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February 26, 2023

É aceitável o ministro mentir continuamente?

 


Não há concordância nem nunca houve em entregar o recrutamento de professores a um grupo de directores, acabar com os professores efectivos numa escola (o que se chama quadros de escola) e obrigar todos a andar de escola em escola ou em duas escolas ao mesmo tempo. Em vez de resolver o problema da precariedade dos professores contratados, alargar a precariedade a todos. 
Todos os dias os sindicatos falam contra esta proposta. Todas as semanas dezenas de milhares de professores (às vezes mais de uma centena) vão a Lisboa protestar, mas o ministro diz que fez tudo, que os sindicatos concordam e que por ele o processo está concluído.
Não, diz ele, os professores estão como os outros todos que foram congelados... sim, havemos de fazer contas (lá para o ano de 2133...) e talvez nessa data falar de outros temas (para os quais ele se está nas tintas) numa óbvia manobra de tentar enganar, o que não é nada o seu costume...

A única obsessão do ministro é precarizar todos os professores para poder controlar-nos completamente e impor as suas ideologias e a sua incompetência. Mas todas as semanas sos jornais amigos e fofinhos publicam estas declarações e nenhum se atreve a fazer-lhe as perguntas que interessam ou, sequer, a confrontá-lo com os factos. 


JN, entrevista de frete com perguntas fofinhas ao ME


Foto
JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

February 17, 2023

Isto é o que eu estou a pensar?




O ME e o PM vão escolher a dedo quem 'compensar' - é que eu estou a pensar? Vão tentar subornar os directores para pôr professores contra professores? 


Ministro fala em "aproximações" mas FENPROF e STOP têm versão diferente


João Costa admitiu que "há um segmento que ficou muito mais prejudicado do que outro" quando as carreiras foram congeladas, mostrando abertura para compensar os docentes mais prejudicados.

CONFERÊNCIA de IMPRENSA do S.TO.P. sobre o parecer da PGR

 


February 08, 2023

Quando a Confap ameaça os professores

 

"Não gostaríamos que houvesse uma maior sobrecarga, mas estamos a ver que é o que vai acontecer. Terá de haver um reforço de aulas de apoio que permita aos alunos realizar os exames nacionais". Cerca de dois meses depois do início das greves dos professores, Mariana Carvalho, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais.


February 07, 2023

LOL, quem não o conhece que o compre

 


Está mesmo a ver-se que o querer acabar com os exames ou pô-los a valer menos é a pensar na valorização dos professores LOL Um ministro que tem o maior desprezo pelos professores e nem o esconde. É claro que isto não tem nada que ver com esconder o desastre suas políticas desastrosas e poder dizer que foi tudo um sucesso LOL


Exames com menos peso nas notas “valorizam o trabalho dos professores”

Directores e pais satisfeitos com modelo de conclusão do ensino secundário apresentado pelo Governo. Instituições de ensino superior não comentam por não conhecerem os pormenores da proposta.

February 06, 2023

A ex-SE da educação Leitão

 

Que levou um ministério como presente por ter tratado mal os professores (grande parte da burocracia actual nas escolas deve-se-lhe) e ter ressequido o dinheiro da educação, vem falar em o actual ministro estar com o corpo às balas dos professores, como se nós professores estivéssemos a fazer-lhe mal... Vejamos o homem está lá há 7 anos, quando foi para lá ainda havia pessoas a quererem ser professores, agora ninguém quer. Este é o resultado do trabalho dele. Mais de 100 mil alunos sem professores. E o que faz ele? Entretem-se a fazer papéis imbecis a dizer-nos como devemos trabalhar para lhe agradar e a impor políticas da moda. Entretanto, desresolve os problemas: os professores têm de ganhar mal, ser precários, sem carreira e obedecer-lhe como cães a seu dono. É um autoritário, persegue professores (e alunos), persegue grávidas, destruiu a qualidade do ensino, trabalha para as estatísticas e a Leitão fala como se ele é que fosse o prejudicado... ele no seu grande tacho. Um tipo que esvaziou as escolas de professores... é preciso viver-se noutro mundo, o mundo dos entachados, que não convivem com o povo.


