A estadia de Darwin no Brasil, que teve grande importância na sua teoria evolucionista, está cheia de vívidas descrições de deslumbramento pela beleza e exotismo das paisagens e acutilante observação do comportamento dos animais e insectos, mas também dos brasileiros. Ele fala com horror do esclavagismo, ao ponto de jurar nunca mais pôr os pés no Brasil. Fala do contraste entre a enorme riqueza das terras e o tão pouco cuidadas que estão, bem como da total falta de infra-estruturas em áreas vastíssimas: nem uma única estrada, só caminhos abertos pelos próprios animais e carroças (todos os homens andam com um facalhão à cintura para abrir caminho) e nem uma única ponte de pedra. Mesmo as pontes de madeira e as de cordame num tal estado que na maioria dos casos têm de ser passadas por debaixo e não por cima. A burocracia de enlouquecer qualquer um, a corrupção endémica. É preciso ver que Darwin passou pelo Brasil apenas 10 anos após a independência, de maneira que estas críticas atingem-nos, sobretudo, a nós.
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