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December 25, 2023

Desportos de Inverno: golf

 


Hendrick Avercamp (1585–1634) foi um pintor holandês mudo e, provavelmente surdo, conhecido como "o mudo de Kampen". Especializou-se na pintura de cenas de inverno e em muitas delas vêem-se nobres a jogar kolf, uma forma primitiva de golf, como nesta:



ou nestas:













  • ou ainda esta, onde se vêem nobre a jogar e o povo a assistir:


Mas Avercamp não foi o único pintor a representar cenas de kolf. Aert van der Neer também o fez, como se vê na imagem a seguir. E outros também. 


 
Na realidade, o kolf era um desporto de Inverno muito popular. 

A colf player with a leaden club on the ice, circa 1700. A pen and ink drawing made by J. Brown after an engraving of Romeyn de Hooghe (1645-1708) in the collection of the National Cabinet of Prints, Amsterdam.


Embora os escoceses gostem de afirmar que inventaram o golf como agora é jogado (com 18 buracos), a verdade é que ele não foi inventado do zero pelos escoceses mas sim modificado, a partir do jogo de kolf holandês, muito popular e jogado de uma maneira mais primitiva desde finais do século XII, como demonstrou em 1972, uma investigação do historiador de golfe holandês Steven J.H. van Hengel. O jogo aparece em muitas pinturas e obras de arte holandesas, o que prova da sua popularidade.

O Colf era um "jogo longo" jogado nas ruas, pátios e outros espaços abertos. Durante a Pequena Idade do Gelo dos séculos XVI e XVII, era também jogado em canais, rios e lagos congelados. Este jogo (ou uma variante do mesmo) acabou por se deslocar para o interior, trazendo consigo os tacos e as bolas.

A etimologia da palavra golfe dá-nos algumas pistas. Tal como a evolução do jogo, a evolução do termo é muito contestada. Os especialistas especulam que a palavra "golfe" deriva linguisticamente da palavra holandesa "kolf" ou "kolve", que significa "taco". No dialeto escocês do final do século XIV ou início do século XV, o termo holandês tornou-se "goff" ou "gouff" e só mais tarde, no século XVI, "golf", um antigo verbo escocês que significa "bater".

Entre os séculos XIV e XVII, existiu um comércio muito ativo entre os holandeses e os portos da costa oriental da Escócia. Alguns estudiosos sugerem que os marinheiros holandeses trouxeram o jogo holandês para a costa oriental da Escócia, onde acabou por se tornar o jogo que conhecemos atualmente.

Os holandeses também são considerados os responsáveis pela introdução do jogo na América. Uma das primeiras menções conhecidas a este desporto no continente é uma ordem holandesa emitida em Fort Orange (Albany) em 1659
"O Honorável Comissário e Magistrados de Fort Orange e da aldeia de Bererwyck, tendo ouvido diversas queixas dos burgueses deste lugar contra a prática de jogar kolf ao longo das ruas, que causa grandes danos às janelas das casas, e também expõe as pessoas ao perigo de serem feridas e é contrário à liberdade das ruas públicas..."   -- Portaria holandesa emitida em Fort Orange (Albany) em 1659.

Já em 1650 se encontram outras provas da prática deste desporto na colónia holandesa. No seu artigo Material Culture in the Seventeenth-century Dutch Colonial Manuscripts, o diretor do New Netherland Research Center, Charles Gehring, descreve o jogo:

"O jogo era jogado com uma bola de aproximadamente 5 polegadas de diâmetro de lã toda enrolada com capa de couro cosida com fio de cobre. As bolas eram espetadas com tacos feitos de olmo ou freixo com cerca de 54 polegadas de comprimento. A cabeça do taco podia ser feita de ferro forjado ou de chumbo fundido no pau. As cabeças dos tacos de madeira eram por vezes cobertas de cobre. O objetivo do jogo é comparável ao do golfe moderno; no entanto, o alvo podia ser um buraco, um poste, uma árvore ou mesmo uma porta. No inverno, os postes decorados eram fixados no gelo e, de acordo com as pinturas do século XVII, os pequenos barcos congelados no gelo eram frequentemente utilizados como balizas."
 the-dutch-origins-of-golf

November 10, 2023

do gabinete de curiosidades - Edo Kiriko



Edo é o antigo nome de Tóquio, que nos remete para o período Edo (1603-1868), quando se tornou a capital de facto do Japão em 1603 (mais tarde seria reconhecida como capital oficial em 1868).

