Quem diria que Zelensky, o comediante, tinha dentro de si um líder heróico, um estratega brilhante e que Putin, o estratega, tinha dentro de si um homenzinho cobarde, um ditador patético com um discurso lunático? Situações-limite e poder fazem vir ao de cima o que cada um tem lá dentro.
⚡️Ukraine’s Zelensky posts a new video of himself and his team outside the presidential administration in Kyiv’s government quarter after rumors in Russian media that he’d fled. “We are here. We are in Kyiv. We are defending Ukraine.” pic.twitter.com/bgHyrsbVFs
"Ukraine should not be offered to conclude compromises with its conscience, sovereignty, territory and independence. There will be no Minsks-3, which Russia would violate immediately after signing", - @ZelenskyyUa speaking at G20 summit. He also offered a Ukrainian peace formula pic.twitter.com/kKoCYgTFbA
A cara dela 😁 ... mas enfim, o que queria dizer é que ontem fui a uma loja comprar meias e reparei que a roupa Zelensky está na moda: verde tropa e com padrão camuflado.
Counteroffensive in north-east has confirmed once again: Ukrainians are waiting for 🇺🇦 Army. 6 months of 🇷🇺 occupation of Balakliya, Kharkiv region: darkness, murders, lack of humanitarian aid. Barbarians don't value human life. More on @United24media: https://t.co/OTvABqoJMb
"If you have citizenship of Russia and you are silent, it means you do not fight, which means you support it. And no matter where you are, whether in Russia or abroad, your voice should be heard in support of Ukraine", @ZelenskyyUa. pic.twitter.com/rxLt4eGpBi
Li este livro. O livro é escrito por um jornalista e isso vê-se na maneira como escreve. Se alguém espera que o autor tenha algum insight sobre o presidente da Ucrânia, desiluda-se. Não há aqui literatura, nem abordagem psicológica ou sociológica da personagem, apenas política. O livro não nos dá pistas da pessoa, só do político.
Porém, o autor descreve os factos explicando e contextualizando, de maneira a podermos perceber a importância de certos eventos, de certas declarações no contexto daquele país, etc.
Apresenta os desenvolvimentos políticos desde a candidatura de Zelensky à presidência, na noite de passagem de ano de 2018, até à data de Abril deste ano. Conta as peripécias da campanha eleitoral, quem o rodeava, o que foi dito nos jornais e o que se sabe sobre os primeiros tempos da presidência, os amigos e os opositores, bem como episódios da sua vida anteriores -quase todos ligados ao programa de TV que produzia e interpretava- que explicam em parte a sua ascensão ao poder. O autor não é, neste livro, nem a favor, nem contra Zelensky. Tenta ser desapaixonado.
Percebemos que todos subestimaram Zelensky, mesmo os que o desafiaram para que se candidatasse. Esperavam manobrá-lo. Os opositores, dentro e fora da Ucrânia, subestimaram-no porque o viram sempre como o ex-comediante; ninguém pensava que ele ganhasse as eleições. Poroshenko estava convencido que ia ganhar as eleições, assim que as pessoas vissem um debate na TV entre si mesmo e o politicamente impreparado ex-comediante, ignorante dos processos da governação do Estado. Foi o oposto do que esperava.
Percebemos que as pessoas votaram nele justamente por ser uma pessoa fora do aparelho, do sistema político. O discurso dele era populista: ia acabar com as benesses, com a corrupção, com o amiguismo, com os instalados, com a guerra nos territórios ocupados... Na verdade, depois de eleito tentou fazer isso mesmo, mas começou com uma razia ao parlamento e seus negócios bem como a todos os seus satélites. Ou seja, incomodou muita gente com poder e só lhe sobraram os amigos pessoais, da TV e alguns opositores de Poroshenko para trabalhar. Gente impreparada como ele para governar um país, muitos dos quais começaram imediatamente a tentar obter benesses. O oligarca dono da estação onde ele trabalhava pensou logo que ele ia ser uma marioneta nas suas mãos. Todos e cada um pensaram que podiam manipular a sua ignorância e ingenuidade em seu favor..
