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June 12, 2020

Trago no nome o meu país



Beatriz é um nome latino e cristão que vem de beatitude. 
Jorge que é o outro nome próprio, vem do grego e significa agricultor. 
Nos nomes próprios tenho a herança greco-latina.
Depois tenho um apelido Oliveira que, ao que se diz, é próprio dos cristãos-novos.
O penúltimo apelido é Fonseca. De origem toponímica, vem do latim fons sicca, que significa "fonte seca" e é comum entre os judeus sefarditas.
E por fim, o apelido Alcobia que também é um toponímia e vem do árabe al-qubbâ, que era a designação árabe de serra, montanha e talvez se referisse à serra do Caramulo porque o nome tem origem ali perto. Usado como apelido e como topónimo, JPM aventa também a origem pré-romana.

De modo que tenho no nome os gregos e os romanos, a mitologia grega e a cristã; os mouros - fomos habitados por cartagineses (hoje, tunisinos) que são negros e mestiços do Norte de África e ainda os judeus, os sefarditas e talvez os cristãos-novos. E gosto desta salganhada :)

Uma coisa que tenho notado nestes protestos contra o racismo:

- há muito protesto mas poucas ideias. Não vejo sugestões de solução do problema;

Não podemos, parece-me, reduzir os protestos às influências da cultura americana. Se em Portugal as pessoas protestam é porque sentem e vêem racismo. Sabemos que só 30% das queixas de racismo na polícia são investigadas. É pouco. 
Quanto mais de esconde o problema mais as partes se extremizam e isso não resolve nada.

Também noto que racismo e escravatura existiram em toda a parte do mundo e ainda existem em alguns países e que o Ocidente foi o único a ter o mérito de desenvolver uma estrutura conceptual de suporte à abolição da escravatura. Isso não anula o facto de termos sido, até há bem pouco tempo, uma sociedade colonizadora com antecedentes de tráfico de escravos, mas ajuda a perceber que os problemas não podem ver-se, literalmente, a preto e branco.

Para se caminhar no sentido de resolver os problemas é preciso fazer sugestões, legislativas ou outras, mais do que gritar contra a polícia ou estragar estátuas - embora seja a favor de que se retirem do espaço público estátuas de pessoas que foram esclavagistas e traficantes de escravos, porque as estátuas não honram a história de um país mas a própria pessoa representada por ter contribuído, com as suas acções, para a honra do país. Ora, se a pessoa fez o oposto, não há razão para a honrar publicamente. Ponha-se a estátua num museu e explique-se as coisas aí. 

A polícia, no seu todo não são um conjunto de privilegiados. Têm um trabalho difícil, fundamental numa democracia e mal pago. Precisam de melhor formação que os tire da lógica militar e os devolva à lógica civil, entre outras coisas.

É verdade que temos uma sociedade ainda racista e isso nota-se, até na linguagem, mas o que precisamos é de discussão e propostas de solução e não de violência. Nem de uma parte, nem de outra.