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October 17, 2024

Acho bem


 

O PSD está cheio de Khameneis que querem regredir ao tempo em que as mulheres tinham de pedir autorização para existir.


Juíza anti-aborto candidata ao TC tem chumbo certo pelo PS




September 24, 2024

Ela tem razão




PSD e CDS comportam-se, nesta questão, como fundamentalistas extremistas religiosos. Ao contrário do que diz Montenegro, os fetos não têm direitos. Se os tivessem, as mulheres seriam reféns do seu próprio corpo e poderiam ser presas, guardadas à vista ou obrigadas a seguir regras de vida estranhas a si mesmas, sempre que alguém resolvesse acusá-las de estarem a violar os direitos do seu feto por qualquer razão: come doces, tem uma profissão de stress, vive num ambiente de poluição, sai à noite em vez de ir dormir, etc., etc. e mais etc. Daí não se segue que se possa fazer um aborto em qualquer altura da gravidez. Aliás, a partir de certa altura já nem se chama aborto mas sim, parto. Dito isto, a lei portuguesa, como fica muito claro e é bem explicado neste artigo, escolhe prejudicar a saúde das mulheres, dificultar o acesso à sua livre escolha e auto-determinação e até humilhar as mulheres com obrigação de reflexão e ter de aturar moralismos deslocados de médicos e enfermeiros.

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PSD e aborto: uma história de extremismo


DN

Fernanda Câncio

Quando noutros países - caso do Reino Unido, em 2022 - governos de centro-direita reforçam a autonomia das mulheres aprovando o “teleaborto” e alargando o prazo legal para as 14 ou mais semanas, por cá temos um PSD que, a respeito do direito das mulheres a decidir, pede meças à direita mais extrema da Europa.

“Abortos medicamentosos em casa passam de medida excecional a permanente em Inglaterra e Gales”. Este é o título de um comunicado do governo britânico datado de 23 de agosto de 2022. Mais abaixo lê-se: “Isto foi publicado durante o governo conservador de Johnson (2019/2022)”.

O comunicado refere-se ao facto de o executivo de Boris Johnson ter decidido transformar em procedimento normal a medida de exceção adotada em março de 2020, no início do confinamento pela pandemia Covid-19, que permitiu o aborto “precoce”, ou “early abortion” (o uso dos medicamentos abortivos é recomendado apenas nas primeiras semanas da gestação; quando esta é mais adiantada, procedimento deve ocorrer em ambiente hospitalar e por cirurgia) em “telemedicina”, assim evitando que as mulheres tivessem de se deslocar a serviços de saúde.

“Esta nova legislação permite às mulheres aceder aos medicamentos abortivos por via de teleconsulta, e tomarem os dois medicamentos em casa quando a gravidez não ultrapassar as nove semanas e seis dias [10 semanas de gestação]”, anuncia o texto. Maggie Throup, a ministra da saúde de Johnson, é citada: “O bem-estar e a segurança das mulheres que querem aceder a este serviço é o mais importante. Com estas medidas, as mulheres terão mais escolha no acesso aos serviços de aborto, enquanto se continua a garantir a monitorização de forma a manter a sua segurança.”

A medida, que implicou uma alteração à lei de 1967 que legalizou a interrupção de gravidez no Reino Unido, permite que as mulheres possam receber pelo correio os comprimidos de mifepristone e misoprostol após terem acedido a uma “teleconsulta” (por telefone ou por via digital) com um profissional de saúde. Isto naturalmente significa que não existe um exame médico ou uma ecografia que, como é obrigatório em Portugal, certifique o tempo de gestação: é uma decisão que o profissional de saúde toma com base na conversa com a mulher.
Do mesmo modo, uma anterior norma da lei britânica (que foi copiada para a portuguesa, e por cá se mantém em vigor), segundo a qual tinha de haver intervenção de dois médicos - um para verificar que a gestação estava dentro do prazo legal e outro para levar a cabo o procedimento - deixa também de fazer sentido: basta um profissional de saúde para fazer a consulta. E nem sequer, como adverte a British Medical Association (a Ordem dos Médicos britânica), tem de ser médico.

A BMA pugnou aliás por esta alteração legal, explicando porquê: “Um estudo sobre mais de 50 mil abortos antes e depois da medida excecional pandémica, publicado pelo British Journal of Obstetrics and Gynaecology, concluiu que o aborto por telemedicina é ‘eficaz, seguro, aceitável e melhora os cuidados de saúde’. Os dados demonstram que a espera média pelo procedimento passou de 10,7 dias no percurso tradicional [com ida a clínica ou hospital] para 6,5 dias na telemedicina, e a idade média gestacional no momento da interrupção também diminuiu, resultando em 40% dos abortos terem lugar às seis semanas ou menos - antes eram 25% - , e num aumento da eficácia, com 98,8% das interrupções a terem sucesso após a toma dos medicamentos.” Isto porque, advertia a BMA, “o aborto é um procedimento seguro e comum, mas quanto mais cedo ocorra melhor para a saúde e bem-estar das mulheres.”

Habituadas que estamos a uma Ordem que se centra no poder dos médicos (chegando ao ponto de, como no caso da objeção de consciência, inscrever no Estatuto Deontológico normas que contrariam a lei da República), quase parece estranho constatar que os médicos britânicos colocam o bem-estar e saúde das mulheres em primeiro lugar. Aliás, a BMA sublinha que as mulheres são perfeitamente capazes de saber de quantas semanas de gravidez estão (pelo que não é necessário serem examinadas), e que não é obrigatório que a teleconsulta seja com um médico; pode ser com um enfermeiro.

Mas não é da diferença entre a Ordem dos Médicos portuguesa e a britânica que quero falar, é da que se observa entre os políticos do chamado centro-direita português - mesmo se, na verdade, vários dos anteriores bastonários se assumiram como políticos dessa área, levando a concluir que o problema é o mesmo - e os seus congéneres da generalidade dos países europeus.

