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August 21, 2021

Li que o Público despublicou um artigo de opinião

 


O artigo é de um médico chamado Pedro Girão, sobre as vacinas da Covid e o plano de vacinação a adolescentes e crianças. É claro que fui logo ler o artigo

Independentemente do teor do artigo deste médico, que não diz nada de especial, na verdade limita-se a chamar nomes aos seus colegas médicos, aos militares, ao Presidente da República e governo (chama irracionais, cobardes, emotivos, aldrabões) porque, em seu entender, as vacinas não têm a eficácia que se diz e porque assume que só se quer vacinar crianças e adolescentes para proteger adultos, o que não se compreende é que decidam publicar um artigo e depois decidam despublicá-lo por entenderem ser politicamente incorrecto falar contra as vacinas.

Penso que todos nós, mesmo se somos a favor das vacinas -é o meu caso- somos igualmente a favor da liberdade de expressão e temos interesse e queremos ler opiniões de especialistas acerca do assunto. Aliás, preferimos ler a opinião dos especialistas à dos jornalistas que escrevem editoriais em jornais sicofantas de governos, onde publicam e despublicam artigos como baratas tontas amedrontadas, mesmo que depois não concordemos com essas opiniões.




August 06, 2021

Mais uma comentadora dogmática

 


... que em vez de defender que se aumente a produção de vacinas e se baixe o seu custo, defende que não se vacinem pessoas nos países ricos para que se vacinem algumas pessoas nos outros países. Fala como se o assunto do Covid-19 estivesse arrumando nos países ricos agora que a maioria da população foi vacinada, como se daqui a 6 meses (menos, para quem foi vacinado em Janeiro) não estivéssemos na situação do início do ano - a maioria da população não estar imunizada. Qual é a vantagem para os países africanos que a Europa volte à estaca zero da imunidade? Nenhuma, pois isso não aumenta a imunidade das pessoas desses países nem salvaguarda ninguém. O que é preciso é produzir mais vacinas, em forma de comprimidos, se possível, como já se diz que estão a fazer e ao custo de uma aspirina, de maneira que todos os países, ricos e pobres tenham acesso à vacina de seis em seis meses, até se desenvolver um processo mais eficaz ou duradouro. Este problema, que é o mais urgente a considerar, para evitar a continuação da pandemia -já se ultrapassou os 200 milhões de pessoas infectadas no mundo- é um problema que esta comentadora faz de conta que não existe. 

Depois, arruma a questão das vacinas serem obrigatórias, dizendo, simplesmente, 'uma vez que não faz sentido as vacinas serem obrigatórias', passamos a outro assunto... ... porque não faz sentido? Isso é um dogma? Então pensamos nos problemas pondo logo de lado variáveis? Não estou a defender aqui a obrigatoriedade das vacinas, mas sim o mérito de não se ser dogmático a pensar, sob pena de se pensar mal.  

As razões que adianta para a necessidade de haver recomendações claras por parte das entidades competentes, são do género, 'os risco da vacinação são um assunto técnico e complexo'. E então? Isso é uma razão? Se não fosse um assunto complexo já havia vantagens em não termos recomendações claras?

O artigo é todo mal pensado. Já é o 3º artigo desta comentadora que revela falta de competências de pensamento. Vou deixar de ler o que ela diz, por norma, porque não tem interesse. E as expressões que usa, típicas do pior eduquês...?  'Cobertura vacinal'? Parece que está a falar de cópula de cavalo e bois... 










June 21, 2021

Como ler jornais e notícias em geral?

 


Entre não ler jornais e outros meios de comunicação social para não se afectar em termos mentais e psicológicos e ler tudo sem distanciamento ficando afectado, há um meio termo. Entre não se perder na 'espuma dos dias' e não se alienar da realidade quotidiana tornando-se cúmplice por abstenção dos destinos da 'polis', há um meio termo.


1º - ler muito, desde cedo, desde uma idade precoce. Ler bons autores. Ler estende a experiência de vida, a vida mental, a inteligência e o espírito crítico.

2º - Pôr-se num estado de espírito crítico-racional de boa disposição, antes de ler as notícias, para não ficar mentalmente assoberbado com os desastres quotidianos, sobretudo agora que todo o local é global.

3º - Ler com prudência. Escolher o que não ler - notícias de exploração sentimental: quem matou quem, etc. - a não ser que tenham relevância política.

