Tânia Gaspar, directora do Instituto de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade Lusíada de Lisboa, o trabalho tem de começar mesmo pelos adultos. “Eu não estou de acordo com proibições. O que temos é de promover coisas sustentáveis e que potenciem a auto-regulação. Quando se proíbe, na primeira oportunidade [o jovem] vai arranjar um esquema para contornar essa proibição e fazer coisas ainda mais perigosas, fora de qualquer controlo. Por isso não se vai proibir, mas criar condições para se fazer as coisas de forma segura.
Vejamos: antes da proibição do tabaco e já depois dos pais saberem que o tabaco era causa de dependência grave e doenças graves (as tabaqueiras sabiam quais os ingredientes que deviam incluir nos cigarros para criar dependência) toda a gente continuava a fumar desde muito cedo: 12, 13 anos era a idade de iniciação. Depois da proibição de fumar o que aconteceu? Quase ninguém fuma e não há nenhuma revolução em marcha por causa da falta do vício. Quem fumava e foi proibido, habituou-se ou durante um tempo fumou às escondidas, mas as novas gerações que já nasceram nessa proibição não sentem falta de um vício que nunca tiveram. Quem diz que é contra a proibição não vê a dependência das redes sociais como um vício, tal como o tabaco ou o álcool, que causa estragos físicos e mentais, mas é. Há muitos estudos já que mostram a correlação entre o uso desregrado da tecnologia digital na infância e adolescência e a diminuição da inteligência. Desde quando uma criança ou adolescente, com 10 ou 15 anos, sabe auto-regular o seu vício? Nem os adultos sabem fazê-lo!
O ideal era haver um psicólogo de família que acompanhasse o desenvolvimento [das crianças e jovens] em todas as suas etapas, e mesmo antes do nascimento, porque há determinadas competências que devem ser adquiridas em determinadas idades e os pais não têm noção, fazem incorrecções”, afirma.
Esta afirmação de que devia haver um psicólogo por família para corrigir a educação dos pais tem muito que ver com o radicalismo da direita que se revolta contra a arrogância dos pseudo-pedagogos de entenderem que sabem a verdade sobre o ser humano e a sua educação e que devia haver maneira de corrigirem os pais com a última moda da Psicologia... à ciência da Psicologia cabe-lhe mostrar os resultados da últimas investigações, mas não corrigir a opinião dos outros adultos. Aí é que deve haver educação e não imposição porque não se lida com crianças e adolescentes mas com adultos que têm opções de vida próprias, por muito que custe aos outros as suas opiniões e escolhas de vida.
São estas pessoas que andam nas Universidades de Psicologia a orientar a Psicologia da Educação para os disparates que hoje em dia norteiam as políticas educativas, como por exemplo, entender que as crianças e adolescentes têm conhecimento e desenvolvimento para saberem auto-educar-se sem a necessidade de educadores e que os adultos é que têm que ser corrigidos nas suas opiniões.
Jovens e redes sociais: “Sou sempre contra a proibição pura e dura”
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