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March 21, 2023

E assim vai o nosso país




Disseram-me agora mesmo que os aceleradores lineares (para tratamentos oncológicos com radioterapia) de Santa Maria estão velhos e os novos de última geração, que foram comprados com fundos da UE, estão parados por não haver técnicos com formação. Penso que são aqueles que foram inaugurados com pompa e circunstância pela ex-ministra da Saúde, há um ano e meio.
E assim vão os serviços públicos no nosso país com o socialista Costa, o das políticas anti-sociais que põe toda a gente a fugir dos serviços públicos, enquanto se gabarola de ter os cofres cheios de dinheiro.

September 30, 2022

Metáforas

 


Há quem defenda que não se deve usar metáforas de guerra para falar da luta contra o cancro. O problema é que as tácticas das células cancerígenas são mesmo tácticas de guerra.


May 18, 2022

Uma homenagem

 

Hoje é o dia do enfermeiro oncológico. Os enfermeiros oncológicos têm uma associação própria - a AEOP. O pessoal da saúde que trabalha com doentes oncológicos é mais atreito do que os de outras áreas clínicas a cair em depressão devido à pressão em lidar com doentes incuráveis, em estado de grande ansiedade e/ou depressão, por conta de quadros clínicos complexos e muitas vezes fatais. Porém, os enfermeiros em particular são mais atingidos. O médico oncológico é quem decide do tratamento do doente e traça o seu plano, mas quem o implementa é o enfermeiro oncológico. 

Os enfermeiros oncológicos são parceiros essenciais que se ligam emocionalmente aos doentes -os tratamentos duram meses, às vezes anos- ajudam-nos a navegar nos complexos protocolos de tratamento e a gerir os sintomas e os efeitos secundários. Vi doentes a manifestar súbita alergia ao medicamento da quimioterapia, incapazes de respirar, por exemplo, e observei a rapidez e precisão com que os enfermeiros avaliam a situação, param imediatamente o tratamento e fazem o necessário para a recuperação; vi pessoas não aguentarem emocionalmente o tratamento e enfermeiros a conseguirem que a pessoa faça o tratamento; vi pessoas cheias de dores e enfermeiros a lidarem com elas; vi mulheres a passarem a mão no cabelo e ficarem com ele na mão e desatarem a chorar e enfermeiros a recuperarem emocionalmente a pessoa; vi pessoas desesperadas por ser a 3ª ou a 4ª vez que recidivam a apoiarem-se na força dos enfermeiros; vi pessoas perderem o controlo sobre o próprio corpo devido aos tratamentos (tentarem pôr-se em pé e caírem - as pernas desconjuntadas como efeito dos tratamentos) e enfermeiros a lidar com a situação e com o desespero da pessoa; tive enfermeiros radio-oncologistas a ajudarem-me numa altura em vacilei na vontade por ter ficado com uma grande queimadura e dores insuportáveis; vi enfermeiros lidarem com a perda de doentes que seguiam há muito tempo. O trabalho do enfermeiro oncológico é particularmente difícil.

Os enfermeiros oncológicos travam conhecimento com o acompanhante dos doentes, geralmente um familiar e estabelecem relação com essa pessoa também, para saber mais do doente e antecipar problemas. Por vezes também prestam suporte emocional aos familiares dos doentes, eles mesmos sob enorme pressão. Os enfermeiros antecipam as necessidades dos pacientes e dos cuidadores familiares e trabalham com os gestores dos casos e por vezes com os assistentes sociais para assegurar que os pacientes tenham apoio adequado e ajuda profissional nas suas casas e comunidades.

O tratamento de uma pessoa na luta contra o cancro passa por muitas fases e geralmente tem vários profissionais de diferentes especializações médicas dado os efeitos colaterais da doença e dos tratamentos. Muitas vezes, são os enfermeiros oncológicos que fornecem informação e orientação consistente ao longo do plano de tratamento. Têm formação para avaliar as necessidades médicas da pessoa. Os doentes oncológicos, com muita frequência sabem mais da sua doença do que médicos de outras especialidades não-oncológicas, aprendem muito jargão médico, aprendem a ler o resultado das análises e dos exames que têm de fazer, o que às vezes leva a juízos errados e só piora o seu estado de espírito e quem lida com isso tudo é principalmente o enfermeiro oncológico.

