April 14, 2020

Diário da quarentena 30º dia - início do 3º período em versão, 'chega-te para lá'



Tendo em conta que recebi emails de trabalho todos os dias, inclusive na sexta-feira santa, sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa, sempre sem parar, o 3º período já começou há um tempo.





April 13, 2020

Indeed II 😄



Now 13 in April.







Indeed! 😄















Australasian Association of Philosophy

They look free. Hence, happy












Alejandra Freymann

She definitely looks happy







Satyr and Nymph (detail) by Gerard van Honthorst, 162.

Isto agora fazia-me imensamente feliz



Um cantinho de jardim, assim bravio, sem domesticação de canteiros, para caminhar, sentir a brisa do vento na cara, o cheiro da Primavera e ver as abelhinhas atarefarem-se nas flores.











Ivan Ivanovich Shishkin

"Filosofar é aprender a morrer" (Platão, Fédon) - isto também me faz-me feliz



Hermann Hesse, em "Demian" - pág.10

Adorei :)


De pequenino é que se torce o pepino.

Destressar citando Camus



" É preciso tempo para ser feliz. Muito tempo. A felicidade também é uma longa paciência. E em quase todos os casos, nós usamos a nossa vida a ganhar dinheiro, quando seria preciso, pelo dinheiro, ganhar tempo ".

Albert Camus, a morte feliz.

Quatro flores mimosas para repousar a vista










Magdalena Właszek

Está tudo stressado



São os alunos, são os colegas... o ME não manda informações a tempo.
Eu sei exactamente como quero trabalhar para rentabilizar o meu tempo e o dos alunos sem invadir o espaço dos colegas e das famílias. Tenho tudo pensado, é simples e eficiente. Espero que me deixem trabalhar como quero e sei que é melhor e não me obriguem a coisas absurdas e complexas que me empecilhem o trabalho, como sei que outras escolas fizeram e estão a obrigar os colegas a fazer.

Os alunos querem saber do futuro e já estão stressados. Já enviei mensagem a dizer para terem calma que vamos fazer isto tudo sem stress e com calma. Eu estou calma e com confiança que isto vai funcionar bem. Só quero que não me avariem o trabalho.

Coronavirus Li Wenliang - prevenir o futuro



Observador - Snowden

Governments Are Using Coronavirus to Build ‘the Architecture of Oppression’

Porque vai haver um mundo pós COVID, convém ir pensando nisto:

«“Você até pode ter confiança nas pessoas que têm estes dados em seu poder, mas um dia alguém irá abusar destes dados“. Basta olhar para a China, onde se acredita já existirem “campos de internamento” para pessoas que não estão alinhadas com o regime. “Se estas práticas não forem detidas, vamos vê-las na Rússia, no Irão, e depois na Hungria, na Polónia, por várias partes da Europa e, também, nos EUA. Vão estar em todo o lado”, avisa Snowden.

“Temos de nos lembrar que este vírus vai passar. Mas as decisões que tomarmos nesta atmosfera vão perdurar. E nós vamos ter de viver com elas, os nossos filhos vão ter de viver com elas”, alerta o denunciante norte-americano, avisando que “estes sistemas, se nós não os alterarmos, um dia eles vão tomar decisões de forma automatizada para determinar quem é que consegue um emprego, quem é que pode ter uma casa. E quem é que não pode ter essas coisas“.»

Intervalo para a poesia - no sofá III



Ler Paul Eluard


I

Je connais tous les lieux où la colombe loge
Et le plus naturel est la tête de l’homme.

II

L’amour de la justice et de la liberté
A produit un fruit merveilleux
Un fruit qui ne se gâte point
Car il a le goût du bonheur.

III

Que la terre produise que la terre fleurisse
Que la chair et le sang vivants
Ne soient jamais sacrifiés.

IV

Que le visage humain connaisse
L’utilité de la beauté
Sous l’aile de la réflexion.

V

Pour tous du pain pour tous des roses
Nous avons tous prêté serment
Nous marchons à pas de géant
Et la route n’est pas si longue.

