March 17, 2020

Graffipoemas



"Não quero ter razão,
quero é ser feliz"

Ferreira Gullar











Grazy Martins

Um momento belo com mr. Bach ❤️



(via Nick Squires Cellist)

Tempos excepcionais



Estou a responder a emails de alunos da DT, coisa que normalmente não faria a esta hora, mas normalmente também não estamos cada um em sua casa a tentar trabalhar como se estivéssemos uns com os outros todos os dias ou dia sim dia não.

Vou ver um filme para me distrair que já estou como o miúdo vizinho de cima: já não aguento ouvir falar de Coronavirus. Amanhã logo ouço.

Porque é que o Coronavirus assusta tanto quando morre mais gente de tuberculose, por exemplo, ou de gripe normal?



Bem, parece-em que quando se fazem essas comparações do número de mortos por tuberculose, hepatite, gripe normal, ou até dos mais de 50 milhões que morreram da gripe espanhola, está a comparar-se realidades não comparáveis.

Se virmos este site da Universidade John Hopkins, mais abaixo, que tem os infectados, recuperados e mortos de todo o mundo constantemente actualizados, vemos, por exemplo, que o Azerbaijão com apenas 28 infectados tem já 1 morto e as Fiipinas, com 187 infectados, 12 mortos.

O que quero dizer é, os grandes números de mortos de doenças como tuberculose e afins, passam-se em países muito populosos, sem um sistema de saúde capaz e com muita pobreza. E as mortes da gripe espanhola, foram há mais de 100 anos quando as terapias para a gripe consistiam em dar tónicos e pôr panos frios na testa e para a tuberculose ir para a montanha ou para o pinhal.

Na Europa já não se morre dessas coisas a não ser em casos excepcionais de pessoas que vivem solitárias e não vão a médicos ou de pessoas que estão tão habituadas à boa vida saudável que até iniciam modas de não vacinação como forma de afirmação pessoal.

Ora, neste momento, já se morre desta doença e não se sabe como pará-la a não ser isolando toda a gente de toda a gente. Mas nós somos seres sociais, trabalhamos em conjunto e dependemos uns dos outros para a vida. Já não temos uma economia de troca directa.

Por conseguinte, há aqui, parece-me, três factores significativos:

1. o vírus estar a progredir e a matar em países ricos com bons sistemas de saúde;
2. o desconhecido: não se saber quando haverá cura, ou tratamento, não se saber se o tratamento, uma vez encontrado não fica obsoleto por o vírus se modificar, por exemplo;
3. sabermos que, se a situação se prolongar muito ou não ficar completamente resolvida e voltar para o próximo Inverno nenhuma economia aguenta, os que menos têm desaparecem do mapa, por assim dizer (despedimentos, indústrias em crise, pessoas em isolamento sem emprego, sem salário, etc.)

Estes três factores conjuntos são assustadores porque são muito perigosos. Se a economia colapsar a democracia enquanto sistema, que já está com sintomas de virulentos há bastante tempo, também colapsa.
Li hoje que a Suécia, se não me engano, acaba de adoptar uma criptomoeda, a E-Krona. É um sinal de cisão.
Lagarde, que infelizmente foi parar ao BCE, já deu sinal de não ir mexer uma palha para ajudar os países, como a Itália, Espanha e Portugal, devastados por anos de austeridade e já a braços, no meio da crise, com uma subida de juros guilhotinante.

De maneira que, se o vírus for mais forte que as economias e se os líderes que temos, que não são grande espingarda, diga-se de passagem, não se entre-ajudam, podemos estar no caminho para uma mudança drástica de organização e vida social.

Pessoalmente tenho grande fé nos milhares de cientistas que neste momento se dedicam com afã e apaixonadamente a descobrir uma vacina para matar o vírus e por isso sou optimista e quero crer que as coisas se vão resolver até ao Verão ou por aí. (não sei porque é que há-se ser até ao Verão, mas foi o que me saiu)

No entanto, parece-me também que, se não aproveitarmos esta crise para depois fazer mudanças na organização social, na UE e nos problemas que a têm corroído, estamos definitivamente perdidos e os filhos dos nosso filhos viverão numa sociedade tribal que pouco terá a ver com a vida livre que conhecemos.