Alexandra Leitão quer chamar Medina e Vieira da Silva às negociações com os professores

Ex-ministra da Modernização do Estado entende que o ministro da Educação não devia ser o único a dar o “peito às balas”

February 05, 2023

As propostas do ME

 


O ME, num simulacro de convergência com as pretensões dos professores, vem agora apresentar uma nova proposta de vinculação.  
“ACORDO DE PRINCÍPIOS PARA A REVISÃO DO REGIME DE RECRUTAMENTO E GESTÃO DE EDUCADORES DE INFÂNCIA E DE PROFESSORES DOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO. 
(…)

4 – Vinculação dinâmica

Introduzir fatores de estabilidade reforçada no acesso à carreira, encurtando o tempo necessário ao ingresso num quadro de AE/EnA. Assim, a sucessão de contratos de trabalho a termo resolutivo celebrados com o Ministério da Educação, não pode exceder um dos seguintes limites:
a) o limite de três anos ou duas renovações em horários anuais e completos, na sequência de colocação obtida em horário anual e completo no mesmo grupo de recrutamento ou em grupos de recrutamento diferentes, ou;
b) o limite de 1095 dias, desde que docente se encontre a exercer funções a 31 de dezembro e, em cada um dos dois anos anteriores, tenha prestado, pelo menos, 180 dias de tempo de serviço.
(…)”

Assim, da leitura, observa-se a manutenção da atual norma travão e o acrescento de outra. Ora, perante esta nova norma (alínea b)), todos os professores, alguns com mais de 10 e 15 anos de serviço, que estejam a prestar serviço em horário inferior a 11 horas, mesmo que em horário anual, não conseguirão efectivar nos próximos dois anos. É isto uma vinculação dinâmica?

O ministério quer que os professores garantam as aulas constantes dos horários inferiores a 11h, mas depois penaliza o seu trabalho desta forma! É isto honesto?

O ME está claramente a borrifar-se para a motivação dos professores e se estes vão ou não ter estabilidade. O que o ME quer são números, pelo que não tem problema em apresentar uma proposta desde que esta, à partida, possa receber simpatia mas que seja uma farsa. 
Números! Números e a continuação da desigualdade que garante o “normal” funcionamento do sistema, ou se preferiremdo anormal, mas comum, funcionamento do sistema.
Claramente, o ME não quer estabilidade e qualidade na escola pública, o que o ME quer é que a escola-depósito esteja aberta, nem que para isso se comprometa a qualidade da aprendizagem. 

Nuno Domingues

blog https://www.arlindovsky.net/


February 04, 2023

Escrever sobre educação para contribuir para o ruído




Este senhor escreve um longo artigo contra a existência de exames, mas em vez de adiantar argumentos, adianta, sobretudo, acusações, demagogias e preconceitos contra os que são a favor de haver exames. Logo a começar pelo título, 'o altar-palco dos exames' que tem sub-entendido que todos os que são a favor de exames são fanáticos que idolatram os exames como deuses e que tudo não passa de uma representação. Portanto, logo pelo título ficamos a saber que o autor é, acima de tudo, contra os que defendem exames e que escreve para chocar.

1. Neste primeiro parágrafo o autor fala numa batalha dos bons (os que têm a coragem de assumir e inovar) contra os maus: os que querem exames. Portanto, isto é uma guerra dos bons (que não querem exames) contra os maus (os que defendem exames). Não há um único argumento a favor do fim dos exames. 

2. Neste parágrafo ridiculariza os que defendem exames. Não há um único argumento a favor do fim dos exames.

3. Neste parágrafo, o autor lamenta que muitos queiram ir para certos cursos e não entrem por causa de décimas em exames. Ora, como é evidente, não é pelas décimas que não entram, mas por não haver vagas para todos. Não havendo exames teriam de arranjar outro modo de fazer uma seriação porque o problema é: os lugares são em número limitado e não cabem todos. 

