April 24, 2024

April 23, 2024

What!? A besta do Vasco Gonçalves num monumento imposto à cidade por um grupo de admiradores de ditaduras comunistas?



Um monumento a Vasco Gonçalves? Um tipo que tentou fazer do país uma ditadura comunista? Uma besta anti-democrática até à raíz dos cabelos? Então agora os admiradores de autoritários ditadores impõem à cidade monumentos de ditadores comunistas? E porque não um Estaline ao lado dele a fazer companhia na Alameda D. Afonso Henriques? 

Monumento a Vasco Gonçalves desenhado por Siza para a Alameda está num limbo



Associação Conquistas de Abril diz ter equipa a preparar execução do memorial ao primeiro-ministro do PREC. Obra terá sido oferecida em Fevereiro – mas a Câmara de Lisboa não terá respondido.

O Monumento a Vasco Gonçalves, concebido pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, deveria ser inaugurado num dos topos da Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, para assinalar os 50 anos do 25 de Abril.

A oferta à cidade da obra de arte de Siza foi oficializada pela associação em Fevereiro passado, através de um ofício dirigido a Moedas, estando a execução da mesma a ser preparada por uma equipa, garante ao PÚBLICO o presidente da associação, Jorge Aires. O dirigente lamenta, todavia, não ter tido qualquer resposta por parte da câmara. “A cidade só teria a beneficiar com um monumento desta natureza”

O quotidiano de um ucraniano

 


Katerina Horbunova

@blue_eyedKeti

💔 O meu amigo de infância morreu na frente de combate. Houve um funeral no fim de semana, e nesse dia vi outros funerais de outros soldados ucranianos mortos, eram muitos... A atmosfera é muito pesada, há muitas lágrimas... Não há palavras para o expressar. Acho que é a última vez que vou lá, porque o meu coração não aguenta ver tudo outra vez. Todos os dias há funerais em todos os cantos da Ucrânia. A Ucrânia está a pagar um preço muito elevado para deter os assassinos russos. Durante a minha ausência, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou a ajuda à Ucrânia, esperemos que isso traga um resultado positivo para nós na frente de batalha. Glória aos heróis da Ucrânia.  🇺🇦🕯️

Como responder a ditadores

 


Confesso a minha ignorância



Juro que pensava que este rapaz era jornalista.

Hoje é o dia do livro - Um livro que estou a ler

 


Este aqui. Para quem pensa, 'mais outro livro sobre imperadores romanos?' - bem, sim e não. Sim, é um livro sobre imperadores romanos mas não, não é um livro sobre a vida ou os escândalos de certos imperadores romanos. É mais sobre o que têm em comum que os fez ser imperadores que o que têm de diferente.

É sobre o que era preciso para se ser imperador, é sobre o mundo de Roma do ponto de vista do que se entendia por 'poder', é sobre as suas pessoas, tantos as que se sentavam à mesa do jantar imperial como as que vivam nas fronteiras; é sobre as suas mulheres, os seus médicos e tudo o que contribuiu para que se fizesse a Roma que todos querem ser e que forneceu o 'template' para o que se lhe seguiu e o que ainda somos.

A escritora, uma historiadora, é muito boa a escrever. Tem aquela rara habilidade de dizer muito em poucas palavras. Como nesta frase, que se aplica ao Mundo Romano pós-Augusto, mas que também se podia aplicar a certas épocas do mundo medieval.


A diferença que faz um bom profissional e de como não é preciso gastar muito dinheiro para andar bem calçado

 

Quando precisei de sapateiro é que soube que o meu se tinha reformado. Indaguei e falaram-se de um sapateiro aqui perto. Disseram-me que era uma porta de madeira, que se calhar estava meio fechada mas que batesse à porta porque de manhã ele estava lá sempre a trabalhar. Bem, lá dei com a porta e bati. Entrei numa sala/oficina e senti-me recuar 200 anos a uma história de Dickens: uma sala castanho-escuro mal iluminada, cheia de maquinetas geringonçadas de antes da revolução industrial, um cheiro intenso a couro macio e a óleos, uma mesa enorme com materiais, formas de sapato em madeira espalhadas por todo o lado em prateleiras. Um homem de uns cinquenta e tal anos anos, o rádio ligado no canal da música clássica - uma coisa comum nesta cidade. 

Mostrei-lhe os sapatos - estes da fotografia. Um deles estava a descolar-se de um dos lados. O homem agarrou nos sapatos, puxou um bocadinho a sola de um e ela descolou-se toda. Depois fez o mesmo ao outro, que não parecia estar a descolar-se. Depois mostrou-me a sola -que era daquelas tipo roda de tractor- partida em dois sítios, como se a tivesse esfaqueado. 'Isto é uma pena, porque o sapato é de pele bastante boa. Quem o fez sabe tratar a pele mas não percebe nada da estrutura de uma sola'. Pôs a sola numa maquineta e disse-me que me desbastava as solas e colava uma nova, de maneira que os sapatos haviam de durar muitos anos a andar. O que fez -fui há bocado buscá-los. Levou-me 17 euros! Pôs-me solas novas anti-derrapantes e tratou da pele. Já os usei hoje. Estão como novos. A diferença que faz um bom profissional...

