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July 08, 2025

Lula está num processo de inventar uma narrativa histórica para o Brasil por motivos políticos

 

Lula da Silva propôs a adoção do dia 2 de julho – tradicionalmente celebrado na Bahia como o dia da expulsão final das tropas portuguesas, em 1823 – como data oficial nacional, batizando-a como “Dia da Consolidação da Independência do Brasil”. A proposta, que irá tramitar ao Congresso e que precisa de ser aprovada pela Câmara e pelo Senado, seguida de sanção presidencial, não visa substituir a data oficial da Independência do Brasil (7 de setembro), mas pretende reposicionar a memória histórica brasileira num fluxo de acontecimentos históricos mais amplos e complexos que um mito fundador. É, portanto, um rearranjo político que precisa de ser visto de forma matizada, nas suas múltiplas dimensões políticas e simbólicas.

  - João Ferreira Dias in independencia - Público

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A data importante a comemorar será a data da expulsão dos portugueses e não a data do grito do Ipiranga, porque quem dá o grito é um português, é um princípe, logo é dos ricos e ele não querem portugueses na data, sobretudo ricos. Ele quer dizer que foi o povo que fez o Brasil independente. Só que esse português príncipe foi quem ficou a reinar no Brasil e, se não fosse esse grito de independência, o Brasil teria tido uma guerra civil, onde uns lutariam pela independência e outros contra e sabe-se lá se seria um país ou vários à semelhança das Coreias e outros.

Eu não sou especialista em História mas do que me lembro, o Brasil enquanto este país que é, não existiria sem os portugueses. O que lá existia quando chegámos eram povos e tribos que ocupavam partes deste enorme território, com língua e costumes completamente diferentes, muitas vezes em guerra, e partes desocupadas.

Portanto, sem os portugueses que uniram todos numa única língua, que organizaram o enorme território em capitanias, que funcionavam em rede, com sedes de governo e governo central e, finalmente um herdeiro do trono português a validar o território como um único país independente, o que existiria hoje seria, muito provavelmente, uma manta de retalhos de países, como na América Latina, por exemplo, ou nos ballcãs, mas não este enorme país que é o Brasil.

Agora, se Lula e os brasileiros querem inventar uma história para se sentirem melhor, pois que mudem. Espero é que isso não leve a que aqui em Portugal se distorçam os factos ou que comecemos a ter narrativas infindáveis de culpa para agradar aos interesses políticos de Lula - que quanto a mim tem demasiado contacto com Putin e Xi - que são transitórios, como ele e nós todos.

Adiante. Eu olhos para o nosso país e vejo que não temos falta de identidade nacional, apesar de sermos pequeninos; não temos sequer uma data da fundação do país que comemoremos; temos uma história de resistir a invasões espanholas e de ter perdido a independência por 60 anos, com consequências desastrosas na nossa riqueza e poder. Porém, não andamos por aí a pedir aos espanhóis para nos pedirem desculpa a torto e a direito de tantos males que nos fizeram durante séculos ou a pedir que nos paguem indemnizações pelas perdas e danos sofridos.

Os povos africanos, percebe-se porque é uma situação ainda muito recente, mas o Brasil? Já lá vão séculos.

As únicas vezes que se alterou a nossa História de modo grosseiro por razões políticas foram às mãos de duas ditaduras: uma foi a de Salazar que inventou uma história de portugueses-heróis míticos e outra foi a ditadura do PREC, que inventou uma história de portugueses-demónios, da qual ainda não saímos completamente. 

Lula está num processo desses. É lá com eles. O que gostava é que isso não reforçasse o hábito de passarmos o tempo a bater no peito pela colonização. Não falo de o fazermos nos locais apropriados, como o que se estuda nas escolas e em ocasiões específicas, mas o facto de o fazermos a propósito de tudo, desde inaugurar um supermercado ou içar a bandeira amarela nas praias. Era o que faltava que o fizéssemos para agradar a um sonso hipócrita e autoritário como Lula.


August 31, 2023

"Imenso oceano os separa"

 


Como dizia Olavo Bilac... ando a tentar comprar o livro Poesia Reunida de Deborah Brennand, uma poetiza brasileira de Pernambuco e não consigo. Há dois ou três sites brasileiros que vendem internacionalmente mas não incluem as taxas alfandegárias e o governo Costa mandou que se cobrassem taxas alfandegárias por livros como se fossem diamantes. Faz parte dos incentivos à leitura e à educação que vão de vento em popa.
Em Portugal parece que as livrarias e editoras nem sequer ouviram falar desta poetiza. É pena. 
Agora pedi a uma amiga brasileira que tem sempre alguém da sua enorme família a vir visitá-la que me tentasse arranjar o livro. Este ou outro qualquer dela que encontrem.
Isto é sendo nós, 'países irmãos' e o diabo a nove. Imagine-se se fossemos países sem parentesco. Se calhar era mais fácil porque dos EUA não tenho problemas em mandar vir livros.

Imenso oceano os separa
mas embora tal suceda
entre seus dois corações
não cabe um papelinho de seda
.

Olavo Bilac



Roberto Ploeg, Retrato de Deborah Brennand, 2008

August 06, 2023

Sai Bolsanaro o destruidor descarado e entre Lula o destruidor hipócrita-sonso

 


O que Lula mais criticava no Bolsanaro era a indiferença pelo ambiente mas ele mesmo favorece a exploração de petróleo e gás na Amazónia. E quer 100 biliões das nações mais ricas para preservar a Amazónia. Sai Bolsanaro o destruidor descarado e entre Lula o hipócrita destruidor.

