April 04, 2020

COVID-19?




Este céu mata-me









Robert P. Archer "Approaching Storm" 1938



Provavelmente esta obra, com este título, em 1938, tinha uma intenção política mas é tão universal na representação que nos apanha a todos nós nas nossas tempestades pessoais, quando lutamos sozinhos contra as vagas e por estarmos sós as vagas parecerem maiores do que são, mais negras do que são, mais ameaçadores do que são, mais opacas e definitivas do que são e parecem ter-se juntado aos céus e contaminado todo o horizonte.


Why is the world sinking? II - Because world liders are just alienated bad actors




Clark Gregg


Why is the world sinking? Because word liders are just bad actors




de Martin Luther King, assassinado há 52 anos, no dia de hoje, uma citação muito adequada ao tempo que vivemos



“Injustice anywhere is a threat to justice everywhere. We are caught in an inescapable network of mutuality, tied in a single garment of destiny. Whatever affects one directly, affects all indirectly.”

Coronavirus Li Wenliang - Primeira cobaia mundial da vacina contra o COVID-19




Evolução da investigação




America first...



Everyone doing the right thing is fired or imprisoned nowadays. We spend our days rooting for the few mildly competent folks to grovel their way through. Everything is grievously wrong. Jason Stanley

É o capitão do porta-aviões que é despedido por pedir ajuda para os tripulantes do navio e denunciar a situação, são os médicos e as enfermeiras porque querem proteger-se ou porque denunciam as condições em que os hospitais estão a trabalhar...

Elementar, meus caros Costa e Costa



E Inglaterra decidiu o mesmo.

Toutes les épreuves du bac et du brevet sont remplacées par le contrôle continu

Le ministre de l’Éducation nationale Jean-Michel Blanquer a annoncé ce vendredi 3 avril que toutes les épreuves du bac 2020 seraient validées par le biais du contrôle continu.

À circonstances exceptionnelles, mesures exceptionnelles. 

O que ensinam os livros e os filmes aos jovens



Uma estratégia que tenho nas aulas é passar um filme em cada período. Umas vezes passo-o antes de iniciar o tema novo, outras depois da introdução, outras no fim, dependendo de querer que o filme sirva para introduzir questões do tema que quero que os alunos explorem por si mesmos (com a minha orientação, claro); ou de o tema ser complexo e ter de fazer primeiro uma introdução aos conceitos fundamentais e depois o filme servir de contextualização e reflexão sobre os conceitos ou, se quero que a discussão do filme consolide os conteúdos de um tema que trabalhámos.

O que me importa é escolher um filme que seja suficientemente rico em questões e pistas de reflexão para permitir voltar a ele recorrentemente à medida que se progride no tema/s, permitindo fazer a sua ligação à vida; finalmente, escolho sempre um filme que permita crescimento individual e 'sabedoria' para a vida, pois é isso que interessa, penso, num curso de Filosofia no ensino secundário. Não é fazer dos alunos especialista em Filosofia ou mestres de argumentação mas, acima de tudo, dar-lhes instrumentos para poderem usar a Filosofia como suporte de reflexão nos caminhos da vida.

Hoje em dia passo um filme porque é a maneira de garantir que todos os vêem e o discutem mas no passado, quando os aluno liam livros -agora são muito poucos os que o fazem- mandava-os ler um livro para depois discuti-lo.

(Nessa altura trabalhava-se uma obra filosófica inteira em cada ano. O Discurso do Método de Descartes que se dava no 11º ano, por exemplo, é um livrinho com o qual se aprende tanto, tanto, tanto. Espreme-se dali tanto sumo precioso... enfim...)

A literatura, a boa literatura tem essa característica de ser um motor de crescimento individual e passar subterraneamente, muitos ensinamentos para vida.

Por exemplo, O Conde Monte Cristo, de Dumas. Fui dar há pouco tempo com um artigo sobre a obra (de, Ana Sharife) que mostra muito bem esse caracter formador da literatura.

Aprendemos com O Conde Monte Cristo que o conhecimento liberta, que não é preciso ser-se rico ou poderoso para se ter dignidade moral, que a violência não é uma boa resposta à violência, que a vingança não traz felicidade, que o poder egoísta não traz felicidade, que a vaidade não traz felicidade, que o perdão nos desacorrenta e que o mundo não é justo e temos que saber lidar com a injustiça, o mal e o sofrimento. É uma obra que ensina a conhecer-se a si mesmo, a reconhecer o seu próprio potencial moral e de autonomia. Aprendemos ainda que os pensadores que nos precederam nos ajudam na medida em que fornecem orientação nos caminhos da vida.

Alexandre Dumas encerra um marinheiro inocente numa prisão horrível, condenado por um crime que não cometeu, para transformá-lo, a partir dessas injustiças, numa pessoa completamente diferente. Antes da injustiça, Dantès era um homem bom por ingenuidade e acaso mas no fim do livro ele transformou-se num indivíduo bom por consciência deliberada e isso faz toda a diferença.

