A não ser que estejas a referir-te aos homens no sentido dos indivíduos do sexo masculino. Aí não sei... mas sei que não é verdade no sentido universal de seres humanos. Ou talvez quando fala em amar se refira ao desejo, que também é superficial. Amor e ódio tem origens e características diferentes. O amor é um sentimento e tanto o temos em relação às pessoas como às coisas. Por exemplo, amo os livros, há quem ame os animais de estimação, o desporto, a música, a matemática, etc. Os sentimentos são profundos, subterrâneos e pregnantes. Já o ódio é uma emoção, logo, volátil, e dirige-se apenas às pessoas e não às coisas. Às vezes dizemos, 'odeio essa coisa', mas é uma maneira de falar para vincar com veemência um desagrado. O ódio não é uma emoção primária, é aprendida na sociedade e, por conseguinte, nem todos a têm. É verdade que há pessoas que odeiam e alimentam constantemente esse ódio e é por isso que o confundem com um sentimento.
A emoção que é primária e universal é a raiva (já a vemos aparecer nos bebés, mas o ódio não) que advém de um sentimento de injustiça ou de mágoa (algo que se sente como um mal, um prejuízo moral, emocional, material, etc.) e que se expressa, por vezes, exteriormente, com agressividade ou, no pior dos casos, interiormente, com o rancor, que é auto-destrutivo. Sou um contra-exemplo desta frase porque não sou capaz de sentir ódio por ninguém. Já aconteceu tentar :)) mas não. Não aprendi isso. Mas raiva sim. A raiva é uma revolta ou um grito de dor, já o ódio é uma emoção que traz o desejo de fazer mal, de vingança. Por exemplo, tenho raiva da Lurdes Rodrigues, da Leitão, do Centeno porque são pessoas que não têm respeito pelos outros cidadãos e não hesitam em prejudicar, com consciência do que vão fazer e, isso mete raiva, é revoltante. Mas não lhes tenho ódio nem lhes desejo mal na vida. O que desejo é que não façam mal aos outros. A raiva tem uma orientação pedagógica, o ódio é pérfido.
Portanto, nem o ódio é demorado pela simples razão de que nem sequer é universal, nem o amor é à pressa, pelo contrário, é profundo, demorado e difícil de desaparecer. De vez em quando passo por períodos em que leio menos por qualquer razão, mas esse amor ao saber e a querer compreender é profundo, responde a necessidades permanentes, não desaparece e a ausência dos instrumentos que alimentam esse amor (os livros, a cultura em geral) causa sofrimento.