Os enfermeiros oncológicos têm sempre um sorriso calmo e uma palavra de empatia com os doentes -essa é a minha experiência de um ano e meio a frequentar o espaço da medicina nuclear e hospital de dia onde se fazem os tratamentos- e isso não tem preço. São pessoas por quem tenho grande respeito e deixo aqui o meu reconhecimento público a esses profissionais.


November 18, 2021

Um artigo sobre o cancro do pulmão

 


Fui dar com este artigo no Público de hoje, sobre o cancro do Pulmão. Hoje em dia aconselha-se que os fumadores ou ex-fumadores façam um rastreio anual da situação pulmonar. Porém, na medicina há modas, como sabemos, e até há pouco tempo -um ano ou dois- desaconselhava-se as pessoas a fazerem TACs anuais devido à radiação do exame, a não ser que tivessem sintomas. Ter sintomas, infelizmente, é um luxo que nem toda a gente tem. Eu não os tive e os que tive, depois de não fumar há 14 anos, apareceram já muito tarde e não foram os clássicos de tosse e deitar sangue pela boca, emagrecer sem causa, anemia, fraqueza e cansaço... não, era uma dorzinha no braço, confundível com outras coisas. Porém, essa ideia de não fazer rastreio por causa da radiação sempre me pareceu sem sentido e a minha irmã mais nova, desde que me viu doente, como é ex-fumadora recente, todos os anos faz uma TAC. O médico pneumologista dela também o faz, porque é igualmente um ex-fumador.

Há um estigma desta doença e é verdade que uma pessoa se culpa de estar doente porque associa aos hábitos tabágicos. Bem, os médicos, quando me conhecem e eu tenho que informar da doença, a primeira coisa que me perguntam é: fuma ou fumou, quantos cigarros e quantos anos? Preparo-me para a pergunta antes mesmo de lá entrar. Eu percebo que eles precisem de saber mas é uma pergunta que torna difícil desculparmo-nos a nós mesmos porque é um dedo apontado. 

Eu sou a única pessoa que conheço com um problema oncológico que não tem nenhum problema nenhum em dizer o que tenho. As pessoas também não estão habituadas a ouvir. Houve duas pessoas na escola que quando regressei, fugiam de mim, porque não sabiam o que me dizer nem como. 
Andava a fazer imunoterapia e às vezes aparecia com grandes pensos na mão, dos cateteres, se ia fazer tratamento de manhã e dava aulas à tarde. Depois um dia ganharam coragem e vieram ter comigo pedir desculpa, o que era escusável. Eu percebo perfeitamente. Lembro-me de antes da doença outras pessoas ficarem doentes e eu ficar aflita sem saber o que lhes dizer. (Em contrapartida o que não percebi foi nessa altura, uma fulana incompetente e sem um pingo de ética, ter vergonha de ficar sentada e não me dizer nada, porque no dia em que regressei e entrei na sala de professores, toda a gente veio ter comigo, dar beijinhos e falar, e essa fulana, com medo que reparassem que sendo coordenadora não me passava cartão, atravessou a sala de professores a fingir que me vinha falar e deu-me um encontrão... coisas surreais de gente repugnante... mas isso é uma linha de um capítulo de uma história diferente).

É verdade, como diz o artigo, que passamos a valorizar mais as pessoas e a ver mais as mesquinhices como aquilo que são. 

Lembro-me de há uns 10 anos, um amigo me ter dito que tinha um cancro no sangue e que lhe tinham dado 5 anos de vida  - nessa altura não sabia que os médicos, para terem uma referência na discussão dos prognósticos fazem estatísticas da porcentagem de doentes que ainda estão vivos 5 anos após o diagnóstico, de modo que levei aquilo à letra e fiquei aflita sem saber o que dizer. Ao princípio, quando nos fazem um diagnóstico e nos dizem essas coisas das taxas de sobrevivência (se perguntarmos), é sempre um choque (as dos pulmão são muito baixas mas já melhoraram um bocadinho com os tratamentos de imuno), mas depois temos de ultrapassar isso.