Em causa está perceber o que leva o PSD a, com honrosas exceções como Rui Rio e Leonor Beleza (e, a dada altura, Passos Coelho, antes de nas eleições de 2015 aparecer de terço no bolso, transmutando-se no hiper-conservador que é hoje), se posicionar desde sempre contra a possibilidade de as mulheres poderem decidir se levam ou não avante uma gravidez. Aliás, ao longo de quase cinco décadas de democracia, o PSD esteve contra todos os avanços no que respeita a direitos sexuais e reprodutivos, de forma particularmente militante quando em causa esteve o direito das mulheres à autonomia.

É como se em vez de um partido social-democrata fosse (é?) um partido confessional, católico fundamentalista. O que é tanto mais curioso quando o seu fundador, Sá Carneiro, afrontou serena e corajosamente o preconceito católico dos anos 1970 vivendo (e morrendo) com a mulher que amava quando era casado com outra.

Mas disperso-me: voltemos às leis do aborto. Na Europa, Portugal é o país com o prazo legal mais curto para a interrupção de gravidez por exclusiva vontade da mulher: 10 semanas. Sendo a média vigente 12 semanas, vários países têm vindo a alargar esse prazo e a eliminar o anacrónico “período de reflexão” que no caso português (copiando a legislação britânica de 1967) é de três dias. França e Espanha aumentaram o prazo para 14 semanas e eliminaram a “reflexão mandatória”, há muito considerada pela Organização Mundial de Saúde como um obstáculo no acesso à interrupção de gravidez segura. A Bélgica começou na semana passada a discutir essa alteração - eliminação da “reflexão” obrigatória e alargamento do prazo para as 14 semanas -, proposta por uma comissão de peritos.

E se a Espanha tem no governo o Partido Socialista, em França - onde o aborto foi legalizado, em 1974, por um governo de centro-direita - o governo que colocou este ano, com os votos de toda a esquerda, o direito ao aborto na Constituição era de centro-direita.

Na maioria dos países europeus que têm leis de aborto com prazos maiores que a portuguesa - incluindo a alegadamente mui católica Irlanda, onde a interrupção de gravidez foi legalizada em 2018, por referendo - o centro-direita está ou esteve muitos anos no poder. Mas os únicos, além de Portugal, onde se procedeu a alterações legais de modo a dificultar o acesso ao aborto foram a Hungria de Orban (onde o aborto até às 12 semanas foi legalizado em 1953) e a Polónia dos irmãos Kaczynski, que decretou uma interdição quase total - ou seja, dois governos de extrema-direita.

É nessa excelsa companhia, a dos partidos extremistas de direita, que PSD e CDS se colocaram quando em 2015, no último dia da legislatura, alteraram a lei do aborto para retirar a proibição, que ali constava, de objetores de consciência conduzirem as consultas de interrupção de gravidez e para obrigarem as mulheres que queriam abortar a serem “assistidas” por psicólogos e assistentes sociais durante o “período de reflexão” (esta alteração foi revogada pela maioria de esquerda que resultou das eleições de 4 de outubro de 2015). Na campanha para as legislativas de 10 de março deste ano, Paulo Núncio, vice-presidente do CDS, congratulou-se com esse feito, gabando a coligação PSD-CDS por ter sido, em 2015, a primeira força política a criar dificuldades no acesso ao aborto legal.

E será nessa excelsa companhia - a dos partidos extremistas de direita, entre os quais se conta o Chega -, e contra a generalidade dos partidos daquele que dizem ser o seu grupo político (a social-democracia) que PSD e CDS se colocarão mais uma vez se, como parece certo, votarem contra a eliminação da obrigatoriedade dos três dias de “reflexão” e contra o alargamento para as 12 semanas do prazo da interrupção de gravidez por vontade exclusiva da mulher.

Porque nesta matéria, a das mais fundamentais liberdades individuais - como se constata também no indecoroso comportamento do governo em relação à lei da eutanásia, que se recusa, em violação da Constituição e da ordem democrática, a regulamentar - PSD e CDS comportam-se como partidos extremistas iliberais, de vertente totalitária: querem decidir por nós o que fazemos da nossa vida e connosco, mandar nas nossas consciências e nas nossas mais íntimas e sagradas escolhas.

April 12, 2024

Se querem obrigar as mulheres que engravidam a ter os filhos, então não podem engravidá-las sem o seu consentimento explícito



Não vejo em que é que o texto aprovado no PE é polémico. Os homens têm plenos direitos de auto-determinação mas segundo Montenegro, as mulheres não podem ter. Quem dizer, podem mais ou menos: se tiverem a aprovação do macho.
O texto não é polémico. As mulheres terem acesso a cuidados de saúde reprodutivos não significa não haver nenhuma regulamentação sobre prazos limite para se fazer a IVG. Significa as mulheres não serem sujeitas a humilhações, palestras e negações como chantagem ou pressão para que decidam contra a sua própria vontade e sejam obrigadas a manter as gravidezes.
Acho mal e verdadeiramente retrógrado que Montenegro não reconheça às mulheres o direito a decidir de si mesmas.
Neste medida, dado que as mulheres são obrigadas a ter filhos contra a sua vontade, penso que devia ser aprovada na AR uma lei que obrigasse os homens a fazer uma vasectomia, até terem o consentimento explícito das mulheres, para as engravidarem. 
Como evitar o aborto: não engravidar mulheres sem o acordo delas. Se um homem engravidar uma mulher sem o seu consentimento explícito, vai preso. Este é a minha proposta.


Montenegro contra consagração de aborto como direito fundamental na UE


O primeiro-ministro e líder do PSD afirmou-se esta sexta-feira contra a consagração do aborto como direito fundamental, como recomendou o Parlamento Europeu na quinta-feira, por causar um "desequilíbrio jurídico" ao prevalecer apenas o direito à autodeterminação da mulher.

O Parlamento Europeu condenou o retrocesso nos direitos das mulheres em vários países, incluindo nos 27 Estados-membros do bloco comunitário, nomeadamente a imposição de restrições ao aborto e cuidados de saúde sexuais e reprodutivos.