Sobre este site
CORONAVIRUS.JHU.EDU
Johns Hopkins experts in global public health, infectious disease, and emergency preparedness have been at the forefront of the international response to COVID-19.


Vamos lá abrir a televisão e ver o que se passa no mundo



Já há quase 500 infectados. Uma boa porção são médicos. Que calamidade!
E se os médicos estão infectados, os internos, os enfermeiros, os ajudantes, os da limpeza que desinfectam e por aí fora também não devem estar também infectados às centenas? Ou testaram-nos a todos? Não creio.

Dei logo de caras com o senhor Cabrita... a falar de guerras e batalhas. Penso que essa linguagem bélica é negativa e só devia ser usada pelos cientistas que combatem o vírus, porque é preciso que [agora vai falar a da saúde... meu deus...] as pessoas leigas, que somos quase todos, façam a separação dos assuntos, já que em guerra as pessoas têm comportamentos de limite e aqui não é necessário nem desejável de modo que essa linguagem parece-me anti-pedagógica.

A BBC world news fala de outras coisas para além do Coronavirus. É a única.

'The woods are lovely dark and deep' (Robert Frost)



Mas este céu anima-me... so,


'I have promises to keep,

And miles to go before I sleep,

And miles to go before I sleep.'




Enquanto o mundo se ocupa do Coronavírus



Os proto-ditadores ocupam-se de tornar as suas sociedades mais autocráticas, menos livres.

Israel vai controlar telemóveis para combater o coronavírus

Para o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a invasão de privacidade justifica-se na luta contra a epidemia. “É um precedente perigoso e um terreno pantanoso”, diz associação de direitos civis.

Mesmo 😄





directamente do fb

Intervalo



... no trabalho. Estou a trabalhar desde as 8 e meia da manhã sem parar. Enfim, parei um quarto de hora para ir buscar comida e voltei para o computador. Cansada. E, no entanto, é esta, exactamente, a vista que tenho sentada na minha mesa de trabalho. Não me posso queixar, eu sei.

Ainda não liguei a TV porque tenho bastante mais trabalho para fazer e não me quero deprimir mais do que estou hoje, com as notícias, inevitáveis, do aumento gigantesco do número de infectados.
Em cima de mim mora uma mãe com um filho adolescente que só ouço quando grita por golos como se estivesse a morrer. Hoje, seriam aí uma 10 da manhã, ouvi-o gritar para a mãe, 'JÁ NÃO AGUENTO OUVIR FALAR DESSE CORONAVÍRUS! Fez-me rir 😀

Estive a pensar numa maneira de dar as aulas no 3º período a partir de casa se continuarmos de quarentena e tivermos de trabalhar, mesmo não dando notas, com todos os alunos, mesmo os que não têm computador em casa. Isso estava a preocupar-me.

Uma coisa boa é a internet e a informatização dos serviços. Posso fazer muita coisa no que respeita ao trabalho com os alunos, à preparação das reuniões de avaliação com os colegas dos conselhos de turma, a partir de casa. Isto há um par de anos não seria possível e estaríamos todos, ou na escola a infectar-nos uns aos outros, ou sem trabalhar, mesmo.


Água de Veneza limpa e com vida



Água completamente transparente e com vida! Bastou parar o movimento e a poluição dos barcos que constantemente cruzam os canais. E talvez os paquetes que deixaram de atracar.

Menos um milhão de toneladas de CO2 por dia, no mundo, desde que a crise do COVID-19 começou. Dá que pensar, não, senhores negacionistas? O ser humano e a saúde do planeta chocam nos seus interesses.

O problema é que as pessoas são como o cardeal Berlarmino quando Galileu lhe mostrou, com o telescópio, que o sol tinha manchas e não era, portanto, um disco puro brilhante, mas matéria. A resposta dele é que tal não podia ser e com certeza era a lente do óculo que estaria suja. Também são assim os negacionistas: nem toda a evidência do mundo desfaz os seus preconceitos.


