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September 05, 2021

O desperdício alimentar é um problema mais vasto do que nos querem vender

 


Hoje já fui ao mercado. Comprei vários produtos entre legumes, frutas e queijos frescos, com excepção desse que aí se vê que é de um produtor regional. Nada do que comprei se vende no supermercado. Estas uvas são de variedade Moscatel de Setúbal. Doces, doces e saborosíssimas. O queijo também não. Comprei cogumelos. Não têm nada que ver com os industriais que se vendem no supermercado e são só água. Estes deitam um líquido espesso acastanhado que sabe bem e faz um molho fantástico. Comprei espinafres de folha grande, tenros. Os do supermercado, se não são os de variedade 'baby', parecem papel. Etc.

A questão é que as compras saíram bastante mais caras do que se tivesse comprado os mesmos legumes e frutas num supermercado. E, sendo mais caras, as pessoas que têm menos dinheiro vão ao supermercado comprar comida industrial, mais barata.

Outro dia  li um artigo de um indivíduo que dizia, 'para quê, todo esse esforço de pôr os restaurantes e os supermercados a guardar a comida que não se come/vende, para dar aos pobres, se não se revolve o problema da pobreza? Isso vai resolver o problema do excesso de produção agrícola e consequente desperdício? Não.' 

E não vai. Vai perpetuar o esquema de numa ponta uns terem grandes firmas agro-alimentares que produzem em excesso de modo industrial para vender a grandes firmas de retalho que compram a preços irrisórios com os quais os vendedores de mercados e pequenas mercearias não podem competir e na outra ponta estarem eternamente os pobres sem acesso a alimentação não industrial a comer, pães, arroz, massas, carnes processadas e pouco mais. 

Num esforço agressivo de aumentarem os lucros já obscenos, essas grandes firmas de comida -as que produzem e as de retalho- fizeram campanhas para se substituir as bandejas, nos refeitórios, por pratos muito grandes que levam uma enormidade de comida que as pessoas não precisam - depois temos tantos obesos. Os frigoríficos são cada vez maiores, contrariando o número de pessoas do agregado familiar que é cada vez mais pequeno. As pessoas enchem os frigoríficos de comida congelada e de porcarias que não precisam.

Wikimedia

Não estou a dizer que não há um problema de desperdício de comida, o que estou a dizer é que resolver esse problema sozinho com supermercados e restaurantes a dar comida que iria para o lixo, não resolve nada se os mesmos produtores e vendedores continuarem, uns a produzir em excesso, outros a armazenar em excesso. Só serve para as grandes firmas que produzem e vendem em excesso ficarem de consciência tranquila com os seus métodos de exploração de pessoas e recursos. 

Esse problema liga-se ao problema da pobreza e da gestão dos recursos naturais e, um e outro problema, estão ligados aos lucros obscenos que as grandes firmas não dispensam e pelos quais mantêm milhões de trabalhadores na pobreza: os dos campos, quase em servidão, os pequenos produtores a quem os do retalho chantageiam para poder comprar os produtos a custo quase de zero e manter os seus próprios trabalhadores no limiar da pobreza para aumentarem os lucros já obscenos.

Esta é uma questão política que necessita de intervenção dos governos, não para mexer nos preços, mas para fazer legislação (e fazê-la cumprir!) para uma gestão de recursos naturais sustentável e, também, para melhorar a vida dos trabalhadores em geral, em vez de gabarem-se de todos ganharem mal. É preciso quebrar o hábito das grandes firmas só se contentarem com lucros obscenos e à conta disso porem toda a gente na pobreza e esgotarem os recursos naturais. É daí que vem o excesso de comida que vai para o lixo.

É o mesmo problema das vacinas: as farmacêuticas querem lucros obscenos e limitam a produção de vacinas para subir os preços e os governos e a OMS, em vez de pressionar as farmacêuticas para que se possam produzir vacinas em todo o mundo e a preços de aspirina, pressionam as pessoas a não se vacinarem.