Os eurodeputados querem que seja alterado o Artigo 3.º da Carta dos Direitos Fundamentais do bloco comunitário para incluir que "todas as pessoas têm o direito à autonomia sobre o corpo, o acesso gratuito, informado, pleno e universal à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos, e a todos os serviços de saúde conexos, sem discriminação, incluindo no acesso ao aborto seguro e legal".

March 04, 2024

780 votos contra 72

 


September 20, 2022

Texas, USA




@LbudisaLila

Levei a minha filha de 17 anos ao médico por causa de uma infecção sinusal. A enfermeira mediu-lhe a tensão arterial e fez algumas perguntas, uma das quais, a data do seu último período...


Replying to @LbudisaLila
Uma amiga da mulher do meu filho candidatou-se a um emprego. Mandaram-na fazer um teste de urina. O laboratório ligou-lhe a dizer dizer que não estava grávida. Os Recursos Humanos ligaram-lhe a dizer que tinha passado no teste. Ela recusou o emprego depois de lhe terem dito que teria de repetir o teste a cada 3 ou 4 meses. Tx.

O que se segue? Isto:

Daqui para a frente é preciso votar tendo em conta a posição dos partidos/pessoas nestas questões que são mais importantes que as económicas e outras porque retiram às mulheres a liberdade de viverem de acordo com a sua consciência, o seu interesse e os seus direitos.


September 13, 2022

Está tudo errado neste vídeo

 


Um homem, um idoso de idade e de cabeça, a falar pelas mulheres, com as mulheres atrás dele a deixarem que ele fale por elas, a dizer baboseiras estúpidas acerca do mundo concordar com ele... a uma mulher que descreve uma experiência devastadora. Ele não quer saber. As mulheres para estes tipos são como galinhas ou vacas reprodutoras que têm de ser postas com trela e dono. No Alabama, agora prendem as mulheres grávidas se as vêem fumar e depois não as soltam porque alegam que não tomam conta dos fetos e têm de ser guardadas à vista. Isto não tem que ver com humanidade mas com controlar as mulheres. Tem a ver com poder. São os Putins das mulheres, estes trogloditas que infligem a maldade às mulheres, por serem broncos ao modo de Trump.


August 23, 2022

EUA e o aborto - Primeiro decidem e votam e só depois vão informar-se da realidade

 


Entretanto, as mulheres é que pagam pelo obscurantismo alheio.


June 29, 2022

Roe v Wade - IVG e o que é isso de ser 'pró-vida'

 


Neste vídeo com um pequenino excerto de uma entrevista a Trump ele resume claramente o que é a posição de ser pró-vida: é punir as mulheres.

Para os que são, 'pró-vida', assim que uma mulher tem no seu corpo uma célula fecundada, a sua vida deixa de ter importância, a mulher agora é nada em si mesma e deve ser sacrificada em prol dessa célula fecundada que tem no organismo. A sua liberdade de se autodeterminar desaparece completamente e passa a ser uma refém da opinião alheia sobre a sua vida, as suas possibilidades de vida e o seu futuro. Portanto, a expressão 'pró-vida' é enganadora pois leva em si o desprezo pela vida da pessoa completa e formada que é a mulher.  

A gravidez é uma condição física e psicológica. Não é uma condição abstracta ou teórica, um conceito no vazio. Passa-se dentro do corpo das pessoas que são as mulheres e não é uma espécie de implante inócuo que as mulheres têm no corpo durante uns tempos e depois tiram e vão à sua vida. É um processo complexo, transformador da pessoa em termos físicos e psicológicos, com aspectos temporários e outros permanentes e riscos associados.

"Uma em cada 8.475 mulheres morre devido a complicações na gravidez. As causas mais comuns de morte de mulheres grávidas são:

- Embolia (coágulos de sangue que afectam o coração e o cérebro);
- Eclâmpsia (complicações da tensão arterial elevada que afectam a gravidez);
- Hemorragia intensa;
- Septicemia;
- Acidentes vasculares cerebrais (AVC, hemorragia no cérebro); 
- Mortes relacionadas com anestesia.

No total, estas causas são responsáveis por 80% de todas as mortes relacionadas com a gravidez de uma mulher. Causas desconhecidas ou pouco comuns são responsáveis pelos restantes 20% das mortes relacionadas com a gravidez. As mulheres que têm doenças crónicas graves correm um maior risco de morte do que as mulheres saudáveis. Também as raparigas adolescentes (entre os 13 e os 19 anos) estão sujeitas a maiores riscos. 

Em certos casos pode ser preciso ficar acamado quase todo o tempo de gravidez alterando por completo as condições da vida de uma pessoa.

A continuação da gravidez inclui também o risco de sofrer complicações que nem sempre são fatais.

- Aproximadamente 15 a 20 de cada 100 mulheres grávidas requerem parto por cesariana.
- Uma em cada 10 mulheres pode desenvolver infecção durante ou após o parto.
- Cerca de uma em cada 20 mulheres grávidas tem problemas de tensão arterial.
- Uma em cada 20 mulheres sofre de perda excessiva de sangue no parto.

O parto é quando o útero de uma mulher grávida contrai e empurra (dá à luz) o bebé do seu corpo. O parto pode ser feito através da vagina da mulher ou por cesariana. Uma cesariana é um procedimento cirúrgico.