4. Neste parágrafo, o autor fala da não entrada num curso como uma catástrofe para a vida, equivalente à notícia de ter um cancro em fase adiantada, por exemplo, mas não é. Se calhar o erro está em as famílias e os professores alimentarem a ideia de que para cada aluno só há uma única possibilidade na vida e que falhando essa possibilidade toda a vida falha. E não é verdade que cada professor saiba o nome de todos os que não entraram exactamente onde queriam. Se calhar só aqueles que têm essa visão redutora e pobre da vida.

5. Neste parágrafo, o autor fala como se o Estado fosse um papá que deve acompanhar como tutor a vida das ovelhas do seu rebanho (é tal qual o ministro a falar), mas isso não cabe ao Estado: dizer a cada um o que deve fazer da sua vida. E depois fala-se no privado como se fosse uma associação de inúteis onde só se vai parar se não se tiver nota para o ensino público, o que também me parece exagerado e errado.

6. Neste parágrafo, o autor entra em contradição com o anterior e diz que do privado saem profissionais com carreiras brilhantes que tiveram nota inferior nos exames nacionais. Em primeiro lugar, volta a falar de objectivos de vida em termos de carreiras brilhantes, o que a mim me parece extremamente redutor enquanto perspectiva de vida (porque razão uma vida falha se não se tiver uma carreira brilhante?) e não é argumento nenhum a favor de não haver exames; em segundo lugar, esquece que, regra geral, muitos dos que saem das universidades privadas têm uma rede de conhecimentos a que recorrem para fazer a tal carreira e isso nada tem a ver com notas de exames.

7. Neste parágrafo, há muitos adjectivos dramáticos como, 'delírio' e 'aterrador', muitas petições de princípio, mas nenhum argumento.

8. Neste parágrafo há demagogia e contradição: os empresários preferem contratar gente com vigor e diligentes que gente com um diploma. Bem, se um diploma não serve para nada, porquê insistir em que os alunos tenham de entrar todos na universidade? E depois: as empresas fazem testes aos candidatos (a não ser que entrem com uma cunha vinda de cima) de maneira que quem tem não sabe lidar com testes e exames fica logo ali.

9. Neste parágrafo o autor fala como se não houvesse, 2ª fase, 3ª fase, etc. e um aluno só tivesse uma hipótese, uma vez na vida de fazer um exame. Isto é falso...

10. Neste parágrafo o autor fala do peso dos exames (50%) ser exagerado, o que também concordo, mas não argumenta de modo válido, apenas se mostra chocado. Não chega.

11. Neste parágrafo o autor, infelizmente, não argumenta as razões dessa desconfiança e os modos de resolver o assunto. Mais uma vez, só se indigna e diz que não pode ser. Se não há argumentação, não há discussão, só há, ou obediência, ou recusa.

12. Neste ponto concordo com o autor. O pagamento da logística dos exames de acesso à universidade devia ser obrigação do ensino superior e não das escolas secundárias.

13. Neste parágrafo, o autor faz uma falsa dicotomia: ou o exame é um mecanismo de aprendizagem ou é de classificação, mas na realidade é as duas coisas. Por um lado dá ao aluno uma medida do seu nível de aprendizagem numa escala finita de avaliação (daí que se façam testes e trabalhos ao longo do ano) mas também o incluem numa seriação, dado que, mais uma vez, não há lugares para todos nas universidades.

14. Neste parágrafo, em vez de tentar dar resposta ou analisar as próprias questões que faz, o autor, mais uma vez, apenas faz afirmações de princípio e não oferece nenhum argumento.

15. Neste parágrafo, mais uma petição de princípio infundada: o ensino secundário desbaratou a sua dignidade. Nenhuma análise, nenhum argumento.

