January 27, 2020

A educação em França está a ferro e fogo há mais de 1 ano ininterruptamente



Primeiro, pela reforma educativa, depois pelas mudança do regime de reformas. Nós por cá é que somos mansos.


Plus de 50 chefs d’établissements scolaires parisiens demandent que « cessent les blocages »

« La liberté de protester ne doit pas exclure la liberté d’étudier », déclarent des chefs d’établissement inquiets d’actions « de plus en plus agressives ».

S.T.O.P.



Um grupo de professores, apoiado pelo S.T.O.P., angariou 8430,77 euros com o objetivo de suportar o desencadeamento de uma ação judicial contra o Ministério da Educação. Se necessário, a ação pode chegar ao Tribunal Europeu segundo o sindicato.

Note to self




Nunca ser um elo na cadeia que farpa os outros. Nem em coisas graves nem em menos graves, seja de uma maneira ou de outra porque há várias maneiras de deixar os outros mal, física e psicologicamente. Sou muito anormal, sei disso, e muito mais cega do que penso ser -isso de vez em quando bate-me na cara com toda a força porque geralmente julgo os outros como muito melhores do que depois venho a saber que são- mas estúpida não sou. Fazer as coisas com malícia, fazer coisas para enganar e prejudicar os outros ou diminui-los ou vingar dos males e das injustiças... o que chamamos ser uma pessoa estúpida... isso não sou, de um modo muito consciente. Não quero ser e evito-o a todo o custo. Tenho muito medo da frase que Platão põe na boca de Sócrates, 'mais vale sofrer uma injustiça que cometê-la.' Como poderíamos depois viver connosco próprios às costas? Já basta os erros que uma pessoa faz sem querer. Não uso máscaras (não quero ser uma pessoa não-real como vejo tantas e tantas) nem sou boa a arranjar desculpas para mim própria dos erros que cometo e geralmente anuncio-os logo em voz alta e tudo. Também não sei fingir que não vejo, o que só me traz problemas. Enfim, não quero ser um elo na cadeia que farpa os outros.



Educar é um bem público e pensar é uma actividade heurística e exploratória, imprevisível nos seus resultados, incerta e indeterminada



Hoje é o dia Dia Internacional da Lembrança do Holocausto. Fui buscar este texto pois a educação, acredito, é o único meio de impedir que o demens humano se sobreponha ao sapiens.



Hannah Arendt: thinking versus evil por Jon Nixon


 Arendt e o valor das universidades como lugares de pensamento em conjunto.
Universidades são lugares onde as pessoas se encontram para pensar em conjunto. Hannah Arendt, apesar de ter passado por várias universidades, definia-se, não como uma académica, mas como uma pensadora. Uma das coisas em que pensou foi sobre o próprio pensamento, a sua natureza e objectivo, o seu significado ético e político, o seu potencial para o bem e para o mal, a sua fundação na comunidade da consciência humana.

Hannah Arendt, como se sabe, nasceu na Alemanha, foi aluna e amante de Heidegger (numa relação emocionalmente profunda de ambas as partes - ela com 18 anos, ele com 36 ), fugiu ao regime nazi e depois de uma breve prisão em França e de uma passagem por Praga e Lisboa, embarcou para os EUA onde viveu o resto da vida, primeiro como apátrida, depois com a cidadania americana.

Arendt distingue o pensamento conduzido em isolamento (como Heidegger cada vez mais isolado na cabana e no silêncio da Floresta Negra, esse lugar hoje de peregrinação) e o pensamento que constitui o diálogo do pensamento com os outros. Porque o pensamento é, ao mesmo tempo, uma inflexão interior e exterior, está fundado na experiência comum e não é uma prerrogativa de uns poucos, mas uma faculdade de todos.

Pensar é o que nos liga a nós próprios e aos outros. Arendt desenvolveu uma suspeição desse pensar isolado como um labirinto mitológico onde não se entra sem ficar preso e desligado do resto do mundo -como a obra de Heidegger que ela compara a um labirinto de raposa para atrair incautos. É aliás por isso, por pensar Heidegger, ele próprio, encurralado no seu labirinto e alienado do mundo exterior que ela lhe perdoa o seu envolvimento nazi.

A ideia de 'pensamento' joga um enorme papel na análise do Totalitarismo, ou melhor, a ausência de pensamento. Um mundo esvaziado de pensamento, de vontade e de juízo seria um mundo habitado por autómatos, como Eichmann, desprovidos da liberdade da vontade e de qualquer capacidade de juízo independente.

O caso de Eichmann levantou uma questão crucial para Arendt: "Pode a actividade do pensamento enquanto tal, o hábito de examinar o que acontece, independentemente dos resultados, pode esta actividade estar entre as condições que levam o ser humano a abster-se de acções más ou até, condicioná-lo contra elas?"

A questão surge, em grande parte, da sua experiência do totalitarismo nazi mas também da opressão do McCarthyismo nos anos 50, nos EUA e, de um modo geral, das linhas ideológicas presentes na Guerra Fria. Ela também via com apreensão o crescimento imparável do consumismo do Sonho Americano. Nem Hitler nem Estaline tinham esgotado, ao que parecia, todo o potencial do totalitarismo. Daí a urgência da questão.

