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December 31, 2024

Perguntas de fim de ano impossíveis de responder

 


Ainda agora me enviaram uma pergunta para porem a resposta num post de uma rede social: "qual o melhor livro que leste em 2024?" Não sei responder a isso! Como é que é possível lembrar-me de todos os livros que li? Só se tivesse anotado tudo o que li. Por exemplo, neste Natal deram-me estes livros: 

Comecei a ler O Homem que Gostava de Cães, que é sobre Trotsky e o seu assassino, Rámon Mercader, bem como os horrores da ditadura totalitária comunista-soviética. Também já li o primeiro conto das Histórias de Ted Chiang, Tower of Babylon, por sinal muito bom.

Hoje, dado que vou ficar por aqui porque não me apetece ir para lado nenhum para festas e muito menos oganizá-las, quero ler mais uma porção de, O Homem que Gostava de Cães e ainda A Origem da Ciência

Ontem reli estes dois livros, embora um deles não totalmente mas uns capítulos  que me interessavam -o de Karl Jaspers que é editado pela Hanna Arendt- porque ando a organizar ideias sobre um assunto e precisava de lembrar-me ao certo do racionalismo iluminista de Kant e das suas ideias acerca da história e do seu progresso.

A questão é que, se bem que haja dias em que leio pouco -dois ou três artigos literários, filosóficos ou científicos- na maioria dos dias leio muito.

Esperar que um leitor se lembre de todos os livros que leu num ano e qual o melhor deles é o mesmo que esperar que um cozinheiro se lembre de todas as comidas que comeu e qual a melhor ou esperar que um cinéfilo se lembre de todos os filmes que viu e qual o melhor, etc.

Enfim, se tivesse mesmo que responder escolhia um livro de um filósofo. Por exemplo, dois que li recentemente: este de Kant ou o Tratado da Natureza Humana de Hume que reli há um mês e tal por causa de uma formação - mas não sou capaz de dizer qual deles é o melhor. Ambos são o melhor. Todos os livros dos filósofos são, todos eles, o melhor e nisto não há contradição. Cada filosofia de cada filósofo é uma resposta a outra filosofia de outro filósofo e nesse diálogo contínuo em espiral, todos têm insights, respostas e soluções para os problemas humanos que não se anulam mutuamente, antes são todas, em parte, válidas e supra-temporais. 

December 23, 2024

Ler, ler, ler

 

Os alunos não precisam de telemóveis permanentemente ligados a redes sociais e sites de manipulação que promovem o radicalismo, a crendice, a superstição, o encolhimento do vocabulário, etc. Não precisam de um tutor digital que lhes diz o que pensar, em quem acreditar, como e quando, em quem votar, o que comer, etc. A internet não é uma ferramenta, como é vulgar dizer. É um tropos, um lugar, uma enorme cidade cheia de bairros de entertenimento fácil e duvidoso e de sites comerciais malévolos disfarçados de tutores, muitos dos quais cheios de precipícios, muitíssimo perigosos para se andar por lá desde muito novo, descuidadamente e sem protecção. Também tem lá ferramentas, sim, mas para usá-las é preciso saber evitar os precipícios e para isso é preciso orientação. 

Ler, que é uma maneira de parar e reflectir, ganhar vocabulário (cada palavra é uma ferramenta para compreender o mundo), desenvolver maleabilidade mental, complexidade de estruturas frásicas (o que permite compreender ideias complexas), conhecimentos sobre as ideias, as possibilidades e as experiências do mundo tem um efeito formador da mente, da sensibilidade, do mundo interno psíquico e constitui-se, por isso mesmo, como um instrumento de fortitude mental e desenvolvimento de espírito crítico e de resistência à voragem da internet. Não há espírito crítico sem conhecimentos.




