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September 27, 2024

Como a mente é sugestionável

 

De cada vez que se ouve lendo uma frase diferente é essa frase que se ouve.

May 08, 2023

Porque é que os russos se comportam desta maneira?

 

Até podiam querer apoiar o seu país, mas isso não obriga a esta ostentação e bravata como se tivessem orgulho no caos, destruição e morte que a Rússia impôs aos ucranianos.



As cinco maiores perspectivas da Psicologia

Porque é que nos sentimos, pensamos e comportamos da uma certa forma? Aqui estão cinco quadros teóricos que os psicólogos usam para responder a essas perguntas.

Jaimee Bell

Os seres humanos são fascinantes. Já alguma vez se perguntou porque é que algumas pessoas se lembram muito bem de certas datas e outras não? Ou porque é que você é uma pessoa caseira enquanto o seu melhor amigo só pensa em festas? O que é que nos faz pensar, sentir e comportar da forma como o fazemos?

A psicologia - o estudo da mente e do comportamento - remonta a 400-500 a.C., apesar da psicologia moderna ter começado em 1879, quando Wilhelm Wundt abriu o primeiro laboratório de psicologia.

O laboratório de Wundt tornar-se-ia um centro de interesse para aqueles que se interessavam seriamente pela psicologia - primeiro abrindo as suas portas a filósofos e estudantes de psicologia alemães e, mais tarde, também a estudantes americanos e britânicos. O objectivo de Wundt era registar pensamentos e sensações e analisá-los nos seus elementos constituintes, da mesma forma que um químico analisaria compostos químicos, para chegar à estrutura subjacente.

O estudo da psicologia progrediu muito, graças a Wundt e a outros pioneiros. Ao longo dos anos, os psicólogos começaram a estudar todos os aspectos do comportamento humano, desde os traços de personalidade até às funções cerebrais. Eventualmente, os estudos começaram a olhar para os mesmos comportamentos humanos de vários ângulos, incluindo perspectivas biológicas, psicodinâmicas, comportamentais, cognitivas e humanistas. Estas ficaram conhecidas como as "cinco principais perspectivas" da psicologia.

A abordagem biológica

A abordagem biológica da psicologia centra-se na análise dos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos de um ponto de vista estritamente biológico. Nesta abordagem, todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos teriam uma causa biológica.

Esta abordagem é relevante para o estudo da psicologia de três formas:

Método comparativo: diferentes espécies de animais podem ser estudadas e depois comparadas umas com as outras. Isto ajuda-nos a compreender melhor o comportamento humano.

Fisiologia: o estudo de como o sistema nervoso e as hormonas funcionam, como o cérebro funciona, como as alterações na estrutura e/ou função podem afectar o nosso comportamento. Por exemplo, a forma como os medicamentos prescritos para tratar a depressão podem afectar o nosso comportamento através da sua interacção com o sistema nervoso.

Investigação da hereditariedade: o estudo do que herdamos dos nossos pais (através da genética). Por exemplo, se a inteligência elevada é herdada de uma geração para a seguinte.

Cada um destes aspectos é inerentemente importante para a forma como estudamos a psicologia humana de um ponto de vista biológico e sugere-se que o comportamento pode ser amplamente explicado através da biologia.

A abordagem psicodinâmica

A abordagem psicodinâmica da psicologia é mais conhecida pelas suas ligações a Sigmund Freud e aos seus seguidores. Esta abordagem inclui todas as teorias em psicologia que vêem o funcionamento dos seres humanos com base na interacção de impulsos e forças dentro da pessoa, particularmente inconscientes e entre as diferentes estruturas da personalidade.

Freud desenvolveu um conjunto de teorias (a maioria das quais baseada no que os seus pacientes lhe diziam durante a terapia) que constituíram a base da abordagem psicodinâmica.

A abordagem psicodinâmica pode ser melhor descrita nos seus pressupostos básicos:

O nosso comportamento e sentimentos são poderosamente afectados por motivos inconscientes.

O nosso comportamento e sentimentos, enquanto adultos, estão enraizados nas experiências da infância.

Todo o comportamento tem uma causa, e essa causa é geralmente inconsciente.

A personalidade é composta por três partes (ID, ego e super-ego).

