September 20, 2023

Inclusão é atirar os alunos para dentro da escola

 


Este ano tenho uma turma do 10º ano (29 alunos) com 3 casos de alunos com necessidades especiais, um deles complicado. Ainda tem um aluno ucraniano refugiado de guerra. Veio para cá a meio do ano passado mas tinha aulas online com a Ucrânia para poder passar o ano e ter equivalência. Resultado: não fala nem percebe português. Não há ninguém na turma que fale ucraniano. Ele tem Português Língua Não Materna, duas vezes por semana... isso é o quê? Nada. O miúdo precisava de um curso intensivo de português e de um intérprete para fazer a transição. Hoje tivemos a 1ª aula e tive que falar com ele em inglês. De início vou levar os documentos e fichas e tudo bilingue, em português e inglês, mas nas aulas estou a trabalhar em português e a falar português. Está o rapaz à nora, sem perceber nada. Inclusão é atirar os alunos para dentro da escola e depois desenrasquem-se. Agora ando na escola a tentar encontrar uma aluna do 12º ano que é romena e que me disseram que costuma ajudar os miúdos do Leste, para lhe pedinchar que faça o trabalho que era suposto ser feito por um profissional designado e entretanto vou ver se um aluno qualquer da turma fala inglês para se sentar ao lado dele e ajudar.

Entretanto, imensos professores estão com horas extra para evitar enviar horários de duas turmas a concurso e ficarem montes de alunos sem aulas por falta de professores.

E ninguém nos livra deste ministro.


2 comments:

  1. Numa turma do 8.º ano, tenho os alunos «normais», depois 6 ou 7 com medidas seletivas e dois com medidas adicionais, sendo que um nem ler sabe e o outro (desculpe a expressão) é «maluquinho». No meio disto tudo, nós, os professores, temos de ensinar esta gente toda, sabe-se lá como. Como é que vou trabalhar em português com um aluno, no meio das demais dezenas de colegas, que não sabe ler? A resposta foi esta na reunião inicial de há duas semanas: o aluno tem de passar; nem que seja fazer um desenho. E isto repete-se na maioria das turmas e anos. É frequente estar a explicar qualquer coisa e ter de interromper o que estou a dizer, porque um dos alunos objeto de medidas, que está a trabalhar «sozinho», com outro material, levanta o dedo, já que necessita de ajuda para executar o que lhe é proposto. É recorrente.
    Quando se questiona este estado da arte, que não aproveita a ninguém, essencialmente a estes alunos que necessitavam de apoio especializado e individualizado, a resposta é sempre a mesma: está na Lei e é assim mesmo.

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  2. O governo de Costa e este ministro têm sido uma catástrofe para a educação.

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