— Angelus Novus', de Paul Klee, comentado por Walter Benjamin
Porque lembramos que o mal existe e é mais comum do que se pensa e parece?
* colectivamente:
- por utilidade: se não aprendemos com os erros do passado como evitamos recair neles?
- por respeito: por todos aqueles que sofreram, morreram e perderam as famílias e a pátria.
- para reafirmarmos a nossa humanidade: nós somos os outros - somos as vítimas e somos os carrascos.
* individualmente:
- por consciência: somos elos em cadeias de transmissão sociais e o que cada um faz conta para o resultado final.
- por vontade: nunca ser um elo na cadeia que farpa os outros.
Uma explosão num armazém com nitrato de amónio no meio do porto de Beirute foi ouvida em Chipre, matou imediatamente 100 pessoas e deixou 300 mil sem casa. Fora os que ficaram feridos e os que vão passar fome ou morrer por falta de medicamentos ou por terem perdido todos os seus pertences. Sabe-se agora que toda a gente que tem lugar nos cargos de poder sabia do perigo há muitos anos e ninguém fez nada. Isto foi um armazém. Quantos navios e submarinos andam aí pelos mares carregados de dispositivos nucleares? São 'armazéns' ambulantes que, se têm um acidente ou são alvo de um ataque, destroem, não um porto mas cidades inteiras. Matam, não 100 pessoas mas dezenas de milhar e deixam vastas áreas inabitáveis por décadas. No entanto, ninguém faz nada. Seria de supor que, quanto mais se conhece o poder maléfico das armas convencionais, biológicas e nucleares, mais cuidado se teria com elas, mas não é isso o que acontece. O que acontece é a voragem corrupta dos que estão no poder (não escol mas escória) aliar-se à voragem das grandes corporações e viverem para destruir o amanhã de todos nós e dos nossos filhos e dos filhos dos nossos filhos. Não há muito que uma pessoa possa fazer no seu raio limitado de acção e por vezes é muito difícil não nos sentirmos alienados deste mundo.