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June 25, 2020

Ensino à distância - final amargo



Estive a despedir-me de uma turma do 10º ano de que gosto muito, assim desta maneira sem jeito. Aproveitámos para pensar um bocadinho acerca do que se pode aprender com as más experiências da vida e o que se pode aprender com esta em particular. Enfim, pode ser que nos vejamos para o ano, quem sabe, mas é frustrante, eles foram-se desmotivando à medida que passava o tempo, de estar há meses fechados em casa contra tudo o que é a vivência da adolescência. Espero que apesar da quantidade de deputados medíocres arcaicos que pensam que se pode trabalhar com 30 alunos x  4, 5 ou mais turmas e atender a cada um em particular, exista ainda alguém com cabeça e menos egoísta que se lembre que a educação é uma aposta no futuro.

June 18, 2020

Quando os alunos já me deitam pelos cabelos kkkkk



Fui encontrar isto dentro de um dos livros que me caíram na cabeça. Tem mais de 15 anos, de certeza, porque ainda se falava no Bachelard a propósito da filosofia da ciência. lol Não sei que turma era esta mas já estava farta de mim :)))


June 17, 2020

dos alunos. - coincidências




Na turma do 12º ano andamos a trabalhar o tema das relações entre as pessoas e os grupos e a propósito disso abordamos as teorias de Gordon Allport sobre o preconceito e a discriminação, quer dizer, como se passa de um para o outro. E ele tem a ideia que uma maneira de atenuar os preconceitos ou mesmo, fazê-los desaparecer, passa pelo aproximar das pessoas, já que, enquanto não conhecemos as pessoas de perto elas são categorias estereotipadas, mas quando começamos a conhecê-las nas suas características pessoais, apercebemos-nos da sua complexidade individual e torna-se difícil manter os preconceitos iniciais. [esta é uma das razões porque nunca percebi que se enfiassem imigrantes em guetos em vez de os espalhar no meio dos outros] Nem de propósito, fui dar com este artigo sobre um indivíduo que faz grandes baixas no KKK com esse princípio de aproximar-se das pessoas, falar com elas, etc. Muito interessante, a experiência que ele conta nesta entrevista.
Hoje também falámos de conflito e cooperação e é claro que o conflito que está na ordem do dia entre a polícia e as populações vem mesmo a calhar. É sempre preciso cuidado a falar destas coisas nas aulas. Tenho alunos filhos de polícias, um da PJ.
Estou a uma semana de acabar as aulas com o 12º ano. Três anos e agora acaba-se assim... isto chateia-me e incomoda-me.

June 09, 2020

Porque é que o ano lectivo não acaba hoje?



Mais duas semanas e meia de aulas, para quê? Para atrasar o início do próximo ano? Acabei na sexta passada o programa do 10º ano. Dei um trabalho facultativo que só fazem os alunos que querem subir um valor na nota -por princípio todos levam a nota que tiveram no 2º período-, que serão meia dúzia, se tanto, porque obriga a pensar, aplicar ideias em casos práticos a partir do que estudámos. Portanto, agora, as sessões são para tirar dúvidas ou falar do que eles queiram falar. Já estou muito cansada e os alunos também. No 12º ano continuo a dar matéria porque o programa, desde que lhe cortaram um terço da carga horária sem mexer nos conteúdos, tornou-se quase impossível de dar na totalidade sem ser às três pancadas. Aí, vou dar matéria até ao último dia e os alunos vão trabalhar até ao último dia porque continuámos com o projecto do livro que estávamos a fazer e vou ter que avaliá-lo, sendo que cabe-me a mim, depois, o trabalho de edição. É a minha parte no projecto, para além de orientar.
Estou cansada e calculo que assim que as aulas acabarem e se fizerem as reuniões de notas hão-de cair-me os exames nacionais para classificar. É que este ano não houve férias da Páscoa para descansar. Pelo contrário, trabalhou-se imenso, todos os dias sem excepção, e a maioria das vezes pela noite dentro, sexta e sábado de Páscoa e tudo, para ter o 3º período a funcionar desde o 1º dia.
Portanto, volto a perguntar? Para quê estender as aulas até ao fim deJunho? Propaganda? O ME que detesta professores e acha que não estamos a fazer nada quer mostrar que tem o chicote na mão?

April 19, 2020

É isto :)



E com isto vou preparar aulas e materiais apropriados para este ensino em modo de, 'chega-te para lá dois metros sff'. Uma pessoa está programada para aulas de 90 minutos e agora, de repente, tem que sintetizar os conteúdos a 15 minutos e, sem quadro, sem provocações... it's an all new game...