Nós, doentes oncológicos, também perguntamos uns aos outros, se temos confiança, 'quanto tempo te falta para os 5 anos e qual é a tua taxa de sobrevivência', embora hoje em dia com os tratamentos de imunoterapia e outros tratamentos, os cinco anos sejam mais uns sete anos. 

Hoje em dia já não fico atrapalhada com a doença dos outros, é claro, e ajudo quem tem um diagnóstico recente, com a minha experiência da doença, para evitar que tenham que passar por coisas horríveis, desnecessariamente e para se prepararem para as necessárias. Esse amigo também me ajudou a mim que no início estava muito stressada com a doença. Também ajudo para desdramatizar, o que é fundamental senão a doença incapacita-nos do ponto vista psicológico, porque as doenças sequelas da doença e dos tratamentos e a ansiedade de sabermos que não temos nenhum controlo do que está ali dentro do corpo podem arrasar qualquer um que não se cuide. Conheço pessoas que sobreviveram à doença mas morreram por dentro. São uma sombra do que eram. 

Enfim, não é que ande por aí a dizer a toda a gente o que tenho, mas quando me vêem ofegante depois de subir escadas ou uma ladeira e me perguntam o que tenho, eu digo, 'tenho um cancro no pulmão'. Ficam muito aflitos. Por exemplo, não digo aos alunos e eles não sabem, mas se um dia calhar perguntarem-me, sejam alunos ou colegas, não escondo nem minto. Não tenho que me envergonhar de ter uma doença e até me parece positivo que os miúdos percebam que podemos ter uma doença grave e não viver dobrados sobre o peso da situação.

Nestes anos a andar em médicos e em hospitais, nunca ouvi as palavras, 'cancro' ou 'tumor' de ninguém. Eu é que as digo, mas mais ninguém diz. Durante um tempo, na altura do diagnóstico, eu não percebi o que tinha, porque ninguém dizia as palavras. Diziam outras palavras e eu sou uma pessoa que vive das palavras e ligo muito às palavras que são ditas e as que não são ditas. Mesmo agora, falam em lesão, massa, sarcófago e outros termos afins, mas não aqueles.

Espero que um dia inventem maneiras de detectar a doença precocemente com umas simples análises ao sangue ou algo do género. E que inventem uma cura ou até vacinas porque isto é uma doença totalizante. Se não tomamos cuidado, toma ela conta de nós. 




February 09, 2021

Are COVID-19 vaccines safe for cancer patients?

 


Are COVID-19 vaccines safe for cancer patients?


Despite the limited data, medical groups, doctors, and cancer experts are pushing for vaccination of most cancer patients
The American Cancer Society (ACS) has revealed that there is a general consensus that vaccines are considered safe for most cancer patients. However, the health society admitted that there is still not much data on whether the vaccine will be effective for patients with cancer. What the body suggests is for cancer patients to discuss their options with their doctor.(...)

Dr. Makaroff told CNN that every cancer patient's situation is somewhat a bit different. While the COVID-19 vaccine is safe for the patient, she stressed the importance of having a conversation with the health care provider to make a proper determination on the right time to be vaccinated.

Despite the limited data, medical groups, doctors, and cancer experts are pushing for vaccination of most cancer patients, especially those who are considered at very high risk during the pandemic.

Dr. Brian Koffman, the medical officer for CLL Society said that the potential benefits of the vaccine for cancer patients far outweigh the risks. CLL Society is a group which represents those patients who are suffering from chronic lymphocytic leukemia (CLL).

Patients with CLL who develop COVID-19 have a high risk of hospitalisation, hence, vaccination may thwart the risk. Those with CLL have a weakened immune system, putting them at the high-risk group.

