January 09, 2025

Já repararam como em nenhuma análise da situação internacional a ONU de Guterres tem relevância?

 



No passado recente, a ONU, por muito que por vezes, na prática, tivesse dificuldade em conseguir o que queria, era ouvida e respeitada como um diapasão ético da Ordem Internacional. Um presidente, por muito poder que tivesse, não dizia publicamente que queria tomar à força países soberanos porque lhe dá jeito alargar o seu domínio competitivo. E, embora às vezes o fizesse, a ONU tomava imediatamente uma posição, lembrando os princípios da Carta das Nações Unidas e pressionando para que fossem respeitados. Hoje-em-dia a ONU está descredibilizada e Musk já disse várias vezes que quer retirar o financiamento dos EUA à ONU. Tudo isto é um desastre.

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As ambições de Trump em relação à Gronelândia tiveram eco junto de alguns comentadores russos. O comentador televisivo Sergey Mikheyev, por exemplo, disse que a proposta de Trump está de acordo com “a mentalidade americana” que os seus antecessores tentaram “disfarçar e esconder”. “Trump diz simplesmente de forma direta - nós somos tudo e vocês não são nada”, observou Mikheyev. “Isto é especialmente interessante porque abre uma brecha entre ele e a Europa, mina a arquitetura mundial e abre certas oportunidades para a nossa política externa”, acrescentou, argumentando que se Trump ‘quer realmente impedir a terceira guerra mundial, a saída é simples: dividir o mundo em esferas de influência’.

Stanislav Tkachenko, um académico influente da Universidade Estatal de São Petersburgo, também manifestou o seu apoio e disse que a Rússia devia “agradecer a Donald Trump, que nos está a ensinar uma nova linguagem diplomática. Isto é, dizer as coisas como elas são. Talvez não consigamos cortar o mundo como uma maçã, mas podemos certamente delinear as partes do mundo onde os nossos interesses não podem ser questionados”.

É claro que um mundo onde as nações mais fracas são tratadas como meros peões a serem “pacificamente” divididos entre as potências imperiais - assumindo que esta é a direção que estamos a seguir - dificilmente é o tipo de ordem multipolar que a maioria das pessoas imagina. Nem é a ordem que a Rússia e a China ostensivamente defendem, deixando em aberto a questão de como poderão responder às propostas de Trump.

Thomas Fazi in unheard (aviso à navegação: esta revista digital é putineira e contra a Ucrânia, em geral)


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