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February 01, 2024

Deixa ver se percebi bem isto

 


Deixa ver se percebi bem isto... 

O PM e o Presidente Regional da Madeira e vários ministros foram derrubados, não por serem, provavelmente, corruptos, mas por o MP fazer o seu trabalho de investigar? 

O debate sobre as soluções para o país está proibido pelo MP? Não são os próprios políticos que optam por não falar de soluções? Talvez por serem medíocres e a política estar infiltrada de primos medíocres que nem para organizar uma sardinhada serviam?

Os políticos, porque foram eleitos estão acima da lei, são intocáveis? 

A corrupção generalizada é uma ideia, uma invenção da extrema-direita? 

Este jornalista não vive no nosso país onde políticos alegam ter descoberto um cofre enterrado no quintal com milhões inesgotáveis?

Onde políticos fazem parte do conselho de administração de 70 empresas por onde passam uma vez por mês a colectar a avença de milhares de euros? 

Onde políticos se nomeiam a si e aos seus familiares e se contratam entre si para receber dezenas e centenas de milhões de dinheiro públicos? 

Onde políticos carregam 50 malas com dinheiro vivo até à Suíça? 

Onde políticos escondem dezenas de milhares de euros em livros e caixas de vinho dentro dos gabinetes oficiais?

Onde políticos combinam com amigos como beneficiar as suas empresas face à concorrência?

Onde políticos pagam 3 vinténs de imposto por casas de milhões?

Onde políticos vão do mundo sujo e criminoso do futebol para a política e vice-versa? 

Onde políticos são nomeados para encabeçar bancos e fazer empréstimos de centenas de milhões a amigos e correligionários? 

Então a culpa da corrupção não é dos corruptos?

Com todos estes ataques à justiça não estão a querer fazer o que o anterior governo polaco fez na Polónia e o que Orban está a fazer na Hungria? Cimentarem-se no poder depois de manietarem a justiça?

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Entre Novembro e Janeiro, as investigações do Ministério Público (MP) derrubaram um primeiro-ministro. Um presidente de um governo regional. Ministros. Anularam o debate sobre as opções dos partidos para o futuro do país. Levaram políticos com ficha limpa a afastar-se das suas carreiras. E criaram um clima difuso de ansiedade, dúvida, temor e suspeição. 

(...) o poder político legitimado pela soberania do povo está sob pressão. Os inquéritos que procuram esclarecer indícios estão a arrasar a vontade popular expressa em eleições. Ponto.
(...)
Os políticos (como alguns jornalistas de alguns órgãos de comunicação social) têm culpa. A noção promovida pela extrema-direita segundo a qual Portugal é um pântano onde pululam corruptos propagou-se tanto por culpa da acção pérfida de alguns como pela omissão temerosa de todos.


December 01, 2023

A Lógica e o ensino da História




Estou neste momento a trabalhar a Lógica com os alunos do 10º ano. Grosso modo, a Lógica é uma gramática ou aritmética do pensamento que ensina a construir pensamentos consistentes e, nessa medida, a detectar as inconsistências nos conhecimentos, pensamentos, argumentos dos outros (e nossos).

Embora algumas pessoas pareçam ter uma disposição natural para a racionalidade e, portanto, para a lógica, mesmo os que vêm com esse software, digamos assim, menos desenvolvido, aprendem a desenvolvê-lo. 

Logo no título deste artigo, que é especificado no 1º parágrafo, percebe-se uma inconsistência: se o ME considera muito importante para o reforço da identidade nacional o ensino da História, porque tem vindo a reduzir drasticamente a sua carga horária? - em mais de metade das escolas, a carga horária reservada para a disciplina, no 3.º ciclo, era menos de metade do tempo recomendado.

Mais abaixo, fala da tal "identidade nacional" usando a expressão, "orgulho nacional", quando estas expressões não são sinónimas e, o facto de nos sentirmos portugueses -eu sinto- não resulta em sermos nacionalistas que são os que têm "orgulho nacional". É uma falsa inferência. Podemos sentir orgulho de certas acções dos portugueses e vergonha de outras, mas aceitar ambas como fazendo parte da nossa identidade em evolução.

