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April 20, 2020

Amigos



O T. foi meu aluno há uns anos e ficámos amigos, em grande parte porque somos muito parecidos em muita coisa, na maneira de raciocinar as questões e eu vi isso logo desde a primeira semana de aulas com a turma dele, de quem tenho recordações muito boas. Foi uma daquelas turmas tipo amor à primeira vista, mútuo, e as aulas foram um puro divertimento. Fiquei com relações amigáveis com vários alunos e ganhei este amigo que está agora a acabar o mestrado em Matemática no Técnico. E como o interesse dele é nas matemáticas puras interessa-se muito por Filosofia. E temos grandes conversas pela internet, (gosto de saber e gosto que ele me explique os conceitos do que anda a estudar) que acabam quase sempre em argumentações sobre topologia, heurística, axiomática e filosofia da linguagem, por razões que agora não interessam. A questão é que, de cada vez que falamos (hoje ele faz anos e estivemos à conversa) combinamos ir beber um café para matar saudades um do outro. Já não o vejo há uns 4 anos, bem contados. A piada é que moramos a 100 metros um do outro :)) e acho que isso diz muito da nossa maneira de ser e porque é que nos damos bem :)) Tínhamos combinado em Março e acertámos na semana da declaração do estado de emergência. Quando acabar esta quarentena vamos mesmo beber um café e tiro uma fotografia com ele.
Tenho a grande sorte de ter muitas relações amigáveis, muitas mesmo e, vários amigos entre os ex-alunos, um deles sendo um grande amigo do coração. Pessoas por quem tenho amizade e grande consideração e eles fazem o favor de retribuir.


April 15, 2020

Just saying...



A esta hora é que imensos alunos aparecem aos magotes a enviar emails. Levantaram-se há pouco tempo...?

March 25, 2020

Descaramento



A esta hora da noite é que me enviam os trabalhos. Que grande descaramento...

March 19, 2020

Um apontamento meia a brincar meio a sério, mas divertido



Ahh, a quantidade de trabalho que os professores fazem na escola com os alunos, é demasiado para esta mãe. Ao fim de uns dias de acompanhá-lo está em pânico :)

March 13, 2020

Hoje quase não tive alunos



Já estão em quarentena por ordem dos pais. Os poucos que foram pareceram-me todos muito conscientes de terem que fazer mesmo uma quarentena. Estivemos a combinar trabalho por email e o que fazer para não ficarem (ficarmos) todos gordos de estar tanto tempo fechados em casa sem exercício. Os rapazes já tinham pensado nisso e vão fazer abdominais, as miúdas estão preocupadas com poderem vir a não caber no vestido do baile de finalistas :))

March 12, 2020

Sinais de esperança



Hoje estava com uma turma a discutir um tema de valores e para eles perceberem como na vida prática gerimos os valores quase sempre de um modo instrumental, desafiei-os a fazer uma escala de valores hierárquica pessoal com uns cinco ou seis. Alguns disseram a sua e eu ia escrevendo no quadro - isto é para depois fazer uma provocação com essa escala que os põe a pensar e a discutir, que agora não interessa.
A maioria dos miúdos que quiserem dizer, iam dizendo mais ou menos as mesmas coisas, embora ordenassem de modo diferente: família, amizade, saúde, amor, o dinheiro e coisas do género. Eis senão quando uma garota quis dizer a sua, por esta ordem: a família, a arte, a verdade, a dignidade. Uau! Não estava à espera. Que sinal de esperança 🙂

February 15, 2020

'We need a new romanticism' II



Tem piada ter ido dar hoje com aquele artigo acerca da necessidade de uma contra-cultura deste novo cientismo ressurgente. É que ontem de manhã, numa aula, estive a falar disso com uma aluna.

Tenho esta aluna do 12º ano de quem gosto muito, muito. A rapariga tem imenso valor. Às vezes tenho vontade de a citar como exemplo em outras turmas, o que não faço, claro, nem isso resultaria. A rapariga teve um início de vida tão, tão difícil e desmoralizante... ainda tem uma vida difícil, mas isso não a demove. Ela lê e lê a sério. Anda a ler os clássicos. Dos americanos ao Kafka, dos franceses aos russos... lê em português, em espanhol  e em inglês. Ontem, estando a turma a fazer um trabalho em grupo falámos um bocadinho. A conversa começou com o Bernardo Soares, que estava a ler. Disse-me, 'professora, o Pessoa não ressoa em mim, não sei porquê. Gosto do romantismo e de traços do gótico que se aproximam do romantismo' Perguntei-lhe se sabia  porque gostava do romantismo e ela disse-me que sim, que gostava dos grandes contrastes e acima de tudo do respeito quase religioso pela grande Natureza. Perguntei-lhe se já tinha lido o Frankenstein de Mary Shelley. Disse-me que não mas queria ler (tenho que ir procurar o livro porque fiquei de lho emprestar). Que sabia que ela fazia uma crítica ao cientismo e à visão fechada que a ciência tem sobre a realidade que produz um desrespeito pela Natureza e uma falta de profundidade introspectiva (palavras dela). Depois disse-me que encontrava paralelismo entre a Mary Shelley e o Machado de Assis nessa questão das advertências aos excessos perigosos da ciência.