4º - ler de fontes diversificadas.




May 24, 2021

Um artigo de jornal que presta um mau serviço à saúde

 


Este artigo que ocupa sete páginas do jornal faz a apologia da normalidade de se ser gordo como se fosse um estilo de vida igual a outro qualquer.
Digo já à cabeça que sou contra o bullying e toda a espécie de comentários depreciativos que se fazem às pessoas que estão gordas. Dito isto, não me parece que uma pessoa com 15, 20 ou 30 quilos a mais do que devia se possa considerar normal em termos de saúde. Ora, este artigo está cheio de erros de raciocínio com intuito de concluir que cada um tem o corpo que quer e ninguém tem nada que ver com isso. 

Sim, cada um tem o corpo que quer mas não venha convencer que isso é normal. A norma é estarmos dentro de um intervalo de peso que tem a ver com vários factores que servem de critério. Estar com 15, 20 ou 30 quilos a menos, é estar doente -os anoréxicos também têm o corpo que querem mas todos os consideramos doentes, porque o são. Muitos morrem dessas doença. No outro extremo, estar com 15, 20 ou 30 quilos a mais, também é uma doença e se estes casos do artigo ainda não dão por isso é porque são ainda jovens e enquanto somos jovens o corpo processa tudo. 

Eu fumei estupidamente, repito, estupidamente, durante 30 anos e nesse tempo raramente fui a um médico e quando ia era por outras coisas (o dentista, etc). Não tinha problemas de saúde, estava sempre óptima. Agora (16 anos depois de deixar de fumar) tenho um cancro no pulmão e montes de porcarias subsidiárias. Pessoas obesas -ter 15, 20 ou 30 quilos a mais do peso, é estar obeso- têm grandes probabilidades de desenvolver uma data de doenças e de morrer prematuramente.

Basta entrar na página de um hospital para vermos uma curta lista de doenças resultantes do excesso de peso e obesidade: doenças cardíacas, diabetes, asma, cancro, depressão, apneia do sono. São doenças potencialmente mortais ou incapacitantes de modo que as pessoas com excesso de peso significativo não são saudáveis, embora durante muito tempo o possam parecer, porque o corpo ainda é jovem e processa tudo. Mas está a fazer estragos que não são visíveis a não ser muitos anos depois. Para além disso, podem passar aos filhos e aos netos, marcadores epigenéticos de obesidade com todos os problemas subsidiários que essa doença tem. 

Não digo que as pessoas tenham que ter vergonha de estarem gordos, da mesma maneira que eu não tenho vergonha de ter uma doença grave (muitos que conheço têm vergonha de ter um cancro e escondem). Agora, não me orgulho disso nem acho normal e sei que a grande causa da doença foi o meu comportamento de fumadora, de modo que acho um mau serviço um jornal fazer uma espécie de apologia dos comportamentos que causam excesso de peso e obesidade, como se não fossem, tal qual como o fumar, grande potenciadores de doenças graves e tudo fosse apenas uma questão de preconceito contra a diversidade e o direito a ter excesso de peso. 

O artigo está cheio de equívovocos.




1º equívoco - os gordos não têm vida sedentária, fazem exercício e não ser gordo é ser classista, elitista. Ser gordo é um mero estilo de vida como outro qualquer, um direito legal. O que está aqui em causa não são direitos jurídicos -é certo que a pessoa tem o direito a querer estar gordo, como tem o direito de querer ser doente, desde que não prejudique outros- mas opções de vida imprudentes no sentido do benefício da saúde.
Por esta ordem de ideias, ser anoréxico também é um estilo de vida a ser louvado como um direito? Ou aí, como é muito visível o estrago na saúde, já é doença?



2º equívoco - a indústria da roupa não reconhece a diversidade, seja de corpo, de etnia, de cor de pele, deficiência, orientação sexual ou género. Estar gordo não cabe na categoria dos outros exemplos que não têm que ver com estilos de vida nem com saúde, tampouco. O que tem a orientação sexual a ver com a saúde? Ser de uma determinada etnia ou ter uma deficiência ou ter uma certa cor de pele não são estilos de vida. A industria da moda fomenta uma visão de normalidade de deficit de peso e nisso está mal como estaria mal se fomentasse a normalidade do excesso de peso. Devia vender para todos, naturalmente, porque todos se vestem, mas fomentar o equilíbrio - pessoas com diversidade de formas corporais mas com peso equilibrado - nem em excesso nem em deficit. Isso seria o ideal. 