Esta discrepância começa logo pelo tipo de pedagogia usada nas aulas. Os professores fazem notar a sua preferência pelos chamados “métodos de aprendizagem activos”, como a elaboração de projectos e de estudos com base em exemplos concretos, mas admitem que este tipo de prática pedagógica é a que “menos utilizam” em sala de aula, continuando a privilegiar a exposição oral que remete os alunos para um papel “mais passivo. - não seria razoável partir do princípio que os professores de história não são idiotas aos milhares para preferirem uma certa didáctica e usarem a oposta? Não seria razoável perguntarem-se se o próprio questionário foi elaborado de modo a ocultar premissas importantes? 

Por exemplo, passa-me pela cabeça a hipótese de que, tendo o ME reduzido a carga horária da disciplina retirou aos professores a possibilidade desses métodos activos que requerem muito tempo: dar aos alunos um tema para investigar, ensiná-los a fazer uma pesquisa e praticar com eles dentro da sala de aula e depois dar-lhes tempo para que a façam e a apresentem (todos) oralmente, requer, se calhar, um mês de aulas ou mais, dada a carga horária reduzida, ao passo que expor o tema pode requerer uma aula apenas. 

Quando se tem 90 minutos por semana ou menos com os alunos para trabalhar, não é possível fazer esses trabalhos e cumprir os programas. Às vezes as escolas organizam os 90 minutos semanas em duas aulas de 50 minutos, o que ainda é pior. Quando toca à entrada, até se chegar à sala, podem passar mais de 5 minutos (dependendo do tamanho da escola e da distância a que está a sala); depois, conseguir que os miúdos do básico entrem e se acalmem  e se preparem para trabalhar são outros 5 minutos (por aquilo que vejo, estou a ser muito optimista). Portanto, em duas aulas de 50 minutos, perdem-se 20 minutos, na melhor das hipóteses - nem estou a considerar que há alunos que obrigam a interromper a aula, seja porque entram atrasados ou por comportamento. 

Quando se tem 90 minutos por semana, gastam-se três semanas a fazer um teste: uma aula para tirar dúvidas e fazer exercícios de preparação para o teste, outra com o teste e outra com a correcção do teste. Onde é que os professores podem ter tempo para essas pedagogias activas com esta carga horária? 

Portanto, este artigo com óbvias inconsistências e subtracção de informação importante para se compreender o problema, que confiança merece? Nenhuma.

O ensino da História é importante para a identidade nacional? Governo e professores em desacordo



Relatório sobre o ensino da História na Europa aponta o dedo à redução da carga lectiva desta disciplina. E alerta para a “manipulação” da História, que conhece agora um dos seus pontos altos.

Clara Viana

O “reforço da identidade nacional” é um dos resultados do ensino da História que o Ministério da Educação português entende ser “muito importante”. Dos 16 países que integram o Observatório do Ensino de História na Europa (OHTE, na sigla em inglês), esta opinião só é partilhada pelas autoridades educativas da Arménia, Grécia, Malta, Sérvia e Turquia.

Nos outros países os resultados da aprendizagem da disciplina classificados como “muito importantes” são o “reconhecimento da diversidade cultural das sociedades do passado”, “o desenvolvimento de competências para a cultura democrática” e o “reforço da aprendizagem crítica e das competências para o século XXI”.

Estes são resultados do primeiro relatório sobre o ensino da História do OHTE, divulgado nesta quinta-feira. Para este estudo foram feitos questionários às autoridades educativas e aos professores de História (6511 respostas, das quais 212 de docentes portugueses). Foram também constituídos 11 “focus groups”, que integraram 49 participantes de todos os países do Observatório, à excepção de Andorra.

Ao contrário das autoridades educativas portuguesas, os professores de História em Portugal são dos que atribuem menos relevância ao desenvolvimento do “orgulho nacional” em resultado das suas aulas. Apenas 17% lhe atribuem importância. Nesta menorização são acompanhados pelos docentes de Andorra, Chipre e Grécia.

Já no que respeita à construção de uma identidade europeia, 64% dos professores de História portugueses apontam-na como um dos resultados que gostariam de alcançar nas suas aulas, estando em linha com a maioria dos outros países.

