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May 10, 2024

Noite de Estrelas

 



Noite de Estrelas

Maria Bethânia


Arde na terra a solidão da Lua
Iluminando meu olhar perdido
Entre campinas, abismos, chapadas
Meus olhos queimam a última lembrança
Como fogueira em noite de estrelas


Me deito só, com vista para o mundo
Calando fundo meus sonhos, minhas queixas
Mas alço voo em busca de teus passos
Piso descalço na terra do teu corpo
Suave passo, suave gosto, cheiro de mato
Meu braço lasso te lanço em segredo


Vem ser meu canto, meu verso, meu soneto
Vem ser poema no árido deserto
Serei oásis, silêncio, festejo
Serei sertão nas horas de aconchego

Arte Peripoética

 


Ary dos Santos

May 04, 2024

2 minutos de Camões por dia nem sabe o bem que lhe fazia



Luís de Camões

Os Lusíadas


Canto V (Est. 1-100 = 467-566)
[Continuação da narração da Viagem, feita por Vasco da Gama ao rei de Melinde:]

[Desembarque junto ao trópico de Capricórnio, na Ilha de Santa Helena, est. 24-27.]

25
«A maneira de nuvens se começam
A descobrir os montes que enxergamos;
As âncoras pesadas se adereçam;
As velas, já chegados, amainamos.
E, pera que mais certas se conheçam
As partes tão remotas onde estamos,
Pelo novo instrumento do Astrolábio,
Invenção de sutil juízo e sábio,



Astrolábio da nau de Vasco da Gama - Adelino Fernandes  

O astrolábio português da nau de Vasco da Gama é o mais antigo do mundo.
Resgatado ao fundo do mar Arábico, ao largo da costa de Omã, por arqueólogos britânicos em 2014, o instrumento de navegação pertencente à nau “Esmeralda”, naufragada em 1503, foi também autenticado por investigadores como o único astrolábio de disco sólido com uma proveniência verificável e o único exemplar decorado com um símbolo nacional: o brasão real de Portugal.
O fino disco de 175 milímetros de diâmetro e apenas 344 gramas foi analisado por uma equipa de investigadores que viajou até Mascate, Omã, em Novembro de 2016, para fazer imagens laser de uma selecção dos mais importantes artefactos recuperados no local do naufrágio da nau portuguesa.
Como o mais antigo astrolábio autenticado, preenche uma lacuna cronológica no desenvolvimento destes instrumentos icónicos e pensa-se ter sido um instrumento de transição entre o astrolábio planisfério clássico e o astrolábio de roda aberta, que começou a ser usado algum tempo antes de 1517.
Os astrolábios são considerados o mais raro e mais valioso dos artefactos encontrados em locais de naufrágios antigos, existindo apenas 104 exemplares em todo o mundo.

Fátima S R Cirne

May 02, 2024

Does pleasant spring return once more?


 

Pompeia, Itália (Ceres?) - foto de Eric Garcia Abreu 



The Complaint Of Ceres

Does pleasant spring return once more?
Does earth her happy youth regain?
Sweet suns green hills are shining o'er;
Soft brooklets burst their icy chain:
Upon the blue translucent river
Laughs down an all-unclouded day,
The winged west winds gently quiver,
The buds are bursting from the spray;
While birds are blithe on every tree;
The Oread from the mountain-shore
Sighs, "Lo! thy flowers come back to thee—
Thy child, sad mother, comes no more!"
(...)
Joy to ye children of the field!
Whose life each coming year renews,
To your sweet cups the heaven shall yield
The purest of its nectar-dews!
Steeped in the light's resplendent streams,
The hues that streak the Iris-bow
Shall trim your blooms as with the beams
The looks of young Aurora know.
The budding life of happy spring,
The yellow autumn's faded leaf,
Alike to gentle hearts shall bring
The symbols of my joy and grief

by Friedrich von Schiller

(O poema explora a profunda dor de Ceres, a deusa da agricultura, após a perda da sua filha Prosérpina, raptada por Plutão, o deus do submundo)

April 12, 2024

Um poema visual - Antártida

 


A free bird leaps

 


Caged Bird

A free bird leaps
on the back of the wind   
and floats downstream   
till the current ends
and dips his wing
in the orange sun rays
and dares to claim the sky.

But a bird that stalks
down his narrow cage
can seldom see through
his bars of rage
his wings are clipped and   
his feet are tied
so he opens his throat to sing.

The caged bird sings   
with a fearful trill   
of things unknown   
but longed for still   
and his tune is heard   
on the distant hill   
for the caged bird   
sings of freedom.

The free bird thinks of another breeze
and the trade winds soft through the sighing trees
and the fat worms waiting on a dawn bright lawn
and he names the sky his own.

But a caged bird stands on the grave of dreams   
his shadow shouts on a nightmare scream   
his wings are clipped and his feet are tied   
so he opens his throat to sing.