3º equívoco - confundir a aceitação da diversidade de corpos (os corpos da moda e da publicidade são todos iguais em forma e medidas, é verdade) com a normalidade do excesso de peso. As pessoas têm corpos diferentes: pernas compridas, pernas curtas; caras redondas, ovais, quadradas; ancas largas ou apertadas; peitos de todos os tamanhos e feitos; os homens também, tronco e ombros de todos os tamanhos e feitos; pernas fininhas, pernas grossas, etc. Isso é que é a diversidade de corpos, não o ter excesso de peso e estar obeso. A obesidade é uma doença e é uma doença potenciadora de outras doenças físicas e mentais.


April 17, 2021

No novo jornal - isto está com muita piada 🙂

 




Há um jornal novo

 


Hoje, à porta da mercearia do sr. António, havia uma conversa animada acerca da fonte luminosa que estão a construir na rotundinha em frente do hospital público, que deve ser estreada no 25 de Abril, calculo. Aquilo é uma coisa sem norte... onde havia uma espécie de cruzamento que dificultava a vida às ambulâncias fizeram uma rotunda. Até aí tudo bem. Durante meses assistimos a cenas de mudança de direcção: ora cortavam as árvores e arbustos, ora punham relva, ora tiravam... enfim, a certa altura, mudaram tudo e começaram a escavar. Escavaram, escavaram, escavaram, puseram ferros, cimento e mais ferros e cimento e parecia que iam construir um arranha-céus, de tal maneira a obra crescia para baixo. Enfim, já lá vão meses, aí uns seis, de obra. Deve estar a custar uma pipa de massa. E para quê? Esta é uma cidade rica que pode desperdiçar dinheiro em fontanários postos em rotundinhas? Não. É uma cidade muito degradada a precisar urgentemente de obras de conservação. Pois hoje à porta da mercearia do sr. António, alguns brincavam e diziam que ia ali nascer uma estátua equestre com a senhora Presidente da Câmara no cavalo.

Bem, depois fui comprar o jornal e vi um jornal novo que se chama, 'Novo'. É um semanário e esta é a sua ficha técnica:




Não gosto muito do nome. Falta-lhe definição, é um nome incompleto. Novo quê? Novo jornal? Novo jornalismo? Aparece lá à frente do titulo, 'novo', 'semanário original e livre'. Muito comprido.

Ainda não o li mas já o folheei. Tem muito conteúdo, muita coisa para ler. É um jornal que se posiciona à direita. Pelo menos, não são mais uma folha de sicofantas do governo a fazer-lhe propaganda, o que só por si é refrescante. 

Vou ler. Vamos ver se fazem uma crítica e um jornalismo sério. Precisamos muito disso para quebrar este marasmo político que nos sufoca.


March 15, 2021

Gostava que alguém me explicasse o intuito deste títulos

 

 

Os alunos do 1º ciclo vão pagar a factura de terem estado em casa. Isto significa que o resto da população não paga factura, de uma maneira ou de outra? Os que perderam o emprego, os que não puderam fazer diagnóstico de doenças graves e vão morrer prematuramente, os que estão a pagar propinas na faculdade e não têm acesso a aulas, os que não têm um quarto para estudar ou um computador ou internet, os que pertencem a famílias onde vários membros morreram, os que estão afectados mentalmente, seja pelo isolamento, seja pela exaustão do trabalho... etc., etc., etc. 

E qual é a vantagem de dizer isto? Havia outra possibilidade? Podia ter-se mantido as escolas abertas como se nada fosse? Isto é para deixar os pais com sentimentos de culpa? Os professores? As crianças são vítimas. Pois são, mas porquê inocentes? Nesta pandemia há vítimas culpadas? Há carrascos nesta situação de pandemia?

Porque é que em vez deste títulos absurdos que não servem para nada não põem outros com soluções - as que o governo devia ter levado a cabo para este ano lectivo ter funcionado melhor e com mais possibilidade de ensino presencial e as que pode ainda levar a cabo para prevenir o ano que vem? 

Lamentável.

