Showing posts with label pobreza. Show all posts
Showing posts with label pobreza. Show all posts

February 28, 2024

Em que medida a violência ajuda a causa ambiental...?




E que pobreza de recursos mentais, políticos e culturais têm estas pessoas que entendem a violência como um valor na luta pelo ambiente? São já desta geração educada a ver-se com vítima por excelência, como se todas as gerações não fossem vítimas, de uma maneira ou de outra, das gerações que as precederam. Por isso também somos um país pobre: os jovens, ou fogem daqui ou ou ficam a vitimizar-se, em vez de serem agentes de mudança positiva.



Com “a pele irritada no rosto e no pescoço”, Montenegro vai “formalizar ainda hoje” a queixa contra o ativista que o atingiu com tinta


September 05, 2021

O desperdício alimentar é um problema mais vasto do que nos querem vender

 


Hoje já fui ao mercado. Comprei vários produtos entre legumes, frutas e queijos frescos, com excepção desse que aí se vê que é de um produtor regional. Nada do que comprei se vende no supermercado. Estas uvas são de variedade Moscatel de Setúbal. Doces, doces e saborosíssimas. O queijo também não. Comprei cogumelos. Não têm nada que ver com os industriais que se vendem no supermercado e são só água. Estes deitam um líquido espesso acastanhado que sabe bem e faz um molho fantástico. Comprei espinafres de folha grande, tenros. Os do supermercado, se não são os de variedade 'baby', parecem papel. Etc.

A questão é que as compras saíram bastante mais caras do que se tivesse comprado os mesmos legumes e frutas num supermercado. E, sendo mais caras, as pessoas que têm menos dinheiro vão ao supermercado comprar comida industrial, mais barata.

Outro dia  li um artigo de um indivíduo que dizia, 'para quê, todo esse esforço de pôr os restaurantes e os supermercados a guardar a comida que não se come/vende, para dar aos pobres, se não se revolve o problema da pobreza? Isso vai resolver o problema do excesso de produção agrícola e consequente desperdício? Não.' 

E não vai. Vai perpetuar o esquema de numa ponta uns terem grandes firmas agro-alimentares que produzem em excesso de modo industrial para vender a grandes firmas de retalho que compram a preços irrisórios com os quais os vendedores de mercados e pequenas mercearias não podem competir e na outra ponta estarem eternamente os pobres sem acesso a alimentação não industrial a comer, pães, arroz, massas, carnes processadas e pouco mais. 

Num esforço agressivo de aumentarem os lucros já obscenos, essas grandes firmas de comida -as que produzem e as de retalho- fizeram campanhas para se substituir as bandejas, nos refeitórios, por pratos muito grandes que levam uma enormidade de comida que as pessoas não precisam - depois temos tantos obesos. Os frigoríficos são cada vez maiores, contrariando o número de pessoas do agregado familiar que é cada vez mais pequeno. As pessoas enchem os frigoríficos de comida congelada e de porcarias que não precisam.

Wikimedia

Não estou a dizer que não há um problema de desperdício de comida, o que estou a dizer é que resolver esse problema sozinho com supermercados e restaurantes a dar comida que iria para o lixo, não resolve nada se os mesmos produtores e vendedores continuarem, uns a produzir em excesso, outros a armazenar em excesso. Só serve para as grandes firmas que produzem e vendem em excesso ficarem de consciência tranquila com os seus métodos de exploração de pessoas e recursos. 

Esse problema liga-se ao problema da pobreza e da gestão dos recursos naturais e, um e outro problema, estão ligados aos lucros obscenos que as grandes firmas não dispensam e pelos quais mantêm milhões de trabalhadores na pobreza: os dos campos, quase em servidão, os pequenos produtores a quem os do retalho chantageiam para poder comprar os produtos a custo quase de zero e manter os seus próprios trabalhadores no limiar da pobreza para aumentarem os lucros já obscenos.

Esta é uma questão política que necessita de intervenção dos governos, não para mexer nos preços, mas para fazer legislação (e fazê-la cumprir!) para uma gestão de recursos naturais sustentável e, também, para melhorar a vida dos trabalhadores em geral, em vez de gabarem-se de todos ganharem mal. É preciso quebrar o hábito das grandes firmas só se contentarem com lucros obscenos e à conta disso porem toda a gente na pobreza e esgotarem os recursos naturais. É daí que vem o excesso de comida que vai para o lixo.

É o mesmo problema das vacinas: as farmacêuticas querem lucros obscenos e limitam a produção de vacinas para subir os preços e os governos e a OMS, em vez de pressionar as farmacêuticas para que se possam produzir vacinas em todo o mundo e a preços de aspirina, pressionam as pessoas a não se vacinarem.

É o problema da água: em vez de fazerem uma gestão inteligente dos recursos hídricos e combaterem as grandes firmas que compram a água, racionam e estragam com perfurações e químicos, dizem às pessoas que é bom não tomar banho, não se lavarem e andarem a cheirar mal.

É o problema dos grandes grupos de saúde: para não abdicarem nem um bocadinho dos seus lucros obscenos, estão dispostos a pagar menos aos seus funcionários, sejam médicos ou pessoal auxiliar. Na outra ponta o Proença promíscuo político e a contabilista desgrenhada, nas sua dupla incompetência, como não sabem negociar e pressionar resolvem tirar direitos e benefícios aos utentes da ADSE para... punir moralmente os grupos de saúde.