Ele estava um bocado perdido e a situação era difícil. Aos poucos começou a descartar os amigos dos cargos porque em vez de ajudar atrapalhavam a governação. Fez vários erros que foram aproveitados pelos ressabiados. Segundo o autor, Zelensky estava a querer representar o papel de um líder, mas sem conseguir sê-lo. No entanto, percebemos que era bem intencionado e queria mesmo mudar o status quo do país e modernizá-lo, só que não sabia como, não tinha pessoas competentes de confiança à sua volta e a situação era muito complicada, com Putin a destabilizar.
Em Dezembro de 2019, na reunião do Grupo da Normandia (é um grupo diplomático criado em junho de 2014, com o objetivo de encontrar resolução pacífica para o conflito que se seguiu à agressão militar da Rússia na Crimeia. Fazem parte dele: a Rússia e a Ucrânia como as nações em confronto e a Alemanha e a França como mediadores), realizada em França, na primeira vez que Zelensky teve oportunidade de falar directamente com Putin, como há muito queria, temos um vislumbre da sua potencialidade de líder.
Nas imagens do inicio da reunião vemos Zelensky nervoso e Putin entre o divertido e o desdenhoso. Não sabemos o que falaram entre eles directamente, mas vemos que a reunião não correu bem, nem para Zelensky que queria ter resolvido vários problemas (talvez ingenuamente) nem para Putin que esperava capitulações do presidente ucraniano, sempre referido na imprensa como, 'o ex-comediante de TV'.
Na conferência de imprensa, no final da reunião, vemos um Zelensky diferente e nada nervoso - talvez, falando directamente com Putin, se tenha apercebido de que é um KGB merdoso de mau carácter.
Zelensky diz que combinaram trocar prisioneiros mas pouco mais foi feito e fala sem entusiasmo nenhum, como se fosse uma perda de tempo. Putin fala na necessidade de cumprir os acordos de Minsk. Zelensky responde convidando os jornalistas todos para irem ao Donbass ver o resultado das bombas das forças ocupantes. Fala sempre na Rússia como as forças ocupantes, fala na recuperação da Crimeia ucraniana ocupada. Putin irritado tira o auricular enquanto Zelensky fala e começa a fazer desenhos com ar de desinteresse e Zelensky, vendo que o irritou, ainda insiste mais no assunto. Isto passa-se nos últimos dez minutos da conferência. Muito interessante, porque vê-se neste Zelensky o Zelensky que agora conhecemos, seguro de si e sem medo nenhum de Putin, nem de afrontá-lo ou de capitalizar o seu mau carácter.
Fica-se a pensar, depois de ler o livro: quantos políticos bem intencionados que querem mudar o sistema, "livrá-lo de pragas" como diz Zelensky na campanha eleitoral, estão [sempre] votados ao desastre porque o sistema, com excepção de poucas democracias muito adultas (mas mesmo assim vulneráveis, como se vê pelos EUA) não deixa. Mina todo o trabalho que tentam fazer e aproveita-se da inexperiência desses outsiders um pouco ingénuos para os destruir. Na Ucrânia isso não aconteceu porque Putin interveio com uma invasão tão terrorista e brutal que levou a que todos se unissem contra ele em volta do seu presidente, que teve a oportunidade de fazer vir ao de cima as suas qualidades de liderança.
Nas democracias não há milagres. Há leis que responsabilizam os desonestos, os oportunistas, os lobistas saqueadores e que incentivam à participação política dos cidadãos ou... há o desastre. Infelizmente o nosso país está muito longe de ter honestidade na política, legislação de responsabilização e incentivo à participação dos cidadãos que trata como menores mentais. Por isso estamos a resvalar nos índices da democracia.
Fútil e ridículas são as imagens que Putin vende em calendários em tronco nu a cavalgar ursos. Que Zelensky apareça com a mulher numa revista que tem isso de fútil? Como está na guerra não pode ter momentos de emoção, de descontracção e de carinho? Tem que estar sempre sério para não dar azo a que todos os invejosos digam mal? Querem-no a chorar constantemente? O exército ucraniano não se faz filmar em momentos de descontração a dançar, com gatinhos, cãezinhos ou outra coisa do género? Isso é mau porquê? Deviam ser ignorantes e inexperientes em comunicação social para agradar aos putineitos? Têm que estar sempre sérios e com mau aspecto? E qual é o problema de tirarem as fotografias no cenário da guerra? Não é onde estão todos os dias? Porventura ele fugiu ou a mulher dele fugiu? São pessoas em turismo de guerra ou aquele é o cenário das suas vidas?
