Essa ideia de absorver - JMT chama normalizar - as franjas contestatárias é uma ideia velha da sociologia. O problema é correr-se o risco de também normalizar os inovadores, também eles, geralmente contestatários, muitas vezes tomados como extremistas.
Depois acabamos com sociedades como as que temos de autênticos marasmos: toda a gente aburguesada, vendida por meia pataca, partidos políticos indistintos, a não ser num líder ou noutro mais idiossincrático. Uma paz sim, mas podre. Um simulacro.
Não se pode querer ser (e ter) o que é diferente e ao mesmo tempo ser igual a toda a gente: ou bem que queremos uma sociedade viva e real com forças contrárias que fomentam o novo ou, se não queremos pagar o preço dessa diferença, temos uma sociedade de mesmidade normalizada. JMT defende uma mesmidade normalizada. Um simulacro: vamos fingir que há aqui vida a sério mas sabemos que é tudo um fingimento.
Vários FPs acabaram pacatamente no Bloco, diz ele, mas antes disso pertenciam a um bando que assaltava bancos e matava pessoas, digo eu. JMT defende que se normalizem os bandidos. A minha pergunta é: ao normalizar os bandidos não acabamos por normalizar a bandidagem?