Estes sapatos têm menos de um ano e meio. Sei porque comprei-os para as manifs. de professores e na altura pus esta fotografia no FB - enfim, esse foi o pretexto, porque precisava de uns sapatos baixos para andar. De facto são confortáveis, mas não volto a comprar sapatos desta marca. Comprei-os em saldo por menos de 150 euros. São sapatos que fora dos saldos custam quase 400 euros. Deviam ser bons. 

Gasto mais dinheiro em sapatos de andar todos os dias que em sapatos de ir a festas, porque ando muito e passo os dias em pé e preciso de bons sapatos, confortáveis. Há marcas de sapatos que fora dos saldos custam o que estes me custaram nos saldos e são excelentes. Algumas são portuguesas, mas não é fácil comprá-las porque só vendem numa ou noutra loja e não vendem online. 

Por exemplo, há uma marca portuguesa de sapatos chamada Dysfunctional. Há anos em que têm sapatos que não gosto, mas há outros que têm sapatos muito giros. A questão é que, todos os sapatos ou sandálias que comprei dessa marca, nunca foram ao sapateiro. Nada. Nem sequer capas nos saltos. Nenhuma deformação, a pele sempre impecável. Estão na mesma como estavam no 1º dia em que os usei. Alguns, andei com eles 5 anos de seguida, durante todo o Outono e Inverno a ir e vir da escola, quase todos os dias. E sandálias também, no Verão. A certa altura canso-me dos sapatos, mas guardo-os porque passados uns anos volto a gostar deles e a usá-los. 

É por isso que não costumo precisar de ir ao sapateiro. Conheço umas 4 ou 5 marcas de sapatos que são excelentes sem serem muito caras e sou fiel a essas marcas porque elas são fiéis à qualidade e não apenas ao lucro fácil.

Um professor universitário confunde a sua interpretação de certos factos com a realidade




Este individuo que se apresenta como professor universitário defende que os factos são o que são e quem não os reconhece diz mentiras e faz conspirações. Cita estatísticas erradas, como se a estatística não fosse um instrumento de fazer os dados dizer tudo e o seu contrário, dependendo de como são seleccionados e tratados; "cita leituras da realidade diferentes do que realmente aconteceu", como se ele fosse o detentor da interpretação certa da realidade; cita "os factos como base da Ciência, da História e da Política", como se os factos da ciência não tivessem interpretações alternativas (a evolução da ciência é uma prova de como os tais factos vão sendo interpretados de modo diferente e de como factos que eram os relevantes, perdem importância para outros), como se a história não tivesse verdadeiras revoluções na interpretação dos factos e como se as políticas de obras públicas se baseassem em verdades de facto. 

Em primeiro lugar, quando ajuizamos nem sabemos se estamos na posse de todos os factos; em segundo lugar escolhem-se os factos que se pensam ser relevantes - a ciência e a história são grandes exemplos para não falar na política. A ciência faz experimentações em laboratório depois de isolar factos que parecem ser os relevantes e de os manipular de um modo tal que possam ser observados com certos instrumentos (que eles mesmos observam um factor isolado) e usados para testar certas hipóteses que são elas mesmas, interpretação de certos factos. A história, como sabemos é um dos instrumentos de manipulação dos povos, justamente porque entende dar relevância a certos factos em detrimento de outros e as políticas de obras públicas não se baseiam em factos mas em interesses.

Por exemplo, os portugueses olham para a sua história e uns vêem os portugueses como aventureiros e gente de espírito aberto e outros como parasitas que em vez de trabalhar vão à procura de dinheiro fácil. 
Por exemplo, PPC via a troika como uma virtude (porque os seus factos lhe dizem que os portugueses são parasitas que querem viver à pala) e Portas via-a como um mal necessário.
Por exemplo, a ciência medieval via a Terra como o centro do sistema solar e Copérnico e Galileu olhavam para os mesmos dados e viam o Sol como centro do sistema solar - interpretavam os factos diferentemente.
Leibniz tinha uma versão do cálculo e da física, alternativa à de Newton e durante muito tempo os cientistas discutiram ambas e hesitaram sobre qual seria a melhor -não a mais verdadeira- e depois escolherem a de Newton e foi essa que se passou a usar. 
Como este professor sabe, a ciência é intersubjectiva e não uma história da verdade: se a maioria dos cientistas ou aqueles que têm mais peso e prestígio dentro de um campo se inclina para uma certa interpretação dos factos -eles mesmos escolhidos segundo um certo critério relevante para testar certas hipóteses- esses são os factos e as teses que se tornam aceites e divulgados.
E como este professor sabe, a ciência não abarca todos os factos e toda a nossa vida - felizmente.