February 04, 2021

Dia mundial da luta contra o cancro 🎗️

 


A Covid-19 tem tido um impacto negativo no diagnóstico e tratamento de doentes com cancro e tendo em conta que é uma doença que em muitos casos depende, para o sucesso do tratamento, de uma acção urgente, esses factores hão-de ter um resultado fatal em muitas pessoas. Alguns cancros têm hoje em dia um prognóstico animador, se detectados cedo, mas são poucos: cancro da mama, alguns cancros da pele, na garganta. Até já há uma vacina para o cancro cervical. 

No entanto, a maioria dos cancros ainda estão longe de ter, senão cura (o cancro é uma doença incurável), pelo menos tratamentos adequados. Todos aqueles que crescem em orgãos que não estão à superfície como a pele, por exemplo, são de difícil detecção: crescem profundamente e não se vêem, nem se sentem os seus sintomas a não ser em estado já avançado.

De todos os cancros, o que mais mata e com maior numero de casos anuais é o do pulmão, justamente por crescer silenciosamente nas profundezas do corpo. E é claro que para depois ser tratado -esse e outros- são necessários métodos extremamente agressivos. Doses massivas de medicamentos devastadores para o organismo, doses assustadoras de radiação. Cirurgias agressivas.

Os tratamentos mais comuns dos cancros são quimioterapia e radioterapia que deixam sequelas importantes, às vezes incapacitantes, para o resto da vida. A radioterapia é um tratamento que pode, ele mesmo, ser causa de outros cancros em orgãos que eram saudáveis, mas que a rádio danifica.

A quimioterapia é feita com medicamentos que atacam a medula, impedindo-a de fazer o seu trabalho de replicar as células. A medula é a 'fábrica' do sangue sem a qual não há replicação das células do corpo. O objectivo é impedir que as células tumorais se repliquem, mas como não se sabe como impedir apenas a  replicação dessas células, fecha-se tudo e não se deixa nenhuma funcionar. Ao fim de uma ou duas semanas as células normais já se restabeleceram e voltam ao seu trabalho. Antes que as células tumorais tenham tempo de se restabelecer também e voltarem a aumentar, dá-se nova dose de quimioterapia para o impedir. 

Com estes ataques durante meses, o organismo vai ficando cada vez mais fraco e vulnerável, ao ponto de a pessoa já nem conseguir mexer-se ou andar ou engolir comida ou levantar um braço ou pensar, sequer... a memória não funciona, não se consegue ler, ter atenção a alguma coisa, raciocinar... também incapaz de lutar contra qualquer agressão, até contra uma pequenina ferida numa mão ou uma pequena constipação. Tudo pode levar à morte porque o organismo tem as suas defesas tão brutalmente atacadas e vulneráveis, algumas de modo permanente, que não consegue defender-se de nada. Alguns destes efeitos são permanentes e nunca mais se consegue reverter. 

Depois, ao mesmo tempo que se destrói o corpo desta maneira sistémica, muitas vezes desfere-se-lhe doses de radio direccionadas ao tumor mas que apanham sempre áreas adjacentes porque as máquinas não tem sofisticação suficiente para só atingirem as células doentes que nem sequer somos capazes de circunscrever com rigor. Por isso, e à cautela, define-se um perímetro mais alargado para apanhar eventuais células tumorais não detectadas, o que significa que se matam células saudáveis e se atacam orgãos saudáveis que ficam para sempre diminuídos. A radio ataca também os músculos e pode deixar  dores para o resto da vida.

Eu penso nos tratamentos oncológicos como um cerco medieval: a quimioterapia equivale ao envenenamentos dos poços que alimentam o castelo de modo que matar a sede, mata o corpo e a radioterapia ao ataque com catapultas que atiram bolas de fogo mais ou menos direccionadas mas que muitas vezes vão acertar nas crianças.

