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October 17, 2021

Que grande chapadão

 


Estive a ler a carta que um aluno (maior de idade) escreveu, por ordem do tribunal, para a escola, para ser lida no Conselho Pedagógico e no Conselho Geral, para ser divulgada, por recomendação da juíza, a toda a comunidade escolar, para servir de exemplo: exemplo do que acontece a um aluno que faz bullying e ciber-bullying a um professor (professora neste caso) e exemplo de que não nos devemos calar e amochar, mas antes ir até ao fim e fazer queixa no ministério público. Soube que a carta foi recebida na escola no final de Setembro.

Espero que seja divulgada como recomendou a juíza. Estive a ler a carta. Não é uma bofetada, é um chapadão na cara de pessoas que se puseram do lado dele para não cumprir os 12 dias de suspensão que lhe demos em Conselho de Turma Disciplinar (acho que não cumpriu um único) e ainda tentaram responsabilizar a professora pelo comportamento do aluno, que na escola e no twitter, chamava-lhe palavrões e inventava calúnias.

Pois para o caso ficar por ali e não ficar com cadastro teve que pagar as custas do processo, pedir desculpa à professora e escrever a tal carta, a assumir o que fez e a pedir desculpa à professora. É uma página inteira a assumir que fez tudo o que ela o acusou de fazer e que ela foi sempre correcta com ele e com a turma.

A colega passou um ano desgraçado. Não bastava o indivíduo (e os amigos dele) irem para as aulas provocá-la e ter de estar sempre com muito cuidado com tudo o que dizia e fazia, porque eles estavam protegidos, como ainda teve que ler actas de reuniões de orgãos importantes da escola, a responsabilizarem-na a ela! Uma pouca-vergonha. O aluno, a certa altura, pensou que se não fosse aluno da disciplina da colega, podia chamar-lhe palavrões à vontade, de modo que saiu da disciplina dela e matriculou-se na minha, para poder ir para o twitter ser ordinário com ela. Saiu-lhe mal... 

Mas fez-se justiça. Espero que divulguem a carta para que todos na escola saibam, porque as ofensas que fizeram à colega, correram pela escola toda, entre professores e funcionários, de modo que o pedido de desculpa deve ser também público e correr toda a escola. Também se não a quiserem publicar, divulgamo-la nós. Não é difícil... nas escolas as paredes têm ouvidos. 




October 08, 2021

Ebru Timtik - vivemos num mundo brutal onde há muitos predadores a governar





A advogada curda de Dersim, Ebru Timtik morreu no final do mês passado.

Ebru Timtik é a quarta prisioneira turca a morrer este ano em greve de fome, após a morte de dois músicos da banda Grup Yorum, que exigiam a libertação de sete membros do grupo; e a morte de Mustafa Koçak, que pedia um "julgamento justo".

Ontem à tarde Ebru Timtik (27 de Setembro) morreu silenciosamente num quarto do hospital para onde foi transferida da prisão após a deterioração do seu estado de saúde.
Partiu no dia 238 de uma greve de fome em que solicitou um julgamento justo num país, Turquia, onde a equidade e a justiça são conceitos inexistentes. Principalmente se você for mulher.
Especialmente se for um advogado especializado em Direitos Humanos.
Principalmente se você não desistir perante um poder que quer te fechar a boca.
Assim morreu Ebru Timtik, de fome e injustiça.
O seu coração parou simplesmente porque não tinha nada para bombear num corpo despojado pela fome.
Morreu defendendo o seu direito a um julgamento imparcial, após ser condenada a 13 anos de prisão, juntamente com outros 18 advogados que, tal como ela, foram acusados de terrorismo, apenas por defenderem outras pessoas acusadas do mesmo crime.
Morreu como Ibrahim e Helin e Mustafa do Grup Yorum, mortos após 300 dias de jejum a combater a mesma acusação.
Morreu lutando com o seu corpo, uma batalha que na Turquia de Erdogan não é mais possível lutar com uma palavra, uma votação, uma manifestação de rua.
Ela morreu como uma heroína, sacrificando a sua vida pelos direitos de todos.
Só há uma maneira de celebrar a memória desta grande mulher: não fique calado. Faça com que a voz dela chegue o mais longe possível, onde ela não possa alcançar.
Há ideias fortes que podem sobreviver até mesmo à morte.
Adeus, Ebru.
Viva Ebru.