September 04, 2024

Elogio da leitura



Crime e Castigo ilustra o funcionamento do processo criativo, os benefícios que a ficção proporciona à sociedade e a razão pela qual lemos romances (e vemos teatro e cinema) em primeiro lugar. Também expõe a ignorância cultural por detrás das tentativas de todo o espectro político de cancelar livros e autores pelas suas alegadas falhas ideológicas e morais. Estes ataques - especialmente chocantes quando vêm de leitores, colegas romancistas, departamentos de Inglês e outros que deveriam saber melhor - visam o valor central das Humanidades.

As histórias levam-nos para fora de nós próprios para que nos possamos ver a nós mesmos. Quando reflectem as nossas vidas, trazem-nos conforto, lembrando-nos que não estamos sós. Quando tratam de assuntos difíceis, ajudam-nos a explorar os nossos medos e traumas passados a partir da distância segura de um espaço imaginado. Quando nos divertem e iluminam, enriquecem a nossa imaginação. Aprofundam a nossa compaixão pelos que não amamos e revelam as facetas ocultas da nossa natureza.

Quem poderia, por exemplo, planear matar outro ser humano? Ou continuar os seus vícios à custa do seu filho? Só monstros. Não pessoas como nós. No entanto, quanto mais lemos Crime e Castigo, mais sentimos o sofrimento do assassino, Raskolnikov e do bêbado, Marmeladov. As suas escolhas e comportamentos repugnam-nos, mas reconhecemos o medo, a culpa e a vergonha em nós próprios e perdoamo-los como queremos ser perdoados pelos nossos próprios pecados.

A empatia - a base das artes - assenta numa verdade evidente, ainda que fora de moda - que, por baixo da pele, todos partilhamos uma humanidade comum. Independentemente da nossa raça, género, orientação, idade ou outra diferença, cada um de nós já sentiu todas as emoções e conheceu a graça e o desespero. As nossas circunstâncias individuais e expressões culturais podem ser radicalmente diferentes, mas a experiência universal de sermos humanos é a forma como conseguimos relacionar-nos com personagens e histórias escritas através de continentes e séculos.

Para compreender os outros, temos de nos compreender a nós próprios. Para criar personagens credíveis e psicologicamente complexas - especialmente quando essas personagens são repelentes e quebram tabus sociais - é necessário um auto-exame implacável. Esta investigação manifesta as obsessões, os defeitos e a capacidade de fracasso moral do romancista. Por vezes, essa exposição é literal, outras vezes é indirecta.

Allan Stratton

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Em "Crime e Castigo", Dostoiévski explora o dilema psicológico entre a culpa e o arrependimento, um caos que ressoa nas profundezas da condição humana. Raskolnikov, um estudante que se vê imerso numa espiral de justificativas e racionalizações, encarna a tensão entre uma moralidade que se baseia nas suas teorias sobre o homem extraordinário e a realidade brutal das suas acções criminosas.

A culpa, nesse contexto, emerge como uma força que não apenas o condena, mas que o transforma em prisioneiro da sua própria consciência refletindo a incapacidade de Raskolnikov de reconciliar as suas crenças filosóficas com a gravidade dos seus actos.

Por outro lado, o arrependimento surge como uma forma de reconhecimento do erro, uma possibilidade de restaurar a unidade quebrada e evitar transformar os erros em preconceitos cegos. No entanto, para Raskolnikov, o arrependimento não é imediato; é uma construção gradual, um processo que se desenrola por intermédio das suas conversas com Sonia e outras personagens que simbolizam a compaixão e a redenção. 

O arrependimento, portanto, não é apenas uma resposta emocional, mas uma força que o impulsiona a uma jornada de auto-descoberta e transformação. Eventualmente, à busca de um perdão.

A tensão entre culpa e arrependimento leva Raskolnikov a um estado de paralisia existencial, onde a acção se torna impossível e a reflexão se transforma em tortura. Essa dualidade não é apenas uma luta interna; é uma representação do conflito humano universal entre razão e emoção, entre o desejo de se afirmar como um ser superior e a realidade de ser um ser falível. 