No fim dos tratamentos, mesmo que tenham tido sucesso, 'ganhámos' uma data de doenças por causa dos tratamentos (o resto da vida passada em hospitais a tratar coisas que vão aparecendo) e ainda outras coisas como dores permanentes, dificuldades em engolir, respirar... coisas que dantes me incomodavam como pequenas dores, dormência de mãos, pés, excesso de sensibilidade em zonas do corpo, reacções cutâneas, aftas, e outras coisas, hoje em dia são peanuts e não tenho paciência para as pessoas que se queixam de coisinhas que são mariquices como se fossem uma grande cena... ou de terem feito uma radiografia e acharem perigoso...  ou tomar meia dúzia de medicamentos vulgares durante um tempo... agora, já só as grandes coisas me incomodam. Aqui há tempos comprei brufen na farmácia e a farmacêutica disse-me para nunca em caso algum tomar mais de 3 dias seguidos. Epá, nem lhe disse que houve uma altura em que os tomei 3 meses de seguida e não sei se isso não me salvou a vida...

E mesmo que os tratamentos tenham tido sucesso, vive-se com a incerteza de alguma célula maligna ter sobrevivido ao cerco e estar escondida à espera do momento favorável para que tudo recomece. Por exemplo, hoje em dia, de 3 em 3 meses faço TACs a vários orgãos do corpo para onde o adenocarcinoma do pulmão costuma migrar para ver se migrou...

Hoje em dia também existe a imunoterapia, mas não trata todos os tipos de cancro. O do pulmão é um dos que trata, mas ainda não sabemos as sequelas que deixa porque é relativamente recente. Ainda não se explorou todas as possibilidades desde tratamento que parecem ser animadoras. A imunoterapia é muito menos agressiva que a quimio e a rádio. Infelizmente, como as farmacêuticas põem o lucro à frente de todo, é caríssimo e, por isso, pouco usado. 

Nós que temos doenças oncológicas, agora juntamos à incerteza do cancro e da expectativa de vida (o que tem que ver com o estádio e tipologia de cada cancro) a incerteza da Covid.


Ainda que Portugal figure entre os dez países da Europa com melhores taxas de sobrevivência, um estudo recente da Apifarma - Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica revela que o valor per capita investido no tratamento do cancro é quase metade (57,5%) do valor da média europeia.

World Cancer day


Orientações da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) para a população sobre a doença oncológica durante a pandemia pelo coronavírus.

No sentido de orientar e disseminar informações relevantes, relativas ao surto do novo Coronavírus (COVID19), representativo de uma forte ameaça para a saúde pública, a Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), partilha, com a devida autorização, as informações da SPO para a população sobre a doença oncológica durante a pandemia pelo coronavírus.

A Direção da LPCC continua a acompanhar a evolução do surto pela Covid-19, referindo que deverá ter em conta em orientações em anexo, bem como as que emanam da Direção Geral de Saúde e da Organização Mundial da Saúde.
Aceda ao documento Orientações da Sociedade Portuguesa de Oncologia

September 26, 2020

"Cancro do pulmão: não adie o diagnóstico"

 


Cancro do Pulmão: não adie o diagnóstico

Bárbara Parente
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No Dia Mundial do Pulmão, que se assinala esta sexta-feira (25 de setembro), importa lembrar que o cancro do pulmão - designação que engloba um espectro de tumores com diferentes abordagens terapêuticas e prognósticos - continua a ser a principal causa de morte por cancro em Portugal. Este tipo de cancro apresenta-se em terceiro lugar em incidência global, uma tendência que não deixa de crescer.

Tendo em conta que, em 2018, tivemos cerca de 5200 novos casos de cancro do pulmão em Portugal e que cerca de 80% se encontravam em estádios que não podem ser submetidos a cirurgia, rapidamente nos apercebemos da dificuldade em efetuar um diagnóstico atempado e precoce que possa conduzir a terapêuticas com intuito curativo.

Se é verdade que não é fácil o diagnóstico precoce, porque o tumor cursa muitas vezes até uma fase tardia sem sintomas, não é menos verdade que os rastreios epidemiológicos em massa ainda não estão instituídos na rotina como noutros tumores, nomeadamente mama, útero e colorretal, por várias razões, nomeadamente na relação entre custo e benefício.

Por outro lado, sabemos também que, para além destas dificuldades, registou-se uma redução acentuada na procura dos cuidados de saúde devido à situação de pandemia que se vive no mundo. Muitas pessoas têm vindo a desvalorizar sinais de alerta com receio de ir ao hospital e adiam assim o diagnóstico de doenças que tardiamente diagnosticadas podem ser irreversíveis ou mesmo fatais, como é o caso do cancro do pulmão.

