Showing posts with label ódio. Show all posts
Showing posts with label ódio. Show all posts

November 21, 2023

Os sentimentos e discursos anti-professores são como os sentimentos e discursos anti-semitas

 


(Salvo as devidas distâncias) às vezes parecem ter desaparecido mas andam só escondidos e irrompem ao menor sinal de contrariedade.

Este senhor diz que "independentemente das razões e dos sentimentos que assistem aos professores", para os quais a sua atitude é idêntica à de Ferro Rodrigues relativamente ao segredo de justiça, não podem [os professores] eleger os alunos como suas vítimas. " Não podem continuar a promover a instabilidade, o tédio e o abandono das aprendizagens." Portanto, a situação de declínio das aprendizagens não tem nada a ver com as políticas deste ministro, nem com os vícios que introduziu no sistema, mas com os péssimos dos professores terem eleito os alunos como vítimas e serem maus professores.

Depois fala em "desprestígio de uma profissão que deveria ser exemplar na adoção de um código de conduta de serviço público" - espero que não esteja a sugerir que devamos seguir o exemplo do serviço público dos ministros e PM. Portanto, prestígio é não haver professores, prestígio é serem hostilizados pela tutela, pela confederação de pais e por professores universitários da área da Psicologia da Educação a que pertence este senhor. Este senhor é como Salazar, quer os professores pobrezinhos mas humildes, recatados, abnegados e dispostos a abdicar da vida para servir os mestres - entre os quais este senhor, naturalmente, se encontra. 

"porque há formas alternativas de lutar, há formas alternativas de protestar, dignificando e prestigiando a profissão", diz ele. Quais? Ah, isso ele não diz porque sabe que os professores andam há 20 anos, pelo menos, a protestar e a lutar pela educação pública de maneira a não incomodar ninguém e o resultado foi o desprezo total pelas suas reivindicações e avisos quanto às malfeitorias que se faziam na educação - o descalabro está à vista.

Diz que esta greve "promove a desigualdade no acesso e na frequência da educação". Mais uma vez, quem pôs o país na pobreza, quem desviou milhões de milhões de euros, quem tira o dinheiro aos pobres para dar à banca, são os professores, esses malandros que deslassam a sociedade com as suas exigências de luxo.

"Ensinar não é uma atividade como as outras. Poucas profissões serão causa de riscos tão graves como os que os maus professores fazem correr aos alunos que lhe são confiados." Cá está outra vez, a culpa de haver alunos que não estudam e não aprendem é dos professores. Os professores são horríveis. Talvez devessem ser executados, não? O discurso deste senhor, que provavelmente é formador de professores, dignifica imenso os professores.

Se os pais vão para para as escolas ofender e maltratar os professores e atiçar os filhos contra os professores é devido a asnos amancebados ao poder, pessoas com responsabilidades na educação, que em vez de virarem as críticas para os governantes que nos destroem, viram o ódio para os professores, no lastro do nosso ME.



Como dignificar os professores? Como promover a escola pública?


Leio que o presidente do Stop quer passar a mensagem de que “venha quem vier para o futuro governo, os profissionais de Educação continuarão a lutar por uma escola pública e de qualidade para todos os que lá trabalham e estudam”. E por isso decreta 13 dias de greve de docentes e não docentes até ao dia 29 de novembro.

Ora, independentemente das razões e dos sentimentos que assistem aos professores, esta deliberação não pode (não deve) eleger como vítimas os alunos e respetivas famílias. Não pode continuar a promover a instabilidade, o tédio e o abandono das aprendizagens. E, ao contrário do que afirma, esta luta está a desacreditar a escola pública, a promover a procura social do ensino particular e cooperativo e a cavar o desprestígio de uma profissão que deveria ser exemplar na adoção de um código de conduta de serviço público – porque há formas alternativas de lutar, há formas alternativas de protestar, dignificando e prestigiando a profissão.


July 03, 2022

Isto não tem que ver com liberdade de expressão

 


O professor pode ser contra as políticas de género, como se diz, e até manifestar publicamente que não concorda com elas, mas isso é muito diferente de dizer que as pessoas não heterossexuais são lixo humano, que devem ser afastadas com recurso à violência, etc. Isso não é compatível com o seu estatuto profissional onde tem que lidar com estudantes com todo o tipo de sexualidade e lhes deve igual respeito e imparcialidade no juízo e tratamento. Qual é o estudante que sendo gay, por exemplo, sente poder ser tratado com respeito e justiça numa aula com um professor que sabe considerá-lo lixo humano? O professor nem isto percebe? Seria o mesmo que o ministro do Ambiente chamar lixo humano a todos os que se empenham pela diversidade ambiental ou pelo fim da poluição, por exemplo. Não é que ele não o pudesse fazer em termos de liberdade de expressão, mas ficaria evidente a sua inadequação para o cargo de ministro do qual faz parte zelar pela qualidade e diversidade do ambiente. 


“Homofóbico com certeza sou”: declarações de docente da Universidade de Aveiro revoltam alunos


Professor de Física diz que comunidade LGBTQ+ “constitui um dos grandes perigos civilizacionais” e declara que “há muita coisa que só se resolve com violência”. Descontentes, alunos denunciam professor Paulo Lopes por discurso de “ódio” e “discriminação”. Reitoria afirma que “actuará em conformidade, com rapidez e firmeza”.