Pois é :) tenho uma aluna adolescente que lê Machado de Assis e que reflecte sobre a ciência, a realidade, os movimentos realistas, intelectualistas e românticos e a sua importância para a sobrevivência da humanidade, interior e exterior, mais ou menos ao mesmo nível (entre aspas, claro, mas a verdade é que ela, com menos estudo, experiência e leituras já chegou às mesmas conclusões) que Jim Kozubek, um adulto de Cambridge, Massachusetts, escritor, biólogo, especialista em escrita sobre ciência.

E o que é que isto me faz pensar? Que nesta profissão, de vez em quando, vamos dar com pessoas fora do vulgar. E que pessoas fora do vulgar, num sentido positivo, quer dizer, com muito valor, existem em qualquer ponto do mundo, porque o seu valor vem de dentro e não do mundo.

Ela é uma pessoa com poucas posses. No entanto, aqueles livros que já leu e tem certeza que não vai voltar a ler dá para a biblioteca, para que outros com pouco dinheiro também possam ler. É isto... estas pessoas fazem-me ter esperança que o futuro não está condenado.


December 17, 2019

Em contrapartida




... porque a maioria dos alunos são pessoas de bem, este ano tenho uma turma muito engraçada de quem gosto muito (não é a única mas agora lembrei-me destes). Aliás todos os professores gostam deles. Metade deles não estuda nada e só vão às aulas porque os amigos estão lá e porque são obrigados a ir; as notas não são boas, claro, mas nem por isso deixam de ser bem dispostos. Nunca vi uma coisa assim. Estamos muito sérios a falar que precisam de trabalhar mais e tal e tal e eles dizem que sim, com ar sério e assim que vêem que a aula acabou fazem grande festa a desejar bom Natal e riem...  Nada lhes tira a boa disposição. É bestial.

November 27, 2019

O que o governo tem atirado para cima de nós, professores




Hoje resolvi, ou melhor, deixei encaminhado um caso de um aluno com um passado muito difícil e muito, muito complicado, não só em casa mas em situações escolares e sociais e sem apoio capaz de o ajudar a um nível satisfatório. Só este caso levou-me duas semanas a pensar o que fazer, desde que o processo (gigantesco) dele chegou à escola e mais duas a resolver. Metia problemas de saúde física e psicológica. Telefonemas para contactos que tenho e que arranjam consultas e acompanhamento, conversas com o aluno (que começou por não querer ajuda), com a mãe, evidentemente, que quer muito ajuda para o filho, etc.

A questão é que não sou, não somos, nós professores, assistentes sociais. Dantes, não éramos nós que tratávamos dos processos dos alunos, agora somos. É claro que uma pessoa pode ignorar o que lê no processo e fazer só o que a lei manda que é encaminhar para a equipa de apoio e lavar as mãos mas, porque vemos que elas são poucas e também não são especialistas (a não ser uma pessoa que é psicóloga mas não tem formação para casos assim complicados) e porque uma pessoa não consegue ler aquilo e ficar de braços cruzados, acaba por ter uma trabalhão que não lhe pertence. O trabalho que fiz é para uma assistente social, não é para mim. Assim como o trabalho de sinalizar alunos para a CPCj também é para uma assistente social e não para mim. Isto não é o trabalho de um professor.

E não tenho tempo para gastar assim semanas a tratar de um caso porque tenho quase sessenta alunos nas duas DTs e tenho o trabalho regular das turmas para fazer: preparar aulas, fazer fichas, testes, classificar... Cheguei a casa, estou a receber emails das turmas do 10º ano que têm teste esta semana. Já respondi... Epá! Ninguém nos paga para isto... Não admira que as pessoas andem exaustas. Os governos tratam-nos muito mal e abusam de nós. Nós somos o contentor para onde atiram tudo e mais alguma coisa que não querem ver nem tratar e em doses cavalares. Carradas de alunos, de turmas, de trabalho extra...

Não admira que todos queiram ir embora e ninguém queira ser professor.

November 16, 2019

O que gostava de ver nos títulos dos jornais em vez de, 'chumbar ou não chumbar'




Gostava de ver, 'orçamento da educação foi reforçado'; 'o número de alunos máximo por turma fixa-se nos 22'; 'todas as escolas têm refeitório ou instalações desportivas ou casas de banho em condições, etc'; 'não há falta de funcionários nas escolas'; nenhum professor tem aulas de apoio que o ME conta como não-aulas'; 'nenhuma escola tem falta de técnicos de apoio especializado'; 'nenhum professor tem mais de 100 alunos com quem trabalhar'; etc. O que quero dizer é que gostava de ler nos títulos dos jornais notícias sobre investimento na educação no sentido de prevenir os problemas que levam aos chumbos porque enquanto se continuar a poupar dinheiro à custa da educação todas as medidas serão economicistas e sem valor pedagógico. Medidas de máscara.

