As escolas devem ter turmas mais pequenas e mais profissionais, nomeadamente não docentes, defende o Sindicato de Todos os Professores, que vai iniciar uma campanha de sensibilização. “Os professores querem voltar, mas com turmas como até agora é impensável”, referiu o dirigente André Pestana.
1. As máscaras comunitárias, de tecido, são daquelas compradas no chinês sem nenhuma proteção eficaz ou são daquelas MO que se diz terem uma proteção de 99%? É que, se são das primeiras, é o mesmo que darem nada.
2. Três máscaras por período que podem lavar-se até 20 vezes. Calculo que ao fim de terem ido a lavar a 60º, 10 vezes, a protecção já não é de 99% , mas de 50% ou menos - isto para as tais máscaras especiais porque as outras devem ter uma eficácia de 10% e ao fim de 10 lavagens têm protecção zero, ou pior, absorvem tudo o que lá se deposita.
3. Três máscaras por período que podem lavar-se até 20 vezes. Vamos supor que são das tais especiais e que podem mesmo lavar-se 20 vezes sem perder todas as características de protecção. De cada vez que um professor tenha que ir de manhã e depois à tarde à escola (aulas de manhã, reunião à tarde, ou apoio ao estudo à tarde, por exemplo, o que acontece frequentemente à maioria dos professores), ao fim de um mês gastaram-se as lavagens todas das 3 máscaras.
4. Um professor que more em Alcobaça e esteja a dar aulas em Lisboa (para sermos simpáticos) fica na escola todo o dia, não vai almoçar a casa. Logo, não pode andar com a mesma máscara todo o dia. Ao fim de umas horas de estar fechado em salas em sem ar condicionado, cheias de alunos e a falar alto de modo a que os de trás o ouçam, tem a máscara toda encharcada.
5. As máscara laváveis obrigam a uma lavagem a 60º (mínimo) Portanto, todos os dias ou, até, duas vezes por dia, se terá que fazer um ciclo de lavagem a 60%, muitas vezes só com uma máscara lá dentro. Não sei o que sai mais caro...
6. Segundo indicações do SNS,
Os grupos de risco devem usar máscara?
Sim. Todas as pessoas incluídas nos grupos de risco para a COVID-19, são consideradas mais vulneráveis e devem usar máscara cirúrgica sempre que saiam de casa.
Segundo as recomendações da DGS:
Destacando que existem três tipos de máscaras – respiradores, máscaras cirúrgicas e não cirúrgicas/comunitárias -, a governante sublinhou que estas últimas são destinadas à população em geral, pelo que podem ser feitas com diferentes materiais, nomeadamente algodão ou têxtil. “Não se destinam em caso nenhum a ser utilizados por profissionais de saúde ou por pessoas doentes”, advertiu.
“a DGS recomendou a utilização de máscaras cirúrgicas a todos os profissionais de saúde, a pessoas com sintomas respiratórios e a pessoas que entrem em instituições de saúde”. Por outro lado, prosseguiu, a DGS “também recomendou a utilização de máscaras cirúrgicas a pessoas mais vulneráveis, nomeadamente a idosos com mais de 65 anos, com doenças crónicas e em estados de imunossupressão”.
Portanto, a todas as pessoas que caibam nesta categorização vão ser dadas máscaras comunitárias, como se não fizessem parte de grupos de risco? Ou o ME vai dizer, 'não quero saber, metam baixa que até é uma maneira de pouparmos dinheiro à vossa conta?'
7. Faço parte do grupo de risco por mais de uma razão: sou doente oncológica, a doença em questão é respiratória e sou imunodeprimida e não fui à escola dar aulas no 3º período - por sorte tinha só 10ºs anos e 12º com uma disciplina sem exame.
Falei com vários colegas que estiveram a trabalhar no 3º período, nestas condições de estarem todos separados e com horários desencontrados, dado só estarem na escola turmas do 11º e 12º anos e só nas disciplinas com exame que são poucas.
Disseram-me que mesmo assim, com poucos alunos, é difícil estar a falar com máscara e ser ouvido por todos e que rapidamente a máscara começa a ficar húmida com as salas quentes como são. As pessoas não têm ideia: eu saio sempre a suar das aulas, mesmo nos meses de Inverno.
Alguns disseram-me que a maneira de trabalhar melhor é levar máscara e viseira. Estar perto do quadro e ter a primeira linha de mesas a dois metros de distância. Enquanto se está ali perto do quadro ou da secretária (longe dos alunos) tirar a máscara e deixar só a viseira para se poder ser percebido por todos. Sempre que se aproxima das mesas dos alunos pôr a máscara e deixar a viseira. Ter um desinfetante para as mãos e usá-lo muitas vezes durante a aula. Um problema é quando os alunos têm que ir ao quadro, ou apresentar trabalhos e ficam ali perto dos professores, escrevem com as nossas canetas de quadro, usam o computador para projectar imagens nas apresentações, põem cadernos e outros objectos na nossa secretária, espirram, engasgam-se, tossem a falar do nervoso... Se os quadros são de giz, espirrar e tossir é quase obrigatório... Depois os próprios alunos quando intervêm, se estão nas últimas mesas não se ouvem cá à frente, de modo que têm que tirar a máscara.
E isto eram alunos mais velhos e não do básico. As coisas dentro de uma sala de aula são muito complicadas. Não são nada do que as pessoas imaginam que é estarem todos sossegadinhos enquanto um professor fala.
