December 12, 2023
December 04, 2023
Happy Birthday Mr. Rainer Maria Rilke
(...)
So I am sometimes like a tree
rustling over a gravesite
and making real the dream
of the one its living roots
embrace:
a dream once lost
among sorrows and songs.
****
Rainer Maria Rilke
November 30, 2023
A neve silenciosa desce
A neve silenciosa desce
branca e sem peso
-Miguel de Unamuno
Neve no Templo de Ginkakuji, por Asano Takeji, gravura em madeira, (26 x 36 cm); para ver a imagem em grande: aqui.
La nevada es silenciosa,
cosa lenta;
poco a poco y con blandura
reposa sobre la tierra
y cobija a la llanura.
Posa la nieve callada,
blanca y leve
la nevada no hace ruido;
cae como cae el olvido,
copo a copo.
Abriga blanda a los campos
cuando el hielo los hostiga,
con sus campos de blancura;
cubre a todo con su capa,
pura, silenciosa,
no se le escapa en el suelo
cosa alguna.
Donde cae allí se queda,
leda y leve,
pues la nieve no resbala
como resbala la lluvia,
sino queda y cala.
Flores del cielo los copos,
blancos lirios de las nubes,
que en el suelo se ajan,
bajan floridos,
pero quedan pronto
derretidos;
florecen sólo en la cumbre,
sobre las montañas,
pesadumbre de la tierra,
y en sus entrañas perecen.
Nieve, blanda nieve,
la que cae tan leve,
sobre la cabeza,
sobre el corazón,
ven y abriga mi tristeza
la que descansa en razón.
-Miguel de Unamuno
November 26, 2023
‘My November Guest’
November 23, 2023
November 22, 2023
J'ai bâti une maison au milieu de l'Océan
Océan de terre
À G. de Chirico.
J'ai bâti une maison au milieu de l'Océan
Ses fenêtres sont les fleuves qui s'écoulent de mes yeux
Des poulpes grouillent partout où se tiennent les murailles
Entendez battre leur triple cœur et leur bec cogner aux vitres
Maison humide
Maison ardente
Saison rapide
Saison qui chante
Les avions pondent des œufs
Attention on va jeter l'ancre
Attention à l'encre que l'on jette
Il serait bon que vous vinssiez du ciel
Le chèvrefeuille du ciel grimpe
Les poulpes terrestres palpitent
Et puis nous sommes tant et tant à être nos propres fossoyeurs
Pâles poulpes des vagues crayeuses ô poulpes aux becs pâles
Autour de la maison il y a cet océan que tu connais
Et qui ne se repose jamais
Guillaume Apollinaire(1880 - 1918)
October 31, 2023
Liberdade
Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues
Não há ciência: há segredo
Não há ciência: há segredo.
E a eternidade é um minuto
Não há silêncios: há medo.
Não há lágrimas: há luto.
Triste, triste, triste, triste
Tristeza de entristecer!
Dança meu bem! Que o prazer
Só ele e mais nada existe.
Olha os palácios escuros
Em que as salas são cavernas!
Olha os jardins! Troncos, muros,
Raízes fundas, eternas…
Olha tanta vida bela!
Olha tanta mocidade
Que nunca foi à janela
Ver se o dia era verdade!
Ó ruas negras sem luz!
Ó noites sem maresia!
Ó terra áspera e fria
Que tudo a cinzas reduz!
E aquela pena apressada
Pior que a treva e que a neve
Que antes que a morte a leve
Escreve e não conta nada?
Que disse a bruxa a teu pai?
Ao longe cantam… Então,
Ergue flâmulas e vai
Atrás daquela canção!
Apenas não me enganaram
As vozes dos meus sentidos
Todos os mapas ficaram
Com nomes desconhecidos.
Mar de Java? Mar Egeu?
Alcácer? Damão e Diu?
Irmãos! Quem sois? Quem sou eu?
Tive uma filha e morreu.
Tive um amigo e mentiu.
As estrelas são estrelas
Não porque assim o quiseste.
As estrelas são estrelas
Como o cipreste é cipreste.
Quantas contaste? – Nenhuma.
Quem tas apontou? – Ninguém.
Dança! Dança! Enquanto a bruma
Te esquecer… Dança meu bem!
As Regras Dos Mortos
CREONTE
Dos filhos de Cadmo, és a única a encarar os factos
dessa maneira.
ANTÍGONA
Estes também, mas refreiam a boca na tua
presença.
CREONTE
E tu não tens vergonha de pensares de maneira
diversa?
ANTÍGONA
Não é opróbrio prestar honras aos que nasceram das
mesmas entranhas.
CREONTE
Com que então não era do mesmo sangue o que
morreu no campo adverso?
ANTÍGONA
Do mesmo sangue, e filho da mesma mãe e do
mesmo pai.
CREONTE
Nesse caso, como podes prestar-lhe um tributo
ímpio aos olhos do outro?
ANTÍGONA
Não será esse o testemunho do falecido.