16. Aqui, outra vez, constata que há descrença nas notas do secundário mas não pensa porquê, nem como resolver. Ora, as coisas não chegaram onde estão sem um caminho que foi percorrido e é esse caminho que tem de ser percebido. Não basta indignação.

17. Aqui o autor propõe que as universidades se aproximem das escolas secundárias e que se imponha nas universidades os métodos de aprendizagem das escolas porque os professores das universidades não são bons. (impor é a palavra preferida do ministro da educação) Independentemente dos professores das universidades poderem melhorar pedagogicamente, reparo que o autor, depois de acusar as universidades de desconfiarem gratuitamente dos professores das escolas, ele mesmo desconfia gratuitamente dos professores universitários.

18. Por incrível que pareça, depois de falar contra o secundário estar feito como caminho para os cursos superiores, aqui vem defender que os professores das universidades devem estar nas escolas para os alunos ficarem logo a saber o que esse espera deles quando lá entrarem. Como se a educação tivesse como fim único pôr alunos em universidades e as universidades fossem uma espécie de finishing schools à antiga e não tivessem, cada um dos ciclos, os seus propósitos específicos.

19. Neste parágrafo, o autor faz ruído: também eu me queixo do decréscimo do nível cultural dos alunos que me chegam às mãos no 10º ano, mas só por ignorância ou grande ingenuidade, alguém pode pensar que isso é um sintoma das escolas e que seria resolvido se os professores universitários estivessem nas escolas, que é o mesmo que defender que os seus colegas professores não têm nível e que a convivência com professores universitários lhes daria, por osmose, um grande nível. Não sei se era isto que queria dizer, mas foi isto que disse. Portanto, queixa-se das universidades não confiarem nos professores do secundário mas depois defende que eram precisos professores universitários nas escolas para elevar o nível das escolas que não são de confiança. Não faz sentido. (E a senda deste ministro em aceitar que pessoas de qualquer formação venham a ser professores não ajuda à credibilização do ensino, parece-me.)

20. Isto não é verdade, a não ser talvez nos congressos de educação do ME que concluem sempre demagogicamente o que ele quer impor. A inovação de práticas nada tem que ver com exames. Se calhar os exames é que estão mal concebidos, o que é diferente. Toda a vida tentei inovar e passo muito tempo a pesquisar (e vejo imensos colegas fazerem o mesmo) e nunca me fez diferença que houvesse exames, apesar de os exames terem entrado numa caminho que não concordo, mas isso fica para o post a seguir.

21. Os currículos têm que ser coerentes com os métodos e com os instrumentos de avaliação (ou o oposto) e é isso que tem de ser melhorado. Não se acabam com os empregos com o argumento de não termos tempo de ler ou ir ao cinema. Melhora-se a organização do trabalho e dos tempos de lazer de maneira que haja tempo para as duas coisas. Na educação é igual. Já houve esse tempo, mas os exames enveredaram por caminhos anti-pedagógicos.

22. Aqui, o autor entra em contradição com o que disse anteriormente, mas como diz muita coisa com muito ruído pelo meio, já se perdeu no caminho.

23. Quando chegamos aqui à conclusão percebemos: este professor é um apoiante do ministro da educação e até as palavras lhe fogem para as práticas do ministro, o meu aplauso sonoro à presente e corajosa intimação do ME... intimação, que significa ordenar, mandar, exigir, impor a sua autoridade.

24. Este último parágrafo é de demagogia pura. Comparar os exames com a segunda guerra mundial e com a ditadura nazi e os alunos os com os que morreram na Normandia... que falta de seriedade e de sentido de decência, não?

(fui ver quem é este professor, Rui Correia. É o vencedor do prémio de melhor professor de 2019. Sou só eu que fiquei a desconfiar deste prémio apoiado pelo ME??))