Aproveitar o vagar do isolamento


Mas como haveríamos de encontrar a luminosidade do pensamento, se não nos deixamos conduzir pelo amplo caminho do pensamento e, assim, aprendemos a pensar no vagar?

— Martin Heidegger. In “Heráclito”

Obra de arte por Gustave Caillebotte.

Diário da quarentena 4º dia - quantos estão em casa?



Há um site a recolher informação de quantos estão em casa e desde quando. É interessante responder para mais tarde haver dados que possam esclarecer o comportamento do vírus. São 4 ou 5 perguntas: desde quando está em casa, em que região, quantas pessoas estão e idades. O site é este:

https://portugalemcasa.pt.




Os números até ao momento (actualizado 16/03 23h59):
Portugueses em Casa Portugueses em Casa (por Região)
Vamos todos ajudar a colocar Portugal em Casa, é uma das armas mais fortes que temos no combate a esta pandemia.

Partilhe já com todos os seus amigos e familiares! Juntos somos mais fortes!

Diário da quarentena 4º dia - coisas boas: Medeia oferece três filmes por semana




Ai sim?



Diário da quarentena 4º dia - Bom dia

















Gustav Klimt (1862 - 1918)

March 16, 2020

coronacoiso - dangerous life sucker



Hora de medir a temperatura. Todos os dias meço a temperatura. Uma pessoa tem que agir como se tivesse sintomas de coronocoiso. Medir a temperatura, afastar-se de pessoas. Ontem quando fui ao mercado, pelas 8 e meia da manhã, cruzei-me com cinco pessoas no caminho. De cada vez que via uma pessoa, e ela a mim, olhavamo-nos a calcular o caminho que o outro ia escolher para nos desviarmos um do outro. Só agora é que percebi os filmes dos zombies onde todos olham desconfiados para todos para ver se já se transformaram em dangerous life suckers.


Coisas boas e simpáticas



A Estónia está em 1º lugar no PISA e oferece recursos de suporte à educação a todos os europeus durante o COVID-19.

Aqui neste cantinho da Europa vive-se, por enquanto, numa espécie de paraíso



... sem decapitações e sem filas para comprar armas. Devemos isto às NU, em grande parte e, aos fundadores da UE, em outra parte. Vamos ver se estes maus líderes não estragam tudo em meia dúzia de anos de estupidez.

Enquanto o Ocidente  trava uma guerra contra um vírus, o mandante do assassínio do jornalista Khashoggi corta todas as cabeças que lhe ameaçam o poder total. Príncipes, militares, ministros, juízes, não escapa ninguém. São 298. Uma espécie de Estaline, parte II, versão saudita.

Juízes, militares e altos funcionários detidos por corrupção na Arábia Saudita

Comissão de Controlo e Anticorrupção (Nazaha) abriu processos-crime contra 674 pessoas, 298 delas foram suspensas e acusadas “de vários delitos de corrupção administrativa e financeira”.

... entretanto, nos EUA o pessoal faz fila para comprar armas. Isto é que é uma demonstração de fé no vizinho, que é outro ser humano...

On the west coast, long lines of customers were queueing up outside gun stores to stock up on deadly materials. At the Martin B Retting gun shop in Culver City, California, the queues stretched round the block throughout the weekend.
Sales of guns and ammunition are soaring across the US as fears of possible social unrest amid the coronavirus crisis are prompting some Americans to turn to firearms as a form of self-protection.




Watchtower over Tomorrow (1945) - um documento notável


Dos planos, Dumbarton Oaks, para a formação das NU com o intuito de impedir a guerra e fomentar a paz.

Realizado por:

John Cromwell
Harold F Kress
Alfred Hitchcock (uncredited)
Elia Kazan (uncredited)





Em 1959 o conselho só reuniu 5 vezes (@RichardGowan)


Macron está em directo - em modo de homilia total


Acaba de dizer que o espaço schengen está fechado por decisão comum europeia. Em França, as rendas dos assalariados estão suspensas, bem como a conta do gás e da luz.