Júlia Maciel e Lusa

Em causa está uma publicação (não disponível a todos os utilizadores) que o docente Paulo Lopes fez na sua página da rede social Facebook, na qual critica abertamente a comunidade LGBTQ+,

Paulo Lopes diz ainda que a campanha publicitária “é uma agressão” e que “mereceria umas valentes pedradas nas vitrinas”. “Estamos a precisar urgentemente de uma ‘inquisição’ que limpe este lixo humano (...) todo!”, diz. Já na noite de quinta-feira, em declarações à TVI, disse: “Há muita coisa que só se resolve com violência.” E acrescentou: “Homofóbico com certeza que sou”. Contudo, assegura que a sua postura enquanto professor é, e sempre foi, “100% profissional”.

... a Reitoria difundiu um comunicado dirigido aos membros da comunidade académica, onde defende a liberdade de expressão e de opinião, consagrada na Constituição da República Portuguesa, reconhecendo a separação das esferas pessoal e profissional.

December 11, 2020

"Estou tão zangada com eles"

 



"Je leur en veux tellement.

J’en veux encore plus à ceux qui recommencent à fredonner le même refrain, cinq ans et tant de morts après.

J’en veux aux cyniques. À tous ceux qui marchent sur les morts en rêvant de grappiller des voix sur des amalgames.

J’en veux à ces laïques en carton qui résument la séparation à une neutralité pour ne pas résister au fanatisme.

J’en veux à « ces nouveaux antiracistes » qui marchent aux côtés des officines de haine. À ceux qui préfèrent coexister à se mélanger.

J’en veux à ces artistes qui ne savent plus que s’engager que pour des causes sans risques.

J’en veux aux lâches d’en vouloir à ceux qui prennent des risques pour défendre leurs libertés. Ils préféreront toujours ceux qui tuent pour leurs idées à ceux qui meurent pour elles."

L'édito de Caroline Fourest, cette semaine.

--------------------------------

′′ Estou tão zangada com eles.

Ainda estou mais zangada com aqueles que começam a cantarolar o mesmo refrão, cinco anos e tantas mortes depois.

Estou zangada com os cínicos. Todos os que andam sobre os mortos sonhando em ganhar vozes com a amálgama.

Estou zangada com esses laicos de papelão que resumem a separação a neutralidade para não resistir ao fanatismo.

Estou zangada com ′′esses novos anti-racistas′′ que andam ao lado das oficinas de ódio. Esses que preferem coexistir a misturar-se.

Estou zangada com esses artistas que só sabem comprometer-se com causas seguras.

Estou zangada com os cobardes por culparem aqueles que arriscam para defender as suas liberdades. Sempre preferirão aqueles que matam pelas suas ideias do que aqueles que morrem por elas."

~O editorial da Caroline Fourest esta semana.


June 06, 2020

Schoppy - o amor e o ódio - isto não é verdade



A não ser que estejas a referir-te aos homens no sentido dos indivíduos do sexo masculino. Aí não sei... mas sei que não é verdade no sentido universal de seres humanos. Ou talvez quando fala em amar se refira ao desejo, que também é superficial. Amor e ódio tem origens e características diferentes. O amor é um sentimento e tanto o temos em relação às pessoas como às coisas. Por exemplo, amo os livros, há quem ame os animais de estimação, o desporto, a música, a matemática, etc. Os sentimentos são profundos, subterrâneos e pregnantes. Já o ódio é uma emoção, logo, volátil, e dirige-se apenas às pessoas e não às coisas. Às vezes dizemos, 'odeio essa coisa', mas é uma maneira de falar para vincar com veemência um desagrado. O ódio não é uma emoção primária, é aprendida na sociedade e, por conseguinte, nem todos a têm. É verdade que há pessoas que odeiam e alimentam constantemente esse ódio e é por isso que o confundem com um sentimento.
A emoção que é primária e universal é a raiva (já a vemos aparecer nos bebés, mas o ódio não) que advém de um sentimento de injustiça ou de mágoa (algo que se sente como um mal, um prejuízo moral, emocional, material, etc.) e que se expressa, por vezes, exteriormente, com agressividade ou, no pior dos casos, interiormente, com o rancor, que é auto-destrutivo. Sou um contra-exemplo desta frase porque não sou capaz de sentir ódio por ninguém. Já aconteceu tentar :)) mas não. Não aprendi isso. Mas raiva sim. A raiva é uma revolta ou um grito de dor, já o ódio é uma emoção que traz o desejo de fazer mal, de vingança. Por exemplo, tenho raiva da Lurdes Rodrigues, da Leitão, do Centeno porque são pessoas que não têm respeito pelos outros cidadãos e não hesitam em prejudicar, com consciência do que vão fazer e, isso mete raiva, é revoltante. Mas não lhes tenho ódio nem lhes desejo mal na vida. O que desejo é que não façam mal aos outros. A raiva tem uma orientação pedagógica, o ódio é pérfido.
Portanto, nem o ódio é demorado pela simples razão de que nem sequer é universal, nem o amor é à pressa, pelo contrário, é profundo, demorado e difícil de desaparecer. De vez em quando passo por períodos em que leio menos por qualquer razão, mas esse amor ao saber e a querer compreender é profundo, responde a necessidades permanentes, não desaparece e a ausência dos instrumentos que alimentam esse amor (os livros, a cultura em geral) causa sofrimento.