Não é a primeira vez que a ostentação cria dificuldades a políticos, diz José Santana Pereira. ... em 2015, Yanis Varoufakis, então ministro das Finanças da Grécia, deixou-se fotografar com a mulher na casa luxuosa de ambos numa altura em que o povo grego enfrentava austeridade e uma forte crise económica.
Ostentação? Onde é que há aqui ostentação? E que tem Zelensky, um presidente no meio de uma guerra, fotografado no cenário da sua vivência diária a ver com Varoufakis? Nada. Há quem diga 'coisas' como a prima do Solnado, para encher páginas de jornal como se enchem chouriços.
A mim as criticas parecem-me mais uma questão de inveja. Inveja pura e simples, mais a maledicência que a costuma acompanhar. Muitos políticos gostavam de ter o valor de Zelensky, mas separa-os dele um oceano de coragem. Para piorar, o indivíduo é bem-parecido e é casado com uma mulher bonita e também corajosa. Isto dói a todo esse exército de gente poucochinha que vive da inveja. A inveja é uma coisa muito feia.
Yvonne and Charles de Gaulle in 1941. Ninguém ficou chocado.
It was an honour to present my friend President @ZelenskyyUa with the Winston Churchill Leadership Award today.
Volodymyr’s courage, defiance and dignity – all Churchillian qualities – have moved the hearts of millions and stirred a global wave of solidarity. pic.twitter.com/BGZDFenIzU
Watch the pilot episode of Fight for Freedom by our EN-language digital media — UNITED24. To see how military drones change the course of the war and repel the Russian invaders, follow the link below. And donate to the Ukrainian Army of Drones.https://t.co/hYp8V9pZfd
Ukraine's President Volodymyr Zelenskiy predicted Russia will escalate its attacks this week, as European Union leaders consider whether to back his country's bid to join the bloc and Russia presses its campaign to win control of east Ukraine https://t.co/CGtBiXKqkfpic.twitter.com/3KnWwuTqH8
President Zelenskyy's night appeal [Subbed in English]:
I am coming back from the south - visited today our frontline positions in the Mykolaiv region, visited Mykolaiv itself, and the Odesa region as well. pic.twitter.com/xoPACXOWrj
@Kasparov63 Biden diz que Zelensky não deu ouvidos aos avisos dos EUA sobre a invasão de Putin, mas passar a bola para Zelensky é ofensivo quando os EUA não tomaram nenhuma medida dissuasiva. Não vendo nenhuma acção dos EUA, Zelensky provavelmente temia que a Ucrânia estivesse a ser tratada como moeda de troca de um jogo maior dos EUA com Putin.
Biden teve uma cimeira e telefonemas com Putin e fez grandes conversas sobre sanções e qual foi o resultado? Onde estava a acção? Porque é que Zelensky teria confiado que a Ucrânia não ia ser vendida para a cooperação russa no acordo com o Irão ou outra coisa qualquer?
A primeira reacção dos EUA à invasão prevista de Putin foi oferecer-se para evacuar Zelensky e não para lutar. Mesmo agora, a libertação de fundos (a lend-lease) para a Ucrânia é lenta e os EUA não permitiram que as nações do Euro enviassem armas mais antigas, garantindo a substituição dos EUA para acelerar as coisas.
Muitos de nós apelámos a sanções dissuasivas, para mostrar a Putin que os EUA e a UE, falavam sério. Agora sabemos o custo. Portanto, em vez de transferir a culpa, envie as malditas armas. Isto não é um conflito regional; o equilíbrio global entre democracia e ditadura está em jogo.
A Ucrânia está a ficar sem tudo, mesmo sem balas. A lista de armas e mantimentos essenciais de Zelensky deve ser preenchida imediatamente. Os EUA e aliados são capazes, certamente mais do que os fornecimentos muito mais rápidos enviados para a URSS na Segunda Guerra Mundial.
Se o objectivo dos EUA é que a Ucrânia vença, recupere o seu território e a sua soberania, diga-o e aja como tal. Não podemos defender a democracia a baixo custo. Essa oportunidade perdeu-se quando o mundo livre fez acordos com Putin, em vez de o deter nos últimos 15 anos. O preço agora subiu.