Durante muito tempo apontada como a “matéria-prima” da História, a memorização de informação como datas e acontecimentos históricos, é entendida por muitos inquiridos como sendo “pouco relevante”, oscilando esta percepção entre os 46% registados em Espanha e os 5% da Turquia. Em Portugal alinham com este grupo 38% dos inquiridos.

Manuais valem mais do que os interesses dos alunos

No relatório alerta-se, contudo, que “parece existir uma divergência acentuada entre o que os professores entendem como pertinente e o que descrevem como sendo a sua prática em sala de aula.”

Esta discrepância começa logo pelo tipo de pedagogia usada nas aulas. Os professores fazem notar a sua preferência pelos chamados “métodos de aprendizagem activos”, como a elaboração de projectos e de estudos com base em exemplos concretos, mas admitem que este tipo de prática pedagógica é a que “menos utilizam” em sala de aula, continuando a privilegiar a exposição oral que remete os alunos para um papel “mais passivo”.

E que factores têm mais influência na prática de ensino? Colocados perante uma escala de 1 (menos influente) a 5 (mais influente), os professores portugueses colocam os manuais escolares no topo (4.05), remetendo os “interesses e necessidades dos alunos” para o final da tabela (2.83). A Irlanda é onde se atribui maior peso a este factor (4.15). Já no que respeita à influência dos manuais escolares, é a Albânia quem está à frente (4.40). Os outros factores constantes do questionário são os exames, a formação contínua dos professores e a sua formação inicial.

Dos inquéritos realizados aos professores dos 16 países, fica-se também a saber que a história do género é o tema a que se dá menos tempo e relevância na sala de aula. “Cerca de metade dos professores indicou que nunca ou só raramente abordam nas suas aulas questões da história do género ou ambiental e quatro em 10 referem o mesmo em relação à história das migrações e à história das minorias e culturas”, destaca-se. Entre os professores portugueses, 38% consideram este tema “muito importante”, o que os coloca em quinto lugar nesta tabela.

O principal obstáculo a um ensino de qualidade é, para os professores, o tempo atribuído à História nas matrizes curriculares (58%). Em Portugal, a redução da carga lectiva a esta disciplina acentuou-se a partir de 2018, com a implementação da flexibilidade curricular. Um inquérito realizado, em 2021, pela Associação de Professores de História mostrou que, em mais de metade das escolas, a carga horária reservada para a disciplina, no 3.º ciclo, era menos de metade do tempo recomendado.
Desinformação e "factos alternativos"

Outras preocupações comuns aos docentes de História incidem sobre os recursos pedagógicos existentes, seja pela sua “abundância excessiva” seja pela necessidade de formação específica sobre como seleccionar os materiais para utilização nas aulas, existindo ainda dúvidas sobre a “adequação dos manuais escolares”. Questiona-se, por exemplo, se estes incentivam o pensamento crítico e até que ponto incorporam a diversidade cultural, étnica, linguística e religiosa das sociedades actuais.

Na introdução ao relatório, o Conselho da Europa alerta para “a manipulação da História com fins políticos: apesar de ser “recorrente desde o seu estabelecimento como disciplina, a guerra da Rússia contra a Ucrânia veio mostrar as suas capacidades destrutivas, com o Governo russo a moldar uma história alternativa onde se nega a existência da Ucrânia como forma de legitimar a sua guerra de agressão”.

Deste modo, acrescenta-se, “a desinformação e os ‘factos alternativos’ não são só promovidos por indivíduos e grupos online, mas são também parte integrante de políticas estatais revisionistas que representam uma ameaça para a paz na Europa”.

November 15, 2020

Às vezes pequenos sinais são sintomas que revelam muito

 


É assim que percebemos que este indivíduo não tem noção das coisas e não é o que as pessoas pensam que é. "Até ao fim do século!"

André Ventura



Já aqui o baldas censor, não só não tem noção das coisas como dá ideia que nem sequer andou à escola, como se costuma dizer.


August 11, 2020

Completamente de acordo

 


December 06, 2019

Educação: os governos fornecem os fósforos das demagogias aos jornalistas para que estes queimem tudo à passagem



Hoje o jornal i trás um grande artigo de várias páginas a fazer a apologia das explicações e explicadores através do youtube e a denegrir o ensino e professores que estão nas escolas, a quem chama tradicionais.
Aos explicadores do youtube chama novos professores-o artigo faz uma enorme publicidade a um tal Vítor Pereira, explicador de Matemática- e afirma que estão a revolucionar o ensino! Como se os dois termos fossem sinónimos...