Onde é que vão apoiar alunos com dificuldades? Quem o vai fazer? Nós professores que já temos o horário atestado? E os alunos do básico, por exemplo, que têm os horários cheios de manhã e de tarde? Vão ter apoio à noite? E porventura sabem que a maioria dos alunos do secundário (os outros não sei) a quem propomos apoio não o quer e rejeita-o? Que muitas escolas têm nos horários dos professores uma hora semanal de preparação para o exame (nos anos com exame) e só uma minoria aparece? Os outros aparecem uma semana antes do exame? Ou vamos obrigar os alunos à paulada a frequentar as aulas de apoio?
Os problemas dos chumbos têm que ser resolvidos na prevenção e não na remediação. Têm de ser prevenidos, logo desde o início da escolaridade, não quando já estão no 7º ano ou no 9º ano e muito menos no 10º ano.

Uma primeira medida que causaria um impacto positivo era mudar os títulos dos jornais que fazem parecer que o problema dos chumbos é um problema dos professores não perceberem que chumbar é negativo. Como se nós não fossemos os primeiros a saber disso, nós que trabalhamos com esses alunos.
Essas notícias retiram às famílias a noção do dever de acompanharem e apoiarem os filhos e colaborarem com os professores.

Os governantes e os dirigentes em geral é que imprimem dinâmicas de actuação com as suas políticas e a dinâmica que têm espalhado é de desresponsabilização de si próprios e do seu desinvestimento e incúria e das famílias nos seus deveres de acompanhar os filhos e colaborar com os professores e dos estudantes, também eles desresponsabilizados do seu próprio percurso como se fossem seres meramente passivos  e não activos em todo o processo educativo. O que acontece é que os alunos, ou têm famílias que não ligam ao que os governos dizem porque têm os seus objectivos e princípios pedagógicos para os filhos e, esses são os que colaboram connosco e acompanham os filhos ou, têm famílias que ligam aos discursos dos governos e desresponsabilizam-se completamente da educação dos filhos que vêem como uma obrigação apenas dos professores e das escolas. Nem suas, nem dos próprios filhos, só dos professores e das escolas.

Eu trabalho com turmas de todas as áreas de estudo dado que a Filosofia é uma disciplina de formação geral de todas as áreas. Dou-me conta, por isso, das diferenças de dinâmica entre essas áreas. Os alunos das turmas de ciências entram no 10º ano já com a noção de que estão numa área que necessita de muito investimento em trabalho por causa da matemática e da física, sobretudo. Mesmo aqueles que não gostam de estudar e não são bons alunos não discutem isso, de modo que estão já com uma pré-disposição e uma dinâmica para o investimento pessoal que os ajuda muito a ultrapassar dificuldades. Já os alunos de artes e os de humanidades, que escolhem essas áreas, quase todos, para fugirem ao trabalho que a matemática e a física implicam, vêm, a grande maioria, com uma dinâmica de esforço mínimo ou nenhum esforço. Estas turmas são difíceis de trabalhar (um aparte - há professores instalados nas escolas que se recusam a trabalhar com elas e ano após ano só têm das outras turmas. São os que têm menos turmas e só têm dessas outras... acham-se muito competentes... lol)

Enfim, os governos transformam as escolas, não em centros de conhecimento e de formação mas em fábricas de certificação com técnicos administrativos controlados ao minuto e depois querem que formemos cidadãos livres, críticos... como se isso não implicasse alunos que investem activamente na sua própria formação.
Se as escolas ainda são centros de conhecimento e formação é porque muitos professores resistem a ser meros técnicos que trabalham para inglês ver e se preocupam em ajudar os alunos a desenvolver-se como seres humanos e futuros cidadãos, mesmo contra a vontade deles, dos pais e dos governos que os tratam como unidades de custo.

De ano para ano, cada vez mais tenho noção de que não trabalho para este ou para outro governo. Não sou funcionária deste ou de outro governo mas do meu país. E não sou um braço administrativo acéfalo deste ou de outro governo que existo para aplicar 20 reformas em 10 anos, mais coisa menos coisa.

Chumbar ou não chumbar?


November 08, 2019

dos alunos




Uma pessoa depois de ver o processo de alguns alunos até se espanta de serem pessoas equilibradas, leais, corteses, pessoas honestas e bem-educadas. Alguns miúdos chegam aos 16 anos já com vidas tão difíceis, vivências tão duras que nem muitos adultos as suportariam. E o pior é que a escola não tem muitas soluções para estas pessoas, porque precisavam de apoios clínicos especializados. Não somos nós, professores, nem mesmo as equipas do apoio, que só conseguem dar apoio até certo ponto, que estamos habilitados para dar resposta a certos problemas. Faz pena porque são pessoas de valor, com qualidades positivas. O mais que podemos fazer, e fazemos, para ajudar, é fomentar um ambiente de respeito e confiança onde possam sentir acolhimento.

November 05, 2019

Agora já ouvimos tudo



Contou-me hoje uma colega: uma encarregada de educação queixa-se que a filha parte as unhas na aula de educação física e pergunta se não pode ser dispensada, pelo menos de algumas actividades. É que as unhas de gel são muito caras... a sério?