JMT, como de costume, quando se põe a falar das escolas, fala do que desconhece. Calculo que fale a partir do caso de um filho ou filha de alguém que conhece e depois generaliza a apelar ao escândalo... e fala em iliteracia digital, em mentalidade burocrática, em os professores alegarem privacidade para não serem filmados, em não quererem levar os portáteis para a escola, para não dar aulas e diz que nas escolas privadas tudo se passa às maravilhas e encontraram soluções para os alunos com covid.
JMT gosta de dizer coisas...
Em 1º lugar: os alunos doentes com covid-19, na maioria dos casos, estão doentes - dores de cabeça, sensação de ter o corpo todo dorido, cansaço, alguns têm febre. Não estão em condições de assistir a nenhum tipo de aulas. Estão na cama com medicamentos a descansar. Não sei como é que JMT pensa que as escolas particulares põem os doentes sem sintomas. Deve ser alguma magia...
Em 2º lugar, os alunos que estão em confinamento sem sintomas ou por coabitarem com alguém infectado, podiam, de facto, assistir às aulas se houvesse câmaras nas salas, o que não há. Não tem nada que ver com as parvoíces que ele diz. Em um grande número de escolas nem sequer há rede informática a cobrir a escola, computadores ou projectores nas salas de aula.
Ao contrário do que ele diz, nós usamos muito a tecnologia digital. Por exemplo, em vez de imprimir papel, como se fazia dantes no trabalho normal, levamos os materiais numa pen e projectamos. E se são fichas para trabalhar, enviamos para o email dos alunos ou partilhamos na drive e abrem a ficha no telemóvel ou no tablet. É claro que, se a cobertura de rede informática das escolas não fosse de pobrezinhos, os alunos todos acediam à rede da escola nas salas de aula, a partir dos seus telemóveis, porque há muito documento que não podemos enviar com antecedência e enviamos na aula. Porém, ter internet que permita descarregar documentos e outras coisas, custa uma fortuna que a maioria dos alunos das escolas públicas não pode pagar. Estou a fazer uma formação. Um colega, na última sessão, a propósito de uma cena que não interessa, dizia, 'ah, eu faço isto porque no colégio onde estou a dar aulas só tenho alunos de excelência. Não tenho dos outros'. Pois, JMT não percebe a importância de se chamar Ernesto, por assim dizer...
Muitos professores levam os portáteis para a escola, ao contrário do que ele diz, mas se não há utilidade em levá-los, não levamos. Por exemplo, na semana que passou oito alunos de uma turma que tenho ficaram em confinamento. Se houvesse uma câmara na sala de aula, podia enviar um link por zoom e eles assistiam às aulas, mas como não há, é indiferente que leve ou não leve o pc - aliás, as salas têm computador. Nós não damos as aulas parados, sentados à secretária. Andamos de um lado para o outro, escrevemos no quadro, há interacção como os alunos: como é que um ecrã de um portátil consegue apanhar isto...? Anda um aluno na sala em pé atrás de mim a apontar o portátil para mim, para o quadro quando lá escrevo ou para os alunos que vão intervindo na aula?
Não há câmaras na salas... qual é a alternativa? Vejamos, um professor tem 5 turmas, o que perfaz 20 horas de aulas. Sai das aulas e vai repetir as 20 horas de aulas para os alunos que estão em casa? 40 horas de aulas...? Há falta de professores nas escolas. E porque é que há falta? Porque o rebanho passa o tempo a bater nos professores, cobarde e ignorantemente, e eles fogem a sete pés das escolas.
JMT faz parte do rebanho que passa o tempo a dizer mal da escola pública e a defender que se gasta muito dinheiro com a escola, mas depois quando não há condições porque não se investiu, diz que a culpa é dos professores.
Continuem assim, que vai tudo bem.
O que o JMT quer é que os dinheiros públicos financiem os colégios privados para eles terem ainda mais lucros....
ReplyDeleteEsta gente emprenha-se uns aos outros pelo ouvido.
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