February 28, 2020

Em contrapartida nós aconselhamos o primeiro-ministro



... a ir trabalhar para não termos de pagar a sua inacção no que respeita aos irresponsáveis que deram e dão cabo dos serviços públicos em vez de se meter em assuntos que não lhe dizem respeito.

Coronavírus: primeiro-ministro desaconselha viagens de finalistas na Páscoa


Ai?? Mas eu estou a ler isto bem?




O endividamento da economia é na ordem dos 721mil milhões de euros??!

Famílias são as campeãs na redução do endividamento em Portugal


O endividamento da economia portuguesa voltou a baixar em 2019 e está em mínimos de 10 anos.
O ano passado voltou a ser marcado por uma desalavancagem da economia portuguesa, com todos os setores a registarem um endividamento mais reduzido do que em 2018 quando tido em conta o peso no produto interno bruto (PIB).

Os dados foram revelados esta semana pelo Banco de Portugal. Segundo o banco central, o endividamento do setor não financeiro situava-se em 721 mil milhões de euros no final de 2019. Deste total, 317,4 mil milhões de euros diziam respeito ao setor público e 403,6 mil milhões de euros ao setor privado.

Banco bom cada vez mais mau e nós somos os palhaços que pagamos este circo



Novo Banco com prejuízos de 1058 milhões em 2019

Face a este resultado, o banco vai pedir ao Fundo de Resolução, que detém 25% da instituição, mais 1.037 milhões de euros, no âmbito do mecanismo de capital contingente acordado em 2017

A questão é: porque é que os do Novo Banco hão-de trabalhar se sabem que está acordada uma ajuda de quase 5 mil milhões? Estão no descanso, sabem que é só pedir que o Costacenteno dá.
Quem houve o Costa falar na Europa não percebe o que ele é.

Graffiti















via
Roberto M Mantovani

Right :)



directamente do fb

Transition






Dosso Dossi (Italian, 1490 - 1542) Jupiter, Mercury and Virtue, 1524
oil on canvas
111.3 cm x 150 cm
Collection Wawel Castle - pormenor


Diário de bordo II



Outra coisa que acontece em quase todos os dias com pintas cinzentas é ler um livro de uma ponta à outra. Enquanto vou a caminho, enquanto espero e depois, na volta, se venho directa para casa e não fico abananada como acontece com certas biópsias, endoscopias, etc. leio um livro. É claro que não se trata de um livro muito grande ou de estudo.

O último que li foi este:


Calhou abrir o livro ao calhas e dar de caras com esta frase:

Dado que estive duas vezes no deserto do Saara e em ambas as vezes tive uma experiência indelével, achei que o autor seria uma espécie de alma gémea nesse aspecto particular. O livro é bom mas fala mais sobre o silêncio (essa paz interior) que sobre o deserto; no entanto, esta frase onde pus os olhos quando o abri ao calhas, é a melhor frase do livro. Que bingo :)

Diário de bordo



Isto é agenda do meu telefone. Estão a ver as pintas cinzentas? Excepto a do dia 14 e a do dia 23, que não têm nada que ver com médicos, todas as outras pintas são marcações de consultas e/ou procedimentos/exames médicos. Há dias em que a pinta corresponde a duas marcações porque sempre que posso marco mais que uma coisa para o mesmo dia para não faltar ao trabalho. A de hoje, mais daqui a bocado, estou aqui a pensar se hei-de desmarcá-la. Isso é outra coisa que agora faço quando me chateio e mando isto tudo para as urtigas. Este mês não é dos melhores, nem em quantidade, nem no tipo de coisas que tive que fazer, mas também não é dos piores. Já houve piores.



Do ponto de vista do doente, já tenho um doutoramento nisto de médicos, enfermeiros e hospitais. Já são tantos médicos, tantos exames, tantos hospitais que as pessoas já me ligam a pedir opinião. Outro dia, um médico de quem sou amiga há muitos anos, desde o ano em que deixei de fumar, já lá vão 16 anos, com quem falo muito, também me pediu opinião sobre médicos de uma especialidade que precisava.

De modo que qualquer dia começo aqui uma rubrica sobre médicos, enfermeiros e hospitais.
Por exemplo:
- categorias de médicos e como tratar com eles: o inseguro, o que acabou o internato antes de ontem mas é muito esforçado e quer acertar, o distraído, o cuidador, o que tem  brio no trabalho, o emotivo, o sempre extenuado, o que não distingue o rabo da orelha, o que sabe menos que nós da nossa doença mas acha que sabe, o difícil que amua por qualquer coisa que se lhe diga, o sempre bem disposto, o que nos conta a vida toda logo à primeira, o que percebe tudo o que temos à primeira mesmo sem dizermos quase nada, o cuidadoso, o muito preparado, o que está sempre a olhar para o telemóvel, o brutamontes, o que nos quer falar da sua própria doença, o que se acha o supra-sumo da batata-frita com um ego descomunal, o que quer ser nosso camarada e fala como se tivéssemos na caserna, o que chama os doentes aos berros, o que nos fala das doenças dos outros doentes que acabaram de sair, o que nem sequer olha para nós, o que tem nojo de doentes, o que acha que nos conhece muito bem desde o primeiro dia, o preconceituoso contra professores, o que chega sempre atrasado uma hora e meia, o que está mais interessado em falar de política que da nossa maleita, etc.

Depois há os enfermeiros: cuidados a ter com os enfermeiros, sobretudo os que trabalham com doenças graves; o que dizer aos enfermeiros, o que nunca dizer aos enfermeiros. Erros que se cometem com os enfermeiros; como preparar as veias de modo a serem à prova de enfermeiros que não sabem por onde elas correm. Ainda há os exames médicos: o que são, como são, o que nos fazem, como evitar incómodos maiores que o necessário, as precauções a ter em certos procedimentos, etc. TACs, PETs, EBUSes, ECG, EEG, Ressonâncias, Provas de Esforço, Ecografias, Biópsias, Endoscopias, etc.

