Os alunos não precisam de telemóveis permanentemente ligados a redes sociais e sites de manipulação que promovem o radicalismo, a crendice, a superstição, o encolhimento do vocabulário, etc. Não precisam de um tutor digital que lhes diz o que pensar, em quem acreditar, como e quando, em quem votar, o que comer, etc. A internet não é uma ferramenta, como é vulgar dizer. É um tropos, um lugar, uma enorme cidade cheia de bairros de entertenimento fácil e duvidoso e de sites comerciais malévolos disfarçados de tutores, muitos dos quais cheios de precipícios, muitíssimo perigosos para se andar por lá desde muito novo, descuidadamente e sem protecção. Também tem lá ferramentas, sim, mas para usá-las é preciso saber evitar os precipícios e para isso é preciso orientação.
Ler, que é uma maneira de parar e reflectir, ganhar vocabulário (cada palavra é uma ferramenta para compreender o mundo), desenvolver maleabilidade mental, complexidade de estruturas frásicas (o que permite compreender ideias complexas), conhecimentos sobre as ideias, as possibilidades e as experiências do mundo tem um efeito formador da mente, da sensibilidade, do mundo interno psíquico e constitui-se, por isso mesmo, como um instrumento de fortitude mental e desenvolvimento de espírito crítico e de resistência à voragem da internet. Não há espírito crítico sem conhecimentos.