Ora, uma vez que o pensamento obriga a que se páre e pense, pode condicionar-nos contra o mal.

Sem o pensamento em diálogo com os outros não pode haver juízo informado, nem possibilidade de acção moral ou de acção colectiva - o que há é ausência de preocupação pelo mundo [no care for the world]. A educação é, em seu entender, uma expressão dessa preocupação: "decidimos se amamos o mundo ao ponto de nos responsabilizarmos por ele".

A educação dá-nos um espaço protegido dentro do qual podemos pensar contra a opinião recebida: um espaço para questionar e desafiar, para imaginar um mundo de diferentes perspectivas, para reflectir sobre nós próprios na relação com os outros e, ao fazê-lo, compreender o que significa 'assumir responsabilidade'.

Hanna Arendt tinha observado, em primeira mão, como a opinião pode cristalizar-se em ideologia: a ideologia requer assentimento, funda-se em certezas e determina o nosso comportamento em horizontes de expectativas fixados; ora pensar, pelo contrário, requer dissidência, vive da incerteza e expande os horizontes reconhecendo a nossa actividade.

É tarefa da educação -e, portanto, da Universidade- assegurar que um tal espaço permaneça aberto e acessível. Mas, só pode fazê-lo se não [se]enclausurar [em]o espaço que disponibiliza. Há duas barreiras a esse propósito: a primeira é assumir que o resultado do pensamento pode ser pré-especificado. Contra isto devemos manter presente que o pensamento é discursivo, que pensar é uma actividade heurística e exploratória, imprevisível nos seus resultados, incerta e indeterminada. Sai fora do enquadramento de qualquer premissa pedagógica de objectivos, medidas, metas pré-assumidas.

A segunda barreira tem a ver com a categorização académica. Ela entende a importância das fronteiras metodológicas e disciplinares mas está ciente do modo como se podem transformar em barreiras de modo que insiste que se pense fora das tradicionais categorias académicas. Como ela própria diz nas suas aulas sobre a filosofia política de Kant: "O importante é pensar com uma mentalidade alargada - o que significa que treinamos a mente para ir visitar".

A educação providencia um espaço intermédio entre o público e o privado, um espaço semi-público onde podemos testar as nossas opiniões, interpretações e juízos. Nos seus seminários -recorda Jerome Kohn- cada aluno era um 'cidadão', chamado a intervir e inserir-se nessa polis em miniatura e a tentar melhorá-la. Esta iniciação de inserção na polis faz-nos realizar o nosso potencial enquanto pessoas e cidadãos.

Arendt realça a necessidade de pedagogias que reconheçam a diferença e a diversidade, que desafiem e questionem, que estimulem e provoquem. Enquadramentos curriculares que possibilitem a mentalidade de 'visitação' e propósitos educacionais que se foquem no florescimento e desenvolvimento do potencial individual.

Acima de tudo Hanna Arendt lembra-nos que a educação é um bem público: quanto mais nele participarmos maior o seu potencial de retorno para o bem-estar da sociedade como um todo e para a vitalidade do seu corpo político. Contra aqueles que vêem a educação como uma mercadoria para ser comprada e vendida com vista ao lucro, Arendt insiste que ela está fundada na nossa capacidade partilhada de pensar e que pensar é pensar em conjunto.

Os problemas colectivos que agora enfrentamos são globais e requerem soluções globais, que por sua vez requerem a capacidade e a vontade de pensar através das nossas diferenças. Num mundo profundamente dividido, pensar em conjunto talvez seja o nosso recurso mais válido e a universidade [as escolas em geral, digo eu, embora a outro nível] talvez seja um dos poucos lugares dentro dos quais esse recurso do pensamento pode ainda encontrar um valor incondicional.

(traduzido e adpatado livremente por mim)

Rui Pinto: para denunciar a lavandaria de Isabel dos Santos é bom mas para se meter no futebol já é mau




Advogado e plataforma de denunciantes dizem que Rui Pinto é a fonte dos Luanda Leaks

Pretty much





January 26, 2020

Fazer turismo em Lisboa




Hoje resolvi ir ao Convento de S. Vicente de Fora onde não ia há mais de 20 anos. Está muito diferente. Para melhor. Entretanto, um dos claustros parece um matagal.


Não subi às torres da Igreja porque estampei-me na terça-feira e tenho a perna esquerda num caos de hematomas e inchaços e para chegar ao convento é preciso andar por aquelas ruelas íngremes da Graça que são piores que o Quebra-Costas de Coimbra - agora me lembro porque fazia tanto tempo que não ia ali para os lados de Santa Engrácia... enfim, o convento tem exposto o tesouro, que é riquíssimo nas custódias e pratas. Paramentos também tem alguns e adornos dos cardeais. Aliás, foi lá que vi este saturnino de cardeal no meio de vestimentas todas de brocado de seda e damasco, debruadas a fio de ouro, como o chapéu. Nem a casa Prada produz tamanha riqueza cardinalícia. Uma vaidade própria de reis, aquelas roupas todas de veludo, seda, brocado e ouro, no meio do povo pobre da época...