Os seguintes são possíveis efeitos secundários e riscos associados ao parto vaginal:
- Lesão da bexiga ou do recto;
- Um buraco (fístula) entre a bexiga e a vagina ou o recto e a vagina;
- Hemorragia intensa (hemorragia);
- Incapacidade de engravidar no futuro, devido a infecção ou complicação de uma operação;
- Tratamento de emergência para qualquer dos problemas acima referidos, incluindo a eventual necessidade de tratamento com uma operação, medicamentos ou transfusão de sangue;
- Queda da bexiga. A parede vaginal suporta a bexiga. O parto coloca stress nesta parede, causando potencialmente danos a longo prazo. Mais tarde na vida, não é invulgar a parede vaginal ceder essencialmente, fazendo com que a bexiga caia na vagina.
- Incontinência de esforço. Quando a parede vaginal colapsa, isto desencadeia um efeito dominó. Não só a bexiga, a uretra e o recto se deslocam para dentro da vagina, mas isto também coloca pressão adicional sobre a bexiga, causando fugas. Esta fuga, conhecida como incontinência de esforço, pode ocorrer com qualquer esforço adicional ou ao rir, espirrar ou tossir.
- Rectocele. Durante o parto, é também possível rasgar o septo rectovaginal, que separa o recto e a vagina. O tecido rectal pode então saltar através desta abertura, semelhante a uma hérnia. As mulheres que fazem partos grandes (pesando mais de 4 quilos) ou as que têm partos rápidos são mais susceptíveis a esta condição.
- Raramente, a morte.

Os seguintes são possíveis efeitos secundários e riscos associados à cesariana:
- Lesão no intestino ou na bexiga;
- Incapacidade de engravidar no futuro, devido a infecção ou complicação de uma operação;
- Hemorragia intensa (hemorragia);
- Lesão no tubo (ureter) entre o rim e a bexiga;
- Uma possível histerectomia (cirurgia de remoção do útero) como resultado de complicação ou lesão durante o procedimento;
- Complicações da anestesia;
- Tratamento de emergência para qualquer dos problemas acima referidos, incluindo a possível necessidade de tratamento com uma operação, medicamentos ou uma transfusão de sangue;
- Morte.

Reacções Emocionais

- Muitas novas mães experimentam ansiedade e depressão pós-parto. Normalmente desaparece em poucos dias ou semanas com tranquilidade, apoio da família e dos amigos, o descanso e o tempo. (quantas mães têm estes luxos?)
- A depressão pode evoluir para uma depressão de longo prazo ou permanente com sintomas de não ser capaz de cuidar de si ou do bebé; não ser capaz de completar as tarefas diárias; e/ou incluir pensamentos de se magoar a si própria ou ao bebé; sentimentos graves de culpa e de vergonha por ser 'má mãe'; apatia.

O corpo de uma mulher grávida à medida que progride na gravidez, tem os orgãos fora do sítio normal o que origina muitos problemas temporários e/ou permanentes. Estas imagens mostram sempre os fetos quietinhos e enroladinhos mas a realidade é outra: os fetos movem-se, esticam-se, espreguiçam-se, dão pontapés e exercem uma constante pressão e 'empurranço' de orgãos dentro do corpo. Desvios da coluna na zona lombar, dores fortes nos rins, que neste desenho nem se vêem, etc.



Outros efeitos temporários e de longo prazo comuns: cansaço permanente, dores nas costas, anemia, perda de cálcio, gengivites, cáries (problemas nos dentes podem causar parto prematuro), incontinência, diabetes; náuseas e vómitos permanentes; azia (quando o feto cresce e coloca muita pressão no estômago e o ácido estomacal não é devidamente mantido no estômago), hemorróidas, colestase da gravidez, cãibras, síndrome de pernas inquietas, intensificação incómoda do olfacto, pólipos cutâneos, dores e extrema sensiblidade no peito devido ao aumento do estrogénio e da progesterona, leucorreia, deformação permanente do corpo, dores permanentes nas relações sexuais, etc., etc.

É evidente que mesmo com poucos problemas, uma gravidez e um parto são uma mudança brutal na condição física e psicológica das mulheres, umas temporárias, outras permanentes, de maneira que parece-me completamente normal que uma mulher possa escolher não querer passar por este processo. (Nem sequer me refiro aqui aos casos de violação, incesto e outros afins como a mulher já ter vários filhos e viver em pobreza, por exemplo, que me parecem nem sequer requerer argumentação)
Porque razão uma mulher tem de sacrificar a sua saúde, os seus estudos e a sua carreira para manter uma gravidez que não quer? Porque absurdo se deve obrigar a mulher a manter uma gravidez como uma punição?  O corpo das mulheres tornado refém dos dogmas religiosos de outros? Com que arrogância se diz às mulheres: agora que tens uma célula fecundada no corpo o teu valor é apenas essa célula e vamos obrigar-te a mantê-la com todos os riscos que isso comporta para ti (não para nós), mesmo a morte, se for preciso, tudo para manter essa célula no corpo. 
Um feto, durante muito tempo é um potencial: não tem sistema nervoso sequer constituído, mas as mulheres que engravidam não são umas células sem sistema nervoso, são pessoas que existem como seres humanos autónomos, com direitos universais. Ou os direitos humanos dizem, "todos os seres são iguais em liberdade, dignidade, autonomia, todos tem direito a cuidar da sua saúde física e psicológica..." excepto se forem mulheres e estiverem grávidas porque aí perdem todos os direitos e passam a ser recipientes de fetos sem poder de decisão sobre si mesmas e a sociedade e o Estado é que decidem o que elas podem fazer?

Pode dizer-se que os riscos mais graves afectam uma percentagem relativamente pequena de mulheres, mas a questão permanece: se calha a pessoa ser uma delas? Porque razão há-de ser obrigada a assumir estes riscos se não quiser? Ou será porque as religiões pensam que se as mulheres não querem ficar grávidas então que se abstenham de relações sexuais? 
Porque razão se dificulta a venda de contraceptivos?

Aquelas imagens que as pessoas que se dizem pró-vida -mas são contra a vida das mulheres- põem por aí de mulheres no último mês de gravidez como se fosse nessa altura que se fazem abortos (em nenhum país do mundo se podem fazer abortos a partir de certa altura  -onde já é chamado parto- que difere mas nunca vai a extremos) não passam de demagogia para chocar emocionalmente as pessoas. 

Eu tive uma educação religiosa - tenho padres na família. Sei como é a educação religiosa das raparigas, como nos é inculcado desde muito pequenas que o maior conseguimento e honra de uma mulher é ser mãe. Que estar grávida é ser uma espécie de rainha e que Deus fica contente connosco, que é o que Ele mais quer de nós mulheres, que as mulheres existem para ser amadas pelos homens e cumprirem o plano de Deus e por aí fora. Sempre com citações de Papas e outros homens que sabem nada acerca das mulheres e desprezam-nas como se vê claramente pela repartição do poder entre homens e mulheres nas religiões. 

