Estive a ler a carta que um aluno (maior de idade) escreveu, por ordem do tribunal, para a escola, para ser lida no Conselho Pedagógico e no Conselho Geral, para ser divulgada, por recomendação da juíza, a toda a comunidade escolar, para servir de exemplo: exemplo do que acontece a um aluno que faz bullying e ciber-bullying a um professor (professora neste caso) e exemplo de que não nos devemos calar e amochar, mas antes ir até ao fim e fazer queixa no ministério público. Soube que a carta foi recebida na escola no final de Setembro.
Espero que seja divulgada como recomendou a juíza. Estive a ler a carta. Não é uma bofetada, é um chapadão na cara de pessoas que se puseram do lado dele para não cumprir os 12 dias de suspensão que lhe demos em Conselho de Turma Disciplinar (acho que não cumpriu um único) e ainda tentaram responsabilizar a professora pelo comportamento do aluno, que na escola e no twitter, chamava-lhe palavrões e inventava calúnias.
Pois para o caso ficar por ali e não ficar com cadastro teve que pagar as custas do processo, pedir desculpa à professora e escrever a tal carta, a assumir o que fez e a pedir desculpa à professora. É uma página inteira a assumir que fez tudo o que ela o acusou de fazer e que ela foi sempre correcta com ele e com a turma.
A colega passou um ano desgraçado. Não bastava o indivíduo (e os amigos dele) irem para as aulas provocá-la e ter de estar sempre com muito cuidado com tudo o que dizia e fazia, porque eles estavam protegidos, como ainda teve que ler actas de reuniões de orgãos importantes da escola, a responsabilizarem-na a ela! Uma pouca-vergonha. O aluno, a certa altura, pensou que se não fosse aluno da disciplina da colega, podia chamar-lhe palavrões à vontade, de modo que saiu da disciplina dela e matriculou-se na minha, para poder ir para o twitter ser ordinário com ela. Saiu-lhe mal...
Mas fez-se justiça. Espero que divulguem a carta para que todos na escola saibam, porque as ofensas que fizeram à colega, correram pela escola toda, entre professores e funcionários, de modo que o pedido de desculpa deve ser também público e correr toda a escola. Também se não a quiserem publicar, divulgamo-la nós. Não é difícil... nas escolas as paredes têm ouvidos.