 Na.capela ao lado do panteão dos bispos e cardeais andamos em cima de pequenas urnas com o coração e vísceras de vários reis. Uns têm a pedra já tão gasta que não se consegue ler as letras. Não estas:


Depois fui ao Panteão, já que estava ali perto, olhar aquela cúpula lindíssima.
Não sabia que o Humberto Deladado estava no Panteão. Se já é duvidoso que a Amália e o Eursébio estejam lá na companhia do Garret, do Camões, do Teóphilo, etc., o Humberto Delgado é chocante... então diz lá no túmulo que foi porque foi candidato às eleições e deu a vida pela Pátria. Homessa! A quantidade de gente que morreu pela Pátria! Só em África... Então agora por isso vão todos lá parar?
Não sei quem lá o pôs. O Mário Soares para ver se depois o punham a ele...? Achei despropositado. Uma coisa é porem-no algures em destaque outra enfiarem-no no Panteão ao lado do Camões, do Albuquerque, do Vasco da Gama, do Garret... enfim, não se percebe.
Os únicos túmulos que têm flores frescas são os da Amália e do Eusébio.







Depois, como a minha irmã tinha 50% de desconto naquela aplicação, The Fork, fomos almoçar a um restaurante caríssimo que saiu barato 🙂 onde comi um creme de lavagante que me limpou a alma...

É isto...





Comenda, Setúbal



Alguém comprou o palácio da Comenda in extremis. Ao abandono e completamente vandalizado já não ia durar um par de Invernos. Pois agora queixam-se, os que o vandalizavam, que o novo dono fechou o Parque das Merendas e o estacionamento de Albarquel. Para conservar é preciso cuidar... não se pode querer, ao mesmo temo, tudo e o seu contrário...
A Câmara quer que os terrenos do Parque das Merendas e de Albarquel continuem a ser abertos ao público. Não fazem nada, ficam à espera que alguém dê os 50 milhões por aquilo e depois aparecem a querer que deixem os outros usar e estragar o que é seu..?


O palácio da Comenda, na Arrábida, em Setúbal, é uma das obras mais belas do arquitecto Raul Lino, tendo sido construído entre 1903 e 1908.

O ministro alucinado




É o do ambiente, é o da administração interna, é o da educação, é o dos negócios estrangeiros...

Presidente da Câmara da Trofa pede saída do Governo do ministro “alucinado” do Ambiente

Sérgio Humberto, presidente da Câmara da Trofa, reagiu ao silêncio do ministro afirmando: “o ministro João Matos Fernandes, para utilizar um termo simpático, é um alienado e um alucinado no Governo”.

“E digo isto, primeiro, porque ele não vive na realidade. Segundo, porque está preocupado em fazer extensões [do metro] na Área Metropolitana do Porto, onde o PS é poder, ou no município do Porto, onde tem intenção de se candidatar à câmara municipal. Terceiro, porque ele não dignifica o cargo que exerce”, acrescentou o autarca da coligação PSD-CDS, que lidera o município da Trofa.

Nesta quarta-feira, relembrando ter sido há uns anos “aprovada por todos os partidos na Assembleia da República
a vinda do metro até à Trofa”, Sérgio Humberto enfatizou que, “10 dias depois, este ministro, alucinado e alienado da realidade, teve a lata e o descaramento de dizer: “metro até à Trofa, nunca"”.

😄





January 25, 2020

Nocturna - Now we are free







"Excuse me while I kiss the sky" - Jimi Hendrix




Quatro garbosos aprumados



Quem seriam estes dandy's, como se dizia então, e para onde foi esta energia tão viva que nos olha nos olhos?
















circa 1910

da poesia de Torga




Ratos...



Quem há-de alguma vez voltar a contratar este advogado que chupou enquanto pôde mas assim que as coisas deram para o torto se comporta como um rato?


Jorge Brito Pereira deixa de ser advogado de Isabel dos Santos, sai da Uría e suspende actividade

Portugal: uma hemorragia de jovens qualificados que ninguém trava



... como se nos pudéssemos dar a esse luxo!

Hospitais britânicos vêm a Portugal recrutar técnicos de saúde

Uma agência de recrutamento anuncia que há hospitais do Reino Unido que vêm a Portugal entrevistar técnicos de radiologia e de análises clínicas em Fevereiro próximo.

Azul, azul
































Wine jar with turquoise glaze and gilt copper-bound mouth rim (1600-1700 AD), Jingdezhen, Jiangxi Province, China.

Isto é agressivo



Pelo menos visto daqui. Uma data de falos a cortar o vértice do horizonte. Não se percebe porque se pôs uma coisa tão agressiva num passeio tranquilo à borda de água. Há uma tranquilidade na paisagem que é cortada por esta obra.



escultura “Linha de Mar” situada na Marginal de Leça da Palmeira da autoria de Pedro Cabrita Reis