É o problema da água: em vez de fazerem uma gestão inteligente dos recursos hídricos e combaterem as grandes firmas que compram a água, racionam e estragam com perfurações e químicos, dizem às pessoas que é bom não tomar banho, não se lavarem e andarem a cheirar mal.

É o problema dos grandes grupos de saúde: para não abdicarem nem um bocadinho dos seus lucros obscenos, estão dispostos a pagar menos aos seus funcionários, sejam médicos ou pessoal auxiliar. Na outra ponta o Proença promíscuo político e a contabilista desgrenhada, nas sua dupla incompetência, como não sabem negociar e pressionar resolvem tirar direitos e benefícios aos utentes da ADSE para... punir moralmente os grupos de saúde.

Portanto, o desperdício alimentar precisa de uma acção transformadora ao nível da produção e venda alimentar, que por sua vez depende da gestão dos recursos naturais, da eliminação da pobreza e da melhoria das condições de vida sustentada das pessoas, o que cabe aos políticos (é esse o trabalho deles) e, enquanto isso não for feito, a cena dos hipermercados e restaurantes darem comida para os pobres é um escape para os dos lucros obscenos poderem manter, de consciência limpa, os trabalhadores na pobreza e para os governos se livrarem das responsabilidades políticas que lhes cabem.


June 17, 2021

A maior pilhagem não é a do soldado raso




Há três espécies de violência; a primeira, mãe de todas as outras, é a violência institucional, aquela que legaliza e perpetua as dominações, as opressões e as explorações. A que esmaga e destrói milhões de indivíduos nas suas engrenagens bem oleadas. (Dom Helder)

Toma lá dez ou doze horas de trabalho diário a urinar para uma garrafa para não perderes tempo (para nós dinheiro) a ir à casa-de-banho e depois vai praticar zen numa caixa fechada...


AmaZen: Uma cabine de libertação para usar quando faltam os direitos laborais?

Rita Pereira Carvalho

A Amazon instalou cabines para os trabalhadores poderem relaxar nos centros de distribuição, mas as críticas multiplicaram-se nas redes sociais.



December 27, 2020

Neste dia, há 189 anos, Darwin embarcou no Beagle e partiu

 


Quando Charles Darwin embarcou na sua viagem a bordo do HMS Beagle, neste dia de 1831, este cronómetro marinho navegou com ele 🌊

Utilizados em longas viagens marítimas, os cronómetros marinhos ajudavam os marinheiros a manter o tempo com rigor no meio do movimento das ondas, o que significa que a localização também podia ser determinada com precisão.

O objectivo da viagem em HMS Beagle era mapear a linha costeira da América do Sul, mas Darwin também registou a flora e fauna que ali viu - descobertas que acabaram por ser fundamentais para o desenvolvimento do seu trabalho "Sobre a Origem das Espécies".

Este foi um dos 22 cronómetros a bordo, e quando o navio atracou em Londres após cinco anos no mar, os 11 cronómetros ainda em funcionamento estavam apenas a 33 segundos do Tempo Médio de Greenwich! 

Cronómetro marinho. Londres, 1795-1805. 



British museum



Chile - o Beagle ancorado


daqui

November 17, 2019

Leituras pela manhã - from low age to no wage




Quando as universidades passam de centros de conhecimento a centros de negócios o seu único objectivo passa a ser o lucro.

From low wage to no wage

But by simply floating the prospect out into the choppy waves of “the discourse,” higher-ed institutions are now forcing us to seriously discuss what should be an absurd proposition.

In their attempts to convert even part of the adjunct labor force to the status of volunteer, universities are relying on the intensification of the dual trends of wage stagnation and the feminization of labor. That doesn’t simply mean more women working — although, as Kate Bahn
reported in Chronicle Vitae in 2013, “A 2012 survey by the Coalition on the Academic Workforce puts the number of female adjuncts … at nearly 62 percent.” Rather, it means more workers will work like women have always worked: They will give more and receive less.