October 07, 2021

Boas iniciativas

 


Para quebrar este ciclo em que a justiça é fraca com os fortes e forte com os fracos. Sem confiança na justiça não há democracia.


Conselho Superior da Magistratura abre processo ao caso Rendeiro

Processo visa apurar a eventual responsabilidade dos juízes no atraso do julgamento do ex-presidente do Banco Privado Português.

September 29, 2021

Sou só eu que não acredito na ingenuidade do tribunal em deixar Rendeiro ir 'passear' para Inglaterra?

 



BPP avisou tribunal para o perigo de fuga de Rendeiro


João Rendeiro estava em Inglaterra com conhecimento do tribunal e no dia 27 de setembro foi notificado para comparecer no próximo dia 1 de outubro no tribunal criminal de Lisboa para reavaliar as medidas de coação a que estava sujeito - termo de identidade e residência - no âmbito de um outro processo em que tinha sido condenado a dez anos de prisão, mas segundo a TVI já saiu do Reino Unido para um país que não terá acordo de extradição com Portugal. Se não se apresentar ao tribunal na data marcada, será um homem em fuga.
(...)
Também neste processo em que Rendeiro já recorreu da pena de dez anos a que foi condenado, o BPP, através de mais um requerimento, avisou o juiz para o facto de "o anúncio público de pena de prisão, com a duração das penas aplicadas, é apto a criar, por si só, acrescido perigo de fuga relativamente ao arguido João Rendeiro".

July 29, 2021

Justiça à portuguesa

 



Salgado recusa aparecer no tribunal por causa da pandemia e vai para a Sardenha de férias. E ninguém lança um mandato de captura e o enfia em prisão preventiva. Aliás, se vai para a Sardenha é porque não está proibido de sair do país. A justiça neste país só é forte com os fracos. Veja-se o ministro Cabrita. Há menos de um mês o carro em que ia em excesso de velocidade matou um homem e ele continua como se nada fosse e nem demitido foi. Quantas mais homens terá ele de matar, directa ou indirectamente até ir passear para a Sardenha?



Ex-homem forte do BES passeou-se este domingo à tarde pelas ruas de Porto Cervo na companhia de família e amigos

Foto: Direitos reservados
JN

July 21, 2021

Uma entrevista que vale a pena ler

 


Apesar de destacarem no título informação para causar escândalos.


João Luís Mota de Campos

 O Tribunal Constitucional Tem Medo de se Pronunciar Sobre Questoes de Género



Como é possível que nada tenha funcionado, que nada funcione?


Eu poria o problema nestes termos: há uma questão de mentalidade instalada. Que é muito clara, não vale a pena sofismá-la. Os juízes têm uma forma de trabalhar e de ver o mundo completamente desenquadrada da realidade. São formados no CES [Centro de Estudos Sociais], criado por Laborinho Lúcio, outra inovação que parecia propiciar um aumento enorme da qualidade dos juízes. Mas não aconteceu. Hoje, ao contrário de antigamente, há uma seleção endogâmica dos juízes, que são escolhidos pouco depois de sair da faculdade, entram no CES e são lançados nos tribunais.


July 13, 2021

O problema da justiça no rectângulo

 


À promiscuidade com o poder político e à cobardia política temos também que juntar a cobardia moral. É por isso que não podemos dar-nos ao luxo de desperdiçar juízes com características opostas a estas.


Ninguém quer ficar com caso de José Sócrates na Operação Marquês

Juíza Margarida Alves declara-se incompetente e devolve processo a Ivo Rosa. Juiz também não quer autos e Sócrates não será julgado para já.

June 06, 2021

Uma ilustração muito boa do julgamento do caso de Ilhor





... no jornal Expresso. Faz a sequência dos acontecimentos fora e dentro do tribunal. O mais chocante? Tanta gente que viu o que se estava a passar e ninguém foi capaz de acudir o homem, de fazer um telefonema a denunciar o que se passava, de confrontar os assassinos que o mataram. Tantos cúmplices por cobardia...

