este articulista diz e nas quais é especialista encartado.
Para além desta insistência dos jornais em serem capitaneados por gente ignorante e sem bom senso, há muita coisa que as pessoas dessa escola dizem e que seria muito interessante comentar, como o tamanho da escola (quantos alunos tem a escola), o respeito pelos professores (por parte de todos) e não apenas por uma clique, a proibição dos telemóveis na escola, os alunos serem bons alunos (essa professora diz que fica sempre com as turmas boas e consegue acompanhá-los desde o 7º ao 12º ano); o número de funcionários ser suficiente para a escola estar limpa e o jardim cuidado, todos os alunos terem acesso a uma psicóloga que ajuda, etc. mas teria que dizer coisas que hoje não me apetece dizer e que já estou farta de dizer sozinha.
Deixo só aqui uma pequena história, relativa ao título estúpido do artigo que insinua que a educação é uma espécie de espectáculo televisivo:
Há cerca de oito anos ou por aí, apareceu-me uma mãe na escola na hora de atendimento ao pais, com um artigo de jornal na mão, com um título muito idêntico a este de hoje em que se insinuava que a culpa dos alunos não terem todos boas notas se devia aos professores não serem bons por não serem apaixonados (só ensina quem não sabe fazer mais nada e outras bacoradas que a nossa pseudo-inteligência diz muito por aí).
A senhora vinha fazer queixa da professora de História da filha, aluna no 10º ano, e a sua queixa devia-se a que a professora punha os alunos a trabalhar em grupo, a analisar documentos e a ter que fazer tarefas autonomamente a partir dessa análise e a filha da senhora queixava-se que assim não gostava da disciplina. A mãe mostrou-me o artigo do jornal e perguntou, "não se pode substituir a professora por uma pessoa como o Hermano José Saraiva, alguém que dê as aulas como os programas dele? Nós lá em casa nunca perdemos um programa e ela queria que as aulas fossem assim".
https://www.publico.pt/ranking-escolas/lugar-sua-escola#-1500