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January 27, 2023

Mr. Mozart fazia anos hoje

 




Miserere (Transcrição da obra de Allegri)

O trabalho coral etéreo de Gregorio Allegri foi escrito no século XVII para ser cantado exclusivamente para dois serviços de missa durante a Semana Santa, em Roma. O Vaticano defendeu esta obra sagrada com ferocidade: qualquer pessoa apanhada com uma cópia ou transcrição não autorizada da obra seria punida com a excomunhão. Porém, em 1770, Mozart tinha 14 anos de idade e estava-se nas tintas para as regras dos outros. Viajou com o pai, Leopoldo, até ao Vaticano para ouvir a obra na Quarta-feira Santa, memorizou-a e transcreveu-a. Na Sexta-feira Santa o pai apanhou-o a fazer correcções à obra. Em vez de se zangar (eles tinham uma relação difícil e complicada), ajudou-o a levar a música de Roma, às escondidas. Quando foi publicada em Londres, um ano mais tarde, o Papa Clemente XIV ficou tão maravilhado que mandou chamá-lo a Roma, cobriu-o de elogios e conferiu-lhe o título de cavaleiro papal.


Abertura de Don Giovanni

Há relatos contraditórios sobre o que se passou ao certo com a abertura Don Giovanni, mas todos eles envolvem uma mistura de noitadas, procrastinação e excesso de bebida. Um relato muito popular vem de Georg Nissen, um superfã de Mozart, que não só escreveu uma biografia do compositor como também casou com a sua viúva, Constanze Mozart. Na noite anterior ao prazo de entrega da ópera, Mozart ainda não tinha escrito a abertura. Resolveu dormir uma hora, lá pela-noite e depois escrevê-la. Pediu a Constanze que lhe fizesse companhia. Ela tentou mantê-lo acordado com ponche e leituras de poesia, mas essa mistura apenas lhe acelerou a sonolência. Mozart caiu no sofá e dormiu como uma pedra até às 5 da manhã. Quando acordou, escreveu a abertura da ópera em duas horas e entregou-a a tempo aos copistas.


Concerto de Piano nº 26, "Coroação"

Quem olha para a partitura do Concerto para Piano nº 26 de Mozart, nota algo estranho, mesmo que não leia música: há muito espaço em branco na parte do piano. Isso é porque Mozart era realmente bom a improvisar ao piano de maneira que para poupar tempo deixava partes inteiras em branco ou com um esboço e depois, já em palco, improvisava. A improvisação não era exclusiva de Mozart - esperava-se que muitos artistas talentosos acrescentassem as suas próprias ideias à peça em questão. Mas mesmo assim, geralmente vêem-se algumas directrizes escritas. Mozart, no entanto, só precisava de algum espaço em branco.



"Uma Piada Musical"





Mozart era muito brejeiro e via-se a si próprio como um tipo bastante engraçado. Teve grande prazer em deixar que as suas gargalhadas se prolongassem na sua música, especialmente com esta peça, composta durante os últimos anos da sua curta mas prolífica vida. Nela, procura quebrar todas as regras musicais do canone. Os seus motivos exactos são desconhecidos, mas alguns acreditam que ele escreveu isto como um gozo a outros compositores e músicos que não eram tão bons como ele. A música é repetitiva, os acordes são dissonantes e os metais tentam acrobacias que nenhuma secção de metais deve fazer, se se respeita a si própria. E o final? Puro ouro cómico. Pode passar-se horas a dissecar os pormenores acerca de tudo o que está errado com a música, mas ele conseguiu fazê-lo com técnicas que não seriam vistas regularmente até ao século XX. Também nisto estava à frente do seu tempo.


Missa em Dó Menor



As circunstâncias em torno do casamento de Mozart não foram ideais.  Constanze ficou doente mesmo antes de casar com ele. Para além disso, o pai Leopold não era fã do seu namoro. Angustiado com a doença dela, prometeu a si próprio que escreveria uma missa e a estrearia em Salzburgo se ela melhorasse e casassem. No ano seguinte, Mozart mencionou esta promessa numa carta a Leopold, seu pai, juntamente com a confirmação de que já tinha escrito metade. Mas como muitos de nós que fazemos promessas em tempos de crise, Mozart nunca mais a completou. Pois, apesar de incompleta, soa perfeita.  


Concerto para trompa



O concerto para trompete perdido de Mozart é de facto uma obra perdida e só sabemos que ele a escreveu porque Leopold o mencionou numa carta. Mas o que é muito mais interessante do que estar perdido, é o facto de ter sido o único que escreveu por ter pavor de trompetes. Nas memórias de um amigo da família, ficamos a saber que o som do trompete fazia Mozart "ficar pálido e cambalear" - tocar um trompete à sua frente era como "apontar-lhe uma pistola ao coração". O som demasiado estridente do instrumento era-lhe insuportável. Numa tentativa desajeitada de ajudar o filho a superar esse medo, Leopoldo mandou um amigo andar atrás dele e de vez em quando tocar o trompete. Escusado será dizer que resultou mal. Ainda bem que o medo não se transmitiu à trompa, senão não teríamos algumas das suas obras mais conhecidas.