O estranho caso 
da morte de Ihor
Diário de um jornalista

O meu nome é Rui Gustavo e sou jornalista do Expresso. Há mais de 25 anos que começo telefonemas ou emails desta maneira (ou parecida, vá, nem sempre trabalhei no Expresso) mas é a primeira que o faço num texto para ser publicado

TEXTO RUI GUSTAVO ILUSTRAÇÕES NUNO SARAIVA

link-na-imagem


May 13, 2021

Justiça palaciana

 


A TV está a transmitir uma cerimónia formal de reabertura das instalações do Supremo Tribunal de Justiça -com o presidente da república, o primeiro-ministro e outras altas figuras do Estado -, cuja renovação custou 4 milhões. Acho bem que se mantenham e renovem os edifícios públicos, mas preferia que se fizessem cerimónias a celebrar a dita justiça, a diminuição dos custos da justiça para o povo em geral, a diminuição inequívoca da corrupção e da opacidade promíscua da vida política com a justiça portuguesa do que a celebrar terem feitos obras no edifício onde vão trabalhar. O presidente do STJ, António Joaquim Piçarra, fala da justiça, mas são só palavras porque os actos, até agora, foram de fachada: renovar os palácios onde trabalham. A mim parece-me pouca coisa.


May 12, 2021

Escrever acórdãos como quem escreve o romance Guerra e Paz não ajuda à causa da Justiça



Uma peça judicial não é uma obra de literatura.


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José Ribeiro e Castro

Desde os anos "70, quando primeiro lidei com articulados e peças judiciais, não foi só a vida que mudou. Vou ser provocador. Duas mudanças tiveram forte impacto na Justiça: a abolição do papel selado e os computadores.

A arte de articular esvaiu-se. Imperava a exigência de escrever por parágrafos curtos, cada um narrando apenas um facto ou enunciando um só argumento ou conclusão. A arte era dizer muito escrevendo pouco, A arte era fazê-lo de modo directo, sem rodeios: sucinto, claro, inteligível, impressivo.

O papel selado e a velha máquina de escrever (sem corrector e com papel químico), ajudavam à frugalidade. Escrever era caro. Bom advogado era o que apresentava de modo enxuto as suas posições; e o mesmo estilo seguiam juízes e procuradores. Escrevia-se o imprescindível: o necessário e suficiente.

O fim do papel selado eliminou a penalização tributária da escrita excessiva. E os computadores concluíram a revolução que começara, tímida, com as máquinas eléctricas de escrever. Passou a ser muito fácil escrever muito: fosse escrever e corrigir textos longos, fosse a simplicidade do "copy/paste", podendo aproveitar pedaços inteiros de um texto para o inserir noutro. No final dos anos "90, recebi, numa acção de despejo, uma contestação de mais de 300 páginas, de que 90% eram o que chamamos "palha". Mas havia que ler tudo. Nunca se sabe se há agulha no meio do palheiro.

Hoje, nos processos não pesa só a volumosa prova coligida ou a complexidade da tramitação; pesa o volume dos actos das partes e respectivas decisões. Com a agravante de o volume dos actos contaminar a tramitação, ocupando cada vez mais tempo do tempo dos juízes e procuradores e das outras partes. Gostaria de ver um estudo sobre a evolução média do tamanho das peças processuais nas diferentes jurisdições e o impacto no tempo de tramitação e julgamento.

Há casos célebres de acórdãos que levaram horas a ser lidos, ou peças processuais gigantes. O mais recente foram as 6.728 páginas da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa. É um enorme pedregulho processual. Não foi proferida no fim do debate instrutório. Também não nos 10 dias que o Código admite para casos complexos. Dispôs de meses para ser escrito. O resumo demorou três horas a ser lido, em 9 de Abril passado.

Fiz um cálculo ao tempo necessário para as 6.728 páginas. Quem tenha de as ler demora 11 dias, não fazendo mais nada senão ler Ivo Rosa. O cálculo é arbitrário: o tempo pode ser mais curto para quem ler mais do que 10 horas por dia ou mais de uma página por minuto; mas bastante mais lento se quiser conferir o que diz o n.º 2 do art.º 357.º ou como se articula este com a alínea b) do n.º 3 do art.º 312.º ... Não surpreendeu, por isso, que o Ministério Público pedisse 120 dias para o recurso. Não surpreenderá que os arguidos peçam outro tanto para responder. Não surpreenderá se a decisão do recurso tiver dimensão quilométrica. E, assim sucessivamente, até tudo prescrever em absoluto.

Estava eu nestes cálculos, quando alguém ao meu lado perguntou: "E não é isso que se quer?" Só os factos poderão responder. Uma coisa é certa: a justiça portuguesa jaz morta, debaixo de toneladas de papel.