O altar-palco dos exames nacionais

Rui Correia


1. (...) combate feroz que hoje se trava – finalmente - entre os ministérios que tutelam o ensino superior e o ensino básico e secundário. A batalha é ancestral mas assume agora uma feição histórica. O Ministério da Educação – que tutela o ensino básico e secundário – parece estar a recrutar a vontade política de enveredar por uma via que ninguém acreditava ter a coragem de assumir: o fim dos exames do secundário no acesso à universidade. Do outro lado do ringue, o Ministério que tutela o ensino superior pretende ampliar o peso a atribuir à nota dos exames nacionais para o acesso aos bancos das universidades, dos actuais 30% para 50%.

2. Escusado será dizer que logo pularam de todas as tocas aqueles que não têm nem querem ter alunos do secundário todos os dias pela manhã e que acham que têm coisas a dizer. É um direito e uma maldição ao mesmo tempo. Um mundo sem exames, dizem, não existe. Mesmo que não meçam o que deviam medir, os exames servem, ao menos, para mostrar alguma “realidade” do sistema que, sem eles, fica “cego” ao que se passa dentro das escolas.

3. Que ninguém o duvide: por causa dos exames, são milhares os jovens que todos os anos, merecendo perfeitamente ascender no ciclo de estudos e na carreira que ambicionam, morrem na praia apenas porque não estiveram bem em dois dias da sua vida, por melhor que tenham estado durante os últimos três, seis, oito ou doze anos do seu percurso escolar.

4. Cada professor sabe os nomes de dezenas e dezenas de alunos seus que, faltando-lhes uma décima ou umas centésimas na sua nota final, não conseguiram entrar nos cursos que desejavam.

5. Quando isto sucede, assiste-se ao cortejo dos condenados. O Estado nada tem para lhes dizer. (...) quem tem dinheiro e não tem nota suficiente, entra no ensino privado. Quem tem dinheiro, não tem nota e não quer ir para o privado, vai para o estrangeiro (...)

6. (...) todos os anos excelentes médicos que entraram no privado com notas inferiores às exigidas no público. E fazem carreiras brilhantes. Alguns deles são pioneiros no seu ramo. Não é, decididamente, através dos exames que seleccionamos os melhores candidatos.

7. Mas voltemos atrás. Qual é o problema da existência de exames no secundário? Afinal, a vida é mesmo assim. Quem, em situação de stress emocional não se aguenta e tira más notas num exame, não merece entrar à frente daquele que, em circunstâncias semelhantes, reagiu impecavelmente. É até justo que não entre, certo? Errado. Mas errado mesmo. Era tão bom que assim fosse. Mas não é.

Há pelo menos, dois erros clamorosos nesta tese: primeiro, os seres humanos não são ratos de laboratório, nem vivem em tubos de ensaio transparentes. Em educação não há, nunca houve, “circunstâncias semelhantes” e muito menos idênticas, em situação nenhuma. É um delírio. Um devaneio caro. Era interessante que houvesse, mas seria demasiado aterrador.

8. Aliás, aqueles que são muito a favor dos exames são exactamente os mesmos que aplaudem quando ouvem dizer que muitos empresários preferem de longe contratar um tipo com – como dizer isto? - vigor e diligência, a dar o litro pela empresa, do que um candidato indolente com um diploma.

9. O outro erro básico é que todos sabemos de jovens que simplesmente tiveram azar num dia marcado que, por acaso, era o dia do exame nacional.

10. É que este “sistema” não tem qualquer problema em olimpicamente ignorar tudo quanto o jovem foi ao longo dos últimos anos, no que diz respeito ao seu desempenho escolar. E na sua classificação de acesso ao ensino superior quer-se colocar num prato da balança – repare-se bem – aquilo que ele foi capaz de fazer em duas horas - e no outro prato da balança tudo quanto o jovem foi capaz de fazer nos últimos três anos. E pretende-se que valham exactamente o mesmo.

11. O sistema defende, assim, que um exame nacional consegue medir em duas horas – com tolerância de 30 minutos - aquilo que professores habilitados não conseguem medir em três anos de secundário.