Requiem



Esta é menos uma história estranha sobre Mozart e mais sobre os negócios da sua esposa. Começou quando um conde sombrio chamado Franz von Walsegg encomendou anonimamente um réquiem para a sua recém falecida esposa. Ele tinha a intenção de fazer o trabalho de Mozart passar como sendo seu, mas Mozart entretanto morreu e deixou o trabalho inacabado. Como Constanze não era pessoa de se atrapalhar e estava interessada em cobrar aquele dinheiro, mandou outro compositor terminá-lo, falsificou a assinatura do falecido marido, enviou-a a von Walsegg e recolheu o pagamento. Parabéns Franz, enganou-se a si mesmo :)


by James Bennett II

January 27, 2022

🥳 Happy birthday dear Mozart II

 


Que delicadeza, que emoção apaixonada, um bocadinho nostálgica. Mozart escreveu este concerto com 29 anos, Horowitz toca-o mais de 200 anos depois, com 86 anos (3 anos antes de morrer) como se tivesse os 29 anos de Mozart ao escrevê-lo. A música não tem tempo nem lugar, nem idade, nem raça, nem género. Mozart viveu apenas 35 anos. Inacreditável.

“Let me play for you from the A Major Concerto. Listen to the slow movement. Is it not tragic? So poignant. But it’s eighteenth-century tragic. Mozart shows a tear coming through the gentle smile. This movement is played too slow by everyone. It’s marked adagio; some editions have andante. The form is siciliano, which is a dance. This movement is not a dirge. It has a slight lilt. I want to bring back this lilt. Ah, there is great emotion in these few notes.” - Evenings With Horowitz


🥳 Happy birthday dear Mozart

 


December 14, 2021

Madamina, il catalogo e questo 🙂

 


In Italia seicento e quaranta;
In Alemagna duecento e trentuna;
Cento in Francia, in Turchia novantuna;
Ma in Ispagna son già mille e tre.


Leporello - Luca Pisaroni
Donna Elvira - Barbara Frittoli

January 30, 2021

Heavenly Mozart

 


"Laudate Dominum" KV.339, performed by the brilliant Soprano Patricia Janeckova.


January 27, 2021

Mozart day IV - vou ver esta que não tem couve-flor

 


É dirigida por uma maestrina, Julia Jones. 



Não conheço ninguém, o que é óptimo para descobrir novas vozes excitantes. É da ROH.
Ok, já gostei do tenor que faz de Pamino. Voz bonita.
Quero ouvir a Rainha da Noite a cantar, Der Hölle Rache (kocht in meinem Herzen) - é uma soprano coloratura, Sabine Devieilhe. Uau! Que controlo de voz e que voz... canta a aria maravilhosamente, cheia de verve. Tem uma voz fantástica para o Barroco. Tenho que ir procurá-la. 

Gosto das vozes (o Sarastro é fantástico - a aria Isis e Osíris por volta da 1h 12m é envolvente) mas não gosto do cenário nem da mise en scéne. A Flauta Mágica é uma ópera infantil com um ambiente mágico a lembrar a Rainha de Copas da Alice e o Quebra-Nozes e este cenário tétrico não tem nada a ver... que chatice. O cenário do Acto II é melhor.
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Pamina: Siobhan Stagg Tamino: Mauro Peter Papageno: Roderick Williams Sarastro: Mika Kares Queen of the Night: Sabine Devieilhe First Lady: Rebecca Evans Second Lady: Angela Simkin Third Lady: Susan Platts Monostatos: Peter Bronder Papagena: Christina Gansch Speaker of the Temple: Darren Jeffery First Priest: Harry Nicoll Second Priest: Donald Maxwell First Man in Armour: Thomas Atkins Second Man in Armour: Simon Shibambu Conductor: Julia Jones Orchestra of the Royal Opera House/Royal Opera Chorus Concert Master: Vasko Vassilev Music: Wolfgang Amadeus Mozart Libretto: Emanuel Schikaneder Director: David McVicar Revival Director: Thomas Guthrie Designer: John Macfarlane Lighting designer: Paule Constable Movement director: Leah Hausman

Mozart day III - como estragar uma ópera

 


Vestir os cantores de vegetais -cenoura, brócolos, feijão-verde...- e transforma-la numa macedónia de legumes. Que cena horrível... 


Mozart day II

 


Da esquerda para a direita: sopranista, baixo, tenor, barítono, contratenor. Isto é uma adivinhação imaginária pela posição do corpo, dos músculos da cara e a projecção da cabeça.



Mozart day

 


Parabéns, Mozart  e parabéns a esta soprano!

Esta aria da Rainha da Noite da Flauta Mágica ❤️ cantada desta maneira tão intensa 💖 !!! adoro esta ópera. 


December 18, 2020

Música em directo - Exsultate Jubilate

 


Quando o homem se calar. Os alemães são como os italianos. Antes dos concertos falam durante uma hora... ... o som está desfasado da imagem. Esta música é tão alegre. Agora não deixam pôr aqui, mas quem quiser siga o link e veja no FB. Não sei quem é esta soprano, mas tem um timbre de voz que gosto muito, com uma tonalidade um bocadinho sofrida como se desmaiasse. Uma coloratura linda. E a orquestra. Oh meu deus... que saudades de ir ouvir música e vozes. Até me vêem as lágrimas aos olhos.

Ela canta com a garganta, vêem-se  os músculos todos a trabalhar. Que técnica e controlo de voz!