A abordagem comportamental

A abordagem comportamental da psicologia centra-se na forma como o ambiente e os estímulos externos afectam os estados mentais e o desenvolvimento de uma pessoa. Mais importante ainda, centra-se na forma como estes factores nos "treinam" especificamente para os comportamentos que exibimos mais tarde.

As pessoas que apoiam esta abordagem da psicologia em detrimento de outras podem acreditar que o conceito de "livre arbítrio" é uma ilusão, porque todos os comportamentos são aprendidos e baseados nas nossas experiências passadas. Por outras palavras, que fomos condicionados a agir da forma como agimos, pelo que nada é verdadeiramente uma escolha nossa.

A abordagem cognitiva

A abordagem cognitiva da psicologia afasta-se do comportamento condicionado e das noções psicanalíticas para estudar o funcionamento da nossa mente, a forma como processamos a informação e como utilizamos essa informação processada para orientar os nossos comportamentos.

Esta abordagem centra-se em:

Os processos meditativos que ocorrem entre o estímulo e a nossa resposta ao estímulo.

Os seres humanos são processadores de informação e toda a aprendizagem se baseia nas relações que formamos com vários estímulos.

O comportamento mental interno pode ser estudado cientificamente através de experiências que nos mostram como reagimos a determinados estímulos.

Por outras palavras, a abordagem cognitiva centra-se na forma como o nosso cérebro reage ao ambiente que nos rodeia e como o nosso cérebro cognitivo tem formas muito específicas de processar determinados estímulos, o que pode explicar por que razão pensamos, sentimos e nos comportamos de determinadas formas.

A abordagem humanista

A abordagem humanista da psicologia foi considerada uma espécie de rebelião contra o que os psicólogos viam como as limitações das teorias behavioristas e psicodinâmicas da psicologia. É a ideia de que devemos abordar os estudos psicológicos de forma única para cada indivíduo, porque somos todos muito diferentes.

Esta abordagem centra-se em:

A ideia de que todos nós temos livre arbítrio.

A ideia de que as pessoas são todas basicamente boas e que temos uma necessidade inata de nos tornarmos a nós próprios e ao mundo melhores.

Que somos motivados para nos auto-realizarmos, crescermos e prosperarmos.

Que as nossas experiências são o que nos move.

Esta abordagem coloca a tónica na singularidade de cada pessoa e de cada situação, sugerindo que os outros estudos nunca poderão ser totalmente exactos, uma vez que existe uma gama tão vasta de pensamentos, sentimentos e comportamentos humanos que se podem adaptar e mudar à medida que nos adaptamos.


November 29, 2021

Hiperactividade

 


Outro dia um colega de educação física disse-me que há um estudo americano com dados sobre crianças com hiperactividade que mostram que nos Estados onde o nível médio de actividade desportiva é mais alto o número percentual de crianças hiperactivas cai acentuadamente. 


Ensaio clínico na Universidade de Coimbra para treinar cérebro de crianças em casa



Novo conceito está apoiado em métodos de estimulação cerebral, uma técnica não invasiva que envolve correntes directas de baixa amplitude e em determinadas regiões do cérebro

Um dispositivo médico que possibilita o treino, em casa, do cérebro de crianças com hiperactividade e défice de atenção ou perturbação do autismo integra um ensaio clínico, pioneiro em Portugal, a realizar na Universidade de Coimbra (UC). Em comunicado, a UC afirma que o primeiro ensaio clínico em Portugal do “tratamento inovador” destinado a crianças e adolescentes que sofrem de Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) ou Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) insere-se no projecto europeu STIPED, que envolve a colaboração científica entre dez universidades, clínicas e empresas de toda a Europa.

September 10, 2021

Em Portugal suicidam-se três pessoas por dia - não é uma epidemia a requerer atenção?

 


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Fora os que tentam e não conseguem, que são em número superior. 

"Entre os jovens dos 15-34 anos, essa é mesmo a segunda maior causa de morte".

Temos psicólogos no desemprego e temos as escolas com falta de psicólogos. Podíamos começar por aí.