Dostoiévski, ao explorar essa dinâmica, não apenas cria um retrato vívido da psique de Raskolnikov, mas também oferece uma meditação sobre a condição humana, sobre como os indivíduos navegam nas complexidades da moralidade, da responsabilidade e da busca por significado no meio do desequilíbrio e d caos.

A obra de Dostoiévski convida-nos a refletir sobre a natureza do arrependimento como um caminho para a redenção, enquanto a culpa, se não confrontada, pode levar à auto-destruição. O dilema de Raskolnikov permanece relevante, pois ilustra a luta incessante que todos enfrentamos ao buscar um sentido nas nossas acções e as consequências que advêm das nossas escolhas. É um lembrete poderoso de que o caos da mente humana, repleto de incertezas e contradições, é uma parte complexa da experiência de viver.

Oliver Harden

January 16, 2024

Desafios

 


Aquele meu amigo que esteve na origem de reler Guerra e Paz de Tolstói, em voz alta, e postar essa leitura aqui no blog anda a aliciar-me para ler outro livro, um clássico que (ele) não tenha lido e já me disse que preferia o, Em Busca do Tempo Perdido. Hesito. Em primeiro lugar, já li esses livros -há 40 anos, é certo- e preferia ler uma obra que ainda não tivesse lido. Em segundo lugar, porque a obra é o dobro, em extensão, de Guerra e Paz. Levaria quase dois anos ano a lê-la assim às 6 páginas por dia. A obra tem cerca de 4,300 páginas. Em terceiro lugar, porque tenho esta paresia da corda vocal e devo poupar a voz ou pelo menos não cansá-la - se bem que ler 15 ou 20 minutos por dia não fizesse mossa, acho eu. No entanto, sei que, se começar essa tarefa depois figo obcecada em não falhar um único dia e não me apetece ficar presa a uma tarefa dessas durante dois anos. Logo, hesito.

Lembrei-me disto porque agora mesmo fui dar com um artigo que lamenta vivermos numa sociedade em que não há tempo para ler, Em Busca do Tempo Perdido,

Just as everything about market society seems designed to get in the way of reading Proust, reading Proust gets in the way of participating in market society. As long as you buy it, Proust’s novel remains a commodity, but as long as you are reading it on paper — and reading yourself in the meantime — you are not generating further material profit. Indeed, while you are reading Proust you and your time are quite literally operating at a loss. In the grand scheme of things, regaining your time from the market may amount to a negligible act of resistance to it, but one could find a worse benchmark for what constitutes a free society. A free society will be one in which everyone, if they so choose, has the time to read In Search of Lost Time. ~Ryan Ruby in Reading and Time

 

March 07, 2023

Um vislumbre da superficialidade, sicofantsmo e falta de ética do mundo dos grandes homens de negócios





Elon Musk’s Texts Shatter the Myth of the Tech Genius


The world’s richest man has some embarrassing friends.
By Charlie Warzel


Este artigo já tem uns meses. Quando Elon Musk tentou recuar na compra do Twitter, o Tribunal de Delaware divulgou centenas de mensagens de texto e e-mails enviados por ele e para ele. O documento tem 151 páginas de mensagens que correspondem a uns meses da vida do homem mais rico do mundo e um raro vislumbre, não envernizado, dos mundos sobrepostos do Silicon Valley, dos media e da política. 

Os textos são suculentos, não por serem sensacionalistas ou ofensivos, mas por serem medíocres, sem imaginação e bajuladores. A quantidade de 'amigos' de Musk que lhe envia mensagens de glorificação, com textos infantis, ideias de projectos ridículos, sem nenhum pensamento de consequências, muitos a prometer-lhe centenas de milhões de dinheiros públicos, só para se aproximarem dele e do seu dinheiro/poder. E o modo completamente arrogante e superficial como ele responde, como se, de facto, ele e aqueles bajuladores, fossem resolver ali com aquelas 'ideias giras' os problemas do mundo. 
É assim que estes clubes de boys decidem dos nosso destinos e é assustador. A glorificação do dinheiro pelo dinheiro, leva à glorificação de gente medíocre.

