Hoje saí de casa, cedo, em direcção ao mercado. A minha barra da boa disposição estava vazia. Muita coisa a puxar para baixo. Pelo caminho só vi velhotes encostados ou sentados a apanhar sol. Conforme passava, cumprimentavam-me com um 'bom dia', de modo que fui ouvindo e respondendo 'bons dias' até lá chegar. Gosto desta vida provinciana (vamos lá irritar aquela leitora 🙂) em que as pessoas, mesmo não se conhecendo dão sinal aos outros que os reconhecem como seres humanos. Isso encheu logo dois pauzinhos da minha barra da boa disposição, mesmo antes de lá chegar.
Depois encontrei um ex-aluno à porta do mercado que me reconheceu, com máscara e tudo (já na quarta, no hospital, uma médica que só me viu duas vezes, em quase três anos, porque foi quem me atendeu em dias que a minha médica não estava, passou por mim, estando eu de lado, num balcão e cumprimentou-me pelo nome, 'olá, Beatriz')! Dois dedos de conversa e mais dois pauzinhos na barra da boa disposição.
Entrei e fui aos meus vendedores preferidos comprar frutas e hortaliças. Conversámos um bocadinho sobre o que é que agora está óptimo para comer. Depois comprei ovos de pata, que já não como há vinte anos (hoje experimento um), montes de favas (sou como a formiga a armazenar para o ano inteiro), alecrim para ver se é do que gosto e é ali que vou comprar mais, daqui a 15 dias, para temperar uma perna de borrego, 3 laranjas moscatel de Setúbal [se forem boas volto lá a comprar mais e faço um licor de laranja moscatel de Setúbal], 3 alhinhos silvestres para as favinhas (deitam um cheiro maravilhoso), três corações de azeite (têm pouco açúcar e uma pessoa precisa de algum açúcar na vida) e outras coisas. Isto encheu o resto da barra até ao topo.
Hoje é o dia das florestas. Porque é que não existe o dia das hortaliças? São uma espécie de florestas rasteiras coloridas!