The caged bird sings   
with a fearful trill   
of things unknown   
but longed for still   
and his tune is heard   
on the distant hill   
for the caged bird   
sings of freedom.
Maya Angelou, “Caged Bird” from Shaker, Why Don't You Sing? Copyright © 1983 by Maya Angelou. Used by permission of Random House, an imprint and division of Penguin Random House LLC. All rights reserved.
Source: The Complete Collected Poems of Maya Angelou (Random House Inc., 1994)

March 21, 2024

Luz

 

Tu joues tous les jours avec la lumière de l’univers.
Subtile visiteuse, tu viens sur la fleur et dans l’eau.
Tu es plus que cette blanche et petite tête que je presse
comme une grappe entre mes mains chaque jour.

- Pablo Neruda


Lake Keitele. 1919. - Finnish artist Akseli Gallen-Kallela (1865-1931)


March 07, 2024

O que me resta ainda a dizer?



O que me resta ainda a dizer?
Que já não saiba...
É que a bela árvore de framboesa
Ainda teima em viver!

"Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende." (Guimarães Rosa)



Emmy Thorman (Danish , 1852--1935)

March 05, 2024

Faz hoje 40 anos que morreu Pedro Homem de Mello

 


E que melhor maneira de o lembrar senão esta homenagem que lhe faz Amália, com esta voz de incenso.




(poema completo)

Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!

Meu cravo branco na orelha!
Minha camélia vermelha!
Meu verde manjericão!
Ó natureza vadia!
Vejo uma fotografia...
Mas a tua vida, não!

Fui ter à mesa redonda,
Bebendo em malga que esconda
O beijo, de mão em mão...
Água pura, fruto agreste,
Fora o vinho que me deste,
Mas a tua vida, não!

Procissões de praia e monte,
Areais, píncaros, passos
Atrás dos quais os meus vão!
Que é dos cântaros da fonte?
Guardo o jeito desses braços...
Mas a tua vida, não!

Aromas de urze e de lama!
Dormi com eles na cama...
Tive a mesma condição.
Bruxas e lobas, estrelas!
Tive o dom de conhecê-las...
Mas a tua vida, não!

Subi às frias montanhas,
Pelas veredas estranhas
Onde os meus olhos estão.
Rasguei certo corpo ao meio...
Vi certa curva em teu seio...
Mas a tua vida, não!

Só tu! Só tu és verdade!
Quando o remorso me invade
E me leva à confissão...
Povo! Povo! eu te pertenço.
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida, não!

Povo que lavas no rio,
Que vais às feiras e à tenda,
Que talhas com teu machado,
As tábuas do meu caixão,
Pode haver quem te defenda,
Quem turve o teu ar sadio,
Quem compre o teu chão sagrado,
Mas a tua vida, não!

Pedro Homem de Mello, in "Miserere"

March 02, 2024

Faz hoje 75 anos que morreu Sarojini Naidu



Sarojini Naidu, from the frontispiece of The Bird of Time (1912).

Sarojini Naidu foi uma poetiza indiana, por vezes chamada, "O Rouxinol da Índia". Também foi uma activista política, a primeira mulher indiana a ser eleita presidente do Congresso Nacional Indiano e a ser nomeada governadora de um Estado indiano. 
Sarojini era a filha mais velha de um brâmane bengali que era diretor do Nizam's College, em Hyderabad. Entrou na Universidade de Madras aos 12 anos e estudou (1895-98) no King's College, em Londres, e mais tarde no Girton College, em Cambridge.

Por um tempo participou na campanha sufragista inglesa, mas depois foi atraída pelo movimento do Congresso Indiano e pelo Movimento de Não Cooperação de Gandhi. Em 1925 foi eleita presidente do Congresso Nacional Indiano. Fez uma digressão pela América do Norte, dando palestras sobre o movimento do Congresso, em 1928-29. De regresso à Índia, a sua atividade anti-britânica valeu-lhe várias penas de prisão. Acompanhou Gandhi a Londres para a inconclusiva segunda sessão da Conferência da Mesa Redonda para a cooperação indiano-britânica, em 1931. 
Sarojini Naidu teve também uma vida literária ativa e atraiu intelectuais indianos notáveis para o seu famoso salão em Bombaim (atualmente Mumbai). O seu primeiro volume de poesia, The Golden Threshold (1905), foi seguido por The Bird of Time (1912) e, em 1914, foi eleita membro da Royal Society of Literature. Os seus poemas reunidos, todos escritos em inglês, foram publicados sob os títulos The Sceptred Flute (1928) e The Feather of the Dawn (1961). britannica



February 27, 2024

Poco sé de la noche




Poco sé de la noche
pero la noche parece saber de mí,
y más aún, me asiste como si me quisiera,
me cubre la conciencia con sus estrellas.

Tal vez la noche sea la vida y el sol la muerte.
Tal vez la noche es nada
y las conjeturas sobre ella nada
y los seres que la viven nada.
Tal vez las palabras sean lo único que existe
en el enorme vacío de los siglos
que nos arañan el alma con sus recuerdos.

Pero la noche ha de conocer la miseria
que bebe de nuestra sangre y de nuestras ideas.
Ella ha de arrojar odio a nuestras miradas
sabiéndolas llenas de intereses, de desencuentros.

