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December 21, 2021

O texto do SE da educação é uma verborreia de 'inverdades' sobre o estado da educação

 


Acho piada é que lhe chame, pomposamente, 'factos'.

«Inverdade» não é bem a mesma coisa que mentir mas é um adejante. É o que queremos dizer com aquele dito popular, com a verdade me enganas - é uma maneira de dizer as coisas em que se pega numa verdade de facto (que é diferente do próprio facto), como por exemplo, a estatística do número de passagens de ano e se exibe o número como um exemplo de uma política positiva de sucesso escolar, sabendo que esse número não se deve a que os alunos passassem a conseguir atingir os objectivos das disciplinas (já reduzidos, em muitos casos, ao mínimo inaceitável) mas à política de passar todos independentemente do número de negativas mostrar que não alcançaram os objectivos mínimos (hoje em dia é comum ver alunos no 10º ano, na área de ciências, tendo tido sempre nota/nível 1 a Matemática, desde o 5º ano - quer dizer, por exemplo, entrarem no 10º ano sem saber o que é a fórmula resolvente) e sabendo que o termo 'sucesso escolar' vai ser entendido pela generalidade das pessoas, enganadoramente, como sucesso nos estudos. Portanto, a única coisa verdadeira na estatística do 'sucesso escolar' é o número final de alunos que passam, mas sendo a maneira de lá se chegar o desinteresse na capacidade deles atingirem os objectivos, esse número não é real, não corresponde a um real sucesso dos alunos e é, portanto, uma inverdade. O uso de uma verdade para esconder uma falsidade.

Palavras sinónimas de inverdade: embuste, engano , engodo , enrolar, esconder, ocultar, omitir, tergiversar (ver aqui).




A memória de Rui Rio tem falta de educação


O líder do PSD não evolui no pensamento sobre o currículo: avaliar é fazer exames, ensinar é ter programas que só se cumprem pagando explicações, disciplina intui-se que seja expulsar alunos do sistema.

João Costa (SE da educação)

O PSD gosta de discursos catastrofistas sobre educação. A cada ciclo eleitoral repetem-se os chavões alarmistas do costume. No congresso do PSD, Rui Rio fez troça da memória, iludindo-a. Desta vez, sobre cinco temas: currículo; investimento na escola pública; ensino profissional; professores; educação de infância. Vamos a factos.

[o SE parece aqui a ministra da saúde que também se recusa a ver o óbvio - a situação é mesmo catastrófica. Depois, diz, 'vamos a factos', mas não relata factos... antes faz acusações]

Rui Rio não evolui no pensamento sobre o currículo: avaliar é fazer exames, ensinar é ter programas que só se cumprem pagando explicações, disciplina intui-se que seja expulsar alunos do sistema. 

[ó senhor SE, é preciso descaramento, pois nunca os alunos tiveram tantas explicações como nestes últimos anos. Desde que o senhor foi para aí tem sito uma explosão no negócio das explicações]

Tudo vai mal, porque omite que o abandono escolar precoce já superou as metas europeias. É útil relembrar como, em 2017, o PSD atribuiu ao Governo que ainda só tinha preparado um ano letivo a responsabilidade por um aumento de 0,3% para 14%, nunca tendo sido capaz de acompanhar o entusiasmo do país com a redução deste indicador para mínimos históricos

[o entusiasmo do país? O senhor vive num país imaginário]

Omite que, durante o período em que o PSD foi Governo, o insucesso escolar aumentou pela primeira vez em décadas e que, entre 2015 e 2021, se registou uma diminuição de cerca de 70% nas taxas de insucesso, fruto de uma política centrada na educação inclusiva. 

[pois, o insucesso diminuiu nas estatísticas porque os alunos passam com negativas a tudo se for preciso, não porque tenham melhorado o seu desemprenho - agora até nos exames nacionais os alunos só respondem ao que gostam]

Desconhece que, atualmente, o currículo português tem coerência, dando destaque ao conhecimento disciplinar, aliado ao desenvolvimento de competências essenciais como o raciocínio, a resolução de problemas, o pensamento computacional, o pensamento crítico, a criatividade, a autonomia ou a sensibilidade estética. 

[este parágrafo é uma mentira tão grande e descarada que fica abaixo da crítica séria]

Esquece-se da manta de retalhos que o PSD fez do currículo, tendo desprezado áreas como as ciências experimentais, as tecnologias, as artes ou a educação física. Não gosta que tenha sido dada autonomia para gerir o currículo com flexibilidade às escolas públicas, algo que o PSD sempre concedeu apenas ao ensino privado, por não confiar na capacidade da escola pública.

[outra mentira descarada isso da autonomia curricular]

Sobre investimento na escola pública há pouco a dizer. Depois de o PSD ter ido para além da troika e do desvio de dinheiros públicos para o setor privado em tempos de crise, Rui Rio omite que, entre 2016 e 2021, o investimento em educação aumentou 20%. Um investimento que não serviu para financiar escolas privadas onde havia oferta pública, mas para robustecer os apoios aos alunos.

