March 17, 2020

Porque é que o Coronavirus assusta tanto quando morre mais gente de tuberculose, por exemplo, ou de gripe normal?



Bem, parece-em que quando se fazem essas comparações do número de mortos por tuberculose, hepatite, gripe normal, ou até dos mais de 50 milhões que morreram da gripe espanhola, está a comparar-se realidades não comparáveis.

Se virmos este site da Universidade John Hopkins, mais abaixo, que tem os infectados, recuperados e mortos de todo o mundo constantemente actualizados, vemos, por exemplo, que o Azerbaijão com apenas 28 infectados tem já 1 morto e as Fiipinas, com 187 infectados, 12 mortos.

O que quero dizer é, os grandes números de mortos de doenças como tuberculose e afins, passam-se em países muito populosos, sem um sistema de saúde capaz e com muita pobreza. E as mortes da gripe espanhola, foram há mais de 100 anos quando as terapias para a gripe consistiam em dar tónicos e pôr panos frios na testa e para a tuberculose ir para a montanha ou para o pinhal.

Na Europa já não se morre dessas coisas a não ser em casos excepcionais de pessoas que vivem solitárias e não vão a médicos ou de pessoas que estão tão habituadas à boa vida saudável que até iniciam modas de não vacinação como forma de afirmação pessoal.

Ora, neste momento, já se morre desta doença e não se sabe como pará-la a não ser isolando toda a gente de toda a gente. Mas nós somos seres sociais, trabalhamos em conjunto e dependemos uns dos outros para a vida. Já não temos uma economia de troca directa.

Por conseguinte, há aqui, parece-me, três factores significativos:

1. o vírus estar a progredir e a matar em países ricos com bons sistemas de saúde;
2. o desconhecido: não se saber quando haverá cura, ou tratamento, não se saber se o tratamento, uma vez encontrado não fica obsoleto por o vírus se modificar, por exemplo;
3. sabermos que, se a situação se prolongar muito ou não ficar completamente resolvida e voltar para o próximo Inverno nenhuma economia aguenta, os que menos têm desaparecem do mapa, por assim dizer (despedimentos, indústrias em crise, pessoas em isolamento sem emprego, sem salário, etc.)

Estes três factores conjuntos são assustadores porque são muito perigosos. Se a economia colapsar a democracia enquanto sistema, que já está com sintomas de virulentos há bastante tempo, também colapsa.
Li hoje que a Suécia, se não me engano, acaba de adoptar uma criptomoeda, a E-Krona. É um sinal de cisão.
Lagarde, que infelizmente foi parar ao BCE, já deu sinal de não ir mexer uma palha para ajudar os países, como a Itália, Espanha e Portugal, devastados por anos de austeridade e já a braços, no meio da crise, com uma subida de juros guilhotinante.

De maneira que, se o vírus for mais forte que as economias e se os líderes que temos, que não são grande espingarda, diga-se de passagem, não se entre-ajudam, podemos estar no caminho para uma mudança drástica de organização e vida social.

Pessoalmente tenho grande fé nos milhares de cientistas que neste momento se dedicam com afã e apaixonadamente a descobrir uma vacina para matar o vírus e por isso sou optimista e quero crer que as coisas se vão resolver até ao Verão ou por aí. (não sei porque é que há-se ser até ao Verão, mas foi o que me saiu)

No entanto, parece-me também que, se não aproveitarmos esta crise para depois fazer mudanças na organização social, na UE e nos problemas que a têm corroído, estamos definitivamente perdidos e os filhos dos nosso filhos viverão numa sociedade tribal que pouco terá a ver com a vida livre que conhecemos.



Sobre este site
CORONAVIRUS.JHU.EDU
Johns Hopkins experts in global public health, infectious disease, and emergency preparedness have been at the forefront of the international response to COVID-19.


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