A maioria dos homens religiosos e, infelizmente, muitas mulheres, pensam como Trump: as mulheres que interrompem uma gravidez são assassinas de bebés e merecem ser punidas (assim que uma célula é fecundada já lhe chamam, o bebé), da mesma maneira que os médicos que assistem na eutanásia são assassinos.

Vendo que as mulheres passam por tantos problemas físicos e emocionais com a gravidez, porque razão os homens não ajudam a evitar esse problema? Em primeiro lugar porque os homens ignoram por completo o que se passa com as mulheres física e psicologicamente durante a gravidez. Muitos dos legisladores nem sabem que a vagina e a uretra são coisas diferentes (há os que pensam que as mulheres têm o poder de mandar o corpo não engravidar), pensam que estar grávida é ter um implante no corpo que depois se tira e nem querem ouvir falar de 'problemas de mulheres' (há pouco tempo houve um sururu no nosso Parlamento porque uma deputada falou lá de menstruação - os homens ficaram embaraçados e algumas mulheres também). Depois, porque nas religiões o egoísmo masculino é exaltado: o homem é um macho que insemina as mulheres e impedi-lo de espalhar a semente, como dizem, é rebaixar os homens e atraiçoar o plano de Deus, de maneira que os homens não são educados a sentirem responsabilidade por engravidarem mulheres. Se sentissem essa responsabilidade já podiam ter desenvolvido uma pílula masculina, por exemplo ou podiam fazer uma vasectomia que é um procedimento que dura dez minutos + dois dias a comer gelados e é reversível, como se vê neste vídeo abaixo. Que é isso comparado com todos os problemas que uma mulher tem com a gravidez e o parto? Se os homens nunca engravidassem mulheres sem o seu consentimento o problema do aborto desaparecia. Isso é que é ser pró-vida e não defender a obrigação das mulheres estarem grávidas e a sua punição como assassinas, pelo facto de quererem tomar conta da sua saúde física e psicológica e das suas vidas.



Roe v Wade

 


“Women in the Seventies understood very clearly that having control over reproduction is central to women’s ability to determine their own futures, to get the education they want, to have careers. As people got used to having access to abortion — and there’s a false sense that we’ve achieved a measure of equality — that radicalism women had in the early years got lost,” said Joanna Schoen, the author of Abortion after Roe. Abortion rights are seen by young women as a given — which is understandable, since they have been for their entire lives — and also a bit uncool, something associated with their mothers.

  — by Hadley Freeman in American feminism has turned its back on women
The fight for sex-based rights has been sacrificed to gender ideology

June 26, 2022

Roe versus Wade

 


É assim que as democracias se vão. Uns juízes mentem no Senado para ocuparem o lugar que é vitalício e depois revertem leis que têm a maioria do apoio da população porque se entendem superiores ao povo. Ungidos por Deus talvez porque são Evangelistas, uma religião de fanáticos... e assim abrem a ruptura numa sociedade civil já em grande tensão e à beira da guerra civil em alguns Estados. Lindo serviço.



BNN Newsroom

@BNNBreaking

BREAKING: O Pentágono declarou que quaisquer leis sobre aborto decretadas como resultado da decisão do Supremo Tribunal não serão reconhecidas.

As Forças Armadas em frente ao edifício do Supremo Tribunal. land of the free and the home of the brave...?



Na.sexta-feira, o Secretário da Defesa Lloyd J. Austin III ( @SecDef ) emitiu uma declaração em resposta à decisão do Supremo Tribunal em Dobbs v. Jackson Women's Health Organization.

"Nada é mais importante para mim ou para este Departamento do que a saúde e o bem-estar dos membros do nosso Serviço, da força de trabalho civil e das famílias do DOD".

"Estou empenhado em cuidar do nosso povo e assegurar a prontidão e a resistência da nossa Força. O Departamento está a examinar de perto esta decisão e a avaliar as nossas políticas para garantir que continuamos a proporcionar um acesso sem descontinuidades aos cuidados de saúde reprodutiva, tal como permitido pela lei federal".

De acordo com O Politico, o Departamento de Defesa ( @DeptofDefense ) ainda não tem "qualquer política a anunciar para acomodar membros do serviço feminino estacionados em Estados que tenham proibido o aborto".

"As tropas femininas que procuram o procedimento já enfrentam obstáculos íngremes para obterem os cuidados de que necessitam: Não podem obter abortos em instalações médicas militares, & a lei federal também impede as tropas de utilizar o seu seguro de saúde Tricare para cobrir o custo dos procedimentos em instalações privadas, a menos que a vida da mãe esteja em risco devido à Emenda Hyde", acrescentou O Politico.


Roe versus Wade

 


Não era uma lei a favor do aborto, era uma lei a favor da autonomia das mulheres. A reversão da lei não é contra o aborto, é a favor de obrigar as mulheres a ficarem grávidas. Mandá-las para a cadeia se necessário. Grávidas contra a sua decisão, contra a sua liberdade fundamental, contra a sua a sua saúde física e psicológica, contra a sua autonomia. Uma pessoa que não tem autonomia sobre o seu próprio corpo é um escravo, neste caso, uma escrava. Mesmo nos regimes comunistas que negam a propriedade privada, ninguém nega a propriedade privada do próprio corpo. Só os esclavagistas defendem a alienação da autonomia da pessoa a um dono qualquer. Os EUA estão a deixar de ser um país laico para se transformar num país de leis religiosas. Custa ver um país como os EUA instituir a perseguição das mulheres como no tempo da inquisição.


Gloria Steinem's memoir:



Roe versus Wade

 




June 25, 2022

Porque é que a pílula não é vendida sem receita médica?

 




As pílulas anticoncepcionais são seguras e simples: Por que Requerem uma Receita Médica?