[Investimento??? robustecer apoios? Não há professores... e as contas do Estado mostram um desinvestimento fixo ano após ano. Os professores estão a ser obrigados a dar horas extraordinárias ilegais, transformadas em legais à pressa por conta do desinvestimento e desinteresse desta tutela na valorização da carreira dos professores]

Relativamente ao Ensino Profissional, o PSD poderia ter o pudor de não se pronunciar. O seu desprezo por este setor resultou em atrasos no financiamento, na introdução de barreiras para que os alunos desta via não concorressem ao ensino superior, na inexistência de rede, no incumprimento de compromissos com a Comissão Europeia para a certificação de qualidade e, com gravidade, na sua progressiva substituição por cursos vocacionais que reduziam os anos de formação, não chegando a cumprir as horas de formação estipuladas no Catálogo Nacional de Qualificações. Para o PSD, o Ensino Profissional foi desrespeitado e assumido como a via para os alunos que não tinham sucesso. 

[e continua a ser... tirando honrosas excepções que sempre se constituíram como alternativas por mérito dos seus coordenadores e professores, tudo continua igual]

O Governo do Partido Socialista criou critérios para o ordenamento da rede, aproximando progressivamente a oferta das necessidades das empresas e dos territórios, implementou o sistema EQAVET, certificando a qualidade do Ensino Profissional de acordo com critérios europeus, criou um concurso específico para o acesso ao ensino superior, valorizando a formação em contexto de trabalho e as Provas de Aptidão Profissional. Um esforço hercúleo na dignificação de uma via tão necessária ao país e tão apoucada pelo PSD.

[sim, sim, é por isso que emigram às carradas ainda no 12º ano...]

Em 2019, o pensamento de Rui Rio sobre professores era simples: é preciso despedi-los, porque estão a mais. Isto enquanto o Governo do Partido Socialista procedia ao recenseamento das necessidades futuras. O mesmo Governo que descongelou as carreiras sem a irresponsabilidade dos avanços e recuos do PSD; recrutou, entre 2015 e 2020 mais cerca de 5000 professores; vinculou milhares de professores; investiu em formação contínua gratuita para os docentes; deu cumprimento à lei, respeitando a norma travão; repôs a legalidade no horário dos professores do 1.º ciclo, entre outras medidas.

[Descongelou carreiras lol, porque não acrescenta que aproveitou as facadas que o governo de PPC deu nos professores para poupar dinheiro tendo como desculpa, 'os outros é que começaram' - vocês foram para aí há 6 anos para reverter as políticas da troika e aprofundaram-nas;: qual é a parte de, 'não há professores que não entende?]

Uma das primeiras medidas deste Governo foi a publicação das Orientações Pedagógicas para a Educação Pré-Escolar, às quais se têm sucedido instrumentos formativos e brochuras de trabalho. 

[sim, brochuras, papéis e mais papéis. É só o que fazem: vomitar papelada que não melhora coisa alguma]

Foram abertas centenas de salas na rede pública, atingindo-se a maior taxa de escolarização aos 3 anos de sempre. A educação pré-escolar é central, tal como a aprendizagem ao longo da vida, ignorada por Rui Rio. Talvez para que ninguém o lembre de que foi pela mão do PSD que a educação e formação de adultos foi desmantelada e desprezada. Hoje, com o Programa Qualifica, mais de 600 mil adultos estão formados, porque a educação é permanente e ninguém tem o direito de a negar em nenhum momento da vida.

Das duas uma: ou Rio não sabe tudo isto ou não quer que se saiba. Qualquer das hipóteses revela falta de memória e desconhecimento. O combate às desigualdades na educação trava-se com rigor e ambição e não com chavões fáceis.
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Isto é uma verborreia de inverdades e algumas mentiras descaradas. Nenhum facto: só os números que atiram para os papéis, como se os papéis reflectissem a realidade dos factos.

Como diz aquele ditado popular, 'se torturarmos suficientemente os números, eles confessam qualquer coisa'.

Hoje comprei o público por causa do título, «Alunos vão poder escolher as disciplinas que querem estudar» e fui dar com um artigo, mesmo ao gosto deste senhor -às tantas foi ele quem o escreveu, ou alinhavou, porque está cheio de inverdades, a começar pelo título. Como este se for já nos habituou ao devaneio da sua mente anti-filosófica, já não espanta. Isso é no post a seguir.

November 22, 2019

Chumbar ou não chumbar não é a questão?




Pois não. A questão é: o que está o governo disposto a fazer, em termos de investimento, para não degradar a educação a um nível de mera performance teatral?
A maneira como se põem os problemas mostra a intenção das pessoas na sua solução. Aqui neste artigo,  o secretário de Estado põe a questão nestes termos: ou se é a favor de acabar, por decreto, com as retenções, como ele quer, ou se é contra qualquer esforço para evitar as retenções. Isto é, no mínimo, desonesto, pois evidentemente, há várias maneiras de lutar contra as retenções que não passam por menosprezar os alunos como indivíduos que não têm direito a uma educação exigente que lhes permita, de facto, e não em documentos para inglês ver, ter oportunidades de desenvolvimento pessoal, social e profissional.
A questão que nunca aborda, como se não existisse, é a da melhoria das condições de vida das famílias, coisa que sabemos bem, marca de modo determinante o sucesso dos seus filhos e, o investimento na educação que previna as retenções em vez de as remediar com diplomas que mascaram o (in)sucesso de fazer nada.