Dumas escreve a obra numa França corrompida política e financeiramente, no meio de uma crise moral e espiritual, sem direitos humanos, onde os ricos e poderosos abusavam dos pobres e amiúde os encarceravam injustamente para prosseguir os seus interesses particulares.

Dantès, um marinheiro de valor, a ponto de ascender a capitão e de casar com a bela condessa de Morcef, está completamente alheio à inveja que desperta nos que o rodeiam. É preso no dia da boda, acusado anónima e falsamente pelo seu amigo, de ser um agente bonapartista. O cativeiro dura 14 anos. 
No inicio do cativeiro, Dantès desespera com a ideia de que nunca sairá daquele inferno. Ele está preso quando Napoleão regressa do primeiro exílio, naqueles 100 dias que se acabaram na batalha de Waterloo. 

Tudo muda quando conhece o abade Faria, um preso político que ocupa a cela contígua. Faria é um monge, professor de Filosofia, ensina-lhe História, Matemáticas, Línguas, Filosofia, Física e Química. Ensina-lhe o valor do caráter e mostra-lhe que a dignidade moral não tem que ver com posição ou riqueza. Dantès começa a sua transformação.

A amizade -genuína- com o abade é a primeira pedra na fundação da sua transformação. Este fala-lhe de Epicuro, Séneca, Maquivel, Pitágora, Juliano, Fabre d’Olivet, da filosofia prática que ajuda a enfrentar as dificuldades da vida e a alcançar a serenidade. É o abade quem lhe revela o tesouro e é a via da sua libertação.
Que essa amizade ou amor entre eles seja mais valiosa que todos os tesouros que alimentam as vaidades, é uma grande lição de crescimento.

No resto da obra, Dantès nunca comete actos de violência. Ajuda os que o ajudaram e foram bons para ele e arranja maneira de que os que o atraiçoaram paguem pelos seus actos. No entanto, está numa senda de vingança e só quando um pobre inocente morre por causa de uma das suas vinganças ele percebe que não lhe compete a ele fazer justiça e que a justiça não vem da vingança. Este é um 'recado' que Dumas envia aos leitores.

No fim do livro Dantès perdoa ao mais culpado de todos os que o atraiçoaram que foi aquele que falsamente o denunciou e enviou para a prisão por um crime não cometido. É nessa altura que Dantès se converte num ser humano que não apenas é capaz de amar a vida, apesar das injustiças, da maldade alheia e do sofrimento, mas também é capaz de superar os desejos de vingança e alcançar a felicidade, fazendo com que os outros também possam eles mesmos alcançá-la.

Este livro, lido na adolescência, ali pelos 10, 12 anos, deixa uma impressão profunda, porque somos cativados por histórias onde os bons conseguem vencer os obstáculos e os maus são castigados e, ao mesmo tempo, deixa muitas sementes para o crescimento pessoal.

E é por isso, para além do prazer de ler uma obra bem escrita, que é uma maneira do formar o gosto literário, que a boa literatura é fundamental, nomeadamente na idade em que estamos em crescimento e toda a boa orientação tem um impacto profundo e duradouro. Um adolescente pode esquecer-se de uma lição de Geografia, mas nunca mais se esquece do Conde de Monte Cristo e das suas lições.

Ler é uma actividade que os pais podem incentivar nos filhos neste tempo de quarentena. Ou até seguir o hábito antigo de fazer uma sessão de leitura, em família.
É uma maneira de pôr os miúdos pequenos a gostar de ler.

8 dicas para um ensino à distância mais eficaz



Estas dicas também servem para o ensino presencial, excepto a primeira e a última. Podemos, no ensino presencial, fazer tudo o que fazemos à distância, mas com mais profundidade, abrangência e complexidade. Já o ensino à distância não permite fazer tudo o que se faz presencialmente, só uma porção e, sempre mais simples e superficial.


1. Ficar pelo essencial
- Em vez de abordar imenso conteúdo, sobretudo se for novo, é melhor concentrar-se em consolidar o que já foi aprendido. A aprendizagem que não se reforça, não se repete, é esquecida. É só lembrarmo-nos como os alunos vêm depois das férias de Verão.

2. Contextualizar
- Indique claramente o que devem aprender e qual é o encaixe desta aprendizagem no contexto maior. Se os alunos estão a construir, temos que dar-lhes andaimes conceptuais para se moverem de uns conteúdos para outros sem lacunas e também âncoras para segurar os conhecimentos.

3. Fazer a ligação com os conhecimentos anteriores.
- Para dar um continuidade à aprendizagem e fazer com que lhe compreendam o sentido global. Ainda, forneça os locais onde podem ir buscar os conhecimentos anteriores se já os esqueceram, para poderem recuperá-los e integrarem com os novos.

4. Indicar claramente os objectivos das tarefas e os critérios do sucesso em cada matéria.
- Aquilo que parece muito claro ao professor nem sempre é claro para os alunos.