By Mariana Lenharo

Os riscos associados à contracepção hormonal são inferiores ao risco de gravidez em si e comparáveis aos de outros medicamentos de venda livre.

O Supremo Tribunal dos EUA prepara-se para anunciar uma decisão que poderá restringir severamente os direitos ao aborto no país e o acesso à contracepção assumiu uma importância renovada. As pílulas contraceptivas e outros contraceptivos hormonais - incluindo adesivos, injecções e anéis vaginais - têm sido totalmente cobertas por quase todos os planos de seguro de saúde desde que a Affordable Care Act as designou como cuidados de saúde preventivos. Mas persiste uma barreira importante: o facto de ser necessária uma receita médica para os obter.

"Há mulheres que têm uma longa fila de espera para entrar num consultório médico", diz a presidente legislativa da Secção de Illinois do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG). Ela diz que as novas pacientes esperam até seis meses para obterem uma consulta no seu consultório em Chicago. "A principal barreira é apenas o tempo e o acesso ao prestador para passar a receita", diz Quinlan. "E acreditamos realmente que não é necessário um passo extra. Ir a uma farmácia é muito mais fácil, mais conveniente e igualmente seguro".

Especialistas em saúde reprodutiva argumentam que a exigência de uma prescrição tem mais a ver com política do que com medicina baseada em provas.

REQUISITOS PARA MEDICAMENTOS DE VENDA LIVRE

De acordo com a U.S. Food and Drug Administration, para que um medicamento seja vendido ao balcão, deve tratar uma condição que o utilizador possa auto-diagnosticar, deve ser seguro e a pessoa deve ser capaz de o utilizar eficazmente sem a ajuda de um prestador de cuidados de saúde.
Os contraceptivos hormonais satisfazem estes requisitos. Em primeiro lugar, a necessidade de prevenir a gravidez é claramente identificável por si própria. "É muito fácil para alguém compreender que pode potencialmente engravidar, não o querendo", diz o médico Krishna Upadhya, especialista em medicina para adolescentes. 

As principais preocupações sobre a segurança dos contraceptivos são eventos relacionados com tromboembolismos venosos - coágulos de sangue que se formam nas veias e podem levar a complicações potencialmente graves ou fatais.
Existem dois tipos de contraceptivos hormonais: um que contém apenas progesterona (uma forma sintética da hormona progesterona) e outro que combina progesterona e estrogénio. Têm perfis de risco distintos. Os de progesterona não estão associados a um risco acrescido de coágulos sanguíneos. 
Os contraceptivos orais combinados, por outro lado, aumentam ligeiramente o risco de coágulos de sangue. Num determinado ano, três a nove em cada 10.000 mulheres que utilizam as pílulas combinadas desenvolverão um coágulo de sangue, de acordo com a FDA. 
Entre as não utilizadoras que não estão grávidas, o risco varia de uma a cinco em cada 10.000 pessoas por ano.
 Mas estes são acontecimentos raros, salientam os especialistas, especialmente quando comparados com o risco de gravidez em si. Entre as pessoas grávidas, cinco a 20 em cada 10.000 por ano desenvolverão um coágulo de sangue. O risco sobe para 40 a 65 em 10.000 por ano nos primeiros três meses após uma pessoa dar à luz. Durante a gravidez, o sangue coagula mais facilmente para ajudar a preparar o corpo para uma potencial perda de sangue durante o parto. Esta mudança natural persiste durante pelo menos 12 semanas após o parto, segundo as pesquisas, e pode ser agravada pela mobilidade reduzida de uma pessoa após o parto.

"Há muitos medicamentos disponíveis ao balcão com muitos mais riscos do que as pílulas anticoncepcionais", diz Sally Rafie, farmacêutica da Universidade da Califórnia. Os analgésicos comuns como a aspirina e o ibuprofeno podem ter efeitos secundários graves, incluindo hemorragias gastrointestinais, e o acetaminofeno tem sido associado a insuficiência hepática aguda.
Em vez de comparar o risco das pílulas anticoncepcionais com o de outros medicamentos de venda livre, faz mais sentido compará-los com o risco de não conseguir aceder às pílulas anticoncepcionais, diz Quinlan. "O risco de coágulos sanguíneos, se [uma pessoa] não tiver acesso à contracepção e ficar grávida, é muito maior".
As evidências também mostram a capacidade das pessoas em usar contraceptivos hormonais de forma segura e eficaz sem a assistência de um médico, outro requisito para medicamentos de venda livre.


Antes de prescrever pílulas anticoncepcionais, os prestadores de cuidados de saúde verificam se uma pessoa tem alguma contra-indicação que possa aumentar o seu risco de efeitos secundários. Perguntam, por exemplo, se a pessoa fuma, se tem doenças cardíacas ou se pode estar grávida ou se esteve grávida recentemente. A investigação mostra que as pessoas são capazes de saber isso por si mesmas. Um estudo realizado por investigadores em Inglaterra, publicado em 2008 no Journal of Family Planning and Reproductive Health Care, por exemplo, revelou que um grupo de mulheres que pediam contracepção oral e que preenchiam um questionário, avaliavam a sua elegibilidade tão bem como os seus prestadores de cuidados de saúde (e eram ainda mais susceptíveis de relatar factores de risco).

Durante uma consulta, o médico também explicará como utilizar o contraceptivo, o que é uma instrução bastante simples. "Penso que é realmente um pouco insultuoso para as mulheres dizer que precisam deste tipo de figura paternalista para lhes explicar que precisam de tomar um comprimido todos os dias ao mesmo tempo", diz Anna Glasier, professora honorária do departamento de obstetrícia e ginecologia da Universidade de Edimburgo e especialista em saúde reprodutiva e contracepção.