July 29, 2021

Uma lesão psíquica/mental não deixa de o ser só por não ser visível

 


A saúde mental ainda é vista como uma aberração e a psicologia como uma mezinha de curandeiros. Na escola, os alunos só aprendem alguma coisa do funcionamento do seu sistema nervoso se escolhem a cadeira de Psicologia, que é de opção, no 12º ano e muitos não escolhem por terem ideia da psicologia como uma aldrabice (embora cada vez mais alunos sofram de perturbações como a ansiedade, por exemplo). Para já não falar de compreenderem a motivação, a aprendizagem, a influência da sociedade, a violência, a psicologia da sexualidade, etc, temas que só abordam na psicologia, no 12º ano. Não por acaso, para a maioria dos alunos que escolhe a psicologia, esta é uma espécie de revelação em muitos níveis. Então, é positivo que uma grande campeã, que já deu muitas provas de lidar com a pressão própria de grande campeonatos, se exponha e exponha o tema da saúde mental como tendo tanta importância como a saúde física. Ninguém criticaria um atleta por se afastar estando doente com uma doença física. Pois é tempo de se perceber que a doença mental também é somática, só que num nível não evidente, como o sarampo ou uma perna partida.

Quando vemos a Simone Biles nestes saltos, sabemos que não é só o corpo dela que está a saltar. É também a cabeça, a motivação, a auto-confiança, a segurança interna na sua técnica, a confiança no treinador, a certeza do apoio da família, a disposição interna positiva, a ansiedade, etc. 




June 16, 2020

Leituras pela madrugada - determinismo-indeterminismo



Indeterminacy in Brain and Behavior

Paul W. Glimcher
Annual Review of Psychology
(tradução minha)

Introdução
A nossa perspectiva moderna segundo a qual a função central da investigação científica é reduzir a incerteza emergiu cedo na revolução científica que constitui o Iluminismo; na altura da morte de Galileu era claro que, aumentar o rigor com o qual se podia prever futuros eventos como processos determinados, seria uma característica central do método científico, tanto no nível teórico como empírico das ciências físicas. No decorrer dos séculos XVIII e XIX, as primeiras ciências sociais imitaram esta tendência tentando desenvolver relações causais de um modo estável e determinado. No século XX, a noção de que a investigação científica reduziria o comportando animal à certeza determinista, tornou-se a noção dominante, também nos círculos da psicologia. Em nenhum outro sítio isto isto é tão claro como no trabalho de Pavlov. Como Pavlov escreve em, Reflexos Condicionados,

O fisiologista deve seguir o seu próprio caminho, onde uma trilha já lhe foi aberta. Há trezentos anos Descartes evoluiu a ideia de reflexo. Começando pela assunção de que os animais se comportavam simplesmente como máquinas, ele via cada actividade do organismo como uma reacção necessária a estímulos externos... Uma corajosa tentativa de aplicar a ideia de reflexos às actividades dos hemisférios [cerebrais] foi feita pelo fisiologista, I.M. Sechenov, tendo por base o conhecimento disponível no seu tempo acerca da fisiologia do sistema nervoso central. Num panfleto intitulado, "Reflexos do Cérebro", publicado na Rússia em 1863, fez uma tentativa de representar as actividades dos hemisférios cerebrais como reflexos - que é o mesmo que dizer, determinadas (Pavlov 1927).

No período que se seguiu, Skinner e os seus estudantes fortaleceram esta noção e os psicólogos como grupo, abraçaram a ideia de que uma teoria psicológica completa seria determinada. Ao estudar as relações causais entre o ambiente, o organismo e a resposta, estes cientistas iniciaram o processo de desenvolver uma teoria da psicologia testável e preditiva. O século XX testemunhou uma tendência similar na efectiva aplicação do método científico à compreensão das fontes biológicas do comportamento e, como resultado, viu o desenvolvimento de um poderoso programa deterministico da compreensão dos sistemas biológicos. Charles Sherrington, por exemplo, aplicou esta abordagem ao estudo psicológico dos reflexos, com grande efeito.

Determinismo e a Filosofia da Ciência

Em círculos filosóficos, o papel central da perspectiva determinista do mundo no método cientifico clássico, também se tornou, nesse período, um princípio formalizado. No princípio do século XX, o filósofo Karl Popper definiu explicitamente o objectivo da ciência moderna como sendo a falsificação de teorias existentes através da investigação experimental. Para Popper, as teorias nunca poderiam ser provadas na prática, apenas sujeitas a testes de falsificação.

