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February 23, 2025

O fosso entre as Humanidades e as Ciências Naturais é muito evidente nas escolas

 


Talvez não se veja tanto nas universidades onde os departamentos estão separados, cada um em sua torre e alguns até têm restaurantes e bares separados. Para além disso, os alunos estão separados por departamentos e, em geral, não têm de interagir uns com os outros no dia-a-dia, mas nas escolas os espaços são comuns e os mesmos alunos têm aulas de disciplinas de ambas as áreas e os professores têm de interagir uns com os outros no sentido da colaboração, para que os alunos possam evoluir na aprendizagem. Como estamos constantemente a falar uns com os outros, partindo de perspectivas diferentes, essa clivagem nota-se muito.

Os professores das Humanidades estão a leste dos conteúdos e metodologias das Ciências Naturais e os professores das Ciências Naturais estão a leste das metodologias e conteúdos das disciplinas de Humanidades que entendem como cultura geral, mais ou menos inútil e sem nenhum carácter de verdade e, muito menos, de utilidade.

A primeira vez que me dei conta de que os professores de áreas das Ciências Naturais não faziam a mínima ideia do que é o currículo da Filosofia, foi uma vez, há dezenas de anos, em que um colega, falando de um filme qualquer disse, virando-se para mim, vocês [da Filosofia] é que devem saber disso quando falam de amor e de amizade". Hã...? What?? 

Há pouco tempo, falando de um assunto qualquer com dois colegas de uma área das Ciências Naturais, disse, a propósito de algo que um deles disse, 'isso é como A Letra Escarlate aplicada aos dias de hoje'. Ficaram a olhar para mim. 'O que é isso da Letra Escarlate?' Fiquei a olhar para eles: ' A Letra Escarlate, aquele clássico da Literatura Americana'. 'Nunca ouvi falar', foi a resposta de um deles. Infelizmente, saiu-me pela boca fora, 'que ignorância', porque ficou ofendido, mas a questão é que, uma pessoa pode nunca ter lido Charles Dickens, mas nunca ter ouvi falar dele é uma grande alienação cultural. E quem diz Dickens diz, A Divina Comédia, o Fausto ou A Letra Escarlate. É como nunca ter ouvido falar em A Teoria da Relatividade de Einstein.

Acredito que, simetricamente aos colegas das Ciências Naturais que nunca ouviram falar do Empirismo, embora de posicionem nele epistemologicamente, a maioria dos professores de Humanidades nunca ouviu falar da segunda Lei da Termodinâmica como diz Gordon Gillespie no artigo do post anterior.

Até aos dias de hoje isso continua e ouvimos frequentemente os colegas das áreas das Ciências Naturais dizer que deve-se dar primazia às disciplinas dessas ciências (nas quais incluem a Matemática que, no entanto, não funciona com os mesmos pressupostos e não é uma Ciência Natural, experimental, mas nem pensam nisso) porque as Humanidades são apenas 'cultura geral'.

Os alunos vêm doutrinados nessas falsas ideias e, aliás, quanto mais motivados estão para o estudo das Ciências Naturais, mais se opõem a ter de estudar Filosofia porque "não serve para nada, dado que querem ser biólogos ou engenheiros ou médicos", etc. e não precisam de Filosofia para isso, nem de outras Ciências Humanas. 

Dá um imenso trabalho desmontar esses preconceitos ignorantes que trazem interiorizados. 

Hoje em dia, como a Lógica Formal, que era ensinada na Matemática, passou a ser ensinada na disciplina de Filosofia, o que está certo, porque a Lógica Formal é um pressuposto do raciocínio formal e não uma área específica da Matemática, os alunos estranham imenso e alguns queixam-se de ter de "aprender Matemática na Filosofia." Embora, a Lógica seja trabalhada na Filosofia de modo diferente do que é na Matemática, porque nós leccionamos a Lógica Proposicional Clássica mas aplicamo-la ao discurso natural porque o interesse é os alunos perceberem que o discurso natural e o raciocínio que lhe subjaz têm uma estrutura lógica que deve ser respeitada e que passem a respeitá-la no seu pensamento e discurso.

Há uma grande ignorância mútua entre os professores das Ciências naturais e das Humanidades, sendo que os primeiros entendem que as suas áreas são verdades provadas e que os segundo são conversa vaga de cultura geral inútil. A disciplina de Filosofia é uma das poucas, senão a única disciplina do currículo escolar que faz, explicitamente, essa ponte.

Uma das pessoas, no nosso país, que muito contribuiu para o alargamento deste fosso foi o ministro da educação, Nuno Crato, ele mesmo defensor de que as Humanidades são apenas uma "coisa romântica", como o ouvi dizer numa conferência na Faculdade de Ciências de Lisboa, um ano antes de ser ME - portanto, uma área sem grande utilidade. Deve-se-lhe a ideia de dar imensas horas do currículo à Matemática e ao Português (apenas por ser a nossa língua), sacrificando outras disciplinas que em seu entender, são menores, como a História, a Geografia e outras. Uma lástima.


