Sabemos da longa tradição dos comunistas em geral de secretismo, ocultação e adulteração da história para os seus propósitos. Sabemos até que no pós-25 de Abril foram aos arquivos da PIDE e enviaram para Moscovo, sabe-se lá quantos ficheiros e arquivos, por respeitarem a ideologia à frente do país -nisso são como uma religião e o seu beija-mão é devido à figura paterna, neste caso, à abelha-mestra da ideologia soviética.
Por estas razões, é natural que se desconfie das narrativas do PCP quando impedem o acesso aos documentos. Porque os documentos são privados mas dizem respeito à vida pública na medida em que foi influenciada pelo partido. Como só dão acesso a sicofantas, desconfiamos até que haverá lá muitas verdades que não querem que se saiba e sobre as quais têm mentido, nomeadamente quanto às intenções e quanto ao seu papel ao longo da nossa história recente.
A questão é: vivemos e queremos continuar a viver numa democracia. Numa democracia os documentos dos partidos políticos devem ser de acesso público, sem restrição ideológica. Senão, os partidos são seitas como a Opus Dei e a Maçonaria, que influenciam os assuntos públicos mas sempre de modo secreto e nos limites da legalidade ou, até, talvez, para além desse limites, próprios das democracias. O desejável era que estivessem todos digitalizados e acessíveis publicamente. Não estando digitalizados, restringe-se a consulta a estudiosos e pessoas cujo interesse seja relevante, mas sempre sem restrição ideológica.
Se não dão acesso aos documentos que fizeram a nossa vida política pública do passado recente e escolhem quem pode vê-los com base na sicofância, partimos do princípio que devemos desconfiar de todas as suas narrativas.