Se a evidência experimental falsifica a teoria ela é descartada; se a evidência experimental corrobora a teoria, ela pode ser retida, tentativamente. O aspecto crítico nesta lógica é o que ela implica acerca da indeterminação. Considere-se a afirmação teórica de que, se atirar uma moeda ao ar existem 50% de chances que ela aterre de cara para cima. Como Popper fez notar, isto não apenas é inverificável do ponto de vista teórico, como também não é testável; a minha afirmação prediz todos os resultados empíricos possíveis e, por isso, não é passível de falsificação. Mais importante ainda, a minha afirmação teórica prediz como resultado experimental, todas as séries finitas possíveis de lançamentos de moedas que poderiam ser observadas. Se a moeda tem a mesma probabilidade de cair no lado cara e no lado coroa, então qualquer série específica de cara e de coroa é igualmente provável, sejam seis caras seguidas ou seis movimentos alternados entre cara e coroa. Nenhuma previsão formal de qualquer resultado específico é possível e, por essa razão, Popper argumentou que alegações probabilísticas sobre processos indeterminados são irremediavelmente problemáticas. Na verdade, nos seus primeiros escritos, Popper chegou a argumentar que a noção de um universo fundamentalmente indeterminado é, na base, uma proposição não científica.

Nas décadas de 1920 e 30, no entanto, a disciplina emergente da física quântica levantou um desafio importante a esta noção que evoluiu durante o Iluminismo e motivou grande parte do trabalho de Popper. Baseada inicialmente no trabalho de Heisenberg e seus colegas, surgiram fortes evidências de que alguns fenómenos que ocorrem a uma escala atómica e sub-atómica são, de facto, fundamentalmente indeterminados e, por isso, apenas podem ser descritos probabilisticamente. Este era um desafio crítico à filosofia da ciência existente expressa por Popper uma vez que a filosofia argumentava que uma teoria da física construída sobre a probabilidade não era falsificável e talvez não fosse, sequer, científica.
No entanto, as evidências empíricas reunidas durante esse período pareciam indicar inequivocamente que, numa escala suficientemente pequena de análise, ocorrem eventos que são fundamentalmente indeterminados. Isso indicava que a filosofia da ciência, e não a realidade do nosso universo físico, poderia ter que mudar.

Indeterminações no Mundo Físico São Importantes Para os Cientistas Behavioristas?

Quais são as implicações dessas questões, se as há,  para o estudo do comportamento? Mesmo que haja indeterminações fundamentais no mundo físico, isso importa para os cientistas behavioristas? Muitos estudiosos acreditam que o físico quântico Edwin Schrodinger forneceu uma resposta para essa pergunta no livro What Is Life (1944), onde argumentava que para qualquer organismo sobreviver, teria que operar, em princípio, num ambiente totalmente determinado. A indeterminação seria fatal para os sistemas vivos. O trabalho de Schrodinger demonstrou que nas escalas atómica e sub-atómica, a matéria pode ser descrita apenas em termos probabilísticos, mas também mostrou que grandes agregados dessas partículas elementares se comportam de maneira efetivamente determinada. Argumentava que as células vivas eram objetos grandes o suficiente para nunca interagirem com partículas atómicas ou sub-atómicas únicas, mas apenas com esses agregados determinados maiores. No fundo, ele argumentou que as células eram grandes o suficiente para que flutuações quânticas nas propriedades de átomos individuais não tivessem efeito sobre elas.

Argumentou que as células biológicas têm o tamanho que têm especificamente porque a indeterminação quântica as impede de sobreviver se elas se tornarem menores. Os biólogos, psicólogos e cientistas sociais, assegurou-nos, não precisam de se preocupar com a indeterminação fundamental do universo:

Se assim  não fosse, quer dizer, se fossemos organismos tão sensíveis que um único átomo, ou mesmo alguns átomos, pudessem causar uma impressão perceptível nos nossos sentidos - céus, como seria a vida! Para enfatizar um ponto: um organismo desse tipo certamente não seria capaz de desenvolver o tipo de pensamento ordenado que, depois de passar por uma longa sequência de estágios anteriores, acaba resultando na formação, entre muitas outras ideias, da ideia de um átomo.

Recentemente, no entanto, começaram a surgir evidências nos domínios social, psicológico e neurobiológico que sugerem que, em escalas de análise maiores do que a que Schrodinger examinou em What Is Life, os sistemas vivos exibem um comportamento aparentemente indeterminado.

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(uau! isto está a ficar entusiasmante! Uma espécie de caça ao tesouro. Amanhã há mais)