Portanto, o desperdício alimentar precisa de uma acção transformadora ao nível da produção e venda alimentar, que por sua vez depende da gestão dos recursos naturais, da eliminação da pobreza e da melhoria das condições de vida sustentada das pessoas, o que cabe aos políticos (é esse o trabalho deles) e, enquanto isso não for feito, a cena dos hipermercados e restaurantes darem comida para os pobres é um escape para os dos lucros obscenos poderem manter, de consciência limpa, os trabalhadores na pobreza e para os governos se livrarem das responsabilidades políticas que lhes cabem.


April 13, 2021

Desperdiçar dinheiro que não temos



Se o Nova Banco não precisa destes 600 milhões porque há-de tê-los? Porque pode? 

Esta semana soube-se um facto chocante que é o de um quinto da população portuguesa ser pobre e um terço destes pobres serem pessoas com emprego e salário estável. Isto quer dizer que o trabalho é pago de maneira a manter as pessoas pobres. Não admira que os que mais têm tenham visto os seus rendimentos subir na ordem dos milhares de milhões e que o fosso que os separa seja cada vez mais profundo. Alguns deles são grandes empregadores que aumentam as suas fortunas à custa de manter os seus trabalhadores no nível da pobreza. 

Isto não envergonha o governo? A mim, que não sou tida nem achada nas decisões que mantém os pobres cada vez mais pobres, envergonha-me. Ter governos cúmplices com a miséria que a banca e os grande empregadores impõem a quem já tem menos para enfiarem 25 mil milhões em bancos de gestores incompetentes e sem moral.


Novo Banco quer brinde de 600 milhões


Lembram-se da garantia pública de 3900 milhões que Mário Centeno jurou que não existia e, depois, que não seria para utilizar? Pois o Novo Banco já tirou dela 3576 milhões.

O Novo Banco não precisa desta injeção. Com ela, o Estado está apenas sobrecapitalizar o banco da Lone Star. Mas esta conclusão é desconfortável para o Governo, porque expõe mais uma vez a natureza ruinosa da venda feita por Mário Centeno. Segundo o contrato, o Fundo de Resolução entra com dinheiro se o rácio de capital do Novo Banco ficar abaixo dos 12%. Ora, para enfrentar a pandemia, o BCE reduziu aquele rácio para 8,25%, de modo a facilitar o crédito à economia e a absorção de perdas. Sem nova injeção, o Novo Banco já cumpre hoje um rácio de cerca de 10%, bem acima do exigido pelo BCE.

September 14, 2020

Desviar o debate da desigualdade social para a questão racial não ajuda à melhoria das condições de vida





Adolph Reed is a son of the segregated South, a native of New Orleans who organized poor Black people and antiwar soldiers in the late 1960s and became a leading Socialist scholar at a trio of top universities.

Along the way, he acquired the conviction, controversial today, that the left is too focused on race and not enough on class. Lasting victories were achieved, he believed, when working-class and poor people of all races fought shoulder to shoulder for their rights


“An obsession with disparities of race has colonized the thinking of left and liberal types,” Professor Reed told me. “There’s this insistence that race and racism are fundamental determinants of all Black people’s existence.”

... in years past, the D.S.A. had welcomed Professor Reed as a speaker. But younger members, chafing at their Covid-19 isolation and throwing themselves into “Defund the Police” and anti-Trump protests, were angered to learn of the invitation extended to him.
...
Professor Reed and his compatriots believe the left too often ensnares itself in battles over racial symbols, from statues to language, rather than keeping its eye on fundamental economic change.

“If I said to you, ‘You’re laid off, but we’ve managed to rename Yale to the name of another white person’, you would look at me like I’m crazy,” said Mr. Sunkara, the editor of Jacobin.



July 03, 2020

O rosto da pobreza



Jovens abridoras de ostras, Josie, seis anos; Bertha, seis anos e Sophie, dez anos, Port Royal, Carolina do Sul, 1912. O trabalho começava às quatro da manhã.
Têm olhar de adultos.



May 30, 2020

A chatice dos factos



Em primeiro lugar, relativamente às piadas daquele país governado pelo senhor que se gabou publicamente de não ter ido ver a mãe nos meses antes da morte: a capa de revista (está lá em baixo) onde se vê os países do Norte a trabalhar, para os do Sul iram beber cervejas para a praia é maliciosa e estúpida, como o próprio indivíduo - como se vê, a França e a Itália, que fazem parte dos visados, países do Sul, estão à frente deles na contribuição de fundos para o OE. E não são paraísos fiscais onde se escondem os lucros da produtividade alheia.


Em segundo lugar, podíamos, de facto, não ter este nível de pobreza e endividamento, se os governantes não esbanjassem o dinheiro, sem pensar duas vezes e a fundo perdido (o povo que pague) em maus negócios, em banqueiros desonestos, em negociatas, amigos e partidarites. Quero ver se estes milhões diários que vão entrar no país, diariamente, a fundo perdido, vão desaparecer como têm desaparecido os milhares de milhões de ajuda que têm entrado nestas dezenas de anos de participação na UE.
Ter 70 ministros e secretários, sem contar com assessores e consultores, é um esbanjamento de dinheiro incompreensível, se não fosse lermos todos os dias notícias dos Jardins do rectângulo e sabermos que se destina a terem um pretexto para sugar o dinheiro do país.