E é esta desacreditação que aqui se condena. A confiança que se atribui a uma matriz de exame é igual à que se atribui às dezenas de professores que estudaram, orientaram, conheceram, acompanharam e classificaram esse aluno. Durante três anos. Esta desconfiança institucionalizada no ensino secundário é intolerável e tem de terminar. E todos ganham com isso. Todos.

12. Além do mais é incompreensível que seja o ensino secundário a pagar logisticamente todo o orçamento do acesso à universidade. Outros quinhentos.

13. O exame tem essa função mediadora entre o que temos e o que queremos obter. Entender o exame como a jusante de uma aprendizagem é saber quase nada sobre aprendizagem. O exame é muito melhor como mecanismo de aprendizagem do que como dispositivo de classificação.

14. A pergunta que permanece por responder é sempre a mesma: por que razão se desconfia tanto dos professores? Por que motivo as classificações obtidas durante o secundário não servem para recrutar os estudantes de uma qualquer faculdade? O que julgam que vão encontrar com os exames nacionais? Os melhores? Desenganem-se. Muitos dos meus melhores alunos não entraram nos cursos que queriam, por quase nada.

15. Os exames não podem converter-se no altar-palco da discriminação sem que alguém ou algum ministério se imponha. Os exames não podem continuar a ser a foz do ensino secundário. O secundário tem de recuperar uma dignidade e uma autonomia que desbaratou.

16. O ensino secundário tem em Portugal uma tradição de competência e qualidade que ninguém contesta. Os professores sabem o que fazem. Sabem como avaliar os seus alunos. Imagine-se um sistema em que, sendo mesmo inevitável impor numerus clausus, temos de fazer uma selecção entre os alunos que terminam o secundário. Por que motivo a classificação dos últimos três anos não é aceite como o mais competente e longitudinal retrato de um candidato? Só existe uma forma de entender isto: não se acredita nos professores do secundário.

17. Imagine-se o que podíamos todos ganhar com uma maior articulação entre ciclos de ensino: por um lado, os professores do superior podiam envolver-se com novos formatos de aprendizagem e avaliação que teimam em não se impor no ensino superior e são correntes no secundário. Ganhávamos melhores professores do superior.

18. Por outro, a presença regular de professores do superior no secundário tornaria ainda melhores os professores do secundário, que desse modo se actualizariam cientificamente numa base de comunicação fluente e regular entre ciclos. Ganhava-se melhores alunos no superior porque já vinham com um amplo entendimento do que deles se espera no superior.

19. (Basta escutar o que dizem os professores do superior acerca da “qualidade” dos alunos que vêem entrar nas suas salas de aula. Não têm conto as vezes que amigos meus, docentes do politécnico ou do superior, me desabafam como é frustrante assistir ao decréscimo de nível cultural das gerações que lhes chegam às mãos). Todos ganhamos com este diálogo.

20. Quem anda por este país em congressos sobre educação sabe que quase todos os especialistas concluem que a necessária modernização das práticas docentes e métodos de aprendizagem encontra sempre um travão implacável: os exames nacionais.

21. Professores do secundário que queiram inovar ou que queiram fazer as coisas de um modo que vá ao encontro do que os nossos tempos lhes impõem, não o fazem por uma razão simples: os conteúdos que saem no exame têm de ser dados num curto espaço de tempo. Muitas vezes sem ligar àquilo que os alunos sabem fazer, porque não há tempo para experimentações ou contemporaneidades.

22. O secundário converteu-se numa antecâmara do superior. Está transformado numa linha de montagem de classificações onde o saber e o conhecimento produtivo, crítico e original, não têm qualquer cabimento. Porque não serão medidos.

23. Daqui o meu aplauso sonoro à presente e corajosa intimação do Ministério da Educação. É hora de acabar com o que não faz sentido nenhum. Nem estatístico – porque mede mal o que se pretende que meça bem – nem pedagógico – porque ignora demasiado do que cada candidato na realidade é e, consistentemente, tem sido ao longo da sua vida escolar.