Na minha prática clínica tenho verificado em doentes que me têm procurado nos últimos tempos duas situações: por um lado, os que efetuaram exames no início do ano, mas que por medo de se exporem ao novo coronavírus, não procuraram os serviços de saúde; por outro lado, aqueles que, apesar de sintomáticos, desvalorizaram os sintomas e recorreram ao médico muito mais tarde, algumas vezes numa fase da doença mais avançada, em que o timing cirúrgico ou de uma outra terapêutica mais radical ficou ultrapassado. Nestes casos, as terapêuticas definidas foram bastante mais conservadoras e sem o mesmo intuito curativo.

Estamos a falar do cancro do pulmão, um tumor altamente agressivo onde o adiamento de poucas semanas pode fazer a diferença no tratamento do doente, que pode passar de um estádio mais precoce para um mais avançado, com perda de oportunidade de terapêuticas mais radicais.

Por outro lado, convém lembrar que nem todos os tumores do pulmão se comportam da mesma forma. Temos tumores que possuem características distintas, com comportamentos e agressividades também diferentes e oportunidades de vários tipos de terapêuticas que lhes conferem diferentes sobrevidas.

Aproxima-se um inverno desafiante a vários níveis - com a chegada da gripe sazonal e de uma possível segunda vaga do novo coronavírus - pelo que as pessoas devem ser sensibilizadas e alertadas para a necessidade de não adiar a ida ao médico, bem como para a importância de manterem as suas rotinas de vigilância e prevenção. Principalmente as pessoas que pertencem a grupos de risco, grandes fumadores (mais de 30 maços por ano ou ex-fumadores há menos de 15 anos), com idades compreendidas entre os 45 a 50 anos até 75; doentes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica; fibrose pulmonar; exposição ambiental/ocupacional, radioterapia prévia e risco genético ou familiar, devem procurar agora o seu médico. Todos os médicos, nomeadamente de medicina geral e familiar - que melhor do que ninguém conhecem os seus doentes e agregados familiares - devem orientar e encaminhar os doentes consoante as suas necessidades.

A nossa mensagem para os doentes com suspeita ou diagnóstico de cancro do pulmão é de que não deixem de procurar os serviços de saúde e o seu médico, uma vez que todos os procedimentos e circuitos dos hospitais nesta fase de pandemia estão pensados e organizados para garantir a segurança dos doentes durante as consultas, exames e tratamentos que venham a ter de realizar.

Existe uma enorme preocupação em todos os grupos profissionais na manutenção dos melhores cuidados aos doentes, garantindo que sejam cumpridas as normas da Direção-Geral da Saúde, fazendo dos hospitais instituições onde os doentes se devem sentir em segurança.

August 09, 2020

No dia 1 deste mês assinala-se o dia do cancro do pulmão

 


Quando leio que durante a pandemia não se fizeram diagnósticos, que os exames médicos foram atrasados meses, até sinto um nó no estômago pela angústia de toda essa gente que espera por resultados de exames ou por vaga para os fazer, sabendo que está numa corrida contra o tempo e que o atraso de uma semana significa a diferença entre a vida e a morte, ainda para mais porque é um cancro que poucas vezes se detecta cedo.

O pior nesta doença, a certa altura, nem é o abstrairmo-nos das dores ou da tortura dos tratamentos ou exames médicos frequentes, mas abstrairmo-nos das estatísticas brutais.

Sabermos que muitas pessoas morrem escusadamente por falta de dinheiro na saúde para médicos, técnicos e exames médicos e tratamentos, é revoltante, sabendo nós que o dinheiro existe mas está reservado para o esbanjamento de políticos e banqueiros.

November 26, 2019

O nosso país é isto...




Quando me ligam do hospital a dizer que não vale a pena aparecer lá amanhã para fazer o tratamento oncológico porque não têm o medicamento. Talvez para a semana, não há a certeza...