Em 2010, era aguardada com ansiedade a decisão do Tribunal de Justiça sobre a "golden share" do Estado Português na PT, um caso que fez correr muitíssima tinta. O Acórdão saiu a 8 de Julho, sobre o processo C-171/08. O Estado perdeu. Curioso, deixei a leitura para o fim-de-semana - acreditei que tivesse umas 300 páginas. Enganei-me: a decisão do tribunal europeu tem cerca de 20 páginas. Vinte.

Se não é limitado o tamanho das peças processuais e suas decisões na operação da justiça portuguesa, incluindo alegações, a justiça portuguesa jaz morta em sarcófagos de papel.

May 06, 2021

Juízes e políticos: queremos mais democracia e não menos

 


A república no seu pior - já é mau termos incompetentes nos cargos, mas o pior é termos competentes e sabotá-los, desaproveitá-los.

Era assim como termos o Van Gogh e pô-lo a pintar paredes, sei lá. Todos sabemos como os criminosos financeiros, de colarinho branco, como se diz, são uns canalhas sabidos, raposas matreiras que contratam especialistas do dinheiro e da lei para escaparem à justiça. Aqui há uns anos resolveu-se que para lidar com esse tipo de crimes e criminosos era necessário ter juizes especialistas, capazes de não se deixar enganar pelas suas manhas. Este juiz Carlos Alexandre especializou-se e, pela primeira vez neste país, começámos a ver grandes figurões acusados, responsabilizados e a ter que responder na justiça pelos seus crimes. Sócrates e o Garganta Funda, à cabeça deles todos. 

Como se isso não fosse já bom, acontece que este juiz não é subornável e não tem medo. Não cede a pressões e intimidações. Isto é ouro sobre azul. Então agora que ele está no ponto de ter os conhecimentos e a experiência querem andar para trás e entregar este tipo de casos a ingénuos, a não-especialistas impreparados para lidar com raposas matreiras e atirar o juiz especializado para um trabalho de pintar paredes?

Em que terra é que isto faz sentido? Em nenhuma. Só faz sentido quando percebemos que há quem o odeie e tenha muito poder e queira vê-lo afastado porque é um obstáculo para que as raposas assaltem o galinheiro. 

Alguém que venha explicar aos portugueses, sff, porque é que vamos deitar para o lixo, por assim dizer, o único juiz que enfia corruptos na cadeia e não tem medo deles nem dos seus protectores.

Estamos num momento grave da justiça portuguesa e o que queremos não é voltar atrás aos tempos em que não tínhamos defesa dos corruptos. Queremos ser mais democracia e não menos.







esta imagem não é minha

April 14, 2021

Este senhor diz coisas interessantes mas esquece-se do principal

 


O principal é que a justiça nos representa, age em nosso nome e não em nome próprio e um juiz tem que ter isso presente quando julga. Tem de perguntar a si mesmo se está, de facto, a contribuir para a justiça e a representar bem o povo que serve. Ora o povo não tem maneira de fazer-se ouvir junto deste orgão de soberania a não ser manifestando-se, pois os juizes não são eleitos. Uma petição vale o que vale, pois não é um processo em tribunal que tem outra seriedade, é uma maneira das pessoas mostrarem aos juizes e ao poder político, grande responsável pela promiscuidade entre a política e a justiça, o que pensam sobre a maneira como estão a ser representados. Podiam ter escrito uma carta aberta, por exemplo. Decidiram fazer uma petição. Estão no seu direito e fazem bem, porque o povo não pode ser uma entidade abstracta que só existe na hora do voto.
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A consagração constitucional da inamovibilidade dos juízes justifica-se em virtude de um triste episódio ocorrido em Portugal. Logo a seguir à implantação da República, o ministro da Justiça do Governo Republicano, Afonso Costa, decidiu processar no Tribunal da Relação de Lisboa o antigo primeiro-ministro João Franco por violação da Carta Constitucional da Monarquia. Os juízes desembargadores da Relação de Lisboa acharam o processo absurdo, na medida em que, tendo o acusador violado ele próprio a Carta Constitucional da Monarquia, já que tinha derrubado o regime monárquico, não fazia qualquer sentido vir depois mover um processo a um antigo governante por desrespeitar essa mesma Carta Constitucional. Por isso recusaram-se a julgar procedentes essas acusações contra João Franco. Indignado com essa decisão, Afonso Costa determinou, através do Decreto de 21 de Dezembro de 2010, que os quatro desembargadores da Relação de Lisboa que a tomaram fossem compulsivamente transferidos para a Relação de Goa, a mais de 8.000 km de distância. 