Kiriko, por outro lado, significa simplesmente "vidro cortado". Por conseguinte, a expressão Edo Kiriko refere-se a um tipo de vidro decorativo cortado que surgiu durante o período Edo. Este tipo de vidro é caracterizado pelas suas cores vivas, na maioria das vezes vermelho ou azul, e pelos desenhos elaborados feitos através de cortes na superfície do vidro. No entanto, alguns desenhos não têm qualquer cor. Embora existam muitos tipos de produtos fabricados com as técnicas do Edo Kiriko, estas são mais frequentemente utilizadas para fabricar copos.

Poder-se-ia descrever a Edo Kiriko como vidro colorido e cortado, mas isso não é suficiente; cada desenho é tão bem trabalhado à mão que quase cria um efeito de caleidoscópio.

Outra razão para a sua popularidade é a sua capacidade de incorporar a tradição japonesa, continuando a evoluir e a mudar com os tempos. Embora o Edo Kiriko tenha tido origem há centenas de anos, continuou a ser um elemento integrante da cultura artística japonesa. Na década de 1900, tornou-se tão representativo da vidraria japonesa que era frequentemente designado por wa glass, ou seja, vidro japonês, e registou um enorme aumento de popularidade. Este boom levou à fundação de muitos dos fabricantes de Edo Kiriko que ainda hoje são populares. Além disso, em 2002, foi oficialmente designado como Artesanato Tradicional pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão (METI).

As suas origens específicas são frequentemente atribuídas a Kagaya Kyubei, que geriu uma loja de artigos de vidro na cidade após ter aprendido técnicas em Osaka.

Muito mais tarde, após a industrialização na era Meiji (1868-1912), surgiu uma moderna fábrica de vidro conhecida como Shinagawa Kogyosha. Durante este período, o Japão convidou o famoso vidreiro britânico Emmanuel Hauptmann a visitar o país, e muitos artesãos japoneses estudaram sob a sua orientação para criar algo inteiramente novo, fundindo elementos do trabalho em vidro britânico e japonês.

Os objectos de vidro Edo Kiriko são conhecidos pelos seus belos desenhos, que são muitos. No entanto, o artesanato é conhecido por 12 desenhos principais, sendo o mais famoso o desenho nanako. Nanako (魚子) significa "ovas de peixe" em japonês, e empresta o seu nome ao desenho porque é composto por muitas linhas finas que se cruzam umas sobre as outras, fazendo lembrar ovas de peixe brilhantes.






February 16, 2023

O que se passava em Portugal no século XVI? Havia um Erasmus qualquer de pimenta da Índia?




Fui dar com esta imagem de uma mulher medieval bêbeda e a chorar (ou a ressonar...) e pus-me a imaginar um nome para a moça e lembrei-me de Berengária. Fui ver se é um nome português e dei com um site com nomes portugueses medievais: Rui, Afonso, Isabel... tudo nomes que ainda se usam (excepto Aldonça...), ao fim de 700 anos. Somos muito conservadores, foi o que pensei. Só que depois fui dar com os nomes do registo de Lisboa de 1565 e parece outro país. As mulheres não têm assim grande variação, agora os homens... carradas de gente com nomes estrangeiros. Devia haver um Erasmus de pimenta da Índia ou assim. Enfim, não encontrei nenhuma Berengária, mas sei que tivemos uma rainha Berengária. Talvez o nome seja espanhol...?


mulher triste e embriagada, França, ca. 1405
WeirdMedieval


 Nomes portugueses de 1350 a 1450


Nomes de homens

Afonso 
Airas Gomez da Sillva
Alvaro
Antam Vaasquez
Ayras Gonçallvez de Figueiredo
Bernaldom
Denis
Diogo 
Estaçinho d'Evora
Estevam Lobato
Feram Lopez dAavreu
Fernam Bezerra
Fernando de Bragamça
Gil 
Gomez perez
Gonçallo
Hanrrique
Joham das Rregras
Johanne
Lançarote
Lopo
Lourenço
Martim Vaasquez de Gooes
Martinho
Nunalvarez Pereira
Nuno 
Pedro 
Pero 
Rodrigo de Simtra
Rodriguiannes
Ruy Pereira
Vaasco