Estamos nós nas escolas a tentar tomar cada vez mais atenção às particularidades de cada aluno individual e à interacção positiva com os alunos no sentido de percebermos as suas potencialidades e sermos motores do seu desenvolvimento e vem este explicador YouTuber gabar-se que tem já 90 mil clientes (com este artigo vai aumentá-los muito e ganhar ainda mais dinheiro, pois é para isso que tem o canal) e que os alunos que não percebem as suas aulas podem repetir o vídeo as vezes que quiserem até perceberem os raciocínios dele... oh, meu Deus!!   ... como se a compreensão fosse um processo quantitativo de martelada até o prego entrar completamente na tábua rasa da cabeça... e como se o processo da aprendizagem fosse apenas perceber o raciocínio alheio num dado assunto ou problema...

Os professores nas escolas não têm clientes, nem estão na profissão para fazer dinheiro à custa dos alunos. Têm outros ideais e outro respeito pelos alunos. Lidam, não com seres virtuais mas, com pessoas reais e com os seus problemas enquanto seres humanos num determinado ponto da sua formação com um determinado contexto social, mental e físico que transportam e marca todas as suas aprendizagens.

Talvez os 90 mil seguidores deste senhor Pereira se expliquem pela falta de dinheiro que as pessoas têm para explicações. Os próprios centros de explicação, diz-se aqui no artigo, estão a adoptar este sistema. Pois claro! Em vez de pagarem a professores para trabalharem individualmente com alguns alunos as técnicas necessárias ao domínio dos problemas e perceberem onde precisam de reforço põem um vídeo a passar para uma enorme quantidade de clientes ao mesmo tempo.

Este explicador de matemática até diz que tem professores tradicionais a segui-lo. Pois, calculo que os colegas das escolas o sigam para saber com o que têm que lidar nas aulas, isto é, com que tipo de disparates vão ter que lidar quando os alunos chegarem às aulas cheios de respostas formatadas à medida do negócio e lucro do senhor Pereira..

Aulas por vídeo só aproveitam a quem já sabe e tem autonomia e apenas precisa de juntar pontas soltas.

Bertrand Russel, num livro de 1931 que se pode descarregar, inteirinho, em PDF, ou outro formato, aqui neste site → www.archive.org/details/scientificoutloo030217mbp já dizia que nas sociedades científicas do futuro a educação seria diferenciada consoante se tratasse de educar os filhos das elites intelectuais e os filhos dos outros, destinados a trabalhos não intelectuais. Os primeiros teriam a presença de professores que desenvolveriam as suas potencialidades numa interacção constante e os segundos teriam aulas pela tv ou rádio (não imaginava o youtube, claro) de um modo massificado só para aprenderem o básico. Acima de tudo seria treinada e valorizada a co-operação, a obediência ao grupo e a colaboração, sendo a iniciativa individual e o espírito independente próprio dos descobridores, inventores, filósofos, etc., completamente desencorajados. Pois é, o Bertrand Russel via muito e via longe porque o futuro dele já chegou ao nosso presente...

No mesmo jornal, um artigo de opinião de uma professora da Universidade do Minho queixa-se dos resultados do relatório PISA mostrarem que os alunos aos 15 anos não gostam de ler e são indisciplinados. Diz ela que os seus alunos vão para as orais sem ter lido um livro ou um artigo científico, sequer, e conclui que é preciso mudar, nas escolas, programas, disciplinas e fazer formação de professores... mas quem são estas pessoas que pensam que os alunos gostarem de ler e de aprender é uma consequência mágica de mudar disciplinas e formar professores?

Uma pessoa lê estas coisas e fica desmoralizada...

Todos os dias um artigo no jornal a fazer demagogia anti-pedagógica, a denegrir os professores que estão nas escolas a trabalhar com os alunos (o que é muito difícil ao contrário de estar atrás de um ecrã de computador a debitar uma cantilena igual para todos sem obstáculos nem contraditório) e a perverter as virtudes do ensino, tarefa tão difícil, tão importante mas infelizmente muito mal tratada e mal amada pelos governos e pelos poderes.