Pero sucede que oigo a la noche llorar en mis huesos.
Su lágrima inmensa delira
y grita que algo se fue para siempre.

Alguna vez volveremos a ser.

Alejandra Pizarnik

¿Qué mundos tengo




¿Qué mundos tengo dentro del 
alma que hace tiempo vengo 
pidiendo medios para volar? 

Alfonsina Storni



Max Bedulenko

February 14, 2024

How frail the human heart must be

 


(How frail the human heart must be—

a throbbing pulse, a trembling thing—

a fragile, shining instrument

of crystal, which can either weep,

or sing.)" 


Sylvia Plath


February 12, 2024

Aniversários - Sylvia Plath

 



Fez ontem anos que morreu Sylvia Plath, poeta, romancista e contista norte-americana. 
Reconhecida principalmente pela sua obra poética, Sylvia Plath escreveu também um romance semi-autobiográfico. 
Plath esteve clinicamente deprimida durante a maior parte da sua vida adulta e foi tratada várias vezes com as primeiras versões da terapia electroconvulsiva (ECT), tendo posto termo à sua própria vida em 1963. Tinha 30 anos. 

O marido, o poeta Ted Hughes afirmou que os anti-depressivos que lhe receitaram quando chegou a Londres foram um "fator-chave" no seu suicídio. No entanto, ela já tinha tentado o suicídio antes.

Plath não só influenciou a mudança social ao chamar a atenção para as injustiças enraizadas nas instituições modernas, como também alterou profundamente a literatura americana. Expandiu o estilo de escrita "confessional", desenvolvendo uma nova prosa que entrelaçava questões pessoais e culturais para reflectir problemas mais profundos.

Criada com os valores da classe média dos anos 50, Plath debateu-se com as tensões entre os ideais domésticos e o seu próprio feminismo - a sua poesia tem a marca do conflito entre o seu papel de artista e o seu papel de esposa/mãe. A luta de Plath para representar as questões das mulheres valeu-lhe um lugar importante no feminismo.

www.learner.org/


Neste pequeno documento digital, Meryl Streep lê Morning Song, um poema de Sylvia Plath.




MORNING SONG
by Sylvia Plath

Love set you going like a fat gold watch.
The midwife slapped your footsoles, and your bald cry
Took its place among the elements.

Our voices echo, magnifying your arrival. New statue.
In a drafty museum, your nakedness
Shadows our safety. We stand round blankly as walls.

I’m no more your mother
Than the cloud that distills a mirror to reflect its own slow
Effacement at the wind’s hand.

All night your moth-breath
Flickers among the flat pink roses. I wake to listen:
A far sea moves in my ear.

One cry, and I stumble from bed, cow-heavy and floral
In my Victorian nightgown.
Your mouth opens clean as a cat’s. The window square

Whitens and swallows its dull stars. And now you try
Your handful of notes;
The clear vowels rise like balloons.


February 08, 2024

Good morning

 


"Hold fast to dreams,
For if dreams die
Life is a broken-winged bird,
That cannot fly."

Langston Hughes (1902-1967)



January 28, 2024

Beba poesia sem moderação

 

in Japanese culture the cherry blossom represents the fragility and the beauty of life. It’s a reminder that life is almost overwhelmingly beautiful but that it is also tragically short.

Homaro Cantu

White Cherry Blossom
Behold the joy of spring,
As white cherry blossom blooms,
For it will be over soon.


© Christopher Tye


Diamond Japanese cherry blossom corsage brooch
French , Vever et Lalique ca 1890

January 19, 2024

It was evening all afternoon



It was evening all afternoon.
It was snowing
And it was going to snow.
The blackbird sat
In the cedar-limbs.


  - Wallace Stevens, Harmonium, Thirteen Ways of Looking at a Blackbird Section XIII



Eva Holmér Edling, Swedish, 1942

January 08, 2024

'La Vida es Sueño'

 


Clotaldo 

(enternecido se ha ido

el rey de haberle escuchado.) (Aparte)


Como habíamos hablado

de aquella águila, dormido,

tu sueño imperios han sido;

mas en sueños fuera bien

entonces honrar a quien

te crió en tantos empeños,

Segismundo que aun em sueños

non se pierde el hacer bien.


La Vida es Sueño, Pedro Calderón de la Barca, José M. Ruano de La Haza, Madrid, Castalia, 2003 (excerto)

(La Vida es Sueño é uma peça de Pedro Calderón de la Barca, estreada em 1635 e pertencente ao movimento literário barroco. O tema central é a liberdade do ser humano para moldar a sua vida, sem se deixar levar por um suposto destino. O tema da liberdade versus determinismo era um dos temas Centris do humanismo barroco)



January 02, 2024

Spellbound




The night is darkening round me,
The wild winds coldly blow;
But a tyrant spell has bound me
And I cannot, cannot go.
The giant trees are bending
Their bare boughs weighed with snow.
And the storm is fast descending,
And yet I cannot go.
Clouds beyond clouds above me,
Wastes beyond wastes below;
But nothing drear can move me;
I will not, cannot go.
  
    Emily Brontë


Caspar David Friedrich, 1824