Nomes de Mulheres

Aldonça de Vasconcellos
Beatriz
Biringeira Nunez Pereira
Branca
Briatiz de Castro (o mesmo que Beatriz?)
Catalina Tosse
Costança
Elena
Enes. (Inês?)
Isabell
Lianor Pereira
Maria
Mayor
Sancha d'Andeiro
Tareija  (Teresa?)
Violante Vaasquez

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Nomes de mulheres do registo de Lisboa de 1565 

Isabel 
Maria 
Caterina 
Ana 
Briatiz 
Lyanor 
Margaida 
Ines
Antonia 
Francisca 
Bramca 
Gionar 
Gyomar 
Joana 
Violante 
Felipa 
Meçia 
Graçia 
Ilena 
Mor 
Luzia 
Madelena 
Genebra 
Eyria 
Apelonia 
Barbara 
Costança 
Crara  (Clara?)
Ervira  (Elvira?)
Esperança 
Marta 
Ageda 
Brasia 
Briolanja 
Huma (???)
Justa 
Lucreçia 
Tareja 
Aldonça 
Auta 
Bautista 
Cezilia 
Eva 
Ilaria 
Jeronima 
Juliana 
Marquesa 
Susanna 
Viçenta
Aliça 
Angelina 
Camilia 
Castelhana  (traidora...)
Cosma 
Demiana 
Dinisa 
Galinda (prima do Galamba?)
Gregoria 
Grimanesa 
Julia 
Marinha
Monica 
Neta 
Patronilha 
Paula 
Ramira 
Sancha 
Valentina 
Vitoria 



Nomes de homens do registo de Lisboa de 1565 

Antonio
Johão
Joam
John
Francisco
Pero
Pedro
Dioguo
Fernão
Manoel
Jorge
Guaspar
Simão
Luis
Loys
Guonçallo
Afonso
Domingos
Allvaro
Christovão
Andre
Andresa
Bastião (Sebastião?)
Bastyão
Duarte
Anrrique
Bertolameu
Ruy
Rodriguo
Balltesar
Bras
Jeronimo
Bellchior
Migel
Estevão
Lopo
Vicente
Tomas
Graviel
Guomez
Martin
Martinho
Bento
Nunno
Mateus
Felipe
Amador
Lourenço
Salvador
Anbrosio
Cosmo
Gregorio
Jacome
Nicoláo
Bernalldo
Gil
Marcos
Ayres
Garçia
Tristão
Vasco
Lucas
Paulo
Adan
Agostinho
Aleixo
Eytor
Alonso
Dinis
Roque
Dimião
Lionardo
Adrião
Allberto
Lionel
Valentin
Alexandre
Cherles
Costodio
Hans
Jurdão
Lançarote
Pascoal
Rafael
Sillvestre
Theodosio
Tillmam
Arnao
Beco
Claudio
Clodio
Cremente  (Clemente?)
Fytor
Gastão
Gilherme
Giralldo
Inaçio
Jaques
Jermão
Julião
Lião
Marçal
Men
Paço
Pantalião. (???)
Sagramor
Toribio
Adro
Amaro
Artur
Botol
Clarros
Corneles
Estaçio
Goldofrede
Guastão
Habrão
Ilusuarte
Inigo
Jofet
Josse
Julio
Justo
Lazaro
Lisuarte
Mançio
Mende
Monfre
Prospero
Ramiro
Ruberto
Sanho
Sansan
Sisto
Tores
Virisimo

August 23, 2021

do gabinete de curiosidades

 


Esta é uma pedra de peste de 1666. Eram postas nas esquinas das ruas, cheias de vinagre e utilizadas para lavar as mãos e o dinheiro. Era a versão de 1600s de um posto de desinfecção.

Traces of History and Archeology and Art