Ontem, numa aula com uma turma do 10º ano, acabámos de abordar o tema dos valores, nomeadamente enquanto guias da acção humana. Discutimos os argumentos e as objecções a favor das três posições acerca dos valores: o subjetivismo, segundo o qual os valores são desejos e sentimentos individuais; o relativismo, segundo o qual os valores são crenças interiorizadas no seio de uma sociedade/cultura e, por isso, são-lhe relativos; e o objetivismo, segundo o qual os valores têm um conteúdo cognitivo e, por isso, existem valores objetivos e universais.
No fim, um aluno disse: 'assim, fico sem saber qual das três hipóteses devo escolher, porque todas elas têm "buracos". Não sei qual é a certa e se escolho uma delas vou enganar-me muitas vezes. A professora não vai dizer qual é a mais certa?' Não, não vou, porque não há uma certa e verdadeira. O problema é complexo. Ninguém sabe qual é a certa nem sabemos se isso existe - cada um tem de fazer uma escolha com base no seu sistema de valores fundamentais, nas suas crenças e conhecimentos e em boas razões. É uma escolha crítica, pessoal. Eu tenho a minha mas não vou dizer que é a verdadeira.
Até os meus alunos do 10º ano percebem a dificuldade de escolher certos factos como os relevantes, os verdadeiros e os certos e o erro de classificar os outros das outras pessoas como errados.

É claro que se estamos a falar de exemplos simples como a lua existir é fácil de decidir (fora da metafísica), mas a maioria dos problemas são complexos e alguém entender que 'os seus factos' são todos os factos, são os relevantes e a sua interpretação é obviamente a real, é de um simplismo impróprio de professores universitários.


Os meus factos são melhores que os teus...

Regressei recentemente à Universidade e ao ensino e fui sendo avisado, por pessoas que conheço e que partilham da mesma arte, que muitas coisas tinham mudado desde a última vez que tive o gosto de estar numa sala de aulas cheia de estudantes. De vários, o aviso mais repetido é o impacto das redes sociais na divulgação de “factos alternativos” ou, por outras palavras, de mentiras.

“Toda a gente tem direito à sua própria opinião, mas não têm direito as seus próprios factos”, disse em 1983 Daniel Patrick Moynihan, que entre 1969 e 2001 foi conselheiro de quatro presidentes americanos, embaixador dos Estados Unidos na Índia e senador. Podemos (e acontece constantemente) discordar sobre as causas, os impactos e as consequências de determinados factos. Podemos até concordar que a informação que temos sobre determinado facto é incompleta. Mas não devemos inventar “factos” para justificar o que dizemos ou pensamos.

E, no entanto, somos todos os dias bombardeados com estatísticas erradas, relações causa-efeito inexistentes, leituras da realidade que pouco têm a ver com o que aconteceu. E quem tem a sanidade (e temeridade) de aceitar criticamente os factos pelos factos, é olhado com benevolência ou até com desprezo: “Ah! Tu acreditas nisso... pois... mas olha que não é assim!” seguindo-se uma teoria da conspiração sobre a Terra ser plana, a Humanidade nunca ter chegado à lua ou outras fantasias quaisquer, acompanhada sempre por avisos graves em relação aos misteriosos e sempre poderosos “eles” que não querem que saibamos a “verdade”.

Se as mentiras e as teorias da conspiração se limitassem a coisas ridículas ou inconsequentes até nos poderíamos divertir. Quando alguém nos tentasse convencer de que uma nave espacial tripulada não chegou, nem partiu da Lua em 1969, poderíamos abrir os olhos de espanto e dizer com ar misterioso “vejo que acreditas na Lua...”. Mas, infelizmente, as mentiras que passam por serem verdades não se limitam a serem anedotas.

Sem factos não temos Ciência, nem História, nem base sobre a qual construir políticas públicas.
E os resultados podem ser gravíssimos. Quem negou a pandemia poderá ter contribuído para espalhar o vírus. Quem recusa os planos de vacinação poderá ajudar ao surgimento de doenças que prejudiquem outras pessoas. Quem inventa estatística e correlações entre imigrantes e violência alimenta descriminações e racismo. Quem nega as alterações climáticas contribui para a destruição do equilíbrio do ecossistema que permite a vida na Terra.

Dirão alguns: como é que sabemos que a Ciência que conhecemos é real? A resposta é simples: a Ciência, feita com método, repetição, escrutínio e transparência, traduz o melhor do nosso conhecimento sobre os factos. E a Ciência, que não está preocupada com as teorias da conspiração, por ser Ciência, testa hipóteses, não se acomoda e está sempre em evolução. Sem factos e sem a Ciência que os explica, não temos a base que nos permite ter uma conversa sensata e ponderada sobre as opções que estão sobre a mesa. E sem essa conversa nacional, não temos mecanismos para dar resposta aos problemas que nos afetam e afligem coletivamente e não temos bases para as decisões legítimas em que construímos as nossas democracias.

Na semana em que celebramos 50 anos de liberdade e democracia muito ganharíamos se conseguíssemos concordar que os factos são, de facto, factos. E o resto são teorias, não-científicas, mas de conspirações.

Bernardo Ivo
CruzProfessor Convidado, IEP/UCP


Hoje é o dia do livro - book nerds

 




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Hoje é o dia do livro - Que horas são?

 

É hora de ler