February 23, 2023

Uma casa para ler

 



uma biblioteca pública na Índia

(já não sei onde encontrei esta imagem)


Leituras pela manhã - Não deite fora os seus livros em papel




Guarde os seus livros físicos

Temos de proteger a história cultural

Ben Sixsmith


Há uns anos enviei a minha colecção de livros de Inglaterra para a Polónia. Parte foi sentimentalismo, mas também tinha um instinto conservacionista. Os livros não são como outros objectos. Se um livro se perde, um texto pode perder-se.

Ok, não preciso de uma cópia de The Great Gatsby. Se eu tivesse um desejo repentino de ler o livro, poderia encomendar outro - ou encontrar um online. Mas e a autobiografia de Fred Trueman? E que tal uma defesa da astrologia? E que tal um livro de medicina dos anos 30? Nem sempre é possível encontrar outros exemplares de livros, em formato físico ou electrónico. Essa autobiografia de Fred Trueman tinha sido herdada de um velho tio-avô que tinha vivido numa casa grande que cheirava a fumo de cachimbo. 

Eu uso um Kindle. Afinal de contas, pode ser difícil ter acesso a livros em inglês a curto prazo na Polónia. Se alguém me pedir para rever um livro de 500 páginas ou o novo thriller de Hillary Clinton, não lhes vou pedir que esperem algumas semanas até que os livros cheguem.

Mas não podemos fingir que possuir um livro físico e "possuir" um livro electrónico significa a mesma coisa. Se descarregar o livro para o computador ou para um USB, já se está a aproximar mas se tiver os seus livros electrónicos na sua conta da Amazon e a empresa sair do negócio, eles desapareceram. A Amazon não tem sequer de desaparecer - podem simplesmente fechar a sua conta. A sua posse do texto dura de acordo com os caprichos de um proprietário que o pode vender ou expulsar.

Poderá comprar uma cópia de um livro que foi escrito há anos - ou um filme clássico e/ou uma série de televisão antiga - e descobrir que é muito diferente do que se lembrava. Ora, ninguém vai entrar sorrateiramente em sua casa, tirar os livros das prateleiras e começar a alterá-los. Mas os livros que estão a ser republicados hoje podem acabar por ser completamente alterados  [por políticas woke].

Ontem, o Telegraph mostrou como novas edições de livros infantis clássicos, de Roald Dahl, estão a ser publicadas após alterações substanciais feitas de acordo com os desejos de uma classe mórbida e absurda de pessoas conhecidas como 'leitores sensíveis'. O Telegraph relata:
A linguagem relacionada com o peso,  a saúde mental, a violência, o género e a raça foi cortada e reescrita. Lembra-se dos 'Homens-Nuvem' em James and the Giant Peach? Eles são agora o 'Povo das Nuvens'. As 'Raposas Pequenas' em Fantastic Mr Fox são agora do sexo feminino. Em Matilda, uma menção de Rudyard Kipling foi cortada e substituída por Jane Austen. É Roald Dahl, sim, mas diferente.
É importante esclarecer que estas mudanças não são apenas presunçosas e arrogantes, elas degradam claramente a qualidade do texto. Veja como o doce surrealismo cómico de Dahl dá lugar a um sermão sem graça:



Ninguém nega que Dahl era um escritor muito cru e até sádico, mas parte da diversão de o ler, quando criança, é entrar no lado escuro e começar a compreender as sombras que se vislumbram em todo o mundo. Estes vândalos artísticos de pequenas dimensões, estão a aplanar aquelas peculiaridades interessantes da literatura, por causa do medo paralisante de que alguém, algures, o possa ler e ficar ofendido.