January 19, 2025

A mercantilização da Educação: o dinheiro não fala às Humanidades

 


As disciplinas de Cidadania e de Argumentação e Debate resultam do desinvestimento na História, na Geografia, na Filosofia e na Literatura. Os temas de Cidadania e de Argumentação e Debate, são melhor trabalhados nas disciplinas que foram sujeitas a desinvestimento horário, por pessoas formadas nas áreas próprias que por curiosos - a maioria dos temas fazem mesmo parte do programa e da didáctica destas disciplinas. (Embora, pelo caminho que as coisas levam, em pouco tempo deixará de haver especialistas nas áreas disciplinares e quase todos os professores serão curiosos. Aliás, uma turma ter todos os professores, serem todos formados na área disciplinar que leccionam e pelo menos alguns deles serem profissionais com experiência, para levarem os alunos a bom porto, já é um luxo de uma minoria)


A mercantilização da Educação: o dinheiro não fala às Humanidades



Carlos Alves

A educação liberal visa proporcionar um conjunto de competências intelectuais e práticas, instigadoras do desenvolvimento do pensamento analítico crítico, competências ao nível da escrita e oralidade, enquadramento das matérias em contextos históricos e multiculturais, valorizando a autonomia e capacidade de trabalhar em equipa, desempenhar papéis cívicos e aplicação do conhecimento na resolução de problemas num mundo em mudança, no qual tem uma atitude valorizadora do papel da cidadania. Ou seja, competências transversais a todas as profissões.

Trump foi, recentemente, a voz mais audível de um notório ressentimento cultural que desvaloriza as áreas do conhecimento, tradicionalmente identificadas como essenciais numa educação liberal em simultâneo a uma ascensão da ideologia STEM (science, technology, engineering, math). Esta falsa obrigatoriedade de escolha instiga os governos a subfinanciar as humanidades e ciências sociais favorecendo as áreas associadas à ciência, tecnologia, engenharias e matemática ou áreas profissionais.

Nas escolas portuguesas, a cada início de um novo ano letivo, deparamo-nos com as turmas de Ciências e Economia assoberbadas com alunos motivados pela ideia de saídas profissionais mais facilitadas, publicitada pelo pensamento tecnocrático e neoliberal do money talks, centrado no PIB, que alastrou à educação.

As consequências deste downsize a que estão votadas as humanidades estão espelhadas na carga horária das disciplinas abrangidas por estas nas nossas escolas. A avidez pelos cursos de Ciências e Tecnologias e Ciências Socioeconómicas faz com que, possibilitada pela autonomia das escolas, haja uma transferência de recursos para estas áreas, nomeadamente na distribuição de tempos letivos por disciplina. Assim, a nível nacional regista-se na carga horária da matriz curricular do 2.º ciclo do ensino básico a atribuição de um mínimo de 250 minutos semanais às disciplinas de Português e Matemática individualmente, a mesma carga horária que Inglês e História e Geografia de Portugal partilham entre si. A Educação Artística e Tecnológica (Educação Visual, Educação Musical e Educação Tecnológica) conta com 270 minutos, ficando a distribuição ao critério da escola, sendo que obrigatoriamente 90 minutos são para Educação Visual, podendo verificar-se o caso de apenas 45 minutos estarem disponíveis para Educação Musical no 5.º ano.

Por outro lado, a desvalorização das humanidades tem como corolário a diminuição do seu peso relativo, conduzindo esta situação à redução do número de graduados e a um decréscimo do financiamento público direcionado para estas, fruto da dificuldade de justificação da pertinência das investigações face à perda de preponderância.

A eliminação de departamentos universitários, decréscimo de salários, diminuição de recursos destinados a bibliotecas, alteração de práticas de comunicação específicas e a aplicação de modelos de avaliação da atividade científica desadequados relativamente à especificidade das Humanidades são também consequências visíveis.

Autores como Martha C. Nussbaum alertam, ainda, para esta desvalorização de que resulta o menosprezo das qualidades cidadãs imprescindíveis para a democracia em si. Em Cultivating Humanity: A Classical Defense of Reform in Liberal Education (1997) argumenta que o propósito da educação liberal é cultivar a humanidade, ou seja, educar para a cidadania, e em Not For Profit: Why Democracy Needs the Humanities (2010) denuncia a “crise silenciosa” a que as nações estão votadas ao desvalorizarem competências necessárias para a vitalidade democrática, provenientes das humanidades, em virtude da sua “sede pelo lucro nacional”.

