April 13, 2021

Desperdiçar dinheiro que não temos



Se o Nova Banco não precisa destes 600 milhões porque há-de tê-los? Porque pode? 

Esta semana soube-se um facto chocante que é o de um quinto da população portuguesa ser pobre e um terço destes pobres serem pessoas com emprego e salário estável. Isto quer dizer que o trabalho é pago de maneira a manter as pessoas pobres. Não admira que os que mais têm tenham visto os seus rendimentos subir na ordem dos milhares de milhões e que o fosso que os separa seja cada vez mais profundo. Alguns deles são grandes empregadores que aumentam as suas fortunas à custa de manter os seus trabalhadores no nível da pobreza. 

Isto não envergonha o governo? A mim, que não sou tida nem achada nas decisões que mantém os pobres cada vez mais pobres, envergonha-me. Ter governos cúmplices com a miséria que a banca e os grande empregadores impõem a quem já tem menos para enfiarem 25 mil milhões em bancos de gestores incompetentes e sem moral.


Novo Banco quer brinde de 600 milhões


Lembram-se da garantia pública de 3900 milhões que Mário Centeno jurou que não existia e, depois, que não seria para utilizar? Pois o Novo Banco já tirou dela 3576 milhões.

O Novo Banco não precisa desta injeção. Com ela, o Estado está apenas sobrecapitalizar o banco da Lone Star. Mas esta conclusão é desconfortável para o Governo, porque expõe mais uma vez a natureza ruinosa da venda feita por Mário Centeno. Segundo o contrato, o Fundo de Resolução entra com dinheiro se o rácio de capital do Novo Banco ficar abaixo dos 12%. Ora, para enfrentar a pandemia, o BCE reduziu aquele rácio para 8,25%, de modo a facilitar o crédito à economia e a absorção de perdas. Sem nova injeção, o Novo Banco já cumpre hoje um rácio de cerca de 10%, bem acima do exigido pelo BCE.

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