VI

Nous fuirons le repos nous fuirons le sommeil
Nous prendrons de vitesse l’aube et le printemps
Et nous préparerons des jours et des saisons
À la mesure de nos rêves.

VII

La blanche illumination
De croire tout le bien possible.

VIII

L’homme en proie à la paix se couronne d’espoir.

IX

L’homme en proie à la paix a toujours un sourire
Après tous les combats pour qui le lui demande.

X

Feu fertile des grains des mains et des paroles
Un feu de joie s’allume et chaque cœur a chaud.

XI

Vaincre s’appuie sur la fraternité.

XII

Grandir est sans limites.

XIII

Chacun sera vainqueur.

XIV

La sagesse pend au plafond
Et son regard tombe du front comme une lampe de cristal.

XV

Dire que si longtemps l’homme a fait peur à l’homme
Et fait peur aux oiseaux qu’il portait dans sa tête.

XVI

Après avoir lavé son visage au soleil
L’homme a besoin de vivre
Besoin de faire vivre et il s’unit d’amour
S’unit à l’avenir.

XVII

Nous avons inventé autrui
Comme autrui nous a inventé
Nous avions besoin l’un de l’autre.

XVIII

L’architecture de la paix
Repose sur le monde entier.


Paul Eluard, Le visage de la paix, 1951

Yeah...




Não só temos um cérebro fora da caixa como andamos com um cão no estômago?




Um intervalo de poesia - no sofá



People pray to each other. The way I say "you" to someone else,
respectfully, intimately, desperately. The way someone says
"you" to me, hopefully, expectantly, intensely ...
—Huub Oosterhuis

Um intervalo no sofá



Fui dar com esta frase e gostei dela

Giorgio Agamben : “Celui qui appartient vraiment à son temps, le vrai contemporain, est celui qui ne coïncide pas parfaitement avec lui, n’adhère pas à ses prétentions, et se définit, en ce sens, comme inactuel”

Algumas pessoas precisavam de passar por uma oxigenação à Boris Johnson II



Está um neurocirurgião na SIC a aconselhar as pessoas a fazerem as suas próprias máscaras de protecção com pedaços de algodão e lenços de papel (ambos materiais altamente absorventes) e diz que fica igual a uma máscara de cirurgião. Ai sim? Então, olha, como deves ser melhor que eu no corte e costura, dá-me as tuas máscaras de cirurgião que eu dou-te os meus lenços de papel mais umas t-shirts...
Grandes parvos...

Algumas pessoas precisavam de passar por uma oxigenação à Boris Johnson



Cartas personalidades, administradores e presidentes, que naturalmente se resguardam a eles e às suas famílias com o maior dos cuidados, querem abrir os negócios (incluindo as hordas de turistas) a pensar nos dividendos que estão a perder (como é que vão viver sem o iate?)

E como querem fazê-lo? Bem, quem não tem dinheiro para se proteger que se lixe... olhe, faça o material de protecção em casa... que é o mesmo que dizer, morram para aí que não queremos saber, pois se as fábricas especializadas não são capazes de fabricar as máscaras e outros materiais e o governo não sabe como pô-las a fazê-lo, como é que uma pessoa vulgar vai saber??? E com que máquinas e materiais?

Citam o Japão e Singapura. Mas aí toda a gente tem material de protecção distribuído pelo Estado e cumpre rigorosas medidas de distanciamento com testes a toda a gente e mais alguém. Não é: vão trabalhar à vossa responsabilidade para o nosso lucro.

Estes empresários que têm muito dinheiro, porque não pagam a especialistas para encontrarem soluções ou porque não pagam a uma fábrica para produzir material de protecção e limpeza, em vez de aconselharem o desleixo com a vida dos outros?

Precisavam de passar por uma oxigenação à Boris Johnson.

São estes merdosos os influencers do país.