Em Portugal, a “aposta” em disciplinas como Educação para a Cidadania e Debate e Argumentação (por vezes com um tempo letivo semanal) funciona como um paliativo ou remendo para o desinvestimento na História, Geografia, Filosofia, Literatura, formadoras de cidadãos conscientes, críticos e participativos essenciais para a democracia.

A cada novo ano letivo é o vigor democrático que é questionado, ao ser posta em causa uma educação plena para a cidadania, possibilitada pelo estudo das humanidades, que proporcione aos alunos o exercício do pensamento crítico, estimule a coragem e a vontade de examinar, refletir, discutir, argumentar sem indulgências pela autoridade ou tradição, a empatia pelo outro e de conceber os desígnios nacionais como constitutivos de uma realidade global.

É por isso que a menorização das artes e humanidades é um luxo só para milionários.

Público (excertos)

Querem cancelar as humanidades?



Queixamo-nos de Trump e de Musk e das pessoas se deixarem enganar pela desinformação e irem atrás de discursos populistas ou de propaganda mas ao mesmo tempo vamos apagando a formação de um pensamento crítico e das ferramentas culturais para avaliarmos a cultura, os valores, a identidade, etc. e substituimo-las por formações em tecnologias e cálculo de fazer dinheiro. Naturalmente que as tecnologias são fundamentais, mas para que servem as tecnologias para enfentrar as alterações climáticas se os políticos que as devem implementar as negam? Porque é que há médicos a negar o benefício das vacinas? O que faltou nas suas educações científicas? Conhecimento da história, pensamento crítico, literatura...


Querem cancelar as humanidades?

Carlos Ceia

Há uma percepção crescente de que as humanidades são menos relevantes para enfrentar desafios urgentes, como as alterações climáticas ou a inovação tecnológica, e reduz-se o seu financiamento.

A crise actual no financiamento público para a investigação nas humanidades nos países europeus é uma questão insignificante para a opinião pública e para vários governos europeus. A história não é nova na nossa pós-modernidade. Motivada por factores sociais, económicos e políticos mais amplos, esta posição política reflecte uma tendência de desfavorecimento das humanidades para que seja possível reforçar o orçamento de áreas científicas ligadas directamente ao crescimento económico, como as áreas STEM (Ciências, Matemática, Informática, Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção). É uma agenda que os políticos avaliam como proveitosa, porque se convencem de que as humanidades contam muito pouco nas urnas.

Muitos governos europeus têm reduzido os orçamentos para o ensino superior e a investigação, afectando desproporcionalmente as humanidades. O financiamento da investigação científica está cada vez mais ligado a resultados mensuráveis e utilidade económica e cada vez menos relacionado com aquilo que a ciência pode trazer à formação cultural e humanista de cada cidadão. Os investigadores em humanidades dependem frequentemente de bolsas precárias e de curta duração, em vez de um financiamento institucional estável.

Existe uma percepção política crescente de que as humanidades são menos relevantes para enfrentar desafios sociais urgentes, como as alterações climáticas ou a inovação tecnológica, e, por isso, reduz-se descaradamente a sua prioridade nos esquemas de financiamento nacionais e europeus. As humanidades precisam de tempo para deixarem a sua marca que não é mensurável da mesma forma com que se mede a produtividade nas áreas STEM. Essa marca humanista é sempre mais duradoura, quando é protegida e consegue atravessar séculos. Hoje, esta marca vale muito pouco para os poderes políticos, que não enxergam nada para além dos seus mandatos.

A Alemanha criou o programa Excellence Strategy, concebido para financiar as melhores universidades, mas beneficiando desproporcionalmente as disciplinas STEM, oferecendo pouco apoio às humanidades; o Reino Unido tem assistido a cortes significativos no financiamento às humanidades, particularmente após a reestruturação do financiamento do ensino superior na década de 2010, dando prioridade à investigação aplicada nas ciências exactas e reduzindo significativamente recursos para os departamentos de humanidades, como em 2021 quando o Governo britânico propôs uma redução de 50% no financiamento para cursos de artes e humanidades no ensino superior; em França, a Agence Nationale de la Recherche (ANR) tem sido criticada por favorecer projectos STEM e ignorar as humanidades; a Dinamarca introduziu reformas que ligam o financiamento das universidades às taxas de emprego dos graduados, o que afectou desproporcionalmente as humanidades, pois os diplomados destas áreas, em regra, demoram mais tempo a encontrar emprego ou trabalham em funções menos quantificáveis; a Academia Húngara de Ciências reduziu drasticamente o financiamento para investigação em humanidades em favor das áreas STEM. E por aí fora.