8. Se as turmas não podem ser diminuídas em número de alunos de modo que cada aluno fique sozinho numa mesa, não vamos poder aproximarmos-nos dos alunos como fazemos frequentemente quando fazem trabalhou ou exercícios, por exemplo, em que vamos de mesa em mesa e paramos e estamos ali em cima dos alunos, pois dois por mesa numa sala pequena, fazem com que se tenha dificuldade até em passar por entre as mesas de tal maneira está tudo apertado- eu ando, muitas vezes, com um banco atrás e sento-me do outro lado da mesa deles e vejo o que estão a escrever, explico o que está bem e o que não está bem e porquê, espero que corrijam, volto a ler, eles aproveitam para tirar dúvidas, etc. Fico ali sentada com eles uns 5 minutos a falarmos uns em cima dos outros, até ver que estão orientados e depois passo a outra mesa.
Se estiver um aluno por mesa, podemos aproximar da mesa pelo lado mais distante do aluno, mas estando dois a dois, não há lado mais distante dos alunos e todo o trabalho que se faz individualmente deixa de poder fazer-se.
Sei que há escolas que fizeram todas as turmas com um máximo de 20 alunos para caberem um por mesa nas salas, o que quer dizer que tiveram autorização para isso. Espero que as outras também tenham.
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As salas de aula são espaços dinâmicos com muitas crianças ou adolescentes activos. No 1º ciclo e até ao 6º ano, então, calculo que as salas sejam difíceis de gerir porque os miúdos essa idade têm muita energia para gastar e não param quietos. E mesmo nos anos a seguir, até ao final do 10º ano, são muito irrequietos. Não se imagine que as salas de aula são uma missa onde os fiéis se mantêm em silêncio e imóveis a ouvir o padre cura. Nos intervalos, à hora de entrada e de saída, uma escola parece mais uma praia da Caparica em pleno Verão.
As pessoas que fazem estas normas para as escolas são pessoas habituadas a trabalhar em salas de edifícios com todas as condições, ou até palácios com pouca gente, adultos, devidamente distanciados, com ar condicionado, etc. e não têm noção do que é o trabalho numa escola, porque lá andaram como alunos e a visão que construíram é a da sua experiência subjectiva de miúdos. A maioria dos adultos que conheço tem má impressão da escola e dão como exemplo 1 professor que não gostaram ou que era antipático e 1 outro que não sabia muito do que ensinava. Ficaram cristalizados nessa subjectividade.
Ainda esta semana ouvi o secretário de Estado dizer que muitos professores encaram a avaliação como punição para os alunos e deu como exemplo um professor que disse, 'se não se portam bem faço-vos um teste surpresa'. Fiquei chocada. Nunca nestes 33 ou 34 anos de trabalho ouvi um único colega dizer que ia castigar os alunos com avaliações ou falar das avaliações como um castigo. O que muitos ainda defendem é que, sem avaliações para pressioná-los a maioria dos alunos nunca estudaria, o que não estou de acordo mas, usar a avaliação como punição foi coisa que nunca presenciei nestes anos todos nem nunca nenhum aluno se me queixou de tal coisa. Por conseguinte, os adultos, mesmo os que têm responsabilidades políticas na governação têm uma ideia errada, preconceituosa e imaginária da escola e do nosso trabalho enquanto professores, a partir de experiências subjectivas negativas que tiveram e fazem normas baseadas nessas cristalizações.
Enfim, estas foram as dúvidas que, assim de imediato, me surgiram ao ler esta notícia.
Como diz André Pestana do S.T.O.P., nós professores, queremos voltar a dar aulas, na escola, não em casa. Este final de ano lectivo foi uma remediação, uma experiência que não foi mais negativa porque durou dois meses e não um ano lectivo inteiro. No entanto, precisamos de saber, ao voltar à escola, que as condições são de segurança e de risco mínimo (sabendo que risco, há sempre algum) e não de falta de segurança e risco máximo.
Eu já decidi que não me vou aproximar dos alunos. Temos pena mas a minha saúde está em primeiro lugar. Também pertenço a um grupo de risco porque tenho asma.mas não vou meter atestado médico! Vou manter o distanciamento. Ninguém vem ao quadro e eu não vou aos lugares. Quem não me ouvir, paciência!
ReplyDeletePosso pedir a reforma em 2022 e tenciono fazê-lo com a minha saúde intacta ( dentro do possível, claro!). E ninguém me vai impedir de o fazer....
Quanto às máscaras, vou usar cirúrgicas descartáveis! Era o que faltava estar a fazer uma máquina a 60 graus psra lavar uma máscara...
Manela
Pois, mas tu tens alunos do 7º ano. é diferente. Eu tenho do secundário. Se os alunos tiverem 1 por mesa, eu aproximo a alguma distância e com algumas regras. Ninguém tira a máscara, falamos desencontrados no espaço, quer dizer, o aluno numa cadeira fala e eu na diagonal oposta, um bocadinho distanciada da mesa, ninguém mexe nas coisas dos outros, etc. O que significa que se tiver turma do 10º ano, que ainda não conheço e enquanto não tiver confiança que cumprem as regras faço como tu e não me aproximo deles. Se tiverem as turmas cheias com 2 por mesa e todos encostados, que é o normal, faço como tu. Bem, e tudo está dependente do exame médico do início de Setembro e do que a médica pneumo-oncologista disser. Gostava muito de poder voltar à escola, mas não quero ser um cordeiro de sacrifício na religião alheia.
ReplyDeleteCom certeza! A opinião da tua médica é fundamental!
ReplyDeleteManela