(e já agora ponham lá o 'c' antes do 't' que a palavra escrita assim fica snob)



January 08, 2021

O melhor de António III

 


(Expresso)

PRESERVATIVO PAPAL 1992
Foi dos primeiros desenhos a desafiar o peso da Igreja Católica em Portugal e motivou uma petição na Assembleia da República. “Os sectores religiosos agiram com muita virulência, mas não aconteceu nada. Quebrou-se um tabu”



O melhor de António II

 


(Expresso)

PESSOA 1988
O fascínio pelo escritor português é antigo. “Esta foi talvez a primeira vez em que começo a falar do Pessoa que se multiplica, do homem que não cabe em si mesmo e é obrigado a multiplicar-se”



O melhor de António

 


(Expresso)

GORBATCHOV 1985
A mancha na cabeça do Presidente soviético era muitas vezes apagada nas fotos da imprensa, surgindo só na televisão. “Guardei a ideia no bolso durante dois meses, até achar que as pessoas já sabiam.” Retratada está a ambição — falhada — de um novo regime soviético

Quando o Expresso era um jornal que fazia a diferença

 


1ª capa do jornal. Não apenas em termos de informação mas também de cultura.




January 06, 2021

Títulos de jornal errados

 


O que houve foi nove mil casos reportados, o que é muito diferente de dizer que os casos foram de nove mil, mais a mais porque sabemos que muita gente (e não sabemos se são maioria) não reporta e não fala com receio de ficar de quarentena e não poder ir trabalhar ou dos filhos terem de ficar em casa. Aliás, nove mil é uma percentagem muito baixa para aquilo que os cálculos dizem acerca da transmissão da doença. 

E também não foram,'detectados' porque as escolas não fazem testes de covid para detectar seja o que for, portanto, esta notícia induz em erro, ficando apenas a dúvida se o faz por negligência ou com intenção.


Houve nove mil casos de covid-19 no primeiro período de aulas

No primeiro trimestre de aulas, foram detetados nove mil casos positivos na comunidade escolar e 800 turmas tiveram que ficar em confinamento.

January 02, 2021

'Se não raspam sobem as paredes'

 


Agora fui à mercearia e aproveitei para ir ver os jornais. À porta da papelaria uma pequena fila porque só deixam entrar duas pessoas de cada vez, mas como eu ia ver jornais e revistas, que é num canto da loja longe do balcão, podemos entrar, desde que não haja lá mais ninguém. Enquanto dava uma vista de olhos pelos jornais, para ver se alguma coisa interessante ou levemente idiota me cativava o olhar (neste caso, para poder dizer mal aqui no blog 😄) as pessoas na rua começaram a queixar-se. Nisto, uma das funcionárias da loja diz, 'se alguém está atrasado para o trabalho pode entrar à frente' 🤩 ninguém, claro. Depois volta-se para mim e diz, 'isto foi da loja estar fechada um dia. As pessoas que raspam, se estão um dia que seja sem raspar, ficam numa grande ansiedade e sobem às paredes'. Já fumei, reconheço o vício em qualquer lado...

Entretanto, por falar em artigos levemente idiotas, temos a crónica da semana de JMT a queixar-se de que é uma vítima dos tribalismos e a invocar o direito de 'ser deixado em paz'. 😄 Farto-me de rir: quem quer ser deixado em paz não escreve crónicas no jornal; quem escreve no jornal, sabendo que não há boa nem má publicidade, só publicidade, deve ficar contente com as críticas (não comprei hoje o jornal, em parte, para criticar esta crónica?), mesmo as tribalistas e depois, a paz, fora do contexto de guerra militar, é meramente uma questão de consciência. Uma pessoa pode cansar-se das críticas ou irritar-se com as críticas, sobretudo se forem injustas ou sentidas como tal, mas se a consciência está tranquila, não perde a paz, nem a capacidade de combatividade que no caso presente é: explicar. explicar, explicar.

E sim, quem discorda de JMT, é, provavelmente, seu adversário político e ainda bem: quem quereria que os jornais fossem uma extensão da famiglia parlamentar, governamental e autárquica, onde todos são 'primos' sicofantas e se sentam à mesma mesa dos segredos e mentiras?