Podíamos acrescentar as opções do programa Horizon Europe, que financia projectos competitivos no espaço europeu, cujos resultados são invariavelmente em favor de projectos de larga escala com impacto societal imediato, marginalizando projectos focados exclusivamente nas humanidades. Consultem-se os resultados do Pilar II: Desafios Globais e Competitividade Industrial Europeia e perceberão como a prioridade é proteger as áreas STEM e a investigação aplicada, deixando poucas oportunidades para projectos focados nas humanidades. Os programas europeus de financiamento que ainda se focam nas humanidades são cada vez menos inclusivos nos orçamentos globais. Tais programas, como por exemplo o cluster Cultura, Criatividade e Sociedade Inclusiva (que pertence ao Pilar II), acabam por convergir em apoios em áreas muito específicas e com mais impacto comunicacional, como os estudos sobre migrações, memória histórica e o impacto da transformação digital nas democracias europeias. Outros programas mais focados nas humanidades, como o Humanities in the European Research Area (HERA) e o DARIAH (Digital Research Infrastructure for the Arts and Humanities) dificilmente podem competir com as grandes áreas STEM em termos orçamentais.

Num momento em que se aproxima a conclusão do processo de avaliação das unidades de I&D organizada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), e quando sabemos já que mantém o mesmo orçamento de 105 milhões de euros por ano do ciclo de avaliação anterior – o que diz bem dos desígnios pouco ambiciosos do país que numa década não investe nem mais um euro na ciência que aqui se faz –, correm mais do que rumores de que as humanidades também vão ser canceladas em Portugal, porque é necessário reforçar as áreas STEM. Se tal se confirmar, será uma machadada na nossa construção cultural enquanto país que se quer desenvolvido

A marginalização das humanidades comprometerá sempre as oportunidades de trabalho interdisciplinar, que é essencial para enfrentar desafios sociais complexos. Não é possível compreender esses desafios sem as humanidades. Não será nunca possível compreender a raiz da maior parte dos problemas que tanto preocupam os políticos sem uma forte formação humanista. E nem sequer é possível compreender a importância de todas as ciências sem o pensamento humanista que as fundou.


Se querem mais pensamento crítico nas ciências, devem apostar numa maior consciência cultural e numa melhor capacidade para compreender aquilo que conseguimos fazer enquanto pensadores. Esta é base de todas as ciências e as humanidades permitem que essa base comece a ser construída. Se as cancelarmos, se as asfixiarmos nas suas oportunidades de financiamento para que também possam produzir conhecimento novo, são todas as ciências que perdem e jamais poderemos ser o país desenvolvido que ambicionamos ser.

Público

March 24, 2021

Falar e dizer nada

 


Uma pessoa lê este artigo à procura de uma resposta ou, pelo menos, uma problematização da questão, pois problematizar é meio caminho andado para solucionar. Afinal, esta senhora é a reitora da universidade católica. Mas o artigo não diz nada a não ser que as Humanidades estão em crise e que é preciso um pacto. Que estão em crise já sabemos e dizê-lo muitas vezes não resolve nada; que as Humanidades ajudam a perceber o presente e projectar o futuro, também já sabemos e dizê-lo muitas vezes, sem mais, não resolve nada. É preciso um pacto? Que pacto? De que natureza, em que termos, qual o funcionamento, entre quem...? Etc., etc., etc. 

Os reitores estão à nora -no sentido literal, estão amarrados a uma nora a andar às voltas, às voltas - e não sabem que fazer. É isso o que percebemos neste artigo.


Cancelem as Humanidades


Isabel Capeloa Gil

Exige-se, afinal, um novo humanismo que combata a inevitabilidade das cruzadas ideológicas e culturais, sem abdicar da inspeção crítica, e assumindo a necessidade constante da reflexão e da compreensão das mudanças sociais. As Humanidades são claramente instrumentais para estruturar um novo pacto de convivialidade que permita no presente projetar a imaginação de um futuro melhor.


June 02, 2020

Manifesto contra o desinvestimento nas humanidades



Martha C. Nussbaum assina um manifesto intenso contra o desinvestimento que a mentalidade que vai prevalecendo por estes dias estabelece relativamente às humanidades, face ao inútil ou não (imediatamente) rentável.

A democracia precisa das humanidades porque em sociedades cada vez mais complexas e plurais conhecer a história do outro, as principais convicções da sua mundividência, a sua cultura, a sua religião/tradição, a sua língua é essencial para sociedades pacificadas (“estão a produzir-se mudanças drásticas naquilo que as sociedades democráticas ensinam aos seus jovens, mas trata-se de mudanças que ainda não se submeteram a uma análise profunda. Sedentos de dinheiro, os estados nacionais e os seus sistemas de educação estão a descartar certas aptidões que são necessárias para manter viva a democracia. Se esta tendência se prolonga, as nações de todo o mundo em breve produzirão gerações inteiras de máquinas utilitárias, em lugar de cidadãos plenos com capacidade de pensar por si próprios, possuir um olhar crítico sobre as tradições e compreender a importância dos sucessos e sofrimentos alheios. O futuro da democracia à escala mundial está preso por um fio”, p.20)