Numa carta enviada ao presidente da República, ao presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro, um conjunto de profissionais de saúde, de gestores e empresários, entre eles os presidentes da Altice, da Vodafone e da Nós, assim como gestores ligados à indústria, à cultura e ao turismo, recordam que é fundamental criar uma alternativa "a novos períodos de 'lockdown' - que se apresentam como um modelo cego e com impacto na economia de um país".

Coronavirus Li Wenliang - ME ouviu os sindicatos - deu a cada um 3 minutos para falar sobre a situação actual



Isto é o quê, alguém me explica? 3 minutos para intervir?

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Balanço da reunião com o Ministério da Educação a 8 abril



Colegas, o S.TO.P. foi convocado a reunir (via online) com o Ministério da Educação (ME) dia 7 de abril às 10h (tendo recebido a convocatória na tarde de dia 6 abril).
Nessa reunião em representação do ME estiveram presentes os Secretários de Estado da Educação João Costa e Susana Amador. Informaram-nos que cada sindicato teria direito a uma única intervenção e de apenas 3 minutos. Em contraste, os Secretários de Estado tiveram direito a duas intervenções (abertura e fecho) e de cerca de 10 minutos cada. Os Secretários de Estado queriam saber a posição de cada sindicato essencialmente sobre as seguintes questões:
  1. Se concordavam com o ensino presencial durante o 3.ºPeríodo (em todos ou apenas em alguns níveis);
  2. A avaliação do 3.ºPeríodo;
  3. Os exames nacionais.
O S.TO.P. na reunião reiterou que a prioridade deve ser a saúde pública e que perante o que os cientistas transmitem infelizmente estaremos a lidar com esta doença muito contagiosa e mortal no mínimo durante os próximos meses. Relembrámos também que os Profissionais da Educação (docentes e não docentes) se encontram muito envelhecidos e por isso são grupo de risco. Dessa forma, mantendo-se a situação de pandemia (se entretanto não surgir vacina ou tratamento eficaz) com muitos infetados confirmados (sem contar com os não contabilizados) não consideramos haver condições para iniciar-se aulas presenciais no 3.º Período em qualquer nível de ensino. Transmitimos que todos os Profissionais de Educação que por algum motivo continuam a trabalhar nas Escolas (ex: manter as refeições para as crianças carenciadas) devem ter direito a condições mínimas de segurança (infelizmente já tivemos vários Profissionais de Educação que morreram devido à Covid-19).
Por esse mesmo motivo e reconhecendo que no ensino à distância não estão garantidas as mínimas condições de equidade na Educação (além de questões como direito de imagem ou proteção de dados), também não nos parece estar reunidas as condições para tentar fazer uma avaliação do 3.ºPeríodo “normal” com novas matérias lecionadas. Consideramos que os professores deviam continuar a acompanhar (na medida do possível) os seus alunos tentando sobretudo consolidar as matérias já dadas e/ou equacionar a possibilidade de dinamizar Projectos Multidisciplinares em torno na pandemia (disciplinas como História, Ciências, Geografia, Matemática, Artes, etc), um Projecto realmente atual e interessante porque estamos a viver algo inédito na História da Humanidade. O governo também deve garantir que as aulas à distância não impliquem custos acrescidos para as famílias e os professores (internet e electricidade).
Também relembrámos que é fundamental que o governo, desde já, tenha em consideração que milhares de pais (incluindo professores) estão, em defesa da Saúde Pública, também com os seus próprios filhos em casa (e/ou a cuidar dos seus idosos) e que por isso o trabalho tem que ser realista (tendo em consideração este fator muito significativo). De outra forma, mais uma vez, serão os alunos com menos apoio em casa os mais prejudicados.
Afirmámos que independentemente da decisão do governo sobre o 3.ºPeríodo será inevitável que os alunos percam aulas e matérias previstas. E questionámos se este pretende compensações aos alunos no próximo ano letivo e se assim for, se irá contratar e vincular mais professores (aproveitando para rejuvenescer a classe docente)?