24. Quem, ainda assim, considera que os exames nacionais são um mal menor, com um institucional e mensurólatra interesse estatístico, não visitou essa Normandia onde todos os anos desembarcam e morrem, sob fogo inimigo, tantos filhos dos portugueses. A equidade não é a sua praia.

January 31, 2023

Serviços mínimos em escolas onde os serviços já são mínimos?

 


Dado que a maioria das escolas já opera normalmente com os serviços nos mínimos, decretar serviços mínimos, na prática, equivale a decretar a requisição civil.


As lições do Pinosta

 

Isto tem piada.












Não sei quem é o autor destes quadros. Fui buscá-los ao fb


January 30, 2023

Espero que o tribunal da relação venha a considerar ilegal os serviços mínimos

 

Não só porque são decretados contra um sindicato, mas também porque o fundamento dos serviços mínimos é o ministro 'achar' que os professores têm feito greves a mais... porque sua excelência é a Constituição da República personificada...


January 24, 2023

A chatice dos factos

 


O ME pode ir 20 vezes à TV com aquele ar sonso dizer em voz de escuteiro que tem muito respeito pelos professores que não convence ninguém porque os seus actos são de ofensa, ataque, autoritarismo, e desprezo. Isto, por exemplo, de mandar médicos avaliarem outros médicos que acompanham grávidas de risco é um comportamento indigno. Hoje comemora-se o Dia Internacional da Educação e esta é a visão que o ME tem dos educadores portugueses. 





January 23, 2023

Todos os dias usam os jornais para denegrir professores

 

Desde que a Lurdes Rodrigues inaugurou essa moda nunca mais parou. Hoje são grandes parangonas a dizer que a culpa dos colégios estarem cheios é dos professores da escola pública. Portanto, os problemas da escola pública nada têm que ver com as políticas medíocres dos governantes e o facto de usarem a escola apenas para poupar dinheiro, mas sim com os professores. Os professores são a causa de todos os problemas da escola pública. E esta é a estratégia do ME e do primeiro-ministro para a escola pública: partir a espinha aos professores. Depois é que a escola vai ser de qualidade.



January 20, 2023

O governo a orquestrar uma campanha para pôr pais contra professores?

 

Senhores encarregados de educação: se compreendem a justeza das reivindicações dos professores que levaram à greve e concordam com elas, em vez de pressionarem os professores à submissão escravizante, pressionem o governo a fazer o que é justo e devido há muito tempo. Concordar com todas as razões da luta mas ao mesmo tempo opôr-se-lhe é hipocrisia ou cobardia.


Tânia já perdeu trabalhos, os filhos de Helena estão em casa há três semanas: “Não pode ser, não é justo”


“Não posso concordar com uma forma de luta quando olho para o lado e vejo que há crianças que estão a passar fome.” Apesar de compreenderem a luta dos professores, pais notam o impacto no dia-a-dia.

January 19, 2023

Se não fosse grave era só ridículo



Um ministro que não é capaz de falar dos professores sem ofensas, sem dizer que os professores não fazem nada, que só faltam, que não sabem ensinar a não ser os bons alunos, que estão cheio de privilégios, um ministro que intimida, que ameaça professores com faltas disciplinares para impedir o direito democrático à greve, que vomita documentos atrás de documentos a dizer aos professores como devem ensinar à sua maneira, que quer controlar os professores até ao mínimo gesto com burocracia, que volta as costas aos problemas dos professores, que tem um feitio prepotente, que manda arrasar decisões dos conselhos de turma, etc., vem falar de serenidade e boa fé...? Se não fosse grave era só ridículo.



Ministro da Educação afirma que "é tempo de recuperar a serenidade" e promete "boa-fé negocial"


João Costa considerou no debate de urgência requerido pelo Chega que o Governo continua "em diálogo construtivo, sereno" com os professores, estando comprometido "com a resolução dos problemas".

A SPM diz que a revisão curricular da disciplina é vaga, omissa, superficial, com erros pedagógico-didácticos


Adjectivos que assentam como uma luva ao ME. Tudo o que faz é medíocre.