E, por fim hospitais: atendimento, organização, condições, tempos de espera, eficiência, simpatia, serviços que funcionam bem/mal e porquê, etc.

Março já está assim e faltam marcações que vão ser marcadas em consultas já marcadas. De modo que já me considero uma especialista neste assunto de médicos, exames e hospitais, do ponto de vista do doente.


February 27, 2020

Dürer - Nemesis



Nemesis, winged balancer of life, dark-faced goddess, daughter of Justice (Mesomedes)

(Segundo Poliziano, um italiano do século XV, Nemesis tem o poder de esmagar os triunfos dos arrogantes bem como confundir os seus planos excessivamente ambiciosos.)











Albrecht Dürer (German, 1472-1528), Nemesis (The Great Fortune), ca. 1501-02, Engraving


A quantidade de texturas, a minúcia do trabalho, a enorme variedade de pormenores e a riqueza das linhas revelam, ao mesmo tempo, um profundo sentido de observação e uma paixão fora do vulgar que, por sua vez, cativam o nosso olhar.

O que gosto mais no Dürer são dois aspectos: um é que não se consegue tirar os olhos dele, quer dizer, das suas obras. É possível ficar imenso tempo a percorrê-las com os olhos, sempre a descobrir novos pormenores, tonalidades de cor, formas e ideias; outro é a delicadeza, quer dizer, até em obras de violência, como O Martírio dos 10 Mil, a visão dele é sempre compassiva, mesmo na representação realista dos decapitados, por exemplo e, nunca deixa de observar o que há de belo, ou mágico, melhor dizendo, no aparentemente vulgar. Percebemo-lo quando observamos os pormenores. Isso é o que amo no Dürer.

Nessa obra (mais abaixo, com link na imagem) quando reparamos no pormenor do lirismo com que representou as árvores com as folhas delicadas de um verde luxuriante, cheio de vida e os pássaros nos ramos entretidos na sua vidinha no meio daquela cena de horror e morte percebemos que o olhar dele vê sempre para além do que está ali, à sua frente.
Transporta-nos para a nossa própria vida, para as situações dramáticas, algumas trágicas mesmo e no limite, porque já passámos e, como no meio das coisas mais terríveis, reparamos em pormenores da natureza e percebemos, com lucidez, que somos indiferentes ao mundo e que nada da beleza das coisas se altera com as nossas desgraças, sofrimentos ou desaparecimento.

Há artistas que falam para si, para dentro, embora nos deixem ver o que dizem mas, há outros, como Dürer, que falam para nós. Dürer é um festim para os olhos e para a mente. O que mais se pode querer dos outros?



Everyday magic










Grant Haffner

Elgar: Enigma Variations / Rattle · Berliner Philharmoniker



"Beba poesia sem moderação"






February 26, 2020

Medina comprou Lisboa?




"Ana Leal": Câmara de Lisboa fez mais de 40 ajustes diretos com empresa que trabalha com falso engenheiro
Fernando Medina sabe de tudo, mas mantém, mesmo assim, contratos para obras públicas com esta empresa que está a ser investigada pelo Ministério Público

A Câmara Municipal de Lisboa fez mais de 40 ajustes diretos, num valor superior a um milhão de euros, a uma empresa que está a ser investigada pelo Ministério Público. A Tanagra é uma empresa de construção e trabalha com um falso engenheiro.

Fernando Medina sabe de tudo, mas mantém, mesmo assim, contratos para obras públicas com esta empresa que está sob suspeita. Em causa, poderão estar os crimes de falsificação de documentos e usurpação de funções.

O falso engenheiro não cumpriu por exemplo uma obra numa piscina na Penha de França, paga em parceria entre a autarquia liderada por Fernando Medina e o clube Estrelas São João de Brito, colocando em causa o despedimento de funcionários e de atletas, incluindo uma atleta olímpica.

Exactly




Tudo o que este juiz fez parece estar infectado de malícia



Ele e os amigos dele. Quantas pessoas terão sido prejudicadas por ele sem terem meios para se defenderem como fez Ricardo sá Fernandes?


Acórdão do juiz Rui Rangel posto em causa pelo Tribunal dos Direitos Humanos
Advogado Ricardo Sá Fernandes foi condenado pelo Tribunal da Relação de Lisboa por ter gravado conversa com empresário Domingos Névoa.

Ricardo Sá Fernandes diz-se muito feliz mas ao mesmo tempo cansado perante o desfecho de uma guerra que dura há tanto tempo, e que incluiu vários outros processos judiciais relacionados com a mesma matéria, todos eles já terminados entretanto. “Durante 14 anos tive de transportar esta cruz por ter denunciado um corrupto. E isso diz muito do estado do combate à corrupção em Portugal”, assinala. “A decisão do Tribunal da Relação de Lisboa que me condenou era infame.”

Sinais de esperança



Um grupo de homens da recolha de lixo da capital da Turquia criou uma biblioteca com livros deitados fora. Montaram-na numa fábrica de tijolos abandonada e já têm 4.750 exemplares.

A rothko silence




via pinterest

'Beba poesia sem moderação'



"Escrevo para ser contemporâneo das nuvens
para pertencer à pobre e nua pátria inerte
coberta pelo violento alfabeto dos cláxons
Escrevo para que se levantem os pássaros de areia
e ao pulverizarem-se espalhem a poeira do seu desaparecimento"

António Ramos Rosa

Graffipoemas





Heduardo Kiesse