Defendemos também a eliminação das provas de aferição e as do 9.º ano no 3.ºPeríodo e relativamente aos exames nacionais, tendo em consideração tudo o que já tínhamos referido e acrescentando também a grande instabilidade emocional que este confinamento de várias semanas está a provocar em todos nós mas não na mesma intensidade (todos concordaremos que o stress inerente a semanas de isolamento numa família de classe média alta é completamente diferente de uma família pobre),  tudo isto potencia ainda mais as injustas sociais no processo de acesso ao Ensino Superior. E será que os nossos alunos terão as mínimas condições (materiais e psicológicas) para se prepararem (e realizarem) para os exames nacionais? Por isso o S.TO.P. propõe (até mesmo para tirar mais essa fonte extra de ansiedade aos nossos alunos e famílias)que os Exames nacionais sejam suspensos (e voltarmos a avaliar regularmente o evoluir da situação pandémica para ver se há condições (ou não) para remarcar os exames).
O S.TO.P. também reafirmou as críticas ao ME por ter permitido autonomia aos diretores em questões como a convocatória (ou não) de Profissionais da Educação após 13 de março e o poder de decisão sobre a manutenção (ou não) de professores contratados que estavam a substituir professores que entretanto regressaram ao serviço. É inaceitável por exemplo os relatos que nos chegaram de diretores que convocaram Assistentes Operacionais para limpezas poucos dias depois do encerramento das Escolas (enquanto o vírus ainda podia estar ativo em superfícies). Consideramos também que o ME também deve garantir  à partida que todos os professores contratados  (que estavam a substituir colegas que entretanto regressaram) devem continuar até ao final.
O S.TO.P. manifestou total disponibilidade para voltar a reunir com o ME mas também declarou que é muito difícil reunir nestas condições em que os sindicatos são avisados com menos de 24 horas de antecedência e apenas com direito a uma única intervenção de 3 minutos. Por fim também voltámos a questionar sobre questões (que já tínhamos enviado via email) relacionadas com a avaliação e a progressão docente, mobilidade por doença, etc.
No final os Secretários de Estado agradeceram os contributos dos vários sindicatos e não anunciaram o que concordaram, nem o que planeiam fazer (nem responderam à maioria das questões). Referiram que será contemplado a questão da avaliação e progressão docente (para que ninguém seja prejudicado), que serão adequadas medidas para salvaguardar questões como a mobilidade por doença e que no próximo ano letivo serão realizadas medidas de compensação (nos vários níveis de ensino) mas sem referir se irão contratar e vincular mais professores para esse efeito (como o S.TO.P. defende).
Questionado pelo S.TO.P. o ME admitiu que o ensino à distância não é comparável ao presencial em especial nas disciplinas com forte componente prática ou laboratorial (Educação Física, várias disciplinas de Ciências, Educação Visual, Educação Tecnológica, etc) e constatámos que até este momento não estiveram (nem estão ainda) garantidas a proteção de dados e direitos de imagem (relativamente ao ensino à distância).
A 9 de abril o governo, através do Primeiro Ministro António Costa, anunciou que as aulas presenciais do 11.º e 12.º ano (das disciplinas de exame nacional) durante o 3.ºPeríodo ainda não estão decididas e que todos os outros níveis de ensino terão aulas à distância. Anunciou publicamente que qualquer pessoa que frequente as Escolas terá que usar máscara de proteção e que os exames nacionais foram adiados.
Relembramos que para garantir as condições mínimas de segurança para quem frequenta as Escolas não basta o uso de máscaras (como anunciou o governo) mas também nomeadamente outros tipos de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) e limpeza frequente do espaço escolar por equipas especializadas para o efeito (essa foi uma das propostas que o S.TO.P. enviou ao governo a semana passada).
O S.TO.P. como sempre manterá a vigilância para que nomeadamente as normas de segurança individual e coletiva sejam respeitadas em defesa da saúde de TODOS que frequentam as Escolas e continuará a defender que neste contexto de pandemia, a Escola não deve acrescentar ainda mais ansiedade aos nossos alunos e famílias (já tão fustigadas pelo longo confinamento, pela precariedade e desemprego crescentes).