Matemáticos criticam revisão curricular da disciplina no Secundário


A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) emitiu esta segunda-feira mais um parecer negativo à decisão do Ministério da Educação de homologar as novas Aprendizagens Essenciais (AE) acerca da disciplina de Matemática A para o Ensino Secundário. O documento relativo à revisão curricular é "omisso, vago e impreciso", dizem os especialistas.

Para os matemáticos, a decisão do Governo, publicada em despacho a 13 de janeiro, colocará em causa o ensino e a aprendizagem, sobretudo para os alunos que querem ingressar em Matemática no Ensino Superior.

Em comunicado enviado às redações, a sociedade aponta que o documento do ministério é "omisso, vago, impreciso e desestruturado" ao promover, por exemplo, "o uso intensivo de calculadoras ou de meios tecnológicos". Os especialistas criticam ainda a "superficialidade" e a "introdução de alguns temas no 10.º ano de pertinência discutível".

Desmotiva alunos

Esta não é a primeira vez que a SPM emite um parecer negativo às novas aprendizagens essenciais de Matemática para o Secundário. A 15 de setembro do ano passado, os especialistas defendiam haver "múltiplos e graves problemas", quer no conhecimento matemático, quer no conhecimento pedagógico-didático.

Para a SPM, há a tentativa de "transformar a aprendizagem da Matemática num conjunto disperso de abordagens", o que "desmotiva os alunos" e vai "contribuir para a carga burocrática" dos docentes.

January 18, 2023

O ME omite para enganar? Para instrumentalizar os professores e a educação? Certamente para impor as suas políticas nefastas


Este senhor Pedro Freitas, investigador em educação na faculdade em que o ME manda (portanto, duvido muito da sua isenção) defende que, como a avaliação dos professores não é um bom modelo, as quotas que prejudicam todos (prejudicam mais os bons que os maus) é muito melhor. Ele escamoteia a questão dos diretores escolherem tendo como modelo o que se passa no governo e autarquias: os 'perfis' são os dos amigos, dos amanuenses do partido, a família, etc. A questão das quotas e a questão da avaliação são coisas diferentes e uma delas não pode servir de argumento para manter a outra.

Este senhor defende uma avaliação de os professores produzirem materiais (como crianças?) e os investigadores, amigos do ME. escolhem os mais 'ubuntinhos'?


January 13, 2023

O ME em vez de resolver os problema da educação opta por intimidar e perseguir professores



Desta vez é o tal especialista do trabalho (Empregado do ministério da educação? Primo do ME? Do seu SE? Primo de outro ministro? Avençado pelo ME? Matriculado no PS? Sicofanta profissional?) que já nos acusou de causar prejuízos irreparáveis? Agora passou à ameaça. 
E que prejuízos irreparáveis já causámos? Humm... deixa ver... enfiar 25 mil milhões na banca? 4 mil milhões na TAP? Milhões e milhões em empresas de consultores amigos? Milhares e milhares em carros de grande cilindrada para ir de S. Bento ao aeroporto? Criar 4.5 milhões de pobres? Devolver o dinheiro de Bruxelas por não saber investi-lo na economia? Fazer leis na AR para safar amigos de pagar multas? Promover primos, amigos, maridos e mulheres, filhos, namorados, etc.? É isso.

Professores poderão ter faltas injustificadas se greve for declarada ilícita


“Podem existir fundadas e legítimas dúvidas quanto à legalidade” das greves de professores em curso, defende especialista em Direito do Trabalho.

Se a greve dos professores em curso acabar por ser decretada ilícita, “as faltas ao trabalho serão consideradas injustificadas com fundamento no exercício de um direito à greve inexistente, com as potenciais consequências do foro disciplinar para os trabalhadores”, alerta o especialista em Direito do Trabalho Pedro da Quitéria Faria. É o que se encontra estipulado no artigo 541.º, n.º 1, do Código do Trabalho e replicado na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.


PÚBLICO