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March 21, 2024

Luz

 

Tu joues tous les jours avec la lumière de l’univers.
Subtile visiteuse, tu viens sur la fleur et dans l’eau.
Tu es plus que cette blanche et petite tête que je presse
comme une grappe entre mes mains chaque jour.

- Pablo Neruda


Lake Keitele. 1919. - Finnish artist Akseli Gallen-Kallela (1865-1931)


May 15, 2022

Amanhecer

 



Dunas de areia perto de Henne Strand, paisagem da costa do mar do Norte Jutlândia Dinamarca. — Foto de ah_fotobox

October 24, 2021

Luzes em vez de escuridão

 


Não é a aprender apenas o que é útil para a economia que se desenvolvem pessoas capazes de entender a História, de ter uma perspectiva filosófica do futuro e dos valores porque vale a pena lutar. A política e a governação não se reduzem a problemas de economia e contabilidade porque a economia e contabilidade não são fins em si mesmos, são instrumentos para outros fins. Humanos. Precisamos de pessoas esclarecidas, no sentido filosófico do termo: pessoas que acreditem na liberdade de pensamento e de expressão e na capacidade de melhorar o mundo através de uma educação completa e não apenas utilitarista/contabilistíca.

O valor da Europa e mesmo o seu sucesso tecnológico assentam numa cultura de discussão, de divergência, de debate, de ideias filosóficas, de luta contra os dogmatismos. 

Ontem, vinha no jornal a notícia de um estudo para tirar Portugal da armadilha económica em que caiu. Um dos pontos, relativos à educação, dizia: 1. Estabelecendo parcerias com empresas e instituições de ensino superior, introduzir competências digitais e de programação desde o 1.º ciclo de estudos, tornando mais atrativo o prosseguimento dos estudos no ensino secundários e superior nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM).

Não sou contra o ensino das ciências tecnológicas, antes pelo contrário, mas nós já temos uma grande maioria de alunos nessas áreas. As turmas e cursos de Letras e Humanidades estão já em vias de extinção e, no entanto, não é por isso que saímos do marasmo em que estamos. Que nos interessa ter excelentes matemáticos, engenheiros e economistas se os políticos são contabilistas sem pensamento nem Letras que sabotam os trabalhadores que têm? Não vemos o estado dos hospitais públicos, cheios de bons médicos e enfermeiros e incapazes de fazer o seu trabalho? Não se vê o estado da Justiça? Das escolas? Cheias de milhares e milhares de bons professores mas gerida como se fosse uma fábrica de parafusos? 

A redução da educação a técnicas contabilísticas/ultilitaristas só pode levar à contabilidade do desastre e à irrelevância da Europa no mundo. A ascensão da ignorância ao poder é o que precede a irrelevância: economistas que se pensam psicólogos dos povos, políticos contabilistas, pseudo-cientistas e engenheiros sociais, censores pedagógicos, negacionistas de liberdade. 

Precisamos de pessoas que vejam mais e não menos. 


Não há dúvida de que o conhecimento "útil" é muito útil, mas há muito a dizer sobre a redutora abordagem utilitária da educação. É indiscutível que algumas das piores características do mundo moderno poderiam ser melhoradas através de um maior encorajamento do conhecimento humanista e de uma busca menos impiedosa das competências utilitaristas.

Vivemos rodeados de fanatismos a cujo dogmatismo a instrução técnica não será um antídoto. O antídoto reside nos estudos que nos permitem ver a nós próprios na nossa verdadeira perspectiva. É necessário fornecer conhecimentos que inspirem uma concepção dos fins da vida humana como um todo, o poder de ver e conhecer, de sentir e de pensar e de compreender.

A cultura, conhecimento "inútil", não só torna as coisas desagradáveis menos desagradáveis, como torna as coisas agradáveis mais agradáveis. "Disse que achou os damascos mais saborosos, pois sabia que vinham da China e eram levados por prisioneiros, de onde se espalharam pela Pérsia, chegando ao Império Romano durante o século I, e é por isso que a palavra "damasco" deriva da mesma fonte latina que a palavra "precoce", pois o damasco amadurece cedo. E tudo isto, que pode não servir para nada, faz com que os damascos tenham um sabor muito mais doce.

Juan Gaitán