As evidências sugerem que o acesso a pílulas anticoncepcionais de venda livre pode de facto tornar as pessoas mais propensas a tomá-las. Um estudo que recrutou utilizadoras de contraceptivos orais residentes em El Paso, Tex., comparou um grupo de pessoas que obtiveram as suas pílulas numa clínica dos EUA com um grupo de indivíduos que compraram as suas pílulas no balcão de uma farmácia no México.
"Descobrimos que as pessoas que obtinham os comprimidos nas clínicas tinham uma probabilidade significativamente maior de descontinuar a pílula", diz o co-autor do estudo Daniel Grossman, professor na Universidade da Califórnia, departamento de obstetrícia, ginecologia e ciências reprodutivas de São Francisco. "Das entrevistas que fizemos com pessoas que obtiveram os comprimidos no México, disseram que era mais fácil para elas, mesmo que isso significasse atravessar uma fronteira internacional".
Com base neste conjunto de provas, associações médicas como a ACOG têm vindo a apoiar o acesso de balcão a contraceptivos hormonais há vários anos. A mudança para o estatuto de venda livre é também apoiada pelo American College of Clinical Pharmacy, uma associação profissional de farmacêuticos.


Se as pílulas anticoncepcionais cumprem todos os requisitos, porque é que ainda não estão disponíveis no balcão? 
(...) Este pode ser um processo longo e complicado. A mudança da "pílula do dia seguinte", para o estatuto de venda livre levou vários anos. "Penso que a experiência fez com que as empresas farmacêuticas desconfiassem muito de o fazer, porque viram que mesmo que se tivesse bons dados que mostrassem que o seu produto era apropriado para venda livre, ainda assim poderia ser bloqueado politicamente", diz Grossman.
Os contraceptivos também não são medicamentos muito rentáveis, pelo que há poucos incentivos para os colocar à venda livre".
"Para além de tudo o resto é o facto de a contracepção estar ligada ao sexo e à moralidade", diz Glasier. Isto ajuda a explicar o forte lobby contra tanto a contracepção como o aborto.


"Nos Estados Unidos, estamos perante uma verdadeira crise em termos de acesso ao aborto e também de acesso a outros cuidados de saúde sexual e reprodutiva", diz Upadhya "Por isso é muito importante que façamos tudo o que estiver ao nosso alcance para expandir o acesso a métodos contraceptivos seguros".

May 04, 2022

Que um país com o peso dos EUA proíbam a IVG à maneira das ditaduras teocráticas não é pouca coisa

 


Os EUA são uma democracia dita avançada no que respeita aos direitos humanos, às liberdades civis e à auto-determinação individual. Esta mudança por parte de um país que quer ser, e é, em parte, um modelo de democracia para uma grande parte do mundo, é um mau indício e agouro.



May 03, 2022

Este Presidente americano

 


Escrevi isto sobre Biden ainda antes das eleições e parece-me que não estava errada. O meu receio é que Biden seja um breve hiato na deriva para o autoritarismo em que os EUA estavam desde Trump e da interferência de Putin. Acho piada a todos os que declaram que ter de usar máscara em certos locais é uma violação gravíssima da liberdade de fazer com o corpo o que se quer mas depois serem contra o direito das mulheres terem liberdade e domínio sobre o seu próprio corpo e saúde.



December 28, 2021

Direitos reprodutivos







Os homens ainda vêem os seus direitos como superiores e inquestionáveis e os das mulheres como acomodáveis. 
A Pfizer inventou o comprimido azul para os homens poderem estender a vida útil dos seus corpos sexuais e inventou a vacina contra a Covid-19 em seis meses, mas nem essa farmacêutica nem nenhuma outra ainda se interessaram em desenvolver um comprimido rosa, por assim dizer, um contraceptivo masculino. E, no entanto, teria um enorme lucro. E porque razão? Porque se considera que as mulheres é que devem acomodar-se aos desejos e interesses masculinos. 

Nem sequer os contraceptivos femininos têm a atenção que merecem em termos de qualidade e muitas mulheres não os podem usar devido aos efeitos secundários.
No entanto, esses mesmos homens que se indignam e recusam a fazer o que seja para mitigar as dificuldades das mulheres neste assunto, defendem, ainda por cima, que se lhes crie mais dificuldades, impedimentos, restrições, penas, multas, prisão, perseguição, ostracismos e sei lá mais o quê.

Felizmente, porque nem todos os homens são pessoas infantis, dogmáticas e egoístas, muitos homens começam a perceber que as mulheres também têm direito a uma vida sexual activa sem o medo permanente de engravidar, com todos os problemas que daí advêm, e dão passos para dividirem essa responsabilidade.

Os homens em toda a América estão a fazer vasectomias "como um acto de amor".



Com o direito ao aborto sob ameaça, os homens dizem que querem desempenhar um papel no planeamento reprodutivo para apoiar as suas parceiras.

O Deputado Chris Rabb do Estado da Pensilvânia introduziu uma legislação, este Outono, em resposta à lei texana que equivale a uma proibição quase total do aborto. A proposta de Rabb exigia que os homens fizessem vasectomias após o nascimento do seu terceiro filho ou quando fizessem 40 anos, o que ocorresse primeiro. Os homens que não cumprissem podiam ser denunciados, recebendo o denunciante 10.000 dólares.

Rabb, um pai de dois filhos que fez uma vasectomia em 2008, disse que só tinha de discutir a sua escolha com a esposa e o urologista. O objectivo da sua proposta, disse ele, era destacar o sexismo, a duplicidade moral e a hipocrisia inerente ao debate anti-aborto, mas explodiu de uma forma que ele não esperava.
"Subestimei o ódio que esta proposta trouxe", disse Rabb numa entrevista, acrescentando que recebeu milhares de emails cheios de ódio, posts no Facebook e até ameaças de morte. 
"A noção de que um homem teria de suportar ou mesmo pensar em perder a autonomia corporal foi recebida com indignação, quando todos os dias as mulheres enfrentam isto e, de alguma forma, parece não fazer mal que o governo invada os úteros das mulheres e raparigas mas que, se propuser vasectomias ou limitar os direitos reprodutivos dos homens, estará a abusar do seu poder".

Koushik Shaw, médico do Austin Urology Institute no Texas, disse que a sua prática registou um aumento de cerca de 15% nas vasectomias programadas após a proibição do aborto no Texas, em 1 de Setembro.
Os avanços no procedimento de 10 minutos sem agulha e bisturi precisam de um empurrão cultural.