5. Se possível, exemplifique previamente a resolução de um exercício.
- Isto é o mais difícil de fazer-se à distância, mas é uma parte essencial do ensino, porque nada substitui eles verem o professor a resolver a tarefa, passo a passo, e a explicar a lógica/utilidade/importância de cada passo para alcançar o objectivo. Mostre se existem caminhos alternativos e incite à exploração desses caminhos, sempre que possível. Isto é uma estratégia absolutamente essencial no início de uma matéria nova que exige uma metodologia que lhes é desconhecida.

6. Dar apoio e feedback
- A maioria dos alunos leva tempo a compreender conceitos e metodologias novas e precisa de apoio, pelo menos no início de uma nova aprendizagem. Prepare tempos de esclarecimento de dúvidas, perguntas e respostas, etc. Dê feedback: o que foi bem construído e porquê, o que foi mal construído e porquê.

7. Dar aos alunos tarefas que obriguem a activar as aprendizagens.
-Não apenas dar exercícios de consolidação mas expandir a aprendizagem com questões: o quê, como, porquê?

8. Não apresentar novos conteúdos em uma sessão apenas.
- Mais vale várias sessões curtas com consolidação que sessões longas sem consolidação.

a partir de, ‘Lessons for Learning’, uma colaboração entre, Tim Surma, Kristel Vanhoyweghen, Dominique Sluijsmans, Gino Camp, Daniel Muijs e Paul Kirschner. Lido no blog deste último.

Porque devemos ter cuidado com os asnos




Destressar - The Last Hangout



via Tom Moylan

Porquê 4 de Maio? Por cobardia política


O primeiro ministro está farto de dizer que 4 de Maio é o limite para haver 3º período presencial. Porquê 4 de Maio? Por causa dos exames.
Vejamos: o que é preferível? Os alunos terem possibilidade de concluir o ano lectivo, darem a matéria em falta, terem oportunidade de subir as notas, concluir as disciplinas semestrais, etc. ou não terem nada disso e o ano que vem ser muito complicado por ter de se dar programas extensíssimos, mas fazerem exames? Acho que a resposta é óbvia e não é o terem exames.
A decisão de empurrar o fim do ano lectivo e declarar este ano como um ano sem exames, é um decisão política que o primeiro ministro não tem coragem de tomar.

O ensino à distância não é uma nova forma de ensinar, como agora leio nos muitos emails que as editoras me mandam para comprar pacotes disto e daquilo. Se eu partir a perna de uma cadeira e conseguir que ela se aguente com fita cola até poder levá-la a uma loja de reparação, não é mau, mas não posso dizer que arranjei uma nova forma de construir pernas de cadeiras, não. Apenas desenrasquei, temporariamente, uma situação complicada.

O ensino à distância, sobretudo na escolaridade obrigatória não-universitária (embora aí, também) não tem qualidade e já tanta gente escreveu sobre isso, sobre a importância da presença física do professor para estabelecer uma relação que sustente a aprendizagem, pois educar e ensinar não é passar instruções e informações de um lado para outro, que não vou insistir nisso.

Portanto, que se perceba que este desenrascanço, que serviu para o governo ver, 'claramente visto', que as desigualdades de condições entre as famílias prejudica o sucesso dos alunos e que serviu para os pais perceberem que ensinar não é fazer de babysitter, mas antes requer estratégias e conhecimentos especializados, não substitui o ensino presencial, nem é um progresso ou uma nova forma de ensinar. Pelo contrário.

Já agora, outra questão que ficou bem à vista foi o erro das disciplinas semestrais. Disciplinas semestrais fazem sentido quando não têm continuidade - são uma espécie de curso intensivo. Como nas escolas isso não acontece e as disciplinas semestrais prolongam-se por anos e são interrompidas, muitas vezes, por um ano ou mais e, como estamos a falar de miúdos que não têm as aprendizagens consolidadas, não são do interesse dos alunos: passam muito tempo sem contacto com a disciplina (nas línguas já estamos a ver que é um desastre) e causam complicações nas avaliações, sendo que os miúdos têm poucas oportunidades de subir as notas. É preciso ver que os miúdos em idade escolar não têm um desenvolvimento estável e linear estruturado, mas de grandes saltos, porque estão, justamente, a construir a estrutura e, portanto, é bom que haja três períodos no ano lectivo, para permitir a acomodação desses saltos de desenvolvimento.

Concluindo: mais valia empurrar o fim do ano lectivo e declarar este, um ano sem exames, do querer à força declarar o ano findo com simulacros que não são do interesse dos alunos.

António Costa dá prazo de um mês para reabrir escolas

Primeiro-ministro aponta o dia 4 de maio como data-limite para recomeço das aulas.

Relativamente às máscaras


Uma demonstração.

Dois minutos de Yo-Yo Ma por dia nem sabe o bem que lhe fazia




Diário da Quarentena 21º dia - walking your pet