É por isso inaceitável o surgimento no Portugal de 2021 de petições a solicitar o afastamento de um juiz por causa das decisões que tomou num processo. Tal é, no entanto, um sintoma de uma séria desconfiança dos cidadãos no sistema judicial, que torna absolutamente necessária uma reforma profunda do mesmo.

Luis Menezes Leitão


April 12, 2021

Para aqueles que demonizam a mediatização da justiça

 


O julgamento de da morte de George Floyd está a passar, em directo, nas TVs (estou agora a vê-lo na BBC), assim como aconteceu com o julgamento de Pistoris, de O.J. Simpson e muitos outros. A justiça não deixa de ser realizada pelo facto de vermos em directo o processo a decorrer nas sessões. O que se passa é que as pessoas são muito mais cuidadosas com o decorrer do processo e a sua participação nele. Ninguém culpa o desfecho do casos com a sua mediatização.


A ideologia cega

 


Se estivesse a falar de alguém do PSD ou do CDS, Rui Tavares seria implacável e nunca cairia no ridículo de dizer que o corrupto (no caso, Sócrates) fez uma defesa brilhante do seu caso, como diz aqui.

É preciso ser completamente cego para dizer tal coisa: a defesa de Sócrates é tão brilhante que ninguém a come a não ser os amigos do PS. O que não admira. Senão vejamos: Sócrates não tem rendimentos a não ser o salário (gaba-se disso, aliás) mas vai até aos EUA ao Rodeo Drive fazer compras de roupas; compra apartamento em Paris no bairro mais caro, sustenta o parasita do clone mais o filho, compra apartamentos para si e para a mãe na Castilho, compra terreno enorme com casa no bairro dos actores, compra obras de arte, faz férias de luxo, compra casa e monte alentejano à ex-mulher, paga a vida das namoradas e amantes que até lhe pedem de presente casas de milhões, tem uma conta na Suíça com dezenas de milhões, paga milhares para lhe fazerem a tese e lhe escreverem os livros porque é um burro que mal sabe falar português, quanto mais francês ou inglês (quem não se lembra da barraca da cimeira da UE em Lisboa e tudo a rir dele?) e tem como explicação para estes gastos de milhões recebidos em malas, às escondidas, à bandido, telefonemas a pedir fotocópias, afirmações de que tem um amigo que lhe empresta aos milhões de cada vez, motoristas que carregam malas de dinheiro, que descobriu um saco com dinheiro numa casa, que tem enterrado um cofre da mãe e que o descobriram cheio de dinheiro, que um primo também descobriu um saco de dinheiro... epá... isto parece uma comédia italiana do pior gosto e isto é que uma defesa brilhante?

Disto tudo Tavares conclui que os portugueses queriam ver vários casos explicados e que desilusão foi o juiz não acreditar nessa tese, mas que Sócrates foi brilhante nisto tudo. A sério? Perde-se o respeito intelectual por pessoas ideologicamente tão cegas e dogmáticas.

Na verdade, o discurso de Rui Tavares neste artigo é uma tentativa de lavar o caso porque isto compromete a esquerda política e para ele a ideologia vem antes de tudo. Não valia a pena dar-se ao trabalho de lavar Sócrates pois ele já tem quem o lave.

Este caso é um lava-ratos: Sócrates lavou Salgado e foi lavado por Rosa que por sua vez vai ser lavado por Guterres. E a única conclusão possível face a isto tudo é  vermos que o PS está comprometido com os bandidos e, no final, é isso que lava tudo.




A petição contra o juiz Rosa foi um aviso. Este é outro

 


São avisos de que vemos a impunidade da corrupção e dos corruptos. Era bom que os políticos levassem os avisos a sério. Quando as pessoas se vêem encostadas à parede o único caminho que lhes resta é o de avançar para cima de quem está à frente.


