Neste vídeo com um pequenino excerto de uma entrevista a Trump ele resume claramente o que é a posição de ser pró-vida: é punir as mulheres.
Para os que são, 'pró-vida', assim que uma mulher tem no seu corpo uma célula fecundada, a sua vida deixa de ter importância, a mulher agora é nada em si mesma e deve ser sacrificada em prol dessa célula fecundada que tem no organismo. A sua liberdade de se autodeterminar desaparece completamente e passa a ser uma refém da opinião alheia sobre a sua vida, as suas possibilidades de vida e o seu futuro. Portanto, a expressão 'pró-vida' é enganadora pois leva em si o desprezo pela vida da pessoa completa e formada que é a mulher.
A gravidez é uma condição física e psicológica. Não é uma condição abstracta ou teórica, um conceito no vazio. Passa-se dentro do corpo das pessoas que são as mulheres e não é uma espécie de implante inócuo que as mulheres têm no corpo durante uns tempos e depois tiram e vão à sua vida. É um processo complexo, transformador da pessoa em termos físicos e psicológicos, com aspectos temporários e outros permanentes e riscos associados.
"Uma em cada 8.475 mulheres morre devido a complicações na gravidez. As causas mais comuns de morte de mulheres grávidas são:- Embolia (coágulos de sangue que afectam o coração e o cérebro);
- Eclâmpsia (complicações da tensão arterial elevada que afectam a gravidez);
- Hemorragia intensa;
- Septicemia;
- Acidentes vasculares cerebrais (AVC, hemorragia no cérebro);
No total, estas causas são responsáveis por 80% de todas as mortes relacionadas com a gravidez de uma mulher. Causas desconhecidas ou pouco comuns são responsáveis pelos restantes 20% das mortes relacionadas com a gravidez. As mulheres que têm doenças crónicas graves correm um maior risco de morte do que as mulheres saudáveis. Também as raparigas adolescentes (entre os 13 e os 19 anos) estão sujeitas a maiores riscos.
A continuação da gravidez inclui também o risco de sofrer complicações que nem sempre são fatais.
- Aproximadamente 15 a 20 de cada 100 mulheres grávidas requerem parto por cesariana.
- Uma em cada 10 mulheres pode desenvolver infecção durante ou após o parto.
- Cerca de uma em cada 20 mulheres grávidas tem problemas de tensão arterial.
- Uma em cada 20 mulheres sofre de perda excessiva de sangue no parto.
O parto é quando o útero de uma mulher grávida contrai e empurra (dá à luz) o bebé do seu corpo. O parto pode ser feito através da vagina da mulher ou por cesariana. Uma cesariana é um procedimento cirúrgico.
Os seguintes são possíveis efeitos secundários e riscos associados ao parto vaginal:
- Lesão da bexiga ou do recto;
- Um buraco (fístula) entre a bexiga e a vagina ou o recto e a vagina;
- Incapacidade de engravidar no futuro, devido a infecção ou complicação de uma operação;
- Tratamento de emergência para qualquer dos problemas acima referidos, incluindo a eventual necessidade de tratamento com uma operação, medicamentos ou transfusão de sangue;
- Queda da bexiga. A parede vaginal suporta a bexiga. O parto coloca stress nesta parede, causando potencialmente danos a longo prazo. Mais tarde na vida, não é invulgar a parede vaginal ceder essencialmente, fazendo com que a bexiga caia na vagina.
- Incontinência de esforço. Quando a parede vaginal colapsa, isto desencadeia um efeito dominó. Não só a bexiga, a uretra e o recto se deslocam para dentro da vagina, mas isto também coloca pressão adicional sobre a bexiga, causando fugas. Esta fuga, conhecida como incontinência de esforço, pode ocorrer com qualquer esforço adicional ou ao rir, espirrar ou tossir.
- Rectocele. Durante o parto, é também possível rasgar o septo rectovaginal, que separa o recto e a vagina. O tecido rectal pode então saltar através desta abertura, semelhante a uma hérnia. As mulheres que fazem partos grandes (pesando mais de 4 quilos) ou as que têm partos rápidos são mais susceptíveis a esta condição.