December 28, 2020

É impossível ver notícias

 


90% é sobre as vacinas e quem foi o primeiro a tomar e o que é que ele come ao pequeno almoço e o nome do cão e do gato e se há vacinas para todos e se o Presidente quer vacinar-se e as quarentenas e as restrições e a pandemia e o raio que o parta! Chiça! É uma tal avalanche de informação, entre a útil e a inútil que uma pessoa até vomita. Dos outros 20%, metade são bisbilhotices acerca de políticos (das políticas nada se fala) ou uns dos outros e a outra metade é que de quem anda com quem, quem tem mais carros, quem tem mais audiências... chiça! Hoje, especialmente hoje, tanta notícia de futilidades e coisas estúpidas é-me insuportável. Há uma falta de qualidade nos nosso meio de comunicação confrangedora. E depois é tudo igual: as pessoas são todas iguais, os que entrevistam, os comentadores, os apresentadores, os políticos, os 'especialistas'...  ... tudo uma mediocridade...  ... vou à rua, à mercearia e passar pela papelaria, folhear um jornal ou revista e ver se alguém diz ou faz alguma coisa fora do rebanho. 

Ainda vou pôr aqui o fim do livro sobre Salazar com um pequeno comentário.


October 22, 2020

Uma declaração de princípio e duas notinhas



Declaração de princípio: defendo um SNS robusto e eficaz.
Duas notinhas:
1ª - até hoje nenhum dos hospitais privados a que fui desde o início da pandemia (4) me cobrou taxa de covid, nem qualquer quantia por material de protecção: pelo contrário, até oferecem uma máscara, se não levamos nenhuma e o desinfectante é gratuito e está espalhado por todas as valências dos hospitais. 
2ª - quanto aos outros três pontos, o senhor jornalista faria bem em informar-se antes de espalhar boatos. Uma coisa é ter artigos de opinião em que diz 'coisas'; outra diferente é ter artigos de factos jornalísticos e não ter um único dado a suportar as afirmações e basear tudo em boatos.


Podemos confiar nos hospitais privados?


Já se esqueceram que, logo em março, muitos hospitais privados começaram a cobrar aos utentes das consultas mais simples uma abusiva "taxa Covid" de 10 a 20 euros, que podia ir às centenas de euros no caso de uma cirurgia? E isto até para pagar equipamentos de proteção, banais e baratos, como máscaras e gel?

Já se esqueceram que vários hospitais privados decidiram suspender as convenções com o Estado, no período de março a abril, a até então fase mais difícil da pandemia do novo coronavírus, deixando de dar apoio ao Serviço Nacional de Saúde quando este mais precisava?

Já se esqueceram que, em setembro, foi notícia o facto dos hospitais privados recusarem fazer partos a grávidas com COVID, sem terem avisado disso as mães que, durante a fase de acompanhamento da gravidez, iam lá às consultas médicas?

Já se esqueceram que no mês passado a Entidade Reguladora da Saúde teve de emitir um comunicado, depois de receber várias queixas de utentes, a pedir aos hospitais privados que recusam doentes com COVID-19 para avisarem antecipadamente os utentes dessa decisão?


September 20, 2020

Se calhar as coisas não são bem assim

 


... e não estão bem explicadas, mas não cabe a mim explicar seja o que for a respeito disto.




September 02, 2020

Isto não é assim, Rui Tavares

 


... e muito menos com estes argumentos. Rui Tavares começa por gozar com as pessoas do abaixo-assinado não serem muçulmanos, ciganos ou imigrantes mas pessoas como o ex-Presidente da República, o ex-Primeiro Ministro, o Cardeal Patriarca, etc. O que ele quer salientar é que estamos a falar de gente tão dogmática ou atávica como se costumam julgar aqueles grupos citados.

Depois argumenta que a disciplina é obrigatória e por isso tem de ser frequentada. É evidente que ele sabe muito bem que a questão está em haver quem discorde da obrigatoriedade da disciplina mas, sendo obrigatória, pedem que, no mínimo possa haver objecção de consciência. 

Depois argumenta que a objecção de consciência não se aplica à disciplina de Cidadania porque  a educação é um direito fundamental que os Estados asseguram. O que tem uma coisa a ver com outra? Por essa ordem de ideias, tudo pode ser declarado objecto de estudo obrigatório desde que o Estado o deseje? Então, o Estado não nos representa a nós? Ou um governo quando é eleito assume que tem um cheque em branco para impor os seus desejos? 