Se Roald Dahl nem sequer pode dizer que a Sra. Trunchbull tem uma cara de cavalo - porque ninguém tem feições de facto, de cavalo, ou porque estamos proibidos de as notar - o que mais se pode mudar? Se livros como Matilda e filmes como E Tudo o Vento Levou estão a ser cortados aos pedaços, o que poderia acontecer a outros menos famosos e mais provocadores? Raios, vejam como os editores de Dahl decidiram que autores tão ilustres como Joseph Conrad e Rudyard Kipling - referidos em Matilda mas agora substituídos por Jane Austen e John Steinbeck - são demasiado perigosos para serem sequer mencionados em frente de crianças. O Coração das Trevas? Kim? Meu Deus, alguém pense nas crianças!

Precisamos de manter os livros físicos. Diabos, devemos até guardar os nossos DVDs. Quase me arrependo de me ter livrado dos meus VHSs - embora, sabe Deus que não teria maneira de os ver. Tal como queremos possuir terras que ninguém pode destruir, devemos querer possuir terras culturais com as quais ninguém se pode intrometer. 

Talvez seja cómico lutar ferozmente para que as crianças ainda tenham a oportunidade de ler sobre a cara de cavalo da Sra. Trunchbull, mas se não tomarmos uma posição, onde é que isto vai acabar? 


October 01, 2022

O sub-continente indiano

 


Ando aqui à procura de um livro que me dê uma visão cronológica em CinemaScope, por assim dizer, da história da Índia



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June 21, 2021

Como ler jornais e notícias em geral?

 


Entre não ler jornais e outros meios de comunicação social para não se afectar em termos mentais e psicológicos e ler tudo sem distanciamento ficando afectado, há um meio termo. Entre não se perder na 'espuma dos dias' e não se alienar da realidade quotidiana tornando-se cúmplice por abstenção dos destinos da 'polis', há um meio termo.


1º - ler muito, desde cedo, desde uma idade precoce. Ler bons autores. Ler estende a experiência de vida, a vida mental, a inteligência e o espírito crítico.

2º - Pôr-se num estado de espírito crítico-racional de boa disposição, antes de ler as notícias, para não ficar mentalmente assoberbado com os desastres quotidianos, sobretudo agora que todo o local é global.

3º - Ler com prudência. Escolher o que não ler - notícias de exploração sentimental: quem matou quem, etc. - a não ser que tenham relevância política.

4º - ler de fontes diversificadas.




August 02, 2020

"pitching above your head"



George Steiner a descrever a sua experiência quando tentou ler, pela primeira vez, O Ser o o Tempo de Heidegger e não passou da primeira frase, sequer. Como é importante não desistir de tentar entender o que não se entende (ele usa a expressão americana do baseball, 'pitching above your head', quando a bola é rápida demais para a perícia actual da pessoa) e do que se ganha com essa atitude. 
Isto fez-me lembrar duas situações. a primeira tem a ver com uma pergunta que às vezes me fazem sobre se já li os livros todos que tenho em casa -é claro que não, devo ter lido uns 80%- e porque compro mais livros antes de ter lido todos os que tenho para ler. Bem, é evidente que os compro porque quero lê-los e espero ter tempo e oportunidade. Há pouco tempo li um artigo, já não sei onde, onde se dizia que uma biblioteca revela o tipo de pessoa que se é, nomeadamente nos livros que estão por ler pois são prova do espírito de curiosidade e da consciência da própria ignorância e da necessidade de compreender e evoluir. Nunca tinha pensado nesse aspecto da questão.
Em segundo lugar, a expressão, pitching above your head, exemplifica muito bem uma das estratégias da leccionação que é lançar bolas sempre um bocadinho mais rápidas que a perícia dos alunos. Não demasiado rápidas para que não desistam de as atingir, mas suficientemente rápidas para que tenham de incomodar-se e esticar-se todos para as apanharem.
Esta experiência que Steiner conta acerca da leitura de Heidegger já todos a tivemos com um ou outro ou vários autores cujos livros deixámos a repousar até a mão ganhar perícia para os apanhar. Aliás, se não tivemos é mau sinal: é sinal de que nunca fomos além do que já sabíamos.