Os seguintes são possíveis efeitos secundários e riscos associados à cesariana:
- Lesão no intestino ou na bexiga;
- Incapacidade de engravidar no futuro, devido a infecção ou complicação de uma operação;
- Hemorragia intensa (hemorragia);
- Lesão no tubo (ureter) entre o rim e a bexiga;
- Uma possível histerectomia (cirurgia de remoção do útero) como resultado de complicação ou lesão durante o procedimento;
- Complicações da anestesia;
- Tratamento de emergência para qualquer dos problemas acima referidos, incluindo a possível necessidade de tratamento com uma operação, medicamentos ou uma transfusão de sangue;
- Morte.
Reacções Emocionais
O corpo de uma mulher grávida à medida que progride na gravidez, tem os orgãos fora do sítio normal o que origina muitos problemas temporários e/ou permanentes. Estas imagens mostram sempre os fetos quietinhos e enroladinhos mas a realidade é outra: os fetos movem-se, esticam-se, espreguiçam-se, dão pontapés e exercem uma constante pressão e 'empurranço' de orgãos dentro do corpo. Desvios da coluna na zona lombar, dores fortes nos rins, que neste desenho nem se vêem, etc.
Aquelas imagens que as pessoas que se dizem pró-vida -mas são contra a vida das mulheres- põem por aí de mulheres no último mês de gravidez como se fosse nessa altura que se fazem abortos (em nenhum país do mundo se podem fazer abortos a partir de certa altura -onde já é chamado parto- que difere mas nunca vai a extremos) não passam de demagogia para chocar emocionalmente as pessoas.
Eu tive uma educação religiosa - tenho padres na família. Sei como é a educação religiosa das raparigas, como nos é inculcado desde muito pequenas que o maior conseguimento e honra de uma mulher é ser mãe. Que estar grávida é ser uma espécie de rainha e que Deus fica contente connosco, que é o que Ele mais quer de nós mulheres, que as mulheres existem para ser amadas pelos homens e cumprirem o plano de Deus e por aí fora. Sempre com citações de Papas e outros homens que sabem nada acerca das mulheres e desprezam-nas como se vê claramente pela repartição do poder entre homens e mulheres nas religiões.
A maioria dos homens religiosos e, infelizmente, muitas mulheres, pensam como Trump: as mulheres que interrompem uma gravidez são assassinas de bebés e merecem ser punidas (assim que uma célula é fecundada já lhe chamam, o bebé), da mesma maneira que os médicos que assistem na eutanásia são assassinos.
Vendo que as mulheres passam por tantos problemas físicos e emocionais com a gravidez, porque razão os homens não ajudam a evitar esse problema? Em primeiro lugar porque os homens ignoram por completo o que se passa com as mulheres física e psicologicamente durante a gravidez. Muitos dos legisladores nem sabem que a vagina e a uretra são coisas diferentes (há os que pensam que as mulheres têm o poder de mandar o corpo não engravidar), pensam que estar grávida é ter um implante no corpo que depois se tira e nem querem ouvir falar de 'problemas de mulheres' (há pouco tempo houve um sururu no nosso Parlamento porque uma deputada falou lá de menstruação - os homens ficaram embaraçados e algumas mulheres também). Depois, porque nas religiões o egoísmo masculino é exaltado: o homem é um macho que insemina as mulheres e impedi-lo de espalhar a semente, como dizem, é rebaixar os homens e atraiçoar o plano de Deus, de maneira que os homens não são educados a sentirem responsabilidade por engravidarem mulheres. Se sentissem essa responsabilidade já podiam ter desenvolvido uma pílula masculina, por exemplo ou podiam fazer uma vasectomia que é um procedimento que dura dez minutos + dois dias a comer gelados e é reversível, como se vê neste vídeo abaixo. Que é isso comparado com todos os problemas que uma mulher tem com a gravidez e o parto? Se os homens nunca engravidassem mulheres sem o seu consentimento o problema do aborto desaparecia. Isso é que é ser pró-vida e não defender a obrigação das mulheres estarem grávidas e a sua punição como assassinas, pelo facto de quererem tomar conta da sua saúde física e psicológica e das suas vidas.
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