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(...) a diminuição da exploração de petróleo na região tem sido tema tabu, que, desde diplomatas, a Lula da Silva, até à própria ministra do Ambiente, Marina Silva, têm procurado esquivar-se na questão.

O assunto “ainda está na negociação”, responderam os diplomatas, após consecutivas perguntas dos jornalistas numa conferência de imprensa no Palácio do Itamaraty, sobre a Cimeira da Amazónia.

A Colômbia, para além de insistir no desmatamento zero, anunciou o fim de novas licenças para explorar petróleo no início do ano e esperava que o assunto fosse discutido nesta cimeira de líderes.

O próprio presidente Gustavo Petro, já mostrou preocupação com a exploração de petróleo e gás na Amazónia, mas a ministra do Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, já veio esfriar as ambições dizendo que  a situação é “muito mais complexa”.

Também numa conferência de imprensa para demonstrar os bons resultados no ataque ao desmatamento ilegal da Amazónia, Marina Silva foi questionada sobre se a redução de petróleo no bioma seria tratado e se da cimeira poderia sair um pacto contra mais perfuração.

(...)

No cerne do desconforto poderá estar o estudo para exploração de petróleo perto da foz rio Amazonas, no estado do Amapá, norte do país, que tem como senador eleito Randolfe Rodrigues, um político próximo de Lula da Silva que até ao início do ano estava filiado ao partido Rede Sustentabilidade, que tem como bandeira as ações em prol do ambiente, da emergência climática e da proteção de biomas.

A maior petrolífera estatal brasileira, Petrobras, disse sexta-feira estar muito confiante em poder começar a explorar um controverso campo de petróleo ‘offshore’ perto da foz do rio Amazonas, apesar de uma recusa recente por parte das autoridades ambientais.

https://jornaleconomico.pt/noticias/petroleo-na-amazonia


November 15, 2022

Leituras pela manhã - Darwin no Brasil

 

A estadia de Darwin no Brasil, que teve grande importância na sua teoria evolucionista, está cheia de vívidas descrições de deslumbramento pela beleza e exotismo das paisagens e acutilante observação do comportamento dos animais e insectos, mas também dos brasileiros. Ele fala com horror do esclavagismo, ao ponto de jurar nunca mais pôr os pés no Brasil. Fala do contraste entre a enorme riqueza das terras e o tão pouco cuidadas que estão, bem como da total falta de infra-estruturas em áreas vastíssimas: nem uma única estrada, só caminhos abertos pelos próprios animais e carroças (todos os homens andam com um facalhão à cintura para abrir caminho) e nem uma única ponte de pedra. Mesmo as pontes de madeira e as de cordame num tal estado que na maioria dos casos têm de ser passadas por debaixo e não por cima. A burocracia de enlouquecer qualquer um, a corrupção endémica. É preciso ver que Darwin passou pelo Brasil apenas 10 anos após a independência, de maneira que estas críticas atingem-nos, sobretudo, a nós.









August 23, 2022

O coração de dom Pedro

 


Coração de Dom Pedro I chega ao Brasil em clima de acirramento político

O coração do monarca, que morreu em 1834, aos 35 anos, ficará no Brasil até 8 de setembro. Ao longo de três semanas, será exposto no Palácio do Planalto e no Itamaraty.

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Os brasileiros são obcecados por dois Pedros sem os quais o Brasil não seria o Brasil: Pedro Álvares Cabral que descobriu o Brasil para os portugueses e Pedro I que descobriu o Brasil para os brasileiros.  

Os símbolos têm um grande poder na experiência humana. Evocam e desencadeiam emoções, memórias e experiências que estão escondidas em níveis sub-conscientes. Não me refiro a símbolos como um emoji, mas a símbolos ligados à experiência da nossa identidade como indivíduos e como membros de grupos colectivos como a nação/pátria ou a religião, por exemplo. 
A bandeira portuguesa ou o hino convocam a manifestação de um certo tipo de sentimentos/comportamentos que sentimos serem portugueses - seja lá o que isso for, mas esses símbolos podem ser a única maneira de exprimirmos a experiência de 'ser português'. Outras experiências indefiníveis também têm poucos canais para se exprimirem, para além de certos símbolos que as trazem ao de cima.

Sabemos que esses símbolos são também motivadores. Vemo-lo todos os dias na maneira como os ucranianos se motivam para resistir aos russos: certas imagens do presidente foram fixadas para serem símbolos de união, assim como a frase, 'Slava Ukraini' que todos conhecemos ou as cores azul e amarela da bandeira da Ucrânia, os girassóis, etc. 

Portanto, os símbolos também representam a união com o grupo e no caso presente do Brasil, muito dividido politicamente, como aliás diz a notícia, o coração do fundador do Brasil independente é um símbolo poderoso de união. 
As relíquias têm algo de estranho e algo de poderoso que é o facto de terem resistido, natural ou artificialmente, à dissolução da morte e adquirirem um significado não profano. Não é por acaso que os líderes, dos faraós a Lenine, foram mumificados: era para serem adorados como deus vivos. Sacralizados.
Um coração, sobretudo um coração, mais do que outro orgão, é um símbolo poderoso emocional de vida. Basta pensar nas pessoas que têm um coração transplantado e no efeito profundamente emocional que esse coração tem nos familiares do dador, quando esse coração já é apenas uma relíquia do seu ente querido.

De maneira que não surpreende que os brasileiros tenham devoção ao seu fundador, símbolo da sua existência como povo e ao seu coração, símbolo de união entre todos e a um plano espiritual da existência que lhes dá significado e orientação.

Aqueles que pensam que tudo é ridículo nestes símbolos são os que mais se deixam manipular por eles, justamente por estarem ainda não-conscientes do seu poder no coração dos homens.