April 11, 2021

A descredibilização da Justiça é um facto perigoso

 


A justiça é caríssima e não é célere - é preciso ter 30 ou 40 milhões para se empregar uma firma de advogados durante anos a fio que podem ser uma década ou duas. Uma justiça tardia perde o seu propósito. Se os crimes de Sócrates tivessem sido investigados na altura em que ele era ministro do Ambiente (o caso Freeport e outros, como a licenciatura) ele não tinha chegado a primeiro-ministro, não tinha tido tempo ou oportunidade de ficar com dezenas de milhões indeclaráveis e, sobretudo, não tinha arruinado o país, nem promovido uma data de corruptos e prevaricadores da sua laia.

Ao fim de de 20 anos, mesmo que este juiz amigo das onças tivesse feito o que devia, a justiça saberia sempre a pouco, pois Sócrates e Salgado e outros, estão por aí na sua vida a usufruir do produto do mal que fizeram, bem como muitos outros seus amigos, em lugares de decidir da nossa vida e, isso, já não tem volta atrás.

Uma justiça lenta e mal feita é pior que uma ausência de justiça, pois nesta situação, ao menos, não temos dúvida de quem está do lado certo e de quem está do lado errado (mais uma vez, sem querer imanentizar a escatologia) ao passo que uma justiça mal feita torna-nos descrentes na própria justiça porque corrói as fronteiras do certo e do errado. Ora, sem justiça, não há ordem social, nem Estado de Direito. Apenas a lei do mais forte.

É claro que esta ideia da notícia de que o mal foi a condenação em praça pública é uma tentativa de branquear toda a corrupção e desviar a atenção da ineficácia da justiça, não por ter acusado Sócrates, mas por ter demorado tanto tempo e tê-lo feito mal. 

A reforma da Justiça não é no sentido de esconder os casos da opinião pública: vivemos numa democracia, a justiça representa-nos e queremos saber como estamos a ser representados. A reforma da justiça tem que ser no sentido de ter malhas que apanhem corruptos mais cedo e que evitem, o mais possível, situações facilitadoras de corruptos nos lugares de poder. Depois, uma vez esses mecanismos a funcionar, ser célere nos processos para que se responsabilizem as pessoas em tempo útil. Essa é que é a reforma que importa e não a de esconder processos para evitar a opinião pública.

Um primeiro passo seria despolitizar a justiça. Isso cabe aos políticos e a politização da justiça é que a descredibiliza, a ela e à própria política. O cidadão comum pouco mais pode fazer hoje em dia que votar. Todos os mecanismos de participação foram sendo progressivamente fechados pelos governos e AR e, finalmente, nem podem ter opinião? Isso é que faz mal à justiça e à política?


A “lentidão” e descredibilização da justiça vai afastar mais os portugueses da política


Os avisos são de vários especialistas na área da política, que criticam a mediatização do processo e a condenação em praça pública. A investigação a José Sócrates revelou que “o rei vai nu” e que urge debater e reformar o sistema.


Há uma petição para afastar o juiz Rosa ahah

 


É claro que não se pode afastar um juiz só porque não gostamos do trabalho dele e esta petição tem mais a ver com um desejo de imanentizar a escatologia; no entanto, esta mesma petição que em poucas horas já leva mais de 114 mil assinaturas, deixa claro que todos percebemos que neste assunto o senhor juiz pôs-se descaradamente do lado das onças e não do lado da justiça. Então, fica o senhor juiz a saber que todos percebemos o que ali se passou e não enganou ninguém. E que ninguém come da malga de inocência do Socas, Varas, Salgados e quejandos, a não ser os seus cúmplices de sempre.



Petição para afastar Ivo Rosa da magistratura já tem mais de 114 mil assinaturas


O responsável pelo documento diz que o juiz “não tem perfil, rigor e equidade para exercer tal cargo”.

April 09, 2021

O governo actual é, quase todo, o governo de Sócrates

 


Os políticos são os mesmos. E a justiça, pelos vistos, também. E o povo. Este juiz procede à lavagem de Sócrates com lixívia. Vai sair de lá imaculado. Ele e os amigos. Ainda há-de concorrer a presidente da república. O Garganta Funda deve estar a rir e a contar as graças.




April 02, 2021

Prognósticos

 


Penso que veremos o Socas ser acusado de crimes, mas dos 31 crimes, será acusados daqueles que menos incómodos causam. Umas multas que o saco fundo ou o garganta funda pagam e outras minudências para salvar a face de uns e de outros.