The colourful Pachyrhynchus weevil, native to Southeast Asian islands
Photo: Frank Canon (@frankcanon_image_in)
Happy birthday! Let's have a song. https://t.co/THvgfLqxLx
— Fardels Bear (@BigKiln) April 22, 2021
“Why, sometimes I’ve believed as many as six impossible things before breakfast.”
Estes dois engenheiros construíram uma casa low-tech. É uma solução local -não serviria para uma grande cidade- mas que funciona e, mais que isso, permitiu testar um conjunto de soluções para viver, reduzindo a pegada ambiental, nomeadamente a de dependência da electricidade, que podem ser desenvolvidas e aplicadas em outros locais.
[ver post anterior] Irrita um bocado que o dêem como exemplo de uma pessoa muito inteligente só porque fez muito dinheiro. Confunde-se inteligência com a habilidade de fazer dinheiro. Compreende-se as vantagens de uma tal habilidade num mundo onde esse é o principal definidor de realização e sucesso individuais e percebemos que essa habilidade tem por detrás uma inteligência para o negócio. No entanto, uma inteligência para o negócio, é só isso. Serve a pessoa e mais ninguém: não é uma inteligência da vida, não traz nenhuma visão de caminho para o ser humano, para a vida em sociedade, soluções para o planeta... A habilidade para fazer dinheiro não teria mal nenhum se não fosse o facto de, tanto ele como os outros, identificarem essa habilidade com uma sabedoria de vida e elevarem-no a guia espiritual da humanidade.
O que ele aqui diz é que a educação universitária, enquanto saber, não vale o dinheiro que custa. Independentemente disso poder ser verdade, nos dias que correm, as palavras dele centram-se no dinheiro e não na educação. É típico de quem valoriza os títulos, não os tendo, desvalorizar os dos outros, para não se diminuir. Estou em crer que se ele tiver filhos, não aconselhará os filhos a não estudar e a irem para a internet aprender 'coisas' que é o mesmo que aprender nada. Não quer dizer que uma em cada x milhões de pessoas não nasça com um talento qualquer especial que dispense a quantidade de esforço que os outros necessitam, mas essa pessoa não servirá nunca de modelo para os outros.
Isto que ele diz e põem na capa da Times como se fosse um grande princípio de vida, é infantil. É o que dizem os meus alunos do 10º ano quando não querem estudar, 'ah, veja lá o Cristiano Ronaldo, não estudou grande coisa e tem uma boa vida, cheio de dinheiro'. Pois, mas não é com falta de trabalho. Em primeiro lugar, para fazer o que ele fez tem que ter-se o talento natural que ele tem, mais o físico que o acompanha e depois, a capacidade de trabalho gigantesca que ele dedica a desenvolver esse talento. Elon Musk parece os meus alunos que desvalorizam aquilo que não querem ou não são capazes de fazer, apoiando-se num caso que não pode servir de regra.
Calculo que este Musk goste de ser tratado por um médico quando está doente; goste que médicos e biólogos, químicos e outros cientistas que saibam desenvolver uma vacina; goste de passar os rios por pontes e não a nado; goste que os físicos e os astrofísicos e os engenheiros saibam construir os satélites que põem no ar e os engenhos que mandam para outros planetas; goste dos matemáticos que tornam isso possível; goste da arte que tem em casa; goste de ter bons livros para ler, etc. Não me parece que todas essas realizações e muitas outras possam ser aprendidas indo à internet ver umas 'coisas'.
Em suma, irrita-me um bocado que dêem uma atenção desmesurada a um indivíduo, só porque tem muito dinheiro como se isso fosse um um guia para se ser sábio ou inteligente em outras áreas que não seja a de fazer negócio. Irrita-me sobretudo porque sei que quando põem as pessoas neste píncaros, os miúdos comem isto tudo como verdades eternas.
Hoje, a mexer nuns livros, fui dar com o "Por Quem os Sinos Dobram", de Hemingway. Abri-o ao calhas -caiu no capítulo XIX- e fui dar com o nome do personagem principal, Robert Jordan. Já não lembrava que tinha este nome. Robert Jordan é o pseudónimo do autor, muito famoso, da saga de literatura fantástica, Wheel of Time. Não pode ser coincidência... ... enfim, resolvi ler o capítulo em vez de escrever. Para variar e porque me deu muito prazer ler Hemingway, cuja escrita é tão viva que absorve.
Tínhamos o país dividido em distritos, mais ou menos naturais, que eram em si regiões administrativas. Estavam bem definidas, estavam interiorizadas pela população, tinham um governador que as defendia, muito mais que os actuais deputados que não servem para nada, pois é igual a um deputado ser nomeado por Portimão ou Aveiro. É um mero processo burocrático para chegarem à AR e não representam minimamente as populações por onde foram eleitos, nem as defendem.
Quiseram, não ajustar ou melhorar os distritos, o que é normal, o país evoluiu (eu disse isto do país evoluir?? Enfim...), mas fazer uma grande regionalização. Mera propaganda, pois logo de seguida desataram a matar todos os serviços que mantinham vivas as comunidades do interior, com uma única excepção que foram os politécnicos e universidades interiores; mas como fecharam os serviços: hospitais, escolas, tribunais, centros de saúde, correios, bancos, etc., os politécnicos e universidades interiores servem para as pessoas fazerem lá os cursos e fugirem a correr para o litoral ou para o estrangeiro.
Agora temos zero: nem regionalização, nem distritos, nem representação, nem administração distrital, nem vida no interior. Só monoculturas em certas zonas. Se os espanhóis quiserem muito, ocupam as terras fronteiriças e fazem delas novas Olivenças. Enquanto isso, o litoral rebenta palas costuras e importamos o que era produzido no interior. Perde-se a cultura, o enraizamento da população, a riqueza da nossa identidade plural. Ganhos? Zero.