"É escandaloso que não tenhamos mais opções contraceptivas para as pessoas com partes de homem", disse Miller. "Há até uma sensação errada de que o controlo da natalidade não é uma tarefa de homem, que não se pode confiar nos homens, ou que nunca estariam interessados, e isso levou à falta de financiamento e desenvolvimento".

Alguns defensores dos direitos ao aborto argumentam que os homens têm um enorme interesse em abortos legais e seguros, e "o facto de não estarmos lá fora a lutar tanto como as mulheres é vergonhoso", disse Jonathan Stack, um copo-fundador do Dia Mundial da Vasectomia.

"Já sabemos que os homens nem sempre querem usar preservativos, ou estes não funcionam, ou eles tiram-nos", disse Esgar Guarín, um médico de familia.

Um homem pediu uma espécie de "passaporte de vasectomia", uma carta para mostrar à sua esposa que o sexo estaria agora livre de preocupações.

"Os homens são bebés grandes". Considerando tudo o que as mulheres passam - menstruação, Papanicolau, OB/GYN visitas", disse Younts.

November 13, 2021

Como vejo as leis anti-aborto

 



Uma conversa entre um anti-aborto e uma mulher:

Anti-aborto: A senhora tem aí no corpo uma célula fecundada.

Mulher: Sim, mas eu não quero esta célula.

Anti-aborto: Ah, mas isso não é possível. Agora que tem uma célula fecundada tem que guardá-la e desenvolvê-la até que se torne um feto e depois nasça.

Mulher: Eu não quero. Tenho outros projectos na minha vida.

Anti-aborto: Agora que tem uma célula fecundada a nossa visão do que são as mulheres e para que servem tem prioridade sobre aos seus interesses.

Mulher: A propósito de quê é que a minha vida tem menos valor que uma célula do meu corpo?

Anti-aborto: A célula do seu corpo é um ser humano em potencial.

Mulher: Sim, mas eu mesma sou um ser humano e não apenas um potencial de ser humano. Existo, tenho uma vida, tenho objectivos e não quero comprometer-me agora com um filho para a vida inteira.

Anti-aborto: Essa célula não tem culpa de existir e agora que existe tem que ser preservada a todo o custo, mesmo que isso implique a senhora morrer. A célula do seu corpo é tudo, a senhora nada!

Mulher: Culpa? Que tem isto a ver com culpa? É uma célula que está no meu corpo. Eu é que escolho se a quero no meu corpo.

Anti-aborto: Não lhe cabe a si escolher. A Sociedade dos homens é que diz o que pode fazer com as células fecundadas do seu corpo. Se não queria ficar grávida abstinha-se de ter uma vida sexual.

Mulher: Essa é boa! Então tenho que pagar à sociedade para ter uma vida sexual? 

Anti-aborto: Sim, porque o corpo de uma mulher serve para ter filhos. Uma mulher não é um fim em si mesmo, um ser digno de respeito por ser humano; é um instrumento de reprodução social e a sua utilidade esgota-se aí. Cabe-lhe ser bonita e agradável para os homens a fecundarem e ter filhos. 

Mulher: Mas porque não posso der dona do meu corpo? Como é que pode haver igualdade de género, igualdade de direitos se os outros é que decidem por mim o que posso fazer com a minha vida e o meu corpo? Como pode haver liberdade, justiça, desenvolvimento sustentável, se as mulheres como eu não são donas do seu destino assim que têm uma célula fecundada no corpo?

Etc...

É assim que vejo as leis anti-aborto: a vida das mulheres não vale nada a não ser como pedaço de carne reprodutora e uma célula dos seu corpo, um potencial de ser humano, tem mais peso no seu destino que a sua vontade livre de seres humanos de facto, com uma vida a decorrer. Pode até ser presa por querer ser livre e dona do seu destino.


Parlamento Europeu condena lei antiaborto da Polônia

A resolução apresentada pelos eurodeputados ocorreu após uma mulher de 30 anos, chamada Isabela, morrer em um hospital da Polônia depois de ter um aborto negado recentemente.De acordo com Budzowska, a morte da vítima é entendida como um reflexo legislação restritiva polonesa. 

Desde o outubro do ano passado, uma mudança determinada pelo Tribunal Constitucional restringe quase totalmente a prática de aborto na Polônia, permitida apenas em casos de estupro e incesto, ou quando há ameaça à vida e à saúde, ponto que é considerado controverso por grupos ativistas e pela advogada. A pena para quem descumprir a lei pode chegar a oito anos de prisão.

September 09, 2021

Os talibãs dos EUA

 


In case no one has informed him [Greg Abbott] before in his life, six weeks pregnant means two weeks late on your period.

Congressista americana, Alexandria Ocasio-Cortez em resposta a Greg Abbott, defensor da lei talibã do aborto texana que disse que as mulheres têm imenso tempo para abortar embriões de violações e incesto em seis semanas - o tempo limite que a lei permite para se fazer um aborto.

September 07, 2021

coisas boas no meio das más





A Lyft e a Uber comprometem-se com o direito ao aborto no Texas


Logan Green, o CEO da empresa americana Lyft, anunciou no Twitter na sexta-feira que a sua empresa reembolsaria todas as taxas legais dos condutores da empresa se fossem processados por conduzir uma mulher a uma clínica que efectuasse abortos no Texas. 
O chefe da rival Uber seguiu o exemplo e anunciou uma hora mais tarde que a sua empresa faria o mesmo pelos seus motoristas. 

Na semana passada, entrou em vigor uma lei que proíbe a grande maioria dos abortos no estado do sul dos Estados Unidos. A lei proíbe os abortos após seis semanas de gravidez, incluindo em casos de violação ou incesto, e permite a qualquer cidadão intentar uma acção judicial contra aqueles que ajudam as mulheres a fazer abortos após esse período. 
Lyft doará também 1 milhão de dólares (842.000 euros) à Planned Parenthood nos Estados Unidos, acrescentou Logan Green