CREONTE
Mas sim, já que o honras do mesmo modo que ao
ímpio.
ANTÍGONA
Não foi um escravo que morreu; foi um irmão.
CREONTE
... Que ia assaltar esta terra; o outro tomou armas
por ela.
ANTÍGONA
Hades deseja, contudo, que o ritual seja o mesmo.
CREONTE
Mas ao honesto não compete o mesmo que ao malvado.
ANTÍGONA
Quem sabe se debaixo da terra isso não é exacto.
CREONTE
O inimigo jamais se tomará amigo, nem mesmo
depois de morto.
ANTÍGONA
Não nasci para odiar mas sim para amar.
Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira
Canto da Guerra
AJAX
Chant de la Guerre
Quand donc viendra la fin ?
Quand cesseront pour moi les années épuisantes
Qui ramènent, sans voir la fin.
Le malheur, les dures campagnes,
Sur cet immense front troyen,
Mortel tombeau des camarades ?
Ah, s’il avait pu dès l’abord
Se dissoudre dans l’air sans borne.
Et gagner le pays des morts,
L’homme que je maudis, l’homme qui le premier
Inventa la haine et la guerre !
C’est par lui que le mal a le mal engendré.
Et pour un homme ainsi s’est perdu l’univers.
C’est lui qui m’a ravi
Le plaisir des guirlandes,
Des fêtes entre camarades,
Des verres bien remplis,
Et de la flûte au chant si doux.
Malheur ! et de goûter le délice des nuits.
Adieu l’amour ! Adieu les femmes !
Je reste ainsi acagnardé,
Pauvre soldat abandonné,
Cheveux trempés par le matin
(Seul souvenir du sombre front troyen).
Jadis, quand j’avais peur la nuit,
Quand sur moi tirait l’ennemi,
Le capitaine était un bon abri.
Sous la triste déveine.
Et moi, ma foi, et moi,
Où donc sera ma veine ?
Que ne suis-je au pays, où le cap sous les bois,
Par les vagues battu, vient surplomber la mer,
Au bout du Sunium et de son promontoire
Devant la ville sainte, à saluer Athènes !
-------------------------
Qual será o último, quando terminará jamais
o número de anos errantes
que me traz a desgraça incessante
do trabalho com a lança
através da vastidão de Troia,
triste opróbrio dos Helenos
Quem dera que antes tivesse mergulhado
no éter profundo ou no Hades que a todos recebe
aquele homem, que aos Helenos ensinou
a guerra, lote comum a todos, com suas armas
odiosas. Trabalhos que geram trabalhos!
Foi ele que destruiu a humanidade!
Foi ele que me privou das coroas,
da deleitosa companhia das taças repletas,
do aprazível som da flauta - infeliz de mim! -
e do prazer do sono noturno.
Fez cessar o gozo dos amores, dos amores, ai de mim!
E estou para aqui desleixado,
sempre com o cabelo
pelo orvalho permanente humedecido,
recordação da funesta Troia .
Dantes era o impetuoso Ájax
o bastião contra o medo noturno
e o receio dos dardos.
Mas agora ele é pertença de um deus odioso.
Que deleite, que deleite me resta ainda?
Quem me dera estar no promontório
banhado pelo mar, coberto de florestas,
junto do planalto de Súnion,
para saudar a sagrada Atenas!
Tradução de Maria Helena da Rocha Pereira
October 29, 2023
"ó chuva, nos beirados"
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados
October 26, 2023
Look at the stars!
October 24, 2023
Acquainted with the Night (1991)
But I have promises to keep,
And miles to go before I sleep,
And miles to go before I sleep.
October 23, 2023
I saw who paid the price
The war will end
October 22, 2023
"Ce temps qu'on dépense en vœux superflus"
Plus prompt que l'éclair ou l'oiseau qui vole,
Ce temps qu'on dépense en vœux superflus,
Ce temps qu'on gaspille en calcul frivole,
Quaud on va l'atteindre, il n'est déjà plus !
Flores e pássaros, por Shokatsu Kan, 1765
October 19, 2023
"Oh life! of the questions of these recurring"
O Me! O Life!
September 21, 2023
Como nuvens pelo céu
Como nuvens pelo céu
Passam os sonhos por mim.
Nenhum dos sonhos é meu
Embora eu os sonhe assim.
September 19, 2023
Murder of crows
Murder of crows
Dilys Rose
We’re the best dressed here.
dishevelled thrushes
the gaudy tits and finches –
they’re all a waste of space.
We’re the real class act:
never a feather out of place
our blacks perfectly matched.
Like gangsters, ministers,
we demand respect.
Our quills drink in the light
like ink.
Lithograph on paper
José Régio - Sátira ao Prometido Aumento de Vencimento em Janeiro de 1959
Este poema não se encontra publicado nas obras do autor, mas a cópia do seu manuscrito integra os anexos do livro ”José Régio e a Política”, de António Ventura, Livros Horizonte, 2.ª edição, 2003.