A seguir diz, com ignorância, que a objecção de consciência refere-se aos alunos e não aos pais. Isto é porque não sabe, nem se deu ao trabalho de pensar um bocadinho que os pais são responsáveis  educação dos filhos. Pensa que os alunos da escola são os da universidade. Um aluno não pode, a não ser que tenha 18 anos, decidir ter ou não ter a disciplina de Moral, por exemplo. Os encarregados de educação é que dizem, sim ou não, porque são eles quem decide da educação dos filhos, até certa idade.

Em seguida argumenta que perguntar se deve haver cidadania é como perguntar se deve haver português. Estamos em Portugal, aprende-se português, somos cidadãos, aprende-se cidadania. Rui Tavares não é estúpido e percebe muito bem que são coisas diferentes, aprender a língua ou matemática, o que implica conhecimentos técnicos e frequentar uma disciplina que tem por base posições ideológicas e filosóficas, porque isso de ser cidadão, estritamente falando, é cumprir os seus deveres cívicos: respeitar a lei e a ordem estabelecida; sendo-se contra, usar-se os canais legais até ao limite do possível; participar na escolha dos governantes e na vida política do país, fazer valer os seus direitos. Mais nada. 

A disciplina de cidadania que existe nas escolas extravasa em muito estes princípios e aborda assuntos que, por muito que nos custe, não estamos todos de acordo. Vamos supor que estávamos com um governo em que o ministro da educação fosse do Chega e resolvesse mudar os temas da disciplina para: defesa da vida (mesmo a embrionária), defesa da família tradicional, defesa dos valores da Pátria, etc. Se calhar o Rui Tavares assinava uma carta contra a obrigatoriedade da disciplina. E depois respondiam-lhe: então a nossa Pátria é Portugal, é normal termos uma disciplina que defenda os seus valores; o nosso país é maioritariamente católico, é normal que se aprenda a respeitar os valores do catolicismo e da família tradicional, etc. - estes são os mesmo argumentos de Rui Tavares.

No que me diz respeito, a disciplina cria problemas sem méritos que o justifiquem. Grande parte do que ali se fala, aborda-se em outras disciplinas como o ambiente, a sustentabilidade, a sexualidade: fala-se disso tudo na Biologia. Questões como o respeito, a tolerância, as questões da convivência entre culturas, os direitos humanos, a justiça social, questões de ética, os deveres individuais e sociais, etc., abordam-se na disciplina de Filosofia. Aliás, acontece chegarem à disciplina de Filosofia e já terem falado de certos temas, várias vezes!! uma em cada ano que tiveram a disciplina, mas de maneira descontextualidada dos princípios filosóficos que as sustentam, porque a disciplina é dada por qualquer professor, o que não ajuda nada... e, pior, já não suportam ouvir falar das mesmas coisas.

Os temas da disciplina de cidadania fazem parte daquilo que se chama o currículo escondido e que corresponde à aprendizagem de comportamentos e valores pelo exemplo do professor e da escola. Se os professores, nas suas aulas, são pessoas que respeitam os alunos, respeitam pontos de vista diferentes, respeitam os direitos dos alunos, exigem que eles respeitem os direitos dos outros e cumpram os seus deveres, se gerem a aula com princípios de exercício de liberdade, dentro das regras, se mostram respeito por outras raças, outras culturas, se dão exemplo de não serem racistas, machistas, homofóbicos, etc. Se não deixam que nas aulas haja actos de violação de direitos humanos e discutem isso com os alunos em cada caso que surge; se cumprem os seus deveres de cidadania política e incentivam os alunos a fazê-los, pois isso é que é educar para a cidadania. 

Se são o oposto disso, quer dizer, se mostram ser racistas, machistas, agressivos, etc., é indiferente que haja uma disciplina de cidadania. Se a escola em si não é uma organização democrática, muito antes pelo contrário, como é o caso, para quê haver uma disciplina de cidadania? Para nos tirar montes de aulas que precisamos para os currículos gigantescos? Ou é para ser como o grande evangelizador das massas que impõe estas disciplinas e só fala de direitos e em grandes princípios mas depois, na prática, vêmo-lo sem respeito, nem pelos outros, nem pela lei? A cidadania é um exercício, uma prática, não um evangelho.

É claro que o Estado pode impor a disciplina a todos como obrigatória como impõe muita coisa, mas não devia. A prioridade do Estado devia ser comportar-se ele mesmo com civismo, dentro do respeito pelos outros, nomeadamente pelos alunos e pela lei.