May 08, 2025

O fascínio que muitos em Portugal têm pelo 'homem forte'



JMT diz que em Portugal há quem odeie o PPC sem argumentos ou razão, porque ele é que salvou o país e pôs o interesse do país à frente do seu, pois perdeu o poder com isso.

Só queria comentar dizendo que, em 1º lugar, a questão não era entre resgatar o país suavemente ou em modo de cavalgadura, mas sim não comprometer o futuro do país nesse resgate. O problema que temos agora com a falta de professores e o prejuízo que daí advém para a educação deve-se a PPC, à maneira como resolveu o problema despedindo dezenas de milhares de professores (e mandou-os emigrar, isto é, desaparecer do país como se fossem um peso morto); tratou os pensionistas como um desperdício de dinheiro, um peso morto; escolheu os professores para ficarem definitivamente sem subsídio de féria s e de Natal para serem eles a pagar os custos da FP - felizmente o TC chumbou a medida como anti-constitucional. Na realidade, PPC comportou-se como Elon Musk no DOGE: chegou, cortou a eito as pessoas sem querer saber se famílias inteiras ficavam no desemprego desamparadas. Escolheu para ministro das fianças aquele energúmeno que subiu os impostos e falava sarcasticamente das dificuldades dos portugueses e depois foi-se embora repentinamente -porque o trabalho era difícil- para o FMI ganhar dezenas de milhar de euros livres de impostos... O seu melhor amigo-ministro era Relvas, uma espécie de proto-Socas...

Em segundo lugar, PPC não pensou ir perder o poder, não foi uma pessoa desprendida do poder, nem pensou que estava a arriscá-lo. Na realidade ele ganhou as eleições e nunca lhe passou pela cabeça que a esquerda se unisse para lhe roubar o poder que queria muito. Queixou-se disso durante mais de um ano. 

E depois disso, nunca mais voltou ao poder porque não nos esquecemos da maneira desumana como tratou as pessoas e como evoluiu para uma misoginia extrema que defende abertamente submeter as mulheres às tarefas domésticas para que os homens não tenham que competir pelos empregos e apareçam sempre como o 'homem forte'.

Na realidade, o argumento de JMT serve-lhe a ele: há muitas pessoas no país que, sem nenhum argumento, adoraram PPC e têm por ele um fascínio infantil porque têm aquele ideal do homem forte, com pulso forte que chega e resolve os problemas sem ligar a mariquices - palavras que PPC usava para referir-se a quem se queixava das condições de vida que ele piorou drasticamente para pagar os desvarios da banca, dos empresários e da incompetência de políticos.

O facto de um político não enriquecer no cargo é louvável, mas não o transforma em pessoa competente. São factores independentes que, infelizmente, raramente se encontram unidos na mesma pessoa. Salazar também não enriqueceu no poder, o que é louvável, mas isso não o tornou uma pessoa competente ou desprendida do poder, pelo contrário.

Portanto, este artigo não passa de uma apologia do ideal machista do 'homem forte'.


Porque é que Passos Coelho parece o único adulto na sala?

João Miguel Tavares

Há muita gente que detesta Pedro Passos Coelho, a começar por boa parte dos pensionistas, que jamais lhe perdoará os cortes dos tempos da troika. Nem vale a pena gastar latim a explicar que a troika foi chamada por Teixeira dos Santos; que o famoso memorando de entendimento foi subscrito por José Sócrates; ou que a culpa pelo desastre de 2011 é do PS, e não do PSD. Essas pessoas não querem saber.

Quem odeia Passos odeia-o para lá de quaisquer argumentos, e aderiu há muito a uma das maiores patranhas da carreira de António Costa: a de que havia uma forma suave de resgatar o país. Para os “Geringonça lovers”, Passos foi um sádico em São Bento, que não percebeu que o caminho certo era aquele que foi aplicado pela dupla Costini & Centini a partir de 2015 – ou seja, após quatro anos de trabalho árduo de um Governo de direita, quando tudo o que era mais difícil fazer já tinha sido feito. Assim é fácil ser socialista.

É verdade que Passos Coelho facilitou a vida à esquerda com uma frase que se lhe colou à pele como uma lapa: “Ir além da troika.”

Nesse mesmo ano, Passos disse uma outra coisa, e logo numa reunião com deputados do PSD: “Se algum dia tiver de perder umas eleições em Portugal para salvar o país, que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal.”

A razão pela qual Passos Coelho parece ser o único adulto na sala é muito simples: ele é o único político ainda no activo que já demonstrou que numa altura de grave crise é capaz de colocar os interesses do país à frente dos seus interesses políticos imediatos. Fez o que tinha de ser feito entre 2011 e 2015, apesar de poder vir a custar-lhe a permanência no poder – como custou. No momento complexo que estamos a viver, isso é um património inestimável. E como só ele é que o tem, todos parecem pequenos ao seu lado.

(excertos)

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