April 08, 2020

Peritos estão contra reabertura do secundário



Peritos chumbam plano do Governo e estão contra reabertura do secundárioEspecialistas dizem que, se houver condições para um regresso à escola, devem ser os alunos até aos 12 anos a ter aulas presenciais e não os do Ensino Secundário.
António Sérgio Azenha

Os peritos em saúde pública que estão a acompanhar a evolução do coronavírus em Portugal contrariaram esta terça-feira o plano do Governo de avançar, no início de maio, com a eventual abertura das escolas para o Ensino Secundário.

No encontro com o Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro da Educação e representantes dos parceiros sociais, realizado no Infarmed, os especialistas revelaram que o modelo de análise mostra que há menos riscos de contágio da doença se as escolas foram abertas para as crianças até 12 anos do que para os alunos com idades entre 16 e 19 anos, intervalo etário correspondente ao Ensino Secundário.

Qualquer uma destas opções enfrenta um problema: 51% dos professores de creches e do Ensino Secundário têm mais de 50 anos, o que aumenta o risco de contágio da doença.

A abertura das escolas para crianças até 12 anos teria duas vantagens: por um lado, a taxa de contágio do coronavírus nessas crianças é muito baixa, sendo os sintomas muito ligeiros; por outro, permitiria libertar muito mais pessoas para trabalhar na economia. Em concreto, a abertura das escolas para essas crianças permitiria libertar 1,2 milhões de pessoas, entre alunos e pais.

A mensagem dos peritos em saúde pública surge numa altura em que o Governo tem de tomar uma decisão sobre o terceiro período do calendário escolar. O Executivo anuncia amanhã as condições em que irão funcionar as aulas, no terceiro período, mas, dada a mensagem dos peritos e as preocupações manifestadas por António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa no encontro, há uma grande probabilidade de as escolas não reabrirem para as aulas de presença física.

Ao longo do encontro, os especialistas sublinharam que não podem garantir que, no início de maio, o combate ao coronavírus esteja controlado e haja condições para aliviar as medidas de quarentena, de forma a permitir a abertura parcial das escolas e de algumas atividades económicas encerradas com o estado de emergência.

O próximo encontro dos peritos com o Presidente da República, o primeiro-ministro, os líderes dos partidos políticos e os representantes dos parceiros sociais será realizado a 15 de abril, dois dias antes de terminar o estado de emergência.

April 04, 2020

Porquê 4 de Maio? Por cobardia política


O primeiro ministro está farto de dizer que 4 de Maio é o limite para haver 3º período presencial. Porquê 4 de Maio? Por causa dos exames.
Vejamos: o que é preferível? Os alunos terem possibilidade de concluir o ano lectivo, darem a matéria em falta, terem oportunidade de subir as notas, concluir as disciplinas semestrais, etc. ou não terem nada disso e o ano que vem ser muito complicado por ter de se dar programas extensíssimos, mas fazerem exames? Acho que a resposta é óbvia e não é o terem exames.
A decisão de empurrar o fim do ano lectivo e declarar este ano como um ano sem exames, é um decisão política que o primeiro ministro não tem coragem de tomar.

O ensino à distância não é uma nova forma de ensinar, como agora leio nos muitos emails que as editoras me mandam para comprar pacotes disto e daquilo. Se eu partir a perna de uma cadeira e conseguir que ela se aguente com fita cola até poder levá-la a uma loja de reparação, não é mau, mas não posso dizer que arranjei uma nova forma de construir pernas de cadeiras, não. Apenas desenrasquei, temporariamente, uma situação complicada.

O ensino à distância, sobretudo na escolaridade obrigatória não-universitária (embora aí, também) não tem qualidade e já tanta gente escreveu sobre isso, sobre a importância da presença física do professor para estabelecer uma relação que sustente a aprendizagem, pois educar e ensinar não é passar instruções e informações de um lado para outro, que não vou insistir nisso.

Portanto, que se perceba que este desenrascanço, que serviu para o governo ver, 'claramente visto', que as desigualdades de condições entre as famílias prejudica o sucesso dos alunos e que serviu para os pais perceberem que ensinar não é fazer de babysitter, mas antes requer estratégias e conhecimentos especializados, não substitui o ensino presencial, nem é um progresso ou uma nova forma de ensinar. Pelo contrário.

Já agora, outra questão que ficou bem à vista foi o erro das disciplinas semestrais. Disciplinas semestrais fazem sentido quando não têm continuidade - são uma espécie de curso intensivo. Como nas escolas isso não acontece e as disciplinas semestrais prolongam-se por anos e são interrompidas, muitas vezes, por um ano ou mais e, como estamos a falar de miúdos que não têm as aprendizagens consolidadas, não são do interesse dos alunos: passam muito tempo sem contacto com a disciplina (nas línguas já estamos a ver que é um desastre) e causam complicações nas avaliações, sendo que os miúdos têm poucas oportunidades de subir as notas. É preciso ver que os miúdos em idade escolar não têm um desenvolvimento estável e linear estruturado, mas de grandes saltos, porque estão, justamente, a construir a estrutura e, portanto, é bom que haja três períodos no ano lectivo, para permitir a acomodação desses saltos de desenvolvimento.

Concluindo: mais valia empurrar o fim do ano lectivo e declarar este, um ano sem exames, do querer à força declarar o ano findo com simulacros que não são do interesse dos alunos.

António Costa dá prazo de um mês para reabrir escolas

Primeiro-ministro aponta o dia 4 de maio como data-limite para recomeço das aulas.

February 20, 2020

das aulas



Hoje tive turmas do 10º ano a argumentar temas. A discussão é entre grupos e eu só registo os argumentos e avalio, não intervenho na discussão. Dei meia hora para a discussão de cada tema. Um dos temas foi, por coincidência, a eutanásia, que hoje vai ao Parlamento. Uma discussão muito boa, feita com seriedade. Sem nenhum daqueles argumentos falaciosos que tanto por aí se disseram. E na turma que eu pensava que ia ser pior houve uma discussão também muito boa. Como sempre nestas coisas, alguns miúdos que nas aulas pouco trabalham, revelam-se ser bastante bons a argumentar oralmente.

January 22, 2020

Apoios não lectivos?




Posto isto, perspetivo duas prerrogativas de que depende a concretização deste grande objetivo que consta no programa do governo:

Apoio ativo (antecipatório) - é fulcral o aumento do apoio efetivo aos alunos do 1.º Ciclo, no 1.º ano e às primeiras dificuldades; a concretização clara dos objetivos das aprendizagens nos primeiros anos de estudo atuará como via verde na autoestrada para o sucesso ao longo do percurso escolar;

Apoio de remediação - enquanto não se sentirem os reflexos da medida do ponto anterior, urge aumentar as horas de crédito horário para, no âmbito da autonomia (!) das escolas, disponibilizar os apoios diferenciados aos alunos dos 2.0º e 3.0º ciclos e Ensino Secundário.
(Filinto Lima no JN)


De há uns bons anos para cá que o ME passou a considerar as aulas de apoio como tempos não lectivos. Como se as aulas de apoio não fossem aulas, o que não se percebe pois são um tipo de aula mais especializada, adaptada às dificuldades de um aluno em particular. São aquilo que vulgarmente se chama, fora das escolas, explicações, e se paga caro. No entanto, o ME desconsiderou-as.
Não são consideradas aulas. Mas adiante. 

A questão é que os professores que têm o seu horário completo de turmas em tempos lectivos e depois atribuem a alguns deles umas horas de apoio. Vamos supor que uma escola tem 1200 alunos e 15 professores de Português. Desses 15, 4 têm, cada um, dois tempos não lectivos para dar apoio. Isto beneficia no máximo uns 25 alunos, não mais. Muitas vezes o horário do aluno que precisa de apoio não é compatível com o do professor que o dá; se o professor está a dar apoio a alunos do 7º ano já não pode dar a outros anos; as aulas de apoio, dada a sua natureza de intervenção cirúrgica, por assim dizer, não podem ter mais que seis alunos; às vezes põem todas as horas de apoio num professor só, de modo que esse professor, dá 4 ou 6 tempos de aulas e depois tem mais 3 tempos de apoio, que são mais 3 aulas, o que é uma barbaridade de aulas que ninguém aguenta e depois aquilo funciona mal, claro, etc.

Por exemplo, os DTs costumam pedir-me para dar apoio a alunos que querem fazer exame de Filosofia. Este ano estou a apoiar um aluno do 11º ano, que chumbou no 10º ano. Dou-lhe uma hora por semana, o que é pouco, pois temos que dar o programa do 10º e 11º anos todo até Junho. Entretanto, numa reunião de pais perguntaram-se sobre apoios e eu disse que tinha uma hora. É claro que houve logo quem quisesse apoio para subir a nota. Eu gostava de ajudar mas o outro aluno é do 11º e estas raparigas são do 10º ano. Enquanto estiver com o outro a trabalhar matéria do 10º ano ainda podem acompanhar mas assim que passarmos para o 11º ano já não dá pois não consigo estar a trabalhar dois assuntos diferentes ao mesmo tempo.

Em suma, o governo e toda a gente fala em não chumbar mas depois as medidas, como os apoios, para ajudar os alunos que têm dificuldades a evitar as reprovações, só existem no papel e na propaganda. Na prática, atiraram-nas para tempos não lectivos e portanto, só alguns poucos professores as têm no horário e, ademais, são aulas a sobrecarregar as aulas que já damos. 
Dantes, quando eram tempos lectivos, tínhamos sempre no horário 1 ou 2 tempos lectivos para apoiar os nossos próprios alunos, mas isso foi antes